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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

A surpreendente e sofisticada dieta dos monges medievais

Francisco de Zurbarán - Museo de Bellas Artes de Sevilla | Public Domain
Uma pintura que ilustra a vida dos monges cartuxos na Cartuxa de Nuestra Señora de las Cuevas em Sevilha, Espanha. Os monges cartuxos abraçam uma vida de solidão e contemplação compartilhadas.

Zelda Caldwell - publicado em 19/09/18 - atualizado em 25/08/25

Nem só de pão eles viviam.

O historiador David Snowden, em seu livro Flans and Wine, publicou receitas usadas por monges beneditinos na Inglaterra do século XIV, revelando que eles sobreviveram muito mais do que apenas de pão.

As receitas usadas pelos monges beneditinos da Evesham Abbey, fundada em 701, indicam que os monges tinham, na verdade, paladares bastante sofisticados.

Muitos pratos eram condimentados com ervas e especiarias difíceis de se conseguir na época.

Tais especiarias "eram muito caras. E uma maneira de mostrar a prosperidade da abadia era produzir alimentos e condimentos raros", disse Snowden à BBC.

"Por exemplo, muitas dessas receitas levavam açafrão, porque ele valia mais do que ouro”, disse ele. Assim, apenas poucos mosteiros podiam comprar ou produzir o condimento. 

As receitas ainda incluíam mexilhões cozidos com alho-poró e molho de Saracen (um molho picante vermelho), carne de caranguejo frito em azeite com ovos mexidos e pratos contendo ostras, língua de boi, vitela e javali.

Durante a Quaresma, quando o consumo de carne era proibido, Snowden afirma que os monges podem ter comido “Cawdel of Muskels”, ou seja: mexilhões cozidos em vinho branco, temperados com cebolas e alho-poró, gengibre e uma pitada de açafrão.

No livro, o historiador adaptou as receitas, que foram escritas no inglês arcaico, para o uso de hoje, usando medições e ingredientes modernos disponíveis no mercado atual, especialmente as mercearias gourmet.

Snowden acredita que a dieta dos monges pode ter influenciado na longevidade deles, já que era uma dieta em que faltava frutas e outros alimentos mais saudáveis. "Eles não eram muito saudáveis e a idade média de morte era de 35 anos - a maioria deles morreu de doenças brônquicas, provavelmente causadas por dieta deficiente - mas a expectativa de vida não era muito longa", disse ele à BBC.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2018/09/19/a-surpreendente-e-sofisticada-dieta-dos-monges-medievais/

Homem e mulher na sociedade e na Igreja (Parte 2/2)

Foto/Crédito: Opus Dei.

Homem e mulher na sociedade e na Igreja

Como São Josemaria compreendia o papel do homem e da mulher na sociedade? Ambos “se hão de sentir justamente protagonistas da história da salvação” Este texto, do “Diccionario de san Josemaria Escrivá de Balaguer” explica algumas chaves dos seus ensinamentos.

20/08/2025

3. Homem e mulher na sociedade e na Igreja

Da consideração precedente sobre igualdade e diferença entre homem e mulher se deduzem consequências práticas no campo da atividade humana. Os ensinamentos contidos nos escritos de São Josemaria levam, a nosso parecer, às seguintes afirmações: homem e mulher têm capacidade para cumprir as mesmas tarefas na sociedade, se bem que por suas diferenças específicas como mulher ou homem têm mais facilidade para algumas atividades ou capacidades diversas no desempenho de variadas tarefas; esta diferença não impede, porém, que possam realizar as mesmas funções, embora de modo diferente e complementar (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90). Ele nos situa assim diante de um critério que permite acolher eficazmente a diversidade pessoal como homem ou como mulher. São Josemaria fala concretamente deste possível ganho nos dois âmbitos principais em que atuam os seres humanos: a família e a sociedade civil.

“Da mesma forma que na vida do homem, embora com matizes bem peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher: é evidente que a dedicação a tarefas familiares representa uma grande função humana e cristã” (Entrevistas com MonsJosemaria Escrivá, 87). Na mulher destaca-se o conjunto de qualidades ligadas à maternidade, que se podem resumir na sensibilidade, no cuidado das pessoas, imprescindível nas famílias e extensível a toda a sociedade.

Em virtude dos dotes naturais que lhe são próprios, a mulher pode estar presente também na vida civil, com particular eficácia: “Isto salta à vista, se olhamos para o vasto campo da legislação familiar ou social. As qualidades femininas serão a melhor garantia de que os autênticos valores humanos e cristãos serão respeitados quando se devem tomar medidas que de alguma forma afetem a vida da família, o ambiente educativo, o porvir dos jovens” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90).

São Josemaria supera a divisão entre esfera privada e esfera pública, entendidas como mundos separados e reservados cada um a um tipo de pessoa. Em qualquer um dos dois âmbitos, os homens e as mulheres desenvolvem sua personalidade e contribuem para o progresso. Ele ensina que a dedicação às pessoas no lar é uma das tarefas de maior projeção social (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 106); que os filhos são “mais importantes que os negócios, que o trabalho, que o descanso” (É Cristo que passa, 27); e aconselha, com relação à educação dos filhos, que tanto os meninos como as meninas devem aprender a colaborar nas tarefas do lar (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 89). Esposos e esposas, pais e mães devem viver uma entrega reciproca que traz consigo idêntica série de esforços e tarefas (cfr. É Cristo que passa, 23, 25; Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 107), embora sejam realizadas do modo peculiar de cada sexo (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90)

Com relação à participação na vida social e pública, São Josemaria insiste especialmente no papel da mulher, que é o que mais mudou. Como o homem, a mulher deve formar-se para desempenhar qualquer trabalho – todos gozam de igual dignidade – e defende concretamente a presença dela na atividade política (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 87, 90). Mencionemos ainda o alento dado às iniciativas apostólicas desenvolvidas pelo Opus Dei para a promoção social da mulher (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 27).

Sua reflexão sobre o laicado dá-lhe oportunidade para comentar que a igualdade essencial de homens e mulheres tem repercussão na vida da Igreja (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 14). Assim ele o manifesta num texto claro no qual, tendo mencionado essa exceção do acesso ao sacerdócio ministerial, que por direito divino positivo é reservado ao homem, acrescenta que em todo o resto “penso que, à mulher, deve-se reconhecer plenamente na Igreja – em sua legislação, em sua vida interna e em sua ação apostólica – os mesmos direitos e deveres que aos homens: direito ao apostolado, a fundar e a dirigir associações, a manifestar responsavelmente a opinião própria em tudo o que se refira ao bem comum da Igreja, etc. (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 14). Quanto ao resto São Josemaria não só insiste muitas vezes na colaboração imprescindível da mulher no apostolado, fazendo-se eco das afirmações de São Paulo a esse respeito (cfr. Caminho, 980), mas ainda insiste na plena participação da mulher na vocação e na missão da Igreja.

Ao tratar deste tema, comenta que, apesar da clara fundamentação teológica desta realidade, trata-se de uma afirmação que encontra resistência em algumas mentalidades. Refere-se a quais mentalidades? À falta de entendimento sobre a missão dos leigos e aos preconceitos acerca da capacidade da mulher. Ocupa-se deste tema no estudo sobre a Abadesa de Las Huelgas, onde analisa historicamente – e critica – uma série de doutrinas de teólogos e canonistas que punham em dúvida a capacidade das mulheres para desempenhar tarefas de governo, ao mesmo tempo que louva os que intervieram no debate sustentando opinião contrária (cfr. La Abadesa de Las Huelgas, pp. 82, 84, 85, 90, 93, 112). Com relação à época contemporânea basta aludir – num texto amplamente conhecido – à sua grande contribuição para a teologia do laicado, e concluir com uma citação na entrevista concedida à revista espanhola Telva 1968: “Dediquei minha vida a defender a plenitude da vocação cristã do laicado, dos homens e das mulheres comuns que vivem no meio do mundo e, portanto, a procurar o pleno reconhecimento teológico e jurídico de sua missão na Igreja e no mundo (...). Cristianizar o mundo inteiro a partir de dentro, mostrando que Jesus Cristo redimiu toda a humanidade: essa é a missão do cristão. E a mulher participará dela do modo que lhe é próprio, tanto no lar, como nas outras ocupações que tenha, realizando as virtualidades peculiares que lhe correspondem” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 112).

Aurora Bernal Martínez De Soria

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/homem-e-mulher-na-sociedade-e-na-igreja/

Mês da Bíblia e Jubileu: a mesma esperança

Setembro - Mês da Bíblia (Irmãs de São Camilo)

MÊS DA BÍBLIA E JUBILEU: A MESMA ESPERANÇA

25/08/2025

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Setembro é, no Brasil, o Mês da Bíblia. É o tempo em que as comunidades são convidadas a colocar a Palavra de Deus no centro da vida, escutando-a, estudando-a e deixar-se iluminar por ela. Este ano, nosso olhar se voltam para a Carta de São Paulo aos Romanos, com o lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). 

Curiosamente, o Papa Francisco escolheu o mesmo versículo para inspirar o Jubileu da Encarnação de 2025, na bula Spes non confundit. Mais que coincidência, trata-se de consonância eclesial: um convite do Espírito Santo para que toda a Igreja reflita, reze e viva a força da esperança cristã.

Da tribulação à esperança 

A Carta aos Romanos é um dos textos mais profundos de Paulo. Nela, a palavra “esperança” aparece sempre ligada à fé e ao amor: não é simples otimismo, mas certeza de que Deus cumpre o que promete. 

Paulo recorda a história de Abraão e Sara, que creram contra toda esperança humana, partiram para uma terra desconhecida e receberam, já idosos, o filho prometido. A fé sustentou a esperança, e a esperança fortaleceu a fé. E esse é o caminho do cristão: acreditar no Deus que é fiel e nunca abandona.
O versículo escolhido para este ano está em Rm 5,5: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”. Paulo explica que a vida do cristão passa por tribulações que geram perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Sofrimentos vividos com Deus amadurecem a fé e sustentam uma esperança sólida, não ingênua nem frágil.

Esperança para toda a criação 

No capítulo 8, Paulo amplia essa visão. Ele diz que toda a criação “geme como em dores de parto”, esperando a manifestação dos filhos de Deus. A esperança é pessoal e também compartilhada, com alcance cósmico: abre um olhar novo sobre a realidade, que nos move a cuidar da vida, da justiça e da paz – e a assumir responsabilidade contrata com a criação. 

Para Paulo, viver na esperança é viver no Espírito Santo.  Ele sustenta a fé, fortalece na luta, consola nas quedas e guia no discernimento. Por isso, o apóstolo exorta: “Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12,12).

Vive a Palavra 

O Mês da Bíblia convida a reabrir as Escrituras para reacendam a esperança em tempos de crises e incertezas. Precisamos aprender novamente que a esperança cristã não nasce de circunstâncias favoráveis, mas da certeza de que Cristo venceu a morte e caminha conosco.  

Paulo encerra sua exortação com uma prece que serve de inspiração para todos nós neste mês: “Que o Deus da esperança vos encha de toda alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15,13). 

Que nossas comunidades renovem a alegria de crer, a força de amar e a coragem de esperar, sob o olhar de Maria, Mãe da Esperança. Pois a esperança que vem de Deus jamais decepciona. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Não só de tecnociência vive o homem...(Parte 2/2)

Uma imagem do 26º Encontro de Rimini, realizado de 21 a 27 de agosto de 2005, com o título: "A liberdade é o maior presente que os céus deram à humanidade". Abaixo, o professor Giorgio Israel durante o encontro "Ciência e Regras?" | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº  09 - 2005

Não só de tecnociência vive o homem...

"Tecnociência" significa ciência baseada na tecnologia. Refere-se à prática pela qual a tecnologia avança com liberdade cada vez maior e se torna uma forma de manipulação, independentemente do conhecimento profundo dos processos que afeta. O professor Giorgio Israel, que palestrou na conferência "Ciência e Regras?" durante o último Encontro pela Amizade entre os Povos em Rimini, explica como a biotecnologia representa a manifestação mais evidente dessa tendência perigosa.

Entrevista com Giorgio Israel por Paolo Mattei

Como questionar essa paciência e lentidão ao decidir se deve ou não usar a tecnologia para tentar curar uma doença grave?

Nosso conhecimento do mundo biológico ainda é muito modesto e vastamente desproporcional à nossa capacidade de manipulá-lo. Portanto, a ciência aplicada deve avançar mais lentamente, aguardando com mais paciência o progresso do conhecimento.

ISRAEL: É uma questão complexa que diz respeito à natureza da medicina, que busca salvaguardar um ser — a humanidade — cuja natureza é uma "dádiva" e que é simultaneamente capaz de perturbar a ordem natural. Um grande médico e historiador da medicina, Mirko Drazen Grmek — lembrando as palavras de Herbert George Wells em A Guerra dos Mundos : "O homem pagou o preço de sua posse hereditária do globo terrestre ao preço de milhões e milhões de mortes" — observou que o homem deve continuar a pagar esse tributo "como o preço de ações que perturbam o equilíbrio dinâmico entre o próprio homem, o ambiente físico e todos os seres vivos". A medicina não é uma ciência em sentido estrito, mas sim uma arte, na medida em que percorre um caminho estreito: proteger a saúde humana sem perturbar excessivamente o equilíbrio natural. O risco surge da pretensão exagerada de querer resolver todos os problemas de uma vez por todas — obtendo saúde eterna, imortalidade, a vitória final sobre a doença — reconstruindo a humanidade do zero: " Redesigning Humans" é o título de um livro recente do biólogo americano Gregory Stock. É uma pretensão delirante, não apenas porque não possuímos um pingo do conhecimento necessário e corremos o risco de produzir catástrofes difíceis de imaginar; mas porque ignora completamente a questão ética e "significativa" inerente à constatação: não criamos o mundo, e não nos criamos, quaisquer que sejam suas origens, cujos mecanismos são, em todo caso, um mistério absoluto. Consequentemente, o critério principal é não intervir na estrutura natural da humanidade, alegando "recriá-la" do zero, e não conceber a vida humana como um objeto que pode ser manipulado à vontade. E não levantemos objeções absurdas de que "manipulação" já ocorreu no passado: pode-se dizer que, uma vez que alguém foi morto, é permitido matar.

Seria desejável, na sua opinião, uma forma de supervisão científica da atividade tecnológica? Você acha que tal hipótese — uma espécie de renascimento da Academia de Ciências de Paris do século XVII — poderia realmente ser concretizada em nossa época? E se, como aconteceu durante o recente debate do referendo, até mesmo a "academia" científica se visse internamente dividida?

ISRAEL: Não, eu não defendo esse tipo de controle de forma alguma. O ideal de uma sociedade governada por sábios, que se originou com Platão, foi defendido pelo Iluminismo e só levou ao desastre. Condorcet disse que "uma sociedade que não é governada por filósofos está condenada a cair nas mãos de charlatões". Mas filósofos, ou cientistas, só teriam o direito de governar a sociedade com seu conhecimento se fossem oniscientes, e como a onisciência não é deste mundo, estão condenados a ser tiranos. Ainda mais recentemente, o presidente dos EUA, Eisenhower, lamentou a arrogância de uma certa elite científico-tecnológica, afirmando que "embora tenhamos o maior respeito pela pesquisa e descoberta científicas, devemos estar atentos ao perigo de a política pública se tornar sua prisioneira". O único governo razoável e permissível é o da política, expresso por meio das regras mais refinadas possíveis de representação democrática. Questões éticas relacionadas à biotecnologia devem ser abordadas e resolvidas pelos cidadãos, por meio de instrumentos políticos. Os acadêmicos estão divididos porque questões éticas não podem ser reduzidas à ciência, e os cientistas acabam se posicionando como cidadãos, isto é, de acordo com suas visões éticas, filosóficas e religiosas — ou até mesmo ateístas. Não é por acaso que comitês consultivos nunca serviram a nenhum propósito, a ponto de se esperar que eles forneçam soluções "científicas" para problemas que não admitem nenhuma.

Falando de filósofos e poder, Peter Singer, professor de bioética em Princeton, explicou recentemente como a fronteira entre a existência e a morte é essencialmente apenas uma "convenção científica". Ele reiterou que isso permitiria aos pais decidirem abortar seus filhos, imediatamente após o nascimento, se eles apresentarem malformações graves.

Não criamos o mundo, nem nos criamos, quaisquer que sejam suas origens, cujos métodos ainda são um mistério absoluto. Consequentemente, o critério principal é não intervir na estrutura natural do homem, tentando "recriá-la" do zero, e não conceber a vida humana como um objeto que pode ser manipulado à vontade.

ISRAEL: Esta é uma afirmação surpreendentemente grosseira, pois inverte a questão. O problema da fronteira entre a vida e a morte não pode ser resolvido em termos meramente "científicos", visto que não se trata simplesmente da parada de uma máquina — de um ser-objeto —, mas do desaparecimento de uma "pessoa", de uma subjetividade. Em termos científicos, só admite soluções convencionais. Felizmente, muitos de nós não aceitamos que a questão possa ser colocada nesses termos materialistas e que, por exemplo, diante de uma pessoa em coma profundo, devemos decidir se devemos ou não desligar o aparelho com base em uma convenção "científica".

O escritor francês Michel Houellebecq, em seu último — e mais uma vez provocativo — romance, A Possibilidade de uma Ilha , conta a história de uma série de personagens nascidos da clonagem de um único homem. Ele imagina um futuro terrível de devastação humana. Um pessimismo exasperado segundo o qual a juventude, a força e a beleza são o fundamento do amor, mas também do nazismo. O que você acha dessa visão do futuro do Ocidente?

ISRAEL: Ainda não li o romance de Houellebecq, mas acho que esse tipo de literatura, quando de alta qualidade, tem uma função muito útil no despertar das consciências. Considere a influência do famoso romance de Huxley, Admirável Mundo Novo. Pode-se dizer que algumas das previsões catastróficas de Huxley estão se concretizando, mas, ao mesmo tempo, estamos longe de um mundo conformado a uma visão global totalitária. Nessa perspectiva, sou otimista, no sentido de que estou convencido de que as energias espirituais humanas e as "questões profundas" que residem no cerne de nossa consciência não podem ser suprimidas e, em última análise, se imporão, não importa quão grandes sejam os danos colaterais. O problema é certamente o do fracasso: programas tecnocientíficos radicais podem provocar reações igualmente radicais inspiradas pelo fundamentalismo e pelo fanatismo. Por essa razão — voltando ao tema da importância e da responsabilidade da política — o mais importante me parece ser uma conscientização ampla e profunda. Nessa perspectiva, a experiência que tive no Encontro de Rimini durante o debate sobre "Ciência e Regras?", com a intensidade moral e intelectual que ali senti, confirmou-me essa convicção.

Algumas disposições legislativas são importantes — a clonagem deve ser proibida, ponto final —, mas não são suficientes, e é impossível regulamentar tudo. É muito mais importante que as pessoas rejeitem certas perspectivas e que certas práticas não encontrem clientes. Vamos tentar ler esta frase do livro de Stock: "Com algum marketing direcionado por parte dos centros de fertilização in vitro , a reprodução tradicional pode se tornar obsoleta, se não completamente irresponsável . O sexo pode um dia ser considerado uma atividade puramente recreativa e a concepção algo melhor realizado em laboratório." Recomendo a leitura ampla, pois estou convencido de que uma pessoa sensata — qualquer pessoa que saiba o que significa ter um filho por meio de um ato de amor — não pode deixar de sentir uma sensação de repulsa e desprezo por pensamentos tão miseráveis.

Fonte: https://www.30giorni.it/

''A celebração da missa salva o mundo hoje'', afirma Papa Leão

Papa Leão XIV (Vatican News)

O Pontífice recebeu Servidores do Altar vindos da França, por ocasião do Jubileu da Esperança. Em seu discurso, o Santo Padre falou da Eucaristia como o ''Tesouro dos Tesouros'', mas também manifestou preocupação com a escassez de vocações no país.

Vatican News

A celebração da Missa é a salvação do mundo! Essas foram as palavras do Papa ao receber em audiência esta segunda-feira, 25 de agosto, ministrantes franceses, em peregrinação jubilar a Roma.

Com efeito, Leão XIV faz votos que os servidores do Altar aproveitem o Ano Santo para aprofundar a amizade com Jesus e amá-Lo cada vez mais. Num mundo com desafios cada vez mais graves e preocupante, somente Jesus pode nos salvar, e ninguém mais: porque somente Ele tem o poder – Ele é Deus Todo-Poderoso em pessoa –, e porque Ele nos ama. “Coloquem Jesus no centro de suas vidas”, exortou o Pontífice, de modo que possam voltar para França mais próximos Dele, mais decididos do que nunca a amá-Lo e segui-Lo.

O Papa recordou que há uma prova certa de que Jesus nos ama e nos salva: Ele deu a sua vida por nós, oferecendo-a na cruz. “E isso é o que há de mais maravilhoso em nossa fé católica”, prosseguiu Leão, acrescentado que a Igreja, de geração em geração, guarda cuidadosamente a memória da morte e ressurreição do Senhor, da qual é testemunha, como seu tesouro mais precioso. “A Igreja a guarda e transmite celebrando a Eucaristia, que vocês têm a alegria e a honra de servir. A Eucaristia é o Tesouro da Igreja, o Tesouro dos Tesouros.”   

Desde o primeiro dia de sua existência, e depois durante séculos, a Igreja celebrou a Missa, domingo após domingo, para lembrar o que seu Senhor fez por ela.

“Caros Servidores do Altar, a celebração da Missa nos salva hoje! Ela salva o mundo hoje! É o evento mais importante da vida do cristão e da vida da Igreja, pois é o encontro em que Deus se entrega a nós por amor, repetidas vezes. O cristão não vai à Missa por obrigação, mas porque precisa absolutamente dela! Necessita da vida de Deus que se doa sem pedir nada em troca!”

Quando se aproximarem do Altar, aconselhou o Papa, tenham sempre em mente a grandeza e a santidade do que está sendo celebrado. A missa é um momento de festa e alegria, mas, ao mesmo tempo, é um momento sério, solene, marcado pela sobriedade. Por isso, a atitude de quem serve no Altar deve levar os fiéis a entrarem na grandeza sagrada do Mistério.

Por fim, Leão fez uma constatação: a escassez de vocações ao sacerdócio não apenas em território francês. “A falta de padres na França, no mundo, é uma grande infelicidade! Uma desgraça para a Igreja! Que vocês possam, pouco a pouco, domingo após domingo, descobrir a beleza, a felicidade e a necessidade de tal vocação. Que vida maravilhosa é a do sacerdote que, no centro de seus dias, encontra Jesus de modo excepcional e O oferece ao mundo!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 24 de agosto de 2025

Homem e mulher na sociedade e na Igreja (Parte 1/2)

Foto/Crédito: Opus Dei.

Homem e mulher na sociedade e na Igreja

Como São Josemaria compreendia o papel do homem e da mulher na sociedade? Ambos “se hão de sentir justamente protagonistas da história da salvação” Este texto, do “Diccionario de san Josemaria Escrivá de Balaguer” explica algumas chaves dos seus ensinamentos.

20/08/2025

No começo do século XX desenvolveu-se no mundo ocidental uma ampla literatura sobre a distinção-relação entre homem e mulher, dando origem a abordagens antropológicas muito diversas. São Josemaria tinha conhecimento desse debate, mas sua doutrina sobre a vocação do homem e da mulher não se baseia nessas fontes, nem se desenvolve em diálogo com elas. Sua doutrina fundamenta-se nos ensinamentos da Sagrada Escritura e da Tradição da Igreja, e em sua experiência como fundador de uma instituição, o Opus Dei, destinada a promover a chamada à santidade e, portanto, também ao desenvolvimento da personalidade humana entre pessoas, homem ou mulher, de países e condições diversas.

1. Dignidade humana e vocação divina do homem e da mulher

São Josemaria, de acordo com a tradição judaico-cristã, ensinou que existe uma unidade fundamental entre homem e mulher. Ambos são iguais em dignidade como seres criados por Deus à sua imagem e semelhança (cfr. Gn 1, 22) e corresponsáveis, por mandato divino, da dupla tarefa de transmitir a vida e dar origem à história e à cultura (“crescei, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a”: Gn 1, 28). Essas afirmações do Gênesis, essa doutrina sobre a igualdade originária do homem e da mulher, completa-se na antropologia cristã com o conhecimento da filiação divina que Cristo nos ganhou na Cruz. “A mulher tem em comum com o homem sua dignidade pessoal e sua responsabilidade, e – na ordem sobrenatural – todos temos uma idêntica filiação divina adotiva (Gl 3, 26-28) ” (Carta 29/07/1965, n. 4: AGP, série A.3, 94-4-1).

Todo batizado deve saber-se membro da família universal dos filhos de Deus, à qual são chamados todos os seres humanos. Na terra, há apenas uma raça: a raça dos filhos de Deus, ensina São Josemaria (cfr. É Cristo que passa, 13). Todas as pessoas – homens e mulheres, anciãos, sãos e enfermos – iguais em dignidade, merecem respeito e amor. Todos, mulheres e homens de qualquer idade, condição, estado ou ofício, nas circunstâncias em que se acham, no exercício de suas diversas atividades podem, apoiados na graça de Deus que é nosso Pai, alcançar a plenitude de vida, a santidade. Para tornar isso viável, Cristo estabeleceu a Igreja, que conserva e transmite sua doutrina e comunica a graça que torna possível o viver cristão. Essa é a grande tarefa dos filhos de Deus: santificar-se e contribuir, entregando-se como Cristo o fez, até a Cruz, para santificação dos outros. Neste horizonte da chamada universal à santidade, São Josemaria enquadrou a consideração da dignidade e do valor de toda pessoa.

Ensinou que o homem e a mulher possuem condições para realizar – segundo suas aptidões pessoais – todos os trabalhos que contribuem para o bem comum e dignificam a pessoa que os realiza. Por isso, desde o início de seu trabalho pastoral, abriu horizontes para as mulheres e os homens para que empreendessem com garbo e confiança em Deus o trabalho profissional que escolhessem livremente (Intelectual, manual, de gestão, etc.). E apresentou tanto aos homens como às mulheres que se incorporavam ao Opus Dei, um horizonte de vida espiritual e de formação doutrinal-teológica que lhes permitiria realizar com sentido cristão a tarefa profissional, familiar ou social que cada um deveria levar a cabo e nesse contexto dar vida a um profundo apostolado do testemunho e da doutrina.

Cumprir a vontade de Deus no dever de cada instante, santificando a própria ocupação ou ofício, requer o exercício das virtudes cardeais e morais. São Josemaria viu isso feito realidade em seus próprios pais, no lar em que Deus o fez nascer. Com convicção realista supera princípios gerais que limitam algumas virtudes ao homem ou à mulher: “Mais forte a mulher do que o homem, e mais fiel na hora da dor” (Caminho, 982); “Quem te disse que fazer novenas não é varonil? – Serão varonis essas devoções, sempre que as pratique um varão...” (Caminho, 574); “quem caluniou a mulher dizendo que a discrição não é virtude de mulheres?” (Caminho, 652).

As virtudes não constituem qualidades instintivas, é preciso que se criem raízes na alma com determinação, vencendo os obstáculos que o ‘eu’ ou as circunstâncias opõem. São Josemaria ensina que para se santificar é preciso partir da realidade de quem somos, com os pés na terra e a cabeça no céu. E adverte: “Somos homens e mulheres, não anjos. Seres de carne e osso, com coração e paixões, com tristezas e alegrias” (É Cristo que passa, 103). Ensina por isso a amar a Deus com a capacidade afetiva que, no plano humano, todos temos: “com o mesmo coração com o qual quero a meus filhos, com aquele que quis a meus pais”. Vai, ao mesmo tempo, ao encontro das possíveis dificuldades que se pode encontrar no caminho: expõe com clareza aos casados os meios que devem empregar para continuar fiéis até o fim, renovando o amor que os uniu; aos que não puderam ter filhos orienta para cuidar dos que os rodeiam, com a dedicação que possam assumir; aos solteiros impulsiona a amar a Deus com o coração indiviso; aos que ocupam posições relevantes na sociedade recorda sua responsabilidade; aos que realizam tarefas sem relevo aparente faz ver que nada está oculto aos olhos de Deus. A todos homens e mulheres convoca a alcançar uma profunda personalidade humana e cristã.

A igualdade fundamental do homem e da mulher, pregada por São Josemaria, manifesta-se na igualdade espiritual, moral e jurídica que caracteriza o Opus Dei. Há um mesmo espírito, uma única vocação e meios iguais para vivê-la: “O espírito é único, o mesmo para todos, aquele que Deus quis para esta Obra que é dele” (Carta 29/07/1965, n. 2: AGP, série A.3, 94-4-1). “Por essa identidade do espírito e do modo de fazer o apostolado, é norma geral estabelecida em nossas leis – precisava São Josemaria – que tudo quanto te escrevo está dirigido, normalmente, tanto a meus filhos quanto a minhas filhas, desde que, de alguma forma, não se diga claramente o contrário” (Carta 29/07/1965 n. 2: AGP, série A.3, 94-4-1).

2. Igualdade e diferença

São Josemaria entende a igualdade total: “Em um plano essencial – que deve ter reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como no eclesiástico – (...) a mulher tem, exatamente como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 87). Ele observa a igualdade no nível da natureza humana e no nível do ser pessoal e cita expressamente São Paulo: “já não há distinção de judeu, nem grego; nem de servo, nem livre; nem de homem, nem mulher” (cfr. Gl 3, 26-28). (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 14). Esta afirmação radical da igualdade reflete-se também em sua linguagem; é notável a frequência com que seus escritos acentuam expressamente – com o uso de expressões – que a doutrina que transmite dirige-se a todos: tanto cristãos como cristãs (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 112), “cada homem, cada mulher” (Entrevistas com MonsJosemaria Escrivá, 99), “homem – ou mulher – de uma só peça” (Sulco, 443), “de um homem de Deus, de uma mulher de Deus” (Sulco, 60; F, 649), “um varão católico – uma mulher católica” (F, 859), “cavalheiro cristão, mulher cristã” (F, 450), “não esqueças que cristão (...) significa homem – mulher – que tem a fé de Jesus Cristo” (F, 642), “a autêntica existência do homem cristão, da mulher cristã” (Amigos de Deus, 205).

A igualdade do homem e da mulher não suprime as diferenças entre eles. Com olhar realista, que se eleva do que é mais evidente aos sentidos a uma projeção do psíquico e espiritual, afirma: “a partir dessa igualdade fundamental, cada um deve alcançar o que lhe é próprio” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 87). Ao tratar o tema do homem e da mulher afirma basicamente, nesse sentido, a continuidade entre as dimensões biológica, psicológica e espiritual que se refletem na feminilidade e na masculinidade.

Às vezes alude a essas diferenças. Sobre a mulher diz que “está chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, algo característico que lhe é próprio e que só ela pode dar: sua delicada ternura, sua generosidade incansável, seu amor pelo concreto, sua agudeza de engenho, sua capacidade de intuição, sua piedade profunda e simples, sua tenacidade” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 87). Do homem, sua dedicação ao trabalho e sua capacidade para assumir com responsabilidade e iniciativa as tarefas que tem em mãos, que se destacam por exemplo, na figura de São José (cfr. Amigos de Deus, 40). Embora fale de diferença, detém-se, porém, com frequência para indicar que a dupla contribuição do homem e da mulher contribui para enriquecer o patrimônio comum. São Josemaria recorda a cada pessoa as virtudes do outro. Anima homens e mulheres a conquistar qualidades que, se bem que costumem destacar-se em um dos dois sexos, são objetivos de ambos: “Hás de ser, como filho de Deus e com sua graça, varão ou mulher forte (F, 792), propriedades que ajudam a viver uma “entrega – sacrificada e alegre – de tantos homens e mulheres que souberam ser fieis” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 71). Ele destaca que a mulher, “junto com o que tem em comum com o homem, leva à família, à sociedade civil, à vida da Igreja, algo peculiar, algo que lhe é próprio que só ela pode levar (...). Assim, feminilidade quer dizer a riqueza e a formosura e a necessidade de sua contribuição própria e insubstituível” (Carta 29/07/1965, n. 2: AGP, série A.3, 94-4.1).

São Josemaria proclama nitidamente a radical igualdade entre homem e mulher, mas rejeita ao mesmo tempo a uniformidade. Nem o homem deve imitar a mulher, nem a mulher o homem: “seria uma perda para a mulher: não porque seja mais ou menos que o homem, mas porque é diferente” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 87). A diferença é querida por Deus (cfr. Forja, 866): “não foi em vão que Deus os criou homem e mulher. Tal diversidade não se deve compreender em um sentido patriarcal (...) tanto o homem como a mulher devem sentir-se protagonistas da história da salvação, mas ambos de forma complementar” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá). Em suma, como diz João Paulo II: “Os recursos, pessoais da feminilidade não são sem dúvida menores que os recursos da masculinidade, são apenas diferentes” (Mulieris Dignitatem, 10).

Aurora Bernal Martínez De Soria

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/homem-e-mulher-na-sociedade-e-na-igreja/

O Papa: “a porta estreita”, a salvação passa pelas escolhas difíceis e impopulares

Papa Leão XIV - Angelus  (@Vatican Media)

O Papa Leão XIV no Angelus deste domingo (24/08): as palavras de Jesus “servem, antes de mais nada, para abalar a presunção daqueles que pensam que já estão salvos, daqueles que praticam a religião e, por isso, se sentem tranquilos”.

Silvonei José – Vatican News

“Ao mesmo tempo que nós, às vezes, julgamos quem está longe da fé, Jesus põe em crise “a segurança dos crentes”. Foi o que destacou o Papa Leão XIV ao introduzir o Angelus deste domingo (24/08) e comentar a imagem do Evangelho da “porta estreita”, usada por Jesus para responder a alguém que lhe perguntou se são poucos os que se salvam.

"Com efeito, diz-nos que não basta professar a fé com palavras, comer e beber com Ele celebrando a Eucaristia ou conhecer bem os ensinamentos cristãos. A nossa fé é autêntica quando envolve toda a nossa vida, quando se torna um critério para as nossas escolhas, quando nos torna mulheres e homens que se comprometem com o bem e apostam no amor, tal como fez Jesus".

Fiéis na Praça São Pedro   (@Vatican Media)

O Senhor não quer, certamente, desanimar-nos, disse o Papa. “As suas palavras servem, antes de mais nada, para abalar a presunção daqueles que pensam que já estão salvos, daqueles que praticam a religião e, por isso, se sentem tranquilos. Na realidade, eles não compreenderam que não basta realizar atos religiosos se estes não transformam o coração: o Senhor não quer um culto separado da vida e não lhe são agradáveis sacrifícios e orações que não nos levam a viver o amor aos irmãos e a praticar a justiça”.

“É bonita a provocação que nos chega do Evangelho de hoje”, acrescentou o Papa leão.

Fiéis na Praça São Pedro   (@Vatican Media)

Recordando que Jesus “não escolheu o caminho fácil do sucesso ou do poder”, mas, para nos salvar, atravessou a “porta estreita” da Cruz, o Papa salientou que Jesus é “a medida da nossa fé”, “a porta que devemos atravessar para sermos salvos, vivendo o seu mesmo amor e tornando-nos, com a nossa vida, agentes de justiça e paz”.

Vídeo:

https://youtu.be/SbV-wA3AOwk

“Às vezes, isso significa fazer escolhas difíceis e impopulares, lutar contra o próprio egoísmo e gastar-se pelos outros, perseverar no bem onde parece prevalecer a lógica do mal, e assim por diante”. Mas – continuou –, ao ultrapassar esse limiar, descobriremos que a vida se abre diante de nós de uma maneira nova e, desde já, entraremos no espaçoso coração de Deus e na alegria da festa eterna que Ele preparou para nós”.

E o Santo Padre concluiu: “Invoquemos a Virgem Maria, para que nos ajude a atravessar com coragem a “porta estreita” do Evangelho, de modo que possamos abrir-nos com alegria à largura do amor de Deus Pai”.

Palácio Apostólico   (@Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Não só de tecnociência vive o homem...(Parte 1/2)

Uma imagem do 26º Encontro de Rimini, realizado de 21 a 27 de agosto de 2005, com o título: "A liberdade é o maior presente que os céus deram à humanidade". Abaixo, o professor Giorgio Israel durante o encontro "Ciência e Regras?" | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº  09 - 2005

Não só de tecnociência vive o homem...

"Tecnociência" significa ciência baseada na tecnologia. Refere-se à prática pela qual a tecnologia avança com liberdade cada vez maior e se torna uma forma de manipulação, independentemente do conhecimento profundo dos processos que afeta. O professor Giorgio Israel, que palestrou na conferência "Ciência e Regras?" durante o último Encontro pela Amizade entre os Povos em Rimini, explica como a biotecnologia representa a manifestação mais evidente dessa tendência perigosa.

Entrevista com Giorgio Israel por Paolo Mattei

Durante o último Encontro pela Amizade entre os Povos (realizado no Novo Centro de Exposições de Rimini de 21 a 27 de agosto), o Professor Giorgio Israel discursou no painel "Ciência e Regras?", que também contou com a presença de Giancarlo Cesana, Professor de Medicina do Trabalho na Universidade Bicocca de Milão. Em sua apresentação, Israel revisitou muitos dos temas que lhe são mais caros. São temas que ele vem destacando há muito tempo em artigos de jornais e revistas e que se encontraram no centro do debate desencadeado pelos recentes referendos sobre reprodução assistida. Ciência e popularização, ciência e religião, ciência e tecnologia, ciência e economia, ciência e poder político... Esses pares, sintetizados pelo título questionador do encontro de Rimini em 23 de agosto, podem se transformar em antinomias assustadoras para a vida humana quando a relação entre o pensamento científico e cada um desses termos secundários é alterada ou interrompida. O professor Israel explicou a natureza e a evolução dessas "relações perigosas" ao longo da história ocidental com a expertise de um acadêmico: ele leciona História da Matemática na Universidade La Sapienza, em Roma, e é autor de vários ensaios ( A Mão Invisível. Equilíbrio Econômico na História da Ciência , Roma-Bari, 1987; Ciência e Raça na Itália Fascista , Bolonha, 1998; O Jardim das Nogueiras. Pesadelos Pós-modernos e a Tirania da Tecnociência, Nápoles, 1988; Ciência e História: Coexistência Difícil , Roma, 1999). Fizemos algumas perguntas a ele. 

O senhor frequentemente fala de duas "cesuras" que existem há muito tempo em nossa cultura: a primeira, entre o pensamento científico e a herança cultural filosófica, teológica e religiosa; a segunda, entre a ciência e o que o senhor chama de "tecnociência". O senhor pode explicar quais são elas?

GIORGIO ISRAEL: O filósofo Edmund Husserl descreveu com veemência o projeto de conhecimento abrangente que teve início no Renascimento: "Uma construção única que prossegue infinitamente de geração em geração", que visa abordar todos os problemas, desde os naturais até os éticos e morais. A própria construção da ciência moderna reflete essa visão, pois o conceito de lei natural tem uma origem teológica: a ideia de que existe uma "ordem" do mundo estabelecida por Deus. O positivismo concluiu, a partir dos sucessos das ciências naturais, que seu método cognitivo era o único válido. A partir daquele momento, não apenas todas as disciplinas — como as ciências sociais — foram avaliadas com base em sua adesão ao método das ciências físico-matemáticas, mas todos os problemas envolvendo filosofia, ética, moralidade e religião foram descartados como "metafísicos" ou "irracionais".

A segunda ruptura diz respeito à relação entre ciência e tecnologia. Desde a revolução científica, esta última tem sido conceitualmente dependente da primeira: o conhecimento dos processos era considerado crucial para orientar as escolhas tecnológicas (e "tecnologia" significa precisamente "ciência baseada na técnica"). Há cerca de meio século — devido a uma série de fatores, predominantemente econômicos e produtivos —, surgiu uma prática na qual a tecnologia avança com crescente liberdade e se torna uma forma de manipulação, independentemente do conhecimento profundo dos processos que influencia. A biotecnologia é a manifestação mais evidente dessa tendência, que chamo de "tecnociência" para enfatizar sua especificidade.

Você pode dar alguns exemplos concretos do que essas "rupturas" significaram para a história e a cultura ocidentais?

ISRAEL: Para citar Husserl, o conceito positivista de ciência é um conceito "residual" porque negligenciou todas as questões que verdadeiramente mais preocupam a humanidade, porque dizem respeito ao significado de sua existência e de sua liberdade; ou tentou reduzi-las a uma abordagem cientificista, como acontece em tratamentos quantitativos de escolhas subjetivas reduzidas a critérios de "utilidade". Isso representou um empobrecimento espiritual e cultural dramático. A conjunção dessa atitude com o desenvolvimento tecnocientífico levou aos dilemas colocados pela biotecnologia e à constatação de que, se aceitarmos uma abordagem puramente utilitária, só podemos concluir que qualquer manipulação é permissível. Dostoiévski disse: "Se Deus não existe, então tudo é possível". Uma versão "fraca", para um descrente, poderia ser: "Se ética e moral autônomas não existem, então tudo é possível". Mas nenhum ser racional pode admitir que seja permissível fazer qualquer coisa.

Diante desse perigo “utilitário”, seria possível propor a ideia de um pensamento científico dedicado exclusivamente ao “conhecimento” e não também à “transformação”?

ISRAEL: Não acredito que o pensamento científico possa ser reduzido ao conhecimento puro, excluindo a transformação. As concepções constitutivas da ciência incluem a ideia de que conhecer também significa transformar. De fato, conhecer a lei científica de um fenômeno também significa conhecer as circunstâncias sob as quais o fenômeno ocorrerá de forma idêntica a cada vez: isso implica, pelo menos em princípio, sua "reprodutibilidade" e, portanto, a possibilidade de implementação prática. Mas duas observações são necessárias aqui. A primeira é que tal visão de "lei científica" não se aplica bem ao contexto de fenômenos não físicos: processos sociais e econômicos, e processos históricos em geral, não se enquadram em uma definição tão restrita — ninguém pode demonstrar razoavelmente que "leis" da história existem — e não são reproduzíveis. Aplicar o reducionismo físico-matemático às ciências humanas produz resultados insatisfatórios e fomenta a ideia infundada de uma onipotência transformadora. A segunda observação — talvez mais importante — é que a primazia do conhecimento garante que aquilo que se busca manipular seja compreendido da forma mais completa possível. A abordagem tecnocientífica, no entanto, não se preocupa muito em compreender a fundo os processos que manipula. Isso corre o risco de reviver uma abordagem semelhante à da alquimia medieval, que apresenta todos os riscos do aprendiz de feiticeiro: manipular processos excessivamente complexos, cujo resultado é incerto, e arriscar resultados imprevistos e indesejáveis. Nosso conhecimento do mundo biológico ainda é extremamente modesto e vastamente desproporcional à nossa capacidade de manipulá-lo. Portanto, a ciência aplicada deve avançar mais lentamente, aguardando com mais paciência o avanço do conhecimento.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Os diabos sentiam medo diante de são Bartolomeu

Bartolomeu, o apóstolo | Domínio público (Wikimedia Commons)

Por Abel Camasca*

24 de ago. de 2025

Hoje (24) é a festa do apóstolo são Bartolomeu, também conhecido na Bíblia como Natanael. Ele recebeu dons especiais que fizeram com que os demônios sentissem terror e medo diante de sua presença.

São Bartolomeu pregou na Índia e, segundo o beato dominicano Santiago de La Vorágine, ao chegar a essa região, foi a um templo de Astaroth. Os doentes acreditavam este ídolo os curava, mas na verdade dentro da imagem havia um demônio que os enganava.

O maligno deixou de fazer seus atos e muitos doentes foram embora em busca de “melhora” em outra cidade, onde se rendia culto a Berith. Eles perguntaram a essa divindade o que estava acontecendo com Astaroth, e o demônio que habitava ali lhes respondeu que seu companheiro estava atado com correntes de fogo e em silêncio depois da chegada de Bartolomeu.

Diante da insistência dessas pessoas para saber quem era esse homem e como identificá-lo, o espírito maligno descreveu que se tratava de “um amigo do Deus todo-poderoso”, que por 26 anos tinha usado uma túnica branca com um manto branco e sandálias. Mas, nenhum desses objetos foi desgastado ou manchado.

Também disse que Bartolomeu sempre estava acompanhado por anjos “que impedem que se canse por mais que caminhe e que sinta fome ou sede”. Bartolomeu também sabia tudo o que ia acontecer, entendia todos os idiomas e naquele momento estava escutando o que estava sendo dito sobre ele.

Disse também que só encontrariam Bartolomeu se ele quisesse e lhes pediu que suplicassem a ele que não fosse a sua cidade. O demônio queria evitar ser inutilizado pelos anjos do apóstolo, como aconteceu com o outro. Os doentes foram em busca de Bartolomeu, mas não o encontraram.

Certo dia, um endemoniado repreendeu são Bartolomeu porque suas orações o atormentavam, mas o santo ordenou que se calasse e o expulsou do corpo daquela pessoa.

O rei da região ficou sabendo e pediu que o levassem a Bartolomeu. O apóstolo foi à corte e viu que a filha do rei estava acorrentada. Mandou que a soltassem dizendo que ele tinha amarrado bem o demônio que a afligia. Quando a libertaram, ela se curou.

Mais tarde, o santo presenciou o culto pagão no templo próximo ao palácio e o demônio daquele ídolo começou a dar gritos de tormento porque tinha sido atado. Bartolomeu ordenou ao maligno que fosse embora. Ele obedeceu e destruiu todos os ídolos do local.

O santo começou a rezar e todos os doentes presentes ficaram curados. Um anjo apareceu e mostrou ao povo o demônio que os tinha enganado. Era uma espécie de mostro escuro que tinha as mãos atadas nas costas com correntes de fogo.

O anjo disse ao diabo que o libertaria por ter obedecido ao apóstolo, mas que devia permanecer no deserto até o fim dos tempos. Finalmente, o espírito maligno foi embora dando gritos. O rei, sua família e todo o povo receberam o batismo.

*Abel Camasca é comunicador social. Foi produtor do telejornal EWTN Noticias por muitos anos e do programa “Más que Notícias” na Rádio Católica Mundial.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/55983/os-diabos-sentiam-medo-diante-de-sao-bartolomeu

Deus dorme na tenda!

Shutterstock

Valdemar De Vaux - publicado em 22/08/25

Para quem lê a Bíblia, dormir em uma tenda não é trivial: o habitat do povo hebreu em movimento também simboliza a presença de um Deus que, em Jesus, vem armar sua tenda no meio da humanidade.

"Um dia a tropa acampou...", diz a canção, que não especifica o que parece óbvio: os escoteiros dormiram naquele dia, apesar da chuva, na tenda. Uma prática comum do escotismo. O que pode parecer trivial, cochilar sob uma lona, hoje tão avançado, ainda assim tem um forte poder evocativo para o leitor da Bíblia. Aqui está um breve guia para não mais armar ou desmontar a barraca da mesma maneira. Se este habitat precário, a tenda, está tão presente nas Escrituras, é claro que é porque faz parte da cultura do povo hebreu e de seus vizinhos. Nestas terras quentes, a tenda oferece proteção contra o sol quando não se está em casa. De forma muito prosaica, Abraão está, portanto, "sentado à entrada da tenda [na] hora mais quente do dia" quando vê "três homens" parados perto dele e diante dos quais se prostra. Este episódio (cf. Gn 18), conhecida como "hospitalidade de Abraão" e retratada no famoso ícone de Rublev, foi lida pela tradição cristã como uma prefiguração: a Trindade vem visitar seu povo.

Deus entre seu povo

O mesmo se aplica à famosa "tenda da reunião" que protege a Arca da Aliança durante todo o Êxodo: Deus habita ali, Deus e o homem vivem lado a lado. Este santuário móvel, ordenado com muita precisão pelo Senhor (cf. Ex 26) acompanha o povo hebreu em seu caminho e o Criador, em sua delicadeza, aceita viver entre as criaturas que não abandona em suas peregrinações (cf. Ex 33). Esta morada de Deus torna-se então o Templo, apesar da relutância da primeira pessoa interessada (cf.2 de 7), "o Senhor, que anuncia que ele mesmo fará uma casa" para o seu povo. Este é, de fato, o risco: que a criatura imponha as mãos ao Criador, fixando-o em um lugar, que se esqueça de que nada vem dele, mas que ela recebe tudo. E a tenda tem a vantagem de ser leve e instável, forçando aquele que dorme sob sua proteção a abandonar sua pretensão de onipotência.

O mesmo ensinamento é dado no Novo Testamento na época da Transfiguração (cf. Mt 17, 1-13;Mc 9, 2-13;Lc 9, 28-36). Pedro, que percebe que é “bom estar aqui”, na presença do Ressuscitado prefigurado na sua brancura, gostaria de parar o tempo armando três tendas para Jesus, Moisés e Elias, o primeiro dos apóstolos ainda não compreendeu que o próprio Filho de Deus cumpre em seu corpo as profecias da Antiga Aliança. Como João diz em seu prólogo, se traduzirmos literalmente, "o Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós" (Jo 1,14). Este é o mistério da Encarnação, de Deus que vem definitiva e plenamente partilhar a condição cambaleante, como a lona, de todos os homens.

Onde queremos armar nossa barraca para sempre?

Além disso, Cristo, por meio da Ressurreição, armou uma tenda perto do Pai, no Céu, para todos aqueles que o seguiriam. Como morada, a tenda de Deus nada mais é do que o próprio Paraíso. Assim, o movimento escoteiro fala de grande acampamento em falas de espiritualidade sobre a morte. Mas "quem ficará em sua tenda", pergunta o salmista? Aquele que se comporta perfeitamente, que age com justiça e fala a verdade segundo o seu coração" (Sl 14, 1-2). Mas onde queremos armar para sempre a tenda da nossa existência?

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/22/deus-dorme-na-tenda/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF