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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

Santíssima Trindade (diocesedesaojoaodelrei)

Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

(Cap. 167, Gratiarum actio ad Trinitatem: ed. lat., Ingolstadi 1583, f.290v-291) (Séc. XIV)

Provei e vi

        Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.

        Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de amar-te.

        Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.

        Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

        Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu, o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos homens.

        Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!


Fonte: https://liturgiadashoras.online/

O Mistério da Igreja

O Mistério da Igreja (Catequisar)

O MISTÉRIO DA IGREJA

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Cadernos do Concílio – Volume 15 

Hoje nos debruçaremos no volume 15 da coleção cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II que traz como tema: O Mistério da Igreja. Muitas vezes quando falamos em mistério pensamos em algo duvidoso, secreto, ou que tenha que ser desvendado, mas na Igreja o mistério tem um sentido diferente, ou seja, buscamos compreender em cada missa o mistério pascal de Cristo, que só será revelado plenamente na eternidade.  

Todas as vezes após a consagração o sacerdote diz: “Eis o mistério da fé”, ou seja, aquilo que acabou de acontecer no altar aos olhos humanos é incompreensível, mas será revelado de maneira plena no céu.  

 Em Cristo depositamos toda a nossa confiança, Ele é a cabeça da Igreja e nós somos os membros. Estamos em comunhão com Cristo, e dessa forma em comunhão com os irmãos. A Igreja vai muito além do templo de pedra e tijolos, a Igreja somos todos nós, de certa maneira, templos do Espírito Santo.  

As quatro notas da Igreja Católica dizem que nossa Igreja é: Una, Santa, católica e apostólica. Una porque essa Igreja é única; Santa porque foi fundada por Cristo e é constituída por homens que estão a caminho da santidade; Católica significa que essa Igreja é universal, ou seja presente no mundo todo; Apostólica quer dizer que essa Igreja provém dos apóstolos, inclusive os bispos são sucessores dos apóstolos. Por isso, a missão da Igreja é salvaguardar a fé e fazer com que cada fiel contemple o mistério.  

A Igreja também pode ser compreendida como mistério, pois justamente como dissemos acima, não foi fundada por mãos humanas, mas pelo próprio Cristo. Essa Igreja permanece de pé até os dias de hoje porque é conduzida pelo Espírito Santo. Através da ação do Espírito Santo, é possível consagrar a Eucaristia, perdoar os pecados e proferir os demais sacramentos. Jesus, no dia de Pentecostes, sopra sobre os discípulos o Espírito Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra, iniciando dessa forma a Igreja primitiva. São mais de dois mil anos de história, por meio do Espírito Santo é possível salvaguardar a fé e conduzir os fiéis ao mistério.  

Cristo é o sacramento do Pai, e consequentemente a Igreja é sacramento de Cristo. A Igreja tem a missão de levar adiante os sacramentos instituídos por Jesus. A missão última da Igreja é a salvação de todos os fiéis, todos os sacramentos são sinais de salvação. Até o último momento da vida de uma pessoa é possível salvá-la, por isso existe o sacramento da unção dos enfermos que é ministrado pelo sacerdote pela cura ou pela configuração à cruz de Cristo, mas também pode ser diante do leito de morte e a pessoa tem oportunidade de se confessar ou se não está lúcida receber a absolvição geral dos pecados.  

O fim último da Igreja é ser sinal de salvação para todos os fiéis, que vem por meio dos sacramentos e que, consequentemente, é o mistério da fé que a Igreja guarda.  

A Igreja revela o mistério escondido através dos séculos todas as vezes que atualiza o mistério pascal de Cristo consagrando a Eucaristia. O mistério pode ser entendido como sacramento, conforme citamos acima. Por isso, se Cristo é o sacramento do Pai, a Igreja é sacramento de Cristo.  

A Igreja é visível e histórica, ao mesmo tempo que ela revela para nós o invisível, provém da Santíssima Trindade e nos revela o plano de amor de Deus para nós. Conforme já dissemos, a Igreja é santa porque foi fundada por Cristo, mas ao mesmo tempo é pecadora, pois é conduzida por homens. O mistério que a Igreja celebra e consequentemente revela é ministrada por homens e esses homens são pecadores como qualquer outro, mas esse mistério acontece e é legitimado graças a ação do Espírito Santo.  

Por parte dos fiéis cabe manter a confissão e a vida de oração em dia, para que não aconteça como dizia o apóstolo Paulo, de comungar a nossa própria condenação. Ao comungar do Corpo e Sangue de Cristo fazemos parte da família de Cristo que é a Igreja. Os membros da Igreja, que somos cada um de nós, batizados e batizadas fazemos parte da família de Deus, que tem Cristo como cabeça, e devemos estar sempre voltados a Cristo.  

No momento da “doxologia final”, ou seja, antes do Pai Nosso, ao final da liturgia Eucarística aquele que preside diz: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, ou seja, o mistério Eucarístico é apresentado aos fiéis e todo o nosso “Ser” deve ser voltado a Ele. Ele formou uma “família” e quer que todos nós estejamos com Ele até o fim.  

Jesus enquanto esteve entre nós anunciou o Reino de Deus, na verdade Ele próprio era Reino de Deus. A intenção de Deus Pai ao enviar o seu Filho à terra era instaurar aqui o Reino de Deus. Esse Reino consistia em viver a justiça, paz, amor, perdão e misericórdia. Infelizmente, como sabemos, nem todos aderiram a esse Reino proclamado por Jesus, e esse Reino se consolida na Cruz.  

Após a ressurreição, Jesus sopra em Pentecostes o Espírito Santo sobre os discípulos e os envia em missão para continuar aquilo que Ele iniciou. Isso continua até os dias de hoje a Igreja continua a anunciar o Reino de Deus, mas só viveremos concretamente esse Reino na eternidade. Por isso, anunciamos aqui o Reino de Deus e viveremos de maneira plena no céu. Isso também faz parte do mistério de Cristo que é a Igreja.  

Convido a tomarem o volume 15 dessa coleção cadernos do Concílio e ler sobre o mistério da Igreja e buscar nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II o que fala sobre o assunto. Continuemos sendo sinal de Cristo nos dias de hoje e anunciemos com alegria o Reino de Deus, tornemos presente o mistério de Deus entre nós.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A economia está subordinada ao bem comum (2)

Amintore Fanfani professor de História das doutrinas econômicas na Universidade Católica de Milão, onde obteve a cátedra em 1936 | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 05/2006

A economia está subordinada ao bem comum

Os escritos económicos que Amintore Fanfani publicou na década de 1930, quando era um jovem professor universitário, foram reimpressos. São uma crítica ao capitalismo feita a partir da tradição cristã.

por Fabio Silvestri

Estas conferências ajudaram a iluminar o significado peculiar deste ensaio. Também com base nos gravíssimos efeitos económicos e sociais produzidos pela Grande Depressão de 1929, foi portador de um reformismo de derivação social-cristã que visava moderar o egoísmo individualista, característico de grande parte do sistema capitalista, com uma concepção de economia inspirada em critérios de solidariedade. Pretendia também distanciar-se da então difundida posição weberiana que, trinta anos antes, afirmava, em controvérsia com a abordagem marxista, o papel decisivo desempenhado pela cultura religiosa e pelo sistema ético do protestantismo na génese do capitalismo. Como observou Antonio Fazio no prefácio do volume, Fanfani parecia concordar com a abordagem de Max Weber segundo a qual a essência mais profunda do capitalismo não consiste em ser «apenas um conjunto de instituições ou uma forma de desenvolver relações de produção», mas sim em ser «antes de mais uma cultura e uma hierarquia de valores que moldam a forma de pensar e de agir». Mas Fanfani opôs esta tese à primazia, na determinação da essência da própria atividade económica, do complexo papel histórico desempenhado pelo “espírito católico”, segundo o qual “a economia está subordinada, como meio para um fim, ao bem -ser do homem e da comunidade." Portanto, partindo do reconhecimento do papel decisivo desempenhado também pelos países de cultura católica na fundação das raízes económico-sociais do espírito do capitalismo, que dariam os primeiros sinais de si mesmos (ao contrário do que está exposto na tese weberiana ) «já no final da Idade Média», Fanfani não excluiu uma incompatibilidade fundamental com o pensamento cristão e, consequentemente, propôs uma reforma profunda inspirada nos princípios da doutrina social da Igreja, que na própria Rerum novarum alertara para a perigos ligados à afirmação de um sistema capitalista baseado na concorrência desenfreada e na concentração monopolista de riqueza.

Portanto, a proposta económico-social de Fanfani foi também significativa para a história do movimento católico, não só em Itália, porque estava ligada a toda uma tradição oitocentista de pensamento social cristão que, apesar de ter origens diferentes e apesar de se ter expressado em diferentes formas e experiências em vários países europeus, encontrou então o seu próprio momento de síntese teórica e programática na conhecida encíclica leonina, e articulou-se, no século seguinte, em toda uma série de experiências e passagens históricas. Entre estas últimas, a encíclica Quadragesimo anno , publicada por Pio XI apenas três anos antes da publicação dos escritos de Fanfani, teria assumido particular importância. Em particular, o pensamento de Fanfani, na referência coerente a esta tradição que sublinhou corajosamente a gravidade e a urgência da solução da chamada "questão social", e que representou de alguma forma o ponto de partida de uma autêntica política social da Igreja, retomou algumas ideias da teorização de seu professor e mentor Giuseppe Toniolo. Toniolo, como sublinha Piero Roggi na sua introdução, esteve entre os mais ativos apoiantes da ação católica no terreno social e político, conduzida com base na procura de uma solução, inspirada no corporativismo medieval, uma alternativa tanto ao liberalista como ao socialista. Uma perspectiva, a indicada por Toniolo, destinada a ter considerável influência no pensamento social católico da primeira metade do século XX (pense no Código Social de Malines, publicado em 1927, que representou uma releitura atualizada da própria Rerum novarum, ou ao caso do filósofo francês Jacques Maritain, que sublinhou «a derivação da ideologia comunista-marxista do humanismo antropocêntrico»). Uma perspectiva destinada, além disso, a desempenhar o seu próprio papel nos desenvolvimentos políticos e sociais subsequentes, como, entre outros, o Código Camaldoli, que representou um importante momento de convergência das diferentes "almas" e diferentes orientações teóricas presentes no movimento católico , em grande parte atribuível à Ação Católica, e em particular a alguns órgãos dirigentes do próprio Fuci, mas sobre os quais também tiveram um impacto significativo as soluções cooperativas propostas pelo partido cooperativista sinarquista de Adriano Ossicini e Franco Rodano, após cerca de dois anos tomará o nome do Partido da Esquerda Cristã. Sem esquecer, então, o papel desempenhado por Fanfani, e junto com ele pelas novas gerações de intelectuais formados na Universidade Católica de Milão, em ter trazido ao nível do debate científico e acadêmico problemas e hipóteses que até então estavam de alguma forma em debate. limitado ao âmbito das associações católicas, e por ter contribuído para a futura proposta política da Democracia Cristã, e na sede constituinte, para a constituição dos princípios e fundamentos económicos e sociais do então nascente Estado Republicano.

 Fonte: http://www.30giorni.it/

O Papa: num mundo dividido por egoísmos, compartilhar o dom da diversidade

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Francisco recebe os Filhos da Caridade e os Irmãos de São Gabriel e recomenda ao primeiro grupo que olhe para o crucifixo e para as feridas dos pobres, como fazia a fundadora Madalena de Canossa, e ao segundo que valorize a variada internacionalidade que distingue a ordem: a uniformidade mata, a harmonia, fruto do Espírito, faz crescer.

Vatican News

O Papa Francisco encontrou na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, na Sala Clementina, no Vaticano, os Filhos da Caridade Canossianos e os Irmãos de São Gabriel e lhes dirigiu um discurso por ocasião de seus capítulos gerais e dos aniversários de nascimento de seus fundadores, respectivamente 250 anos de Santa Madalena de Canossa e 350 anos de São Luís Maria Grignion de Montfort. O Pontífice releu a experiência deles à luz dos tempos contemporâneos, muitas vezes marcados por “egoísmos e particularismos”: as diversidades, disse o Santo Padre, são dons preciosos a serem compartilhados.

Os capítulos gerais, eventos sinodais de graça

Para ambas as ordens religiosas, o Pontífice recordou a importância dos Capítulos que, citando o beato Pironio, são eventos “de família”, mas também eventos de Igreja e eventos “salvíficos”, verdadeiros “eventos sinodais” dos quais especificou a peculiaridade:

Momentos de graça, um Capítulo é um momento de graça, a ser vivido, em primeiro lugar, na docilidade à ação do Espírito Santo, fazendo memória agradecida do passado, prestando atenção ao presente - ouvindo uns aos outros e lendo os sinais dos tempos - e olhando com coração aberto e confiante para o futuro, para uma verificação e uma renovação pessoal e comunitária, ou seja, passado, presente, futuro, entram em um Capítulo, para recordar, avaliar e avançar no desenvolvimento da Congregação.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Os religiosos não sejam “bombeiros”

Francisco confessou um pesar, e o fez em tom de brincadeira para ressaltar sua mensagem, partindo do tema escolhido pelos Canossianos para seu discernimento: “Quem não arde não incendeia”.

Fico triste quando vejo religiosos que mais parecem bombeiros do que homens e mulheres com o ardor de incendiar. Por favor, não sejam bombeiros; já temos muitos.

Olhar para o crucifixo e abrir os braços para os pequeninos

Lembrando que os Canossianos estão presentes em sete países, com membros de dez nacionalidades, e que são coadjuvados pelas irmãs Canossianas com uma realidade leiga cada vez mais ativa e envolvida, o Papa os exortou a olhar para a coragem da fundadora que trabalhou “em um mundo não menos difícil do que o nosso”, para “tornar conhecido e amado Jesus, que não é amado porque não é conhecido”.

Santa Madalena lhes mostrou como superar as dificuldades: com os olhos voltados para o Crucifixo e os braços abertos para os últimos, os pequenos, os pobres e os doentes, para cuidar, educar e servir nossos irmãos com alegria e simplicidade. Quando o caminho se tornar difícil, então, façam como ela: olhem para Jesus Crucificado e olhem para os olhos e as feridas dos pobres, e verão que, aos poucos, as respostas entrarão em seus corações com uma clareza cada vez maior.

Usar a coragem

No Capítulo, os religiosos de São Gabriel refletem sobre o tema “Escutar e agir com coragem”. E sobre essas palavras o Papa se deteve, enfatizando particularmente a coragem de que estava falando: “Aquela parresia apostólica”. É a coragem “que lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa coragem. E há o Espírito para nos dar essa coragem, e devemos pedir por ela”.

São duas atitudes - escuta e coragem - que exigem humildade e fé, e que refletem bem o espírito e a ação de São Luís Maria e do padre Deshayes, que também lhe deixaram um tríptico precioso como bússola para suas decisões: “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”. “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”.

A internacionalidade é boa para o apostolado

Os Irmãos de São Gabriel são formados por mais de mil religiosos, engajados no cuidado pastoral, na promoção humana e social e na educação - especialmente em favor dos cegos e surdos-mudos - em 34 países. Francisco repetiu que é o Espírito Santo que cria a harmonia, porque Ele é seu “mestre”. E, insistiu o Papa: “A uniformidade em um instituto religioso, em uma diocese, em um grupo de leigos, mata! A diversidade em harmonia faz crescer. Não se esqueçam disso. Diversidade em harmonia”. Daí, o convite para sermos profetas da acolhida e da integração:

A Providência concedeu-lhes também a riqueza de uma internacionalidade variada: ela fará muito bem ao seu crescimento e ao seu apostolado, se souberem vivê-la acolhendo e compartilhando a diversidade de forma construtiva, entre vocês e com todos.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Catarina de Sena

Santa Catarina de Sena (A12)
29 de abril
Santa Catarina de Sena

Catarina Benincasa nasceu na cidade de Siena (Sena), Itália, 24ª filha de 25 irmãos, em 1347. De família pobre, sua infância foi difícil, com desenvolvimento frágil e doenças recorrentes, sem poder estudar. Mas com sete anos já falava das visões que tinha nos momentos de oração, e fazia rigorosas penitências, desaprovadas pelos pais; quis consagrar sua virgindade a Deus. Aos 15 anos entrou como irmã leiga na Ordem Terceira de Dominicana, continuando a ter êxtases durante as orações contemplativas, o que levou à conversão de centenas de pessoas.

Era a época do chamado “exílio de Avignon” (1305-1376), quando o Papado estava sediado nesta cidade francesa, e não em Roma. Esta situação levou à interferência do governo francês na Igreja, e por fim ao Grande Cisma do Ocidente, que a partir de 1378 produziu dois antipapas, Clemente VII e Bento XII, em oposição ao legítimo pontífice Urbano VI.

Catarina apoiava o verdadeiro Papa, mas inconformada com a triste situação da Igreja e inspirada por Deus, iniciou um movimento para que a vida eclesiástica voltasse à normalidade. Viajou por toda a Itália e outros países, pregando vigorosamente, e, como não sabia escrever, ditava cartas que eram endereçadas a reis, príncipes, governantes católicos, bispos e cardeais. Seu tema principal era a volta do Papado para Roma, mas também a pacificação da Itália, a necessidade de Cruzadas, a reforma da Igreja e a pureza de costumes dos membros do clero, lembrando a estes sua dignidade de “ministros do sangue de Cristo”. Por fim, em 1376 foi a Avignon e conseguiu que o Papa, então Gregório XI, antecessor imediato de Urbano VI, voltasse para Roma, em 1377.

Catarina cuidou também dos enfermos da peste, que chegou a matar um terço de toda a população europeia. Suas pregações eram ouvidas por grandes teólogos que viajavam para receber a profundidade dos seus ensinamentos. Fundou um mosteiro; e ditou muitas e importantes obras, incluindo cartas (das quais se conservam aproximadamente 400), orações e o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", uma conversa entre uma alma em ascensão a Deus e o próprio Deus. Seus escritos têm enorme valor místico, teológico e histórico.

Desde 1375, Catarina portava os estigmas, incruentos, de Cristo, e segundo testemunhas revivia semanalmente a Paixão do Senhor.

 Santa Catarina faleceu em 29 de abril de 1380, em consequência de um derrame. É Doutora da Igreja e patrona da Itália com São Francisco de Assis. E também padroeira da Europa, junto com São Bento, os irmãos Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein, judia convertida, morta no campo de concentração de Auschwitz em 1942).

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A verdadeira sabedoria vem de Deus, e por isso entre os Doutores da Igreja temos intelectuais do porte de São Tomás de Aquino mas também Santa Catarina de Sena, que pouco estudou e não sabia escrever. Algumas obras se tornam mais destacadas por causa da fragilidade de quem as pratica; assim, não chama tanto a atenção como cruzado São Luís, rei de França, na guerra contra os muçulmanos, quanto a jovem Joana d’Arc comandando os exércitos franceses na Guerra dos Cem Anos. Deus escolhe o que é fraco no mundo para confundir os fortes (cf. 1Cor 27,29)… e deixar claro que é o Seu poder que conduz o mundo. A extraordinária atividade de Santa Catarina de Sena, quando os grandes da época se debatiam, perdidos em controvérsia, é um grito do Senhor contra a prepotência humana. Neste sentido, particularmente ao clero – como hoje – foi fundamental a advertência para a retomada da pureza dos costumes e da consciência da sua alta vocação. Santa Catarina acreditava que a saúde do rebanho dependia da conversão e do bom exemplo dos pastores, o que vale para todas as fases da História. Somos todos chamados à grandeza da vida em Cristo e com Cristo, e por isso ela proclamava: “Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!”, isto é, com o fogo do Espírito Santo, com o assumirmos a nossa identidade de Imagem e Semelhança de Deus. Não fomos criados para a mediocridade, particularmente a espiritual, nem para os mesquinhos interesses mundanos. Somos filhos do Rei dos reis, e nossa grandeza está exatamente em servi-Lo no amor e cuidado ao próximo – seja isto efetivado no doar de um pão ou na admoestação a um Papa.

Oração:

Senhor Deus, cuja infinita bondade guia com sabedoria os rumos da História, tirando sempre o Bem ainda que dos maiores erros humanos, concedei-nos por intercessão de Santa Catarina de Sena a graça de Vos deixar agir em nós conforme Vos agrada, para podermos ser estigma de caridade na vida dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 28 de abril de 2024

Conselhos do segundo livro católico mais lido da história

Nicolas Oresme | Domínio público
Yohana Rodríguez publicado em 27/04/24
Você quer aprimorar suas virtudes para cumprir os desígnios de Cristo? Esses pontos resumidos deste excelente livro irão ensiná-lo como fazer isso.

Você provavelmente tem uma Bíblia em casa; Todos os católicos recebem uma na primeira comunhão e, com o tempo, mais Bíblias chegam até nós: com sacramentos, presentes e heranças de nossas famílias. Portanto, é óbvio que este é o livro católico mais lido e traduzido da história.

Contudo, poucos sabem que o segundo livro mais popular é Sobre a Imitação de Cristo , publicado em 1473 por Thomas Hermeken, monge e místico da ordem de Santo Agostinho, comumente conhecido como “Tomás de Kempis” ou “Kempis”.

É um clássico da literatura católica e, para muitas pessoas, o livro preferido para meditar. No caso de Santa Teresa de Lisieux, foi um livro que marcou a sua vida espiritual a ponto de aperfeiçoar a sua vida religiosa.

Assim, ao ler este livro , foi inevitável fazer uma breve compilação de pontos que Tomás de Kempis nos aconselha a meditar e agir: 

Aconselhamos que você reserve cerca de 10 minutos do seu dia para meditar em cada ponto que nos é apresentado no livro. Se o fizermos de forma consciente, haverá mudanças, não só na nossa forma de pensar, mas também na forma como agimos.

Fonte: https://es.aleteia.org/

O homem pode ser reduzido a uma máquina?

Homem e máquina em conexão (NSC Total)

O HOMEM PODE SER REDUZIDO A UMA MÁQUINA?

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Baseado no livro “O Princípio da Humanidade”, de Jean-Claude Guillebaud, discutimos os desafios em redefinir a humanidade do homem na era da tecnociência.  Guillebaud ressalta que, se no passado os perigos para definir a humanidade do homem provinham dos totalitarismos e tiranias, hoje são os avanços da pesquisa científica que colocam em questão a essência do ser humano. A ciência contemporânea, ao ressuscitar questões denunciadas por Primo Levi sobre a redução do homem ao animal, objeto ou coisa, desperta preocupações sobre a possibilidade de equiparar o ser humano a uma máquina. As ciências cognitivas não nos sugerem a hipótese do cérebro eletrônico? A inteligência artificial não é uma concretização dessa hipótese que mostra a proximidade do homem com a máquina? 

As memórias do Holocausto servem como lembretes sombrios do que acontece quando a humanidade da pessoa humana é negada ou reduzida e, portanto, mostram que o homem jamais deve ser assemelhado ao animal, à máquina ou à coisa.  

A discussão sobre a redução do homem à máquina é um dilema filosófico e ético que se intensificou com os avanços da tecnologia e da ciência. Ela envolve questões fundamentais sobre a natureza do ser humano, consciência, alma e espírito. 

Guillebaud apresenta um embate entre duas perspectivas: a teoria forte da inteligência artificial (AI), que argumenta não haver diferença ontológica entre humanos e máquinas, e a teoria fraca, que reconhece limitações e diferenças fundamentais. A ideia de que não há diferença ontológica desafia concepções tradicionais sobre a singularidade e dignidade humanas.  

Os defensores da teoria forte da AI sugerem que os humanos são essencialmente máquinas complexas, prevendo que as máquinas realizarão todas as tarefas humanas. No entanto, críticos como Hubert L. Dreyfus contestam essa visão, argumentando que o cérebro humano não opera como um computador e que a compreensão da psique humana vai além das capacidades da inteligência artificial. 

Os elementos essenciais que definem a humanidade não se limitam apenas às habilidades cognitivas. Há aspectos como a subjetividade, emoções e responsabilidade moral, intrínsecos à profundidade da experiência humana, que não podem ser replicados por máquinas e que distinguem o homem delas, desafiando a ideia de uma redução simplista à tecnologia. O computador, por mais avançado que seja, é incapaz de experimentar emoções ou compreender a profundidade da experiência humana. A subjetividade faz a diferença no homem, separando-o da máquina e do animal, e nenhum estudo neurobiológico pode capturar completamente esse aspecto essencial da humanidade. 

O neurobiologista Antonio Damasio destaca a importância das emoções na racionalidade humana e como estão ligadas à percepção da alma ou espírito. Além disso, a crítica de Thomas Nagel sobre a incompreensibilidade da experiência subjetiva de outros seres, como morcegos, ressalta a lacuna na capacidade das teorias neurobiológicas em compreender a profundidade da consciência humana. 

As metáforas científicas, como a comparação do homem com uma máquina, especialmente o computador, refletem nossa tentativa de compreender aspectos complexos da inteligência humana, mas são limitadas e não devem ser tomadas como explicações definitivas. Embora o computador possa fornecer insights sobre certos aspectos do intelecto humano, é essencial reconhecer as limitações dessa metáfora, pois ela não pode ser considerada uma explicação completa nem dá fundamentos para negar a essência humana. A comparação do homem com uma máquina não é uma verdade objetiva, mas sim uma construção que reflete nossos próprios desejos e limitações. Em última análise, a interpretação em sentido realístico da metáfora coloca em risco a compreensão da verdadeira natureza e dignidade humanas. 

Portanto, a afirmação da humanidade do homem não depende apenas da pesquisa científica (genética, neurociência, teoria computacional), mas também de abordagens filosóficas e dos diversos ramos das ciências humanas que deem conta de considerar o ser humano em suas multifacetadas dimensões. A responsabilidade, emoção e subjetividade são aspectos fundamentais que distinguem o homem da máquina e devem ser levados em consideração em qualquer discussão sobre a relação entre o homem e a inteligência artificial. Afinal, a verdadeira compreensão do humano não pode ser reduzida a simples metáforas ou modelos simplificados. 

Em última análise, a tentativa de reduzir o homem à máquina coloca em risco a compreensão sobre sua natureza e dignidade. É necessário um diálogo ético e reflexivo sobre os limites e implicações de nossas tentativas de entender e replicar a complexidade da mente humana, celebrando a diversidade e singularidade do ser humano em vez de reduzi-lo a simples metáforas ou modelos simplificados.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o V domingo da Páscoa (B)

 

Videira (Vatican News)

O Evangelho de João nos fala da videira que é Jesus e do Agricultor que é o Pai. Jesus é a videira verdadeira porque só Ele produz os frutos desejados pelo Pai, ou seja, a justiça, a retidão e o amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A liturgia deste domingo se refere ao crescimento da Igreja e, naturalmente, às tensões que se verificam em qualquer relacionamento humano.

A primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, se refere a Paulo, a seu trabalho e à desconfiança que a Comunidade tinha em relação ao antigo perseguidor. A seu favor surge Barnabé que o apresenta aos Apóstolos e salienta suas qualidades de conhecedor da Sagrada Escritura e de ter dito sim ao chamado de Jesus no caminho de Damasco, de ter aderido totalmente ao Senhor e de se ter tornado o grande pregador do Evangelho.

Paulo vive plenamente o encontro com Jesus. Ele precisou e teve o apoio de um de seus companheiros na fé – Barnabé – e também da Comunidade.

O trecho da 1ª Carta de João, a segunda leitura na liturgia deste domingo, revela que Paulo estava totalmente imbuído do Espírito do Senhor, por isso suas ações eram frutos do amor que o Pai havia colocado nele. 

O Evangelho de João nos fala da videira que é Jesus e do Agricultor que é o Pai. Jesus é a videira verdadeira porque só Ele produz os frutos desejados pelo Pai, ou seja, a justiça, a retidão e o amor. O Pai é o agricultor porque cuida de sua videira para que ela dê os bons frutos que Ele deseja. Nesse trabalho de cuidar da videira, o Pai a poda. Ele o faz para que ela dê frutos excelentes e abundantes. A poda é um reforço e não um desejo de ver a videira sofrer. Ela não é castigo, provação e sim graça.

O texto evangélico nos fala em permanecer unido à videira. Ora, somos os ramos e permanecer unidos significa estar plenos de amor, unidos ao Amado. Será essa união que nos possibilitará dar frutos.

O batismo nos inseriu no tronco. Por ele nos tornamos membros da videira, seus ramos. Em nós passou a correr a seiva da graça de Deus, a força do Espírito Santo, a Vida!

Paulo passou de perseguidor a um dos ramos enxertados na videira que é o Corpo Místico de Cristo e que se deixou podar sempre que necessário. Ele se tornou um dos alicerces da Igreja, uma de suas grandes colunas.

A graça recebida não foi em vão!

Cada um tem sua vida, sua vocação, sua história. Vivamos a nossa, conscientes de que a graça nos é dada e de que o importante é nos abrirmos à ação de Deus, e não quem somos.

Lembremo-nos de Paulo, o convertido e de Maria, a cheia de graça, ambos unidos á Videira Verdadeira, Jesus Cristo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A economia está subordinada ao bem comum (1)

Apresentação do livro de Amintore Fanfani na Pontifícia Universidade Gregoriana em 28 de fevereiro de 2006. No centro da mesa dos palestrantes estavam Giorgio Napolitano e Giulio Andreotti | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 05/2006

A economia está subordinada ao bem comum

Os escritos económicos que Amintore Fanfani publicou na década de 1930, quando era um jovem professor universitário, foram reimpressos. São uma crítica ao capitalismo feita a partir da tradição cristã.

por Fabio Silvestri

O método histórico ensina que, na análise dos processos culturais e sociais, é necessário evitar a tentação de focar o olhar nos acontecimentos e “emergências” mais imediatamente evidentes, que de alguma forma constituem o lado consciente e consciente, para em vez disso centrar a atenção naqueles elementos “duradouros” que representam a estrutura profunda, na forma de elementos aparentemente “inconscientes” (mas ciclicamente sempre prontos a manifestar a sua presença), desses mesmos processos. Uma destas persistências que animam “profundamente” a história do mundo contemporâneo foi posta em causa, há poucos meses, pelo Cardeal Renato Raffaele Martino. Estes, apresentando o volume do Pontífice A Europa de Bento XVI , destacaram como a partir daquele fatídico 1989, que marcou definitivamente o fim da Segunda Guerra Mundial e a divisão do mundo em blocos de poder, e que quebrou "a camisa de força" das ideologias (" que de alguma forma dominou o mundo durante muitos anos"), o novo desafio e o novo horizonte histórico com que todos somos chamados a lidar diariamente, seja representado pela relação entre tecnologia e ética. Em particular, as palavras de Martino sublinharam como o destino da humanidade parece orientado para uma nova divisão em "dois blocos", isto é, entre aqueles que acreditam que a pessoa humana nada mais é do que um produto histórico e cultural artificial (cortando, neste caso, plano, a ligação com a natureza, a tradição e a criação) e aqueles que não partilham um processo de absolutização da tecnologia, que resulta numa concepção meramente pragmática e processual da política, da economia, do desenvolvimento, bem como da democracia e dos próprios direitos humanos. A questão levantada pelo Cardeal Martino, «dependendo se for considerada na esfera política, onde paira o risco da tecnocracia, ou na esfera da manipulação da vida, onde confiamos cegamente na biotecnologia, ou na esfera da comunicação, remodelada e perturbada pela tecnologia da informação", está claramente ligada às questões dramáticas que derivam da difusão cada vez mais preocupante à escala planetária de uma lógica de desenvolvimento económico completamente desvinculada de qualquer propósito ético e que, ao gerar desequilíbrios e desigualdades cada vez mais graves e preocupante, também se revela, não raro, como um desrespeito pela dignidade fundamental do ser humano.

A este nível, a afirmação de um processo de globalização que, como também sublinharam dois ilustres vencedores do Prémio Nobel, como Amartya Sen e Joseph Stiglitz, coloca o problema de «aproveitar bem a liberalização dos mercados e dos resultados para que todos os países possam dela beneficiar para alcançar um desenvolvimento adequado", obriga-nos a repensar em profundidade os fundamentos sobre os quais assentam os chamados "fundamentos" da economia e a perguntar-nos cada vez com mais insistência se e como é possível encontrar antídotos úteis para contrariar a lógica do “fundamentalismo de mercado”. E da mesma forma, mesmo a política, se não quiser registar mais uma derrota face à ameaça de uma “economicização do mundo” que abre caminho a uma “tecnociência” descontrolada, não pode evitar o dever de repensar , até culturalmente, as próprias fórmulas e soluções. E não pode, consequentemente, evitar a tarefa de chamar a atenção para as antigas questões históricas da relação entre a ética e o capitalismo e, mais amplamente, entre a ética e a economia, de cuja única solução depende a possibilidade concreta de que o processo de globalização da A economia não se traduz, quase automaticamente, numa crise moral cada vez mais dramática.

Neste sentido, o interesse despertado pelo regresso à impressão (mais de sessenta anos após a sua última publicação em Itália e graças à iniciativa da Fundação Amintore Fanfani e da editora Marsilio) do volume fundamental, Cattolicesimo, parece perfeitamente compreensível e protestante. na formação histórica do capitalismo , que o próprio Fanfani, então muito jovem professor de história econômica na Universidade Católica de Milão, escreveu em 1934. O interesse nesta análise aprofundada da formação da sociedade capitalista, conduzida em relação ao diferentes interpretações do mundo e em relação às diferentes concepções do destino humano de que o cristianismo católico e protestante se tornaram, respectivamente, portadores, foi também reafirmado pelas importantes conferências que se dedicaram à reconstrução da obra de Amintore Fanfani, primeiro (na apresentação do volume) pela Pontifícia Universidade Gregoriana e, mais recentemente, pela mesma Universidade Católica de Milão.

 Fonte: http://www.30giorni.it/

O Papa: a fé em Jesus, o vínculo com Ele, nos abre para receber a seiva do amor de Deus

Visita pastoral do Papa Francisco a Veneza (Vatican Media)

Permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor: disse o Papa Francisco em seu último compromisso em terras venezianas, este domingo, 28 de abril, na Missa celebrada na Praça São Marcos.

Raimundo de Lima – Vatican News

A fé em Jesus, o vínculo com Ele, não aprisiona nossa liberdade, mas, ao contrário, nos abre para receber a seiva do amor de Deus, que multiplica nossa alegria, cuida de nós com o cuidado de um bom vinhateiro e faz nascer brotos mesmo quando o solo de nossa vida se torna árido. Foi o que disse o Santo Padre na celebração da Eucaristia – centro e ápice da vida cristã –, ponto alto de sua visita pastoral a Veneza, este domingo, 28 de abril, numa Praça São Marcos repleta de fiéis e peregrinos, cerca de 10.500, de Veneza e das dioceses do Vêneto, norte da Itália.

Somente aquele que permanece unido a Jesus dá frutos. Em sua homilia, Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste V Domingo do Tempo Pascal, que nos traz a parábola da videira.

Eu sou a videira e vós sois os ramos

Jesus é a videira, nós somos os ramos. E Deus, o Pai misericordioso e bom, como um agricultor paciente, trabalha conosco com cuidado para que nossa vida seja repleta de frutos. É por isso que Jesus recomenda que conservemos a dádiva inestimável que é o vínculo com Ele, do qual dependem nossa vida e fecundidade.

Assim, a metáfora da videira, ao mesmo tempo em que expressa o cuidado amoroso de Deus por nós, por outro lado nos adverte, pois se rompermos esse vínculo com o Senhor, não poderemos gerar frutos de boa vida e nós mesmos corremos o risco de nos tornarmos ramos secos, que serão jogados fora.

Tendo como pano de fundo a imagem usada por Jesus, continuou o Pontífice, penso também na longa história que liga Veneza ao trabalho das videiras e à produção de vinho, no cuidado de tantos viticultores e nos numerosos vinhedos que surgiram nas ilhas da Lagoa e nos jardins entre as calas da cidade, e naqueles que engajaram os monges na produção de vinho para suas comunidades.

Isso é o que conta, permanecer no Senhor, habitar n’Ele

Mas a metáfora que saiu do coração de Jesus também pode ser lida ao pensarmos nessa cidade construída sobre a água e reconhecida por essa singularidade como um dos lugares mais evocativos do mundo. Veneza é uma só com as águas sobre as quais está situada e, sem o cuidado e a proteção desse ambiente natural, poderia até deixar de existir. Assim também é nossa vida: nós também, imersos para sempre nas fontes do amor de Deus, fomos regenerados no Batismo, renascemos para uma nova vida pela água e pelo Espírito Santo e fomos inseridos em Cristo como ramos na videira. Em nós flui a seiva desse amor, sem o qual nos tornamos ramos secos que não dão frutos.

Francisco deteve-se sobre uma das palavras-chave dadas por Jesus aos seus apóstolos antes de concluir sua missão terrena: trata-se da palavra “permanecei”, exortando os apóstolos a manter vivo o vínculo com Ele, a permanecer unidos a Ele como os ramos à videira.

Irmãos e irmãs, isso é o que conta: permanecer no Senhor, habitar n’Ele. E esse verbo - permanecer - não deve ser interpretado como algo estático, como se quisesse nos dizer para ficarmos parados, estacionados na passividade; na realidade, ele nos convida a nos colocarmos em movimento, porque permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor.

Produzir os frutos do Evangelho em nossa realidade

E nós, cristãos, disse Francisco, que somos ramos unidos à videira, a videira do Deus que cuida da humanidade e criou o mundo como um jardim para que possamos florescer nele e fazê-lo florescer, como respondemos?

Permanecendo unidos a Cristo, seremos capazes de produzir os frutos do Evangelho na realidade em que vivemos: frutos de justiça e paz, frutos de solidariedade e cuidado mútuo; escolhas de cuidado com o meio ambiente, mas também com o patrimônio humano: precisamos que nossas comunidades cristãs, nossos bairros, nossas cidades se tornem lugares hospitaleiros, acolhedores e inclusivos. E Veneza, que sempre foi um lugar de encontro e de intercâmbio cultural, é chamada a ser um sinal de beleza acessível a todos, a começar pelos últimos, um sinal de fraternidade e de cuidado com a nossa casa comum. Veneza, terra que faz irmãos. Obrigado!

Concluída a celebração eucarística - último compromisso da visita pastoral do Papa a Veneza -, Francisco visitou de forma privada a Basílica de São Marcos para venerar as relíquias do Santo Evangelista, detendo-se por um breve momento em oração.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF