Caminho Neocatecumenal Comunidade Um
Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição SOBRADINHO (DF)
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Quais são os dons e os frutos do Espírito Santo
Quais são os dons e os frutos do Espírito Santo.
Por Abel Camasca*
8 de junho de 2025
A Solenidade de Pentecostes é hoje (8). Abaixo, os sete dons
do Espírito Santo e os seus frutos.
Os sete dons do Espírito Santo
O Catecismo da Igreja Católica diz que estes
dons “são disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os
impulsos do mesmo Espírito”, sustentam a vida moral do cristão e “completam e
levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem”.
Os dons do Espírito Santo são sete: sabedoria, inteligência,
conselho, fortaleza, conhecimento, piedade e temor de Deus.
Segundo o Catecismo Maior de São Pio X, padroeiro
dos catequistas, o dom da sabedoria permite-nos contemplar as coisas eternas,
como "a Verdade eterna, que é Deus, no qual pomos nossa complacência,
amando-O como nosso Sumo bem".
O Entendimento “facilita a compreensão” das verdades e
mistérios da fé que são difíceis de alcançar por nós mesmos. O dom do conselho
nos ajuda a saber o que é melhor para a maior glória de Deus e para o bem de
nós mesmos ou do próximo. A fortaleza “nos inspira coragem e determinação” para
permanecermos firmes na lei divina e na Igreja.
O dom da ciência ajuda a julgar corretamente e a aproveitar
tudo o que o Senhor nos confia neste mundo para levá-lo a Ele. A piedade ajuda
a manter um coração confiante em Deus e benevolente para com o próximo.
Finalmente, o temor de Deus “nos faz reverenciar a Deus, e ter receio de
ofender a sua Divina Majestade”.
O cristão que reconhece algum destes dons na sua vida
pessoal está deixando o Espírito Santo agir. Mas, santo Tomás de Aquino
advertia para não ficarmos fechados em nós mesmos.
“É importante não esquecer que mesmo possuindo todos os dons
do Espírito Santo, sem caridade não se tem vida... Por mais que um cadáver
esteja revestido de ouro e pedras preciosas, ele continua sendo um cadáver”,
disse ele.
Os frutos do Espírito Santo
O Catecismo da Igreja Católica diz que estes frutos “são
perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna”.
A tradição diz que são 12: caridade, alegria, paz,
paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia,
continência, castidade.
Vários destes frutos são mencionados por são Paulo na sua
carta aos Gálatas. Por isso, numa reflexão sobre o fruto do Espírito, o papa Francisco disse que poderia ser um bom
exercício espiritual “ler a lista de São Paulo e observar a própria conduta,
para verificar se corresponde, se a nossa vida está verdadeiramente de acordo
com o Espírito Santo, se dá estes frutos”.
“Por exemplo, os três primeiros são caridade, paz e alegria:
por isto se reconhece se uma pessoa é habitada pelo Espírito Santo. Uma pessoa
que está em paz, que rejubila e que ama: com estas três caraterísticas vê-se a
ação do Espírito”, acrescentou.
O apóstolo Paulo também denuncia as obras da carne e que são contrárias
aos frutos do Espírito.
“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza,
libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio,
ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas
semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as
praticarem não herdarão o Reino de Deus!”.
*Abel Camasca é comunicador social. Foi produtor do
telejornal EWTN Noticias por muitos anos e do programa “Más que Noticias” na
Radio Católica Mundial.
domingo, 8 de junho de 2025
Leão XIV em Pentecostes: invocar o Espírito do amor e da paz para abrir as fronteiras do coração
As fronteiras a serem abertas pelo Sopro divino, disse o
Pontífice em homilia na Praça São Pedro na Solenidade de Pentecostes, estão
"dentro de nós, nas nossas relações e entre os povos". Os milhares de
peregrinos do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades ouviram o
pedido do Papa para invocar "o Espírito do amor e da paz" para
encontrar com Deus e "abrir as fronteiras, derrubar os muros, dissolver o
ódio": "é Pentecostes que renova a Igreja, renova o mundo!".
Andressa Collet - Vatican News
Mais um dia de Praça São Pedro lotada por ocasião do Jubileu
dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades celebrado neste final de semana
no âmbito do Ano Santo da Esperança. Neste domingo (08/06), em particular, de
Solenidade de Pentecostes, o Papa Leão XIV presidiu a missa para milhares de
peregrinos e refletiu sobre o Espírito que "abre fronteiras" dentro
de nós, nas nossas relações e entre os povos.
Completando exatamente um mês de pontificado, a homilia do novo Sucessor de
Pedro foi de grande impulso para abrirmos "as fronteiras do coração"
através do "vento vigoroso do Espírito Santo" e com a recordação
inclusive dos predecessores Bento XVI e Francisco. O dia solene no
Vaticano começou com um giro de papamóvel que durou cerca de 30 minutos: Leão
XIV percorreu tanto a Praça São Pedro quanto parte da Via della
Conciliazione para saudar os milhares de fiéis.
Abrir as fronteiras dentro de nós
Na homilia e através das palavras de Santo Agostinho, o Papa
recordou que este é o dia em que, "depois de sua Ressurreição e depois da
glória de sua Ascensão, Jesus Cristo Nosso Senhor enviou o Espírito Santo»
(Santo Agostinho, Sermão 271, 1)". Um dom que
"realiza algo extraordinário na vida dos Apóstolos", ajudando a
interpretar a morte de Jesus e dando força e coragem para "sair ao
encontro de todos para anunciar as obras de Deus". Na festa de Pentecostes,
lembra Leão nas palavras de Bento XVI em 2005, as portas do cenáculo se abrem
porque o Espírito abre as fronteiras. E de onde o Pontífice parte a
sua meditação do dia:
"O Espírito abre as fronteiras principalmente
dentro de nós. É o Dom que desvela a nossa vida para o amor. E
essa presença do Senhor desfaz a nossa dureza, o nosso fechamento, o egoísmo,
os medos que nos bloqueiam e o narcisismo que faz-nos rodar apenas em torno de
nós mesmos. O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que
se atrofia, sugada pelo individualismo. É triste observar como num mundo onde
se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser
paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de 'fazer redes',
sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e
solitários."
O Espírito de Deus, em vez disso, "abre ao encontro com
nós mesmos, para além das máscaras que usamos; conduz ao encontro com o
Senhor", afirmou o Papa. Abraçando com amor a Palavra, somos
"transformados" por ela, tornando a nossa vida "um espaço de
acolhimento".
Abrir as fronteiras das relações
"O Espírito, além disso, abre as
fronteiras também nas nossas relações". E com aquele mesmo
"amor de Deus que habita em nós, tornamo-nos capazes de nos abrir aos
irmãos, de vencer a nossa rigidez, de superar o medo em relação ao que é
diferente", disse o Pontífice. O Espírito transforma aqueles "perigos
mais ocultos que envenenam as nossas relações, como os mal-entendidos, os
preconceitos, as instrumentalizações":
“Penso também – com muita dor – em quando uma relação é
infestada pela vontade de dominar o outro, uma atitude que frequentemente
desemboca na violência, como infelizmente demonstram os numerosos e recentes
casos de feminicídio.”
O Espírito Santo, ao contrário, "faz amadurecer em nós
os frutos que nos ajudam a viver relações verdadeiras e boas", alargando
as fronteiras das relações com o outros. Um critério, alertou Leão XIV,
"decisivo também para a Igreja: só somos verdadeiramente a Igreja do
Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem
divisões, se na Igreja soubermos dialogar e nos acolher mutuamente, integrando
as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e
hospitaleiro para todos".
Abrir as fronteiras entre os povos
Por fim, "o Espírito abre as fronteiras também
entre os povos". Em Pentecostes, disse o Pontífice,
recordamos a importância de nos colocarmos "em caminho", "na
fraternidade", já que "o Sopro divino une os nossos corações e nos
faz ver no outro o rosto de um irmão": em vez de divisão e conflito,
preconceito e lógica de exclusão, discórdia e indiferença, como observou
Francisco em 2023, o Espírito "rompe fronteiras e derruba os muros da
indiferença e do ódio", como as próprias guerras, por "um tesouro
comum":
“Invoquemos o Espírito do amor e da paz, a fim de que
abra as fronteiras, derrube os muros, dissolva o ódio e nos ajude a viver como
filhos do único Pai que está nos céus. Irmãos e irmãs: é Pentecostes que renova
a Igreja, renova o mundo! Que o vento vigoroso do Espírito desça sobre nós e em
nós abra as fronteiras do coração, dê a graça do encontro com Deus, amplie os
horizontes do amor e sustente os nossos esforços pela construção de um mundo
onde reine a paz.”
5 ideias para criar filhos sem telas
Cecilia
Pigg - publicado em 09/04/25
Neste artigo, queremos mostrar ideias de atividades que
vêm de pais que educam sem telas, e que funcionaram como "babás"
temporárias para eles.
Muitas vezes, quando os pais têm tarefas a fazer, torna-se
difícil manter a concentração com crianças pequenas; A maneira mais fácil de
resolver o problema é colocá-las na frente de uma tela.
Esta tem sido a solução que muitos pais recorrem quando têm
de realizar determinadas atividades, sejam elas relacionadas com a casa ou com
o trabalho. Como as telas dominam o mundo, é bom ter outras ideias que
não envolvam um programa de TV ou um jogo eletrônico como babá, pois as telas
nunca devem assumir o papel de babás.
Existem muitas outras atividades que você pode realizar para
que seus filhos se divirtam e você possa fazer uma pausa ou se concentrar em
alguma outra tarefa; Sabemos que não é fácil, mas é possível e de uma forma
mais recreativa! Abaixo, uma lista de dicas para crianças com menos de 10
anos.
1
- "NOVOS" BRINQUEDOS
Ofereça alguns brinquedos que você mantém regularmente fora
de vista. Dessa forma, quando precisar, você pode tirá-los e será como ter um
brinquedo novo para explorar. Brinquedos como Lego, trilhos de trem e
brinquedos que exigem construção e resolução de problemas, são especialmente
úteis se você precisar fazer algo sem o envolvimento de pequenos ajudantes.
2
- TEMPO DE SILÊNCIO
Outra prática é acostumar seus filhos a passar algum tempo
sozinhos todos os dias. Quando seus filhos pararem de cochilar, continue
esperando que eles fiquem no quarto por uma hora no início da tarde, com livros
e brinquedos. Dessa forma, você e seu filho poderão recuperar as forças. E
então, se você precisar fazer algo, esse período de silêncio estará lá para
você.
Para crianças que têm interesse e habilidades motoras finas,
quebra-cabeças ou jogos de peças são boas opções. Eles também podem usar
massinha ou massinha de modelar, livros para colorir e tesouras para recortar
desenhos de revistas ou formas de papel.
Para crianças mais novas, que não têm habilidades motoras
finas ou capacidade de atenção, pode ser útil colocar alguns brinquedos em uma
sala segura para elas ou dar-lhes brinquedos que lhes interessem.
3
- HORA DE LER EM VOZ ALTA
Se você tem um filho mais velho, peça a ele que leia um
monte de livros em voz alta para os mais novos. Ou você pode colocar um
audiolivro para entretê-los.
4
- TEMPO AO AR LIVRE
Se o clima permitir e você tiver um lugar bom para estar ao
ar livre, outra ótima opção é passar um tempo ao ar livre.
5 - ENTRETENIMENTO COM AMIGOS
Uma última sugestão que pode funcionar é convidar outra
criança para casa. Se seu filho se dá bem com alguém, os dois podem se divertir
alegremente enquanto cuidam de outras coisas.
Escolher uma boa atividade para seus filhos tem tudo a ver
com conhecer essa criança. Além disso, naqueles momentos em que parece que as
crianças vão ficar entediadas ou que têm coisas simples para brincar, é onde
nasce a criatividade deles; E é ali mesmo que podem explorar a sua imaginação
para inventar novas aventuras e jogos criados por eles.
No começo, pode parecer frustrante entreter seu filho sem
assistir a vídeos do YouTube, mas na verdade existem muitas atividades que você
pode experimentar e pode ajudar a si mesmo procurando ideias online. Lembre-se
de que onde há vontade, há um caminho.
Vem, Espírito Santo!
VEM, ESPÍRITO SANTO!
06/06/2025
Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste final de
semana, como Igreja, Povo de Deus a caminho e peregrinos de esperança,
celebramos a Festa de Pentecostes. Com a vinda do Espírito Santo tem início uma
nova aliança entre Deus e os homens. A Festa de Pentecostes era originalmente a
festa das colheitas; sucessivamente torna-se a festa da renovação da aliança do
Sinai, entre Deus e o seu povo.
No Sinai, era Deus que falava. Na Festa de Pentecostes, são
os homens iluminados pelo Espírito Santo que levam uma palavra nova e criadora.
O Espírito é o intérprete perfeito da palavra de Jesus Cristo. O sinal de que a
presença do Espírito Santo age na Igreja é o amor por Cristo, que nasce no
coração dos fiéis. O Espírito Santo, portanto, cria a comunhão dos filhos e
filhas renascidos para uma vida nova com o Pai, pela graça do Batismo.
A função do Espírito Santo é, portanto, aquela de permitir
aos homens comunicar a experiência do Ressuscitado. Não é o Espírito que fala,
mas é ele que torna possível a experiência de comunicar. O Espírito não nos diz
o que devemos fazer, nem pode fazer o que nós devemos fazer, ele, porém, nos dá
a força e a possibilidade de agir, quando devemos mostrar
resultados.
Hoje a Igreja é chamada a colaborar com o Espírito Santo
para renovar o mundo, através do anúncio e do testemunho. E toda vez que um
grupo de homens e mulheres, de jovens ou de crianças, se reúnem para escutar a
palavra do Ressuscitado, tornada presente pela potência do Espírito, a Igreja
renasce. Pela ação do Espírito Santo estaremos sempre vivendo uma nova aurora
na vida da Igreja. A festa de Pentecostes também nos convida e convida as
nossas comunidades a uma abertura missionária, e a nos colocarmos a caminho,
para levar o Evangelho a todos os homens.
Os discípulos de Jesus, tomados pelo medo, foram
transformados com os dons do Espírito Santo em testemunhas fervorosas e
dispostas a retomar o caminho do Cristo, para continuar a sua obra de salvação.
Portanto, todos nós podemos trabalhar por um mundo melhor, e fazer isto é
possível, mesmo mantendo a própria cultura, a própria identidade, basta apenas
acreditarmos e deixarmos que o Espírito Santo possa agir em nós.
Reflexão para a Solenidade de Pentecostes (C)
Quando os discípulos, à tarde do primeiro dia da semana,
estão reunidos o Senhor aparece no meio deles e lhes comunica a paz.
Vatican News
O autor do Evangelho deste domingo, João Evangelista, nos
diz que a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos se deu no dia de Páscoa.
Ele deseja fazer-nos compreender que o Espírito que conduziu
Jesus para sua missão de salvar a Humanidade é o mesmo que agora conduz a
Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus, na continuidade da mesma missão. A
Igreja torna presente, na História, o Cristo Redentor.
Quando os discípulos, à tarde do primeiro dia da semana,
estão reunidos o Senhor aparece no meio deles e lhes comunica a paz.
Mostra-lhes os sinais de seus sofrimentos para lhes dizer que, apesar de seu
aspecto glorioso, a memória da paixão não poderá ser deixada de lado, que a
glória veio através da cruz.
Estamos no primeiro dia da semana, não nos esqueçamos.
Exatamente com esse sentido do novo, do novo pós pascal, isto é, do novo
eterno, que não caduca, que não envelhece, Jesus faz a nova criação soprando o
Espírito sobre seus seguidores. É uma referência à criação do homem, relatada
no cap. 2º, vers. 7 do Gênesis, quando diz que Deus insuflou em suas narinas o
hálito de vida e o homem passou a viver. No relato desse fato na tarde pascal,
temos a criação da Comunidade Cristã.
A missão é dada logo em seguida: perdoar os pecados e até
retê-los, se for o caso. Pecado é aquilo que impede a realização do projeto do
Pai, que é a felicidade do ser humano. Ora, perdoar os pecados significa lutar
para que os planos de Deus cheguem à sua concretização e, evidentemente,
devolvendo àquele que está arrependido de suas ações contrárias a esse plano, a
reconciliação.
Pelo batismo e pela crisma fazemos parte dessa comunidade
que deve continuar a missão redentora de Jesus. Que honra!
Que nossas ações, seja na família, no trabalho ou no meio
dos amigos, colaborem com a alegria e felicidade daqueles que nos cercam. Assim
estaremos dando glória a Deus, pois a glória de Deus é a felicidade do homem.
sábado, 7 de junho de 2025
Papa Leão XIV recebe Kiko Argüello, iniciador do Caminho Neocatecumenal
05/06/2025
CnCMadrid
Na manhã de 5 de junho de 2025, às 11h, na Biblioteca do
Palácio Apostólico, o Santo Padre Leão XIV recebeu pela primeira vez, em
audiência privada, a Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal, Kiko
Argüello, Padre Mario Pezzi e María Ascensión Romero.
Kiko saudou o Papa dizendo-lhe que estava muito contente
porque Deus nos havia dado um Papa missionário, pois essa também é a missão do
Caminho Neocatecumenal, tanto nos países que não conhecem Cristo quanto
naqueles que O abandonaram.
Kiko presenteou o Papa com uma cópia do ícone da Virgem do
Caminho, que se encontra numa capela da Catedral de Madri, onde estão escritas
as palavras que sintetizam a missão do Caminho: «Há que fazer comunidades como
a Sagrada Família de Nazaré, que vivam em humildade, simplicidade e louvor. O
outro é Cristo». Também presenteou o Santo Padre com um exemplar do último
livro¹ que reúne mais de 400 citações de Carmen sobre a mulher, expressão de
sua teologia: “Coração indiviso, missão e virgindade”, presente que o Papa
agradeceu.
Kiko recordou ainda a grande alegria pelo fato de que sua
eleição tenha ocorrido no dia 8 de maio, data que possui um significado
especial para o Caminho.
O Papa se surpreendeu com essa coincidência, e Kiko lhe
contou como, justamente em 8 de maio de 1968, ao chegar à Itália com Carmen
Hernández, foi levado a Pompeia para colocar o Caminho sob a proteção da Virgem
de Pompeia. E também em um 8 de maio, em 1974, pela primeira vez um Papa, São
Paulo VI, recebeu em audiência os iniciadores do Caminho e alguns itinerantes –
contou Kiko – que ele nos disse palavras muito proféticas, que foram de grande
ajuda para o Caminho:
«Eis os frutos do Concílio… Vós, sendo o que sois, já fazeis apostolado».
«Vós fazeis o que a Igreja primitiva fazia antes do batismo; vós o fazeis
depois; mas o antes ou depois é secundário, o importante é que buscais a
autenticidade da vida cristã, e isso nos consola enormemente».
No encontro, muito cordial, a Equipe pôde informar o Papa
sobre as numerosas atividades que o Caminho está realizando na Igreja, por meio
de um itinerário de iniciação cristã oferecido às paróquias e dioceses,
sustentando as famílias diante dos desafios do mundo moderno, vivendo sua
vocação, abertas à vida em plenitude, dando a tantos jovens a possibilidade de
se encontrarem com Jesus Cristo, o único que responde verdadeiramente às suas
inquietações.
O Papa Leão XIV também se maravilhou com o grande número de famílias que, agradecidas ao Senhor pela nova vida que lhes foi concedida, se colocaram à disposição para ajudar na missão da Igreja nas regiões mais pobres e difíceis do mundo. Ficou surpreso também com a presença do Caminho em 138 nações e com o número de seminários Redemptoris Mater abertos atualmente em mais de cem dioceses dos cinco continentes, bem como com os numerosos seminaristas que estão se preparando para serem presbíteros missionários diocesanos.
A Equipe Internacional do Caminho também informou ao Papa sobre a obra de evangelização que tantos itinerantes realizam em numerosas dioceses, de muitos países onde também aparecem as dificuldades que a obra missionária sempre leva consigo.
O Santo Padre os encorajou a continuar este ministério, tão precioso para a vida da Igreja, e com sua bênção confirmou o Evangelho de São João do dia (Jo 17,20-26), que fala do amor e da unidade, o caminho que conduz o homem de hoje ao encontro com a fé, uma palavra tão querida ao Santo Padre, que a escolheu como lema de seu brasão: In illo Uno, Unum , e tão presente na experiência de Kiko e constitutiva do itinerário do Caminho.
Jubileu: em diálogo com a cidade
04/06/2025
CnCMadrid
Jubileu da Família: Missão na Praça de Espanha em Roma
No sábado, 31 de maio, festa da Visitação da Bem-Aventurada
Virgem Maria a Santa Isabel, a cidade de Roma foi cenário de um acontecimento
que, ainda que não tenha tido repercussão nos meios de comunicação, encheu a
Praça de Espanha, repleta como nunca de pessoas, de cantos e de testemunhos
realmente excepcionais.
No contexto dos acontecimentos das celebrações jubilares de 2025, por ocasião do Jubileu das Famílias, o Caminho Neocatecumenal convocou milhares delas, procedentes da cidade de Roma e do Lácio, em uma única praça para dar testemunho da beleza e do dom da família cristã para o mundo de hoje.
As comunidades do Caminho, durante o tempo pascal, costumam
anunciar, durante vários domingos nas praças de suas paróquias, a alegria da
ressurreição do Senhor: o tempo pascal é um tempo de anúncio desta boa notícia.
Chamamos isso de “as 100 praças”, que representam as aproximadamente 100
paróquias onde o Caminho está presente em Roma.
No dia 31 de maio, essas “100 praças” se concentraram em uma
das praças mais representativas de Roma, a Praça de Espanha, destino de
turistas do mundo inteiro, para transformá-la em um cenário alegre, cheio de
famílias e de crianças, de jovens e de anciãos, para um anúncio de esperança:
Cristo ressuscitou, venceu a morte e todos os medos. Cristo ainda hoje preenche
a vida de muitos matrimônios que generosamente se abrem à vida porque se sentem
amados e salvos pela Páscoa do Senhor.
E eram realmente milhares: creio que é difícil ver esta
praça, tão querida por Roma e pelo mundo, tão cheia de gente, de cantos, de
danças, de alegria, de esperança.
Foi preparado um pequeno palco, voltado para a praça e para
a coluna da Imaculada, erguida por Fernando II das Duas Sicílias, em frente à
Embaixada da Espanha, o país que mais trabalhou para definir o dogma da
Imaculada Conceição em 1854.
E foi a Virgem Maria quem presidiu o encontro, a mesma que
inspirou a Kiko Argüello o Caminho Neocatecumenal para responder aos desafios
do mundo moderno com uma modalidade de iniciação cristã, hoje difundida em 137
nações, com milhares de comunidades.
O encontro foi aberto com a alegria do canto, tomado do
profeta Isaías: «Eu venho reunir todas as nações», e presidido por presbíteros
revestidos de branco, começou com a celebração das Laudes, com o canto dos
salmos próprio da liturgia do dia, intercalados com três testemunhos de jovens
famílias que contaram brevemente a obra do Senhor em suas vidas: o anúncio
devastador de esperar uma filha sem crânio, com o pedido dos médicos para
abortá-la, e o bálsamo do amor do Senhor e dos irmãos da comunidade que permitiram
não ter medo, acolhê-la e tê-la nos braços, mesmo que por apenas vinte minutos,
minutos que reconciliam com o sofrimento da espera.
E depois de todas as provas necessárias do caso para estar
humanamente segura de que a causa não é genética, e após voltar a se abrir à
vida e, apesar de todas as garantias médicas, encontrar-se diante de outra
gravidez com os mesmos sintomas. E Deus que provê também desta vez diante do
desespero que se apodera de ti e parece sufocar-te, destruir-te, para depois
encontrar-te com a certeza de ter dado dois filhos a Deus, porque levas dentro
a garantia da vida eterna.
Depois, a experiência de uma jovem, quase sem relação com
seu pai, que aos 14 anos se perde nas drogas e em diversos vícios, longe de
casa, e que depois se sente encontrada por Cristo, perdoada, que reconstrói sua
história com uma verdadeira relação com um homem, o pai de seus filhos.
Por fim, uma terceira família: ele, nascido na Alemanha, com
uma excelente posição profissional, mas sem um verdadeiro sentido na vida, que
deixa tudo para voltar a buscar a Deus, até desafiá-lo, e quando tudo parece
perdido, eis que o Senhor se faz presente, o salva, o perdoa e enche sua vida
de esperança, com a alegria de poder testemunhá-lo hoje como um Deus que ama
verdadeiramente o homem, que caminha com ele a cada dia.
Depois dos salmos, dos cantos e dos testemunhos, é o momento
da leitura dos Atos dos Apóstolos, com a cura do paralítico na porta do templo,
pela força do nome de Jesus, esse nome que agora é anunciado por um irmão a
todos os que na praça se encontram na mesma situação: também eles paralíticos,
incapazes de caminhar ao encontro dos outros, de amar: «Em nome de Jesus de
Nazaré, levanta-te e anda», é uma palavra que tem poder sobre cada um de nós
hoje, se a acolhermos.
A proclamação do Evangelho do dia, a passagem de Lucas sobre
a Visitação de Maria a Santa Isabel, dá ao presbítero a ocasião de que todos
levantem os olhos para a estátua da Imaculada, anunciando a cada um dos
presentes que também eles são como Maria, diante das palavras do anjo:
«Alegra-te, o Senhor está contigo. De ti pode nascer uma vida nova. Acolhe esta
boa notícia hoje. Tu também podes, como a Virgem Maria, dizer: “Que se cumpra
em mim o que me foi anunciado”».
Durante todo o encontro, enquanto se realiza a oração, os
milhares de irmãos presentes na praça são convidados a entrar em diálogo com a
cidade, para levar a todos os presentes, a todos aqueles que até mesmo
casualmente se encontrem de passagem por ali, a possibilidade de que este dia
se transforme em um acontecimento: encontrar-se com o anúncio do amor de Deus,
do perdão dos pecados, da saída da solidão, da condenação, como foi dito antes,
de estar condenados a viver somente para si mesmos, incapazes de amar. O amor
se faz presente a ti, vem ao teu encontro hoje. Aqueles que demonstraram
interesse em receber este amor foram convidados a ir a qualquer paróquia onde
esteja presente o Caminho Neocatecumenal.
Eis que o Jubileu, o Jubileu da esperança, anunciado pelo Papa Francisco no início do ano 2025 e que agora continua em nome do Papa Leão XIV, ressoa pelas ruas da cidade de Roma, de modo simples, concreto e verdadeiro.
Ezechiele Pasotti
RESENHA: A grande concepção pelagiana: o cristianismo é uma educação (Parte III)
Arquivo 30Dias,
número 05 - 2010
A grande concepção pelagiana: o cristianismo é uma educação
“É evidente que Jonas simpatiza com a concepção de Pelágio,
pois sente-o mais próximo do estoicismo e de um certo tipo de judaísmo. De
fato, depois de ter dito que para Pelágio a graça de Cristo consiste em
‘estímulos para a vontade, não em auxílio ativo’ e que ‘não são uma transformação do
homem, mas uma educação do homem’, exclama admirado: ‘Essa é a
grande concepção pelagiana’. Esse é o ponto crucial do livro e do pensamento de
Jonas”. Resenha do texto inédito de Hans Jonas, Problemas de liberdade,
escrita por Nello Cipriani.
de Nello Cipriani
“Pelágio não apenas
negligenciava um aspecto essencial do cristianismo, mas não reconhecia também
certos elementos essenciais da experiência religiosa do antigo Israel, pois, já
nos livros do Antigo Testamento, Deus é visto não apenas como o educador de seu
povo, mas também como aquele que ajuda, renova e transforma os corações dos
homens”
Esse é ponto crucial do livro e do pensamento de Jonas. Ele não tem dificuldade alguma em admitir que Deus possa ajudar ao homem mediante um ensinamento moral e o perdão dos pecados, mas, ao lado dos pelagianos, opõe-se fortemente à ideia de que Deus possa agir sobre a vontade para transformá-la (cf. p. 176). “Para Agostinho”, escreve, “o amor divino se torna uma espécie de poder mágico no próprio homem [...]. O amor divino é um poder transfigurador ou transformador sem o qual o homem estaria ainda perdido, apesar da revelação dos Evangelhos e do chamado à fé” (pp. 195-196). O que Jonas mostra não ter entendido, como Pelágio e seus seguidores, é que a experiência cristã não consiste na observância, radical o quanto quisermos, de uma moral imposta de fora e observada sempre sob a ameaça de um castigo ou pela promessa de um prêmio. A experiência cristã consiste num encontro pessoal com Deus, numa relação filial com Ele, pela qual a pessoa que crê faz tudo em Seu louvor. Pelágio, além dos dons concedidos por Deus à natureza humana ( gratia creationis) e do dom da lei mosaica, admitia uma graça de Cristo, que consistia no ensinamento e no exemplo da perfeita justiça, ou seja, no amor aos inimigos. Santo Agostinho também reconhece esses tipos de graça. Mas não os considera suficientes. Jesus Cristo, para ele, não é apenas o maior mestre e o mais perfeito modelo de justiça: é o amigo e o irmão que deu a vida por nós e nos chama a viver com Ele, por Ele e n’Ele, para a glória do Pai. Crer em Cristo, dizia, é amá-Lo, unir-se a Ele e fazer-se membro de Seu corpo, que é a Igreja (cf. Sermones 144, 2, 2). Para viver uma experiência tão elevada e envolvente, não bastam a obediência e a imitação, é necessária a comunhão pessoal, que nasce e é alimentada pelo amor, dom do próprio Cristo. Em outras palavras, em Cristo se revela o desígnio do Pai de n’Ele reunir os homens mediante o dom de seu Espírito, que derrama Seu amor nos corações (cf. De Spiritu et littera 29, 50). Não podemos compreender a doutrina agostiniana da graça sem a considerar à luz dessa revelação, completamente negligenciada por Pelágio.
Jonas admite que “Agostinho não errava ao sentir que [na posição de Pelágio] há alguma coisa não [...] totalmente cristã” (p. 181). A meu ver, porém, poderia e deveria ter dito mais. Pelágio não apenas negligenciava um aspecto essencial do cristianismo, mas não reconhecia também certos elementos essenciais da experiência religiosa do antigo Israel, pois, já nos livros do Antigo Testamento, Deus é visto não apenas como o educador de seu povo, mas também como aquele que ajuda, renova e transforma os corações dos homens. Basta lembrar a oração do salmista: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto” ( Sl 51, 12), ou a outra: “Firma meus passos segundo tua promessa e não deixes que me domine maldade alguma” (Sl 118, 133). Aqui e em outros textos semelhantes o salmista não roga ser instruído no caminho que deve percorrer, mas pede a Deus que renove seu coração, para que não ceda ao mal. Não é só Agostinho quem recorre frequentemente à oração dos salmos para afirmar a necessidade da graça, mas a esta apela também o papa Inocêncio, para denunciar o erro dos pelagianos. Escreve Inocêncio numa carta aos bispos africanos: “Ora, os heréticos que afirmam a inutilidade da graça devem necessariamente condenar as orações do salmista. Afinal, Davi deveria ser acusado de não saber como se deve rezar e até de não conhecer a própria natureza, pois, admitindo que soubesse que a natureza conserva em si mesma a capacidade de fazer o bem, por que se prostra diante de Deus em oração e lhe roga não só que o ajude, mas também que o ajude constantemente? Por que lhe pede que não volte seu olhar para longe dele, e em todo o saltério exalta e invoca a ajuda de Deus?” ( Epistolae 181, 6, no epistolário agostiniano).
Às orações do saltério acrescentam-se as profecias dos antigos profetas. No livro de Jeremias, ressoa o anúncio de uma nova aliança, graças à qual Deus porá suas leis nos corações e as escreverá na mente dos homens (cf. Jr 36, 32). O profeta Ezequiel é ainda mais preciso: nos tempos messiânicos, Deus dará aos israelitas um coração novo, tirará deles o coração de pedra e lhes dará um coração de carne, pois porá Seu espírito dentro deles, de modo que vivam segundo Seus estatutos e observem e ponham em prática Suas leis (cf. Ez 36, 26-27). Ora, são justamente esses textos proféticos que confirmam Agostinho em sua doutrina. Escreve no De Spiritu et littera: “O que são, portanto, as leis de Deus, escritas pelo próprio Deus no coração, senão a presença do Espírito Santo, que é o dedo de Deus, por cuja presença é derramado em nosso coração o amor que é a plenitude da lei e o cumprimento do preceito?” (De Spiritu et littera 21, 36). Evidenciando as diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento, ele diz: “A lei ali é escrita nas tábuas, aqui nos corações, para que o que ali os atemorizava, de fora, produza aqui prazer por dentro; 1280764153956">Ainda menos feliz é a tentativa de opor o ensinamento da Igreja ao de Cristo, ou de ver no cristianismo uma corrente paulina e agostiniana contraposta aos Evangelhos ou a outros escritos do Novo Testamento. Jonas deposita na influência maniqueísta a razão pela qual Agostinho apresenta Cristo como médico, e a graça, como remédio que cura (cf. pp. 142-143). Mas, no Evangelho de Mateus, é o próprio Jesus quem diz: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores” ( Mt 9, 12-13). Na sua reflexão sobre a graça, o bispo de Hipona dá um grande destaque às petições contidas na oração do Senhor, que encontramos nos Evangelhos sinóticos: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
Pelágio, observa Agostinho, “deposita a misericórdia e o socorro medicinal do Salvador unicamente no fato de Deus nos perdoar os pecados que cometemos no passado, e não no fato de nos ajudar a evitá-los no futuro. É aqui que ele erra gravemente: embora não perceba, ele nos afasta da vigília e da oração para que não caiamos em tentação, afirmando que está absolutamente em nosso poder impedir que isso aconteça” ( De natura et gratia contra Pelagium 34, 39). Afirmações ainda mais fortes sobre a ação de Deus no homem são lidas no Evangelho de João. Ali, Jesus diz: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair” (Jo 6, 44), palavras que fazem Santo Agostinho exclamar: “Admirável exaltação da graça!” (In Evangelium Ioannis XXVI, 2). Ainda no mesmo Evangelho, Jesus diz: “Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).
São apenas alguns exemplos que mostram suficientemente, me parece, como não é possível, a respeito da doutrina da graça, opor, no interior do cristianismo, uma corrente paulino-agostiniana ao ensinamento de Jesus no Evangelho.
Para terminar, deixando de lado outras observações críticas que podem ser
feitas, creio que é preciso reconhecer a Jonas o mérito de ter enfrentado o
difícil tema da liberdade com coragem e paixão, chegando a algumas conclusões
com as quais podemos concordar plenamente, como quando escreve que “o problema
cristão da liberdade é na verdade o problema da subjetividade, que em sua
pureza foi concebida apenas na filosofia do homem judaico-cristã, de um modo
que não foi concebido na filosofia do homem greco-romana [...]. Segundo essa
nova visão, o problema não se apresenta na relação do homem com a natureza ou
com a sociedade exterior, mas na relação do homem consigo mesmo e com o
absoluto. O problema, portanto, passa a ser o da vontade do
homem, muito mais que o de suas ações. A problemática da vontade como lugar da
liberdade do homem nasceu, portanto, com a guinada do paganismo para o
cristianismo, e, na luta antipelagiana de Agostinho, alcança sua primeira
grande forma determinante, que foi também, por alguns séculos, sua forma
decisiva” (pp. 215-216).
Entre o céu e a terra
ENTRE O CÉU E A TERRA
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)
Jesus levou os discípulos para fora da cidade, e, próximo à
Betânia, levantou a mão, abençoou-os e se despediu. Lucas transmite a
melancolia desse derradeiro adeus. Depois de tê-los amado tanto, depois de ter
vencido a falta de fé que assolara o grupo, Jesus se elevou ao céu, bem diante
de seus olhos (Lc 24,50).
Ele foi visto subindo para o céu de onde tinha vindo. Depois
daquele dia nunca mais o vimos de novo, pois ele voltou para o mistério da
Santíssima Trindade, para o seio do Pai, onde esperamos encontrá-lo quando da
nossa própria ressurreição.
Demorou, mas finalmente aconteceu. A fé foi testada numa
concretude que nunca se tinha visto. Corações foram curados. Como um aerólito
ele chegou em nosso meio. Como imigrante e refugiado ele acolheu os eliminados
da sorte, aqueles que a duras penas eram tolerados.
Os homens e mulheres que se enraizavam como podiam
encontraram nele segurança e afeto. Sua passagem neste mundo mudou tudo: a
sociedade, a ideia de bem e de fidelidade. No centro o valor dos indivíduos.
Mas como ninguém duvidava desse valor ele apresentou os sem valor e lhes deu a
marca do reconhecimento.
Até aquele grupo heterogêneo do início se modificou. Já não
é mais um agregado de mulheres e homens, mas atendemos, ainda hoje, por um nome
comum: os discípulos do Senhor.
Os primeiros de nós testemunharam a sua despedida. Ficaram
maravilhados e o adoraram. A sua natureza divina foi revelada na plenitude,
pois só a Deus se adora. Um discipulado de adoradores, que realinha, até os
dias de hoje, os caminhos das lembranças de tudo que ele havia
ensinado.
Ele voltou para céu, nós ficamos na terra, mas nós nunca
mais ficamos sem ele. As palavras de sua despedida ecoam na existência e
continuam provocando o mundo. E porque alguns ainda insistissem em perguntar:
“Senhor, é agora que vais restaurar o Reino em Israel?” (At. 1,6), Jesus
recomenda olhar em outra direção. Não a curiosidades vãs ou perda de tempo, não
temos tempo para disputas tolas (2Tm 2,22). Essencial é continuar no mundo o
que Jesus começou.
Até a contemplação dos discípulos é interrompida. Depois de
eles terem testemunhado a subida de Jesus: “Apareceram então dois homens
vestidos de branco, que lhes disseram: ‘Homens da Galileia, por que ficais
aqui, parados, olhando para o céu’?” (At 1,11).
O aprendizado foi suficiente para pôr em marcha as
engrenagens do Reino. Afinal, foi Jesus mesmo que disse: “recebereis o poder do
Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, e até os confins da terra” (At
1,8).
Ninguém nunca tinha ida até os confins da terra. Este é o
desafio. Um anúncio que servisse a todos os povos. Uma palavra capaz de varar a
soleira do tempo para escrever no abismo da posteridade palavras de esperança.
Isso ninguém jamais havia feito, mas ninguém também jamais havia vindo da
eternidade e para lá voltou, quebrando de vez o limiar entre o céu e a
terra.
Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF