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terça-feira, 1 de abril de 2025

Irmãos que olham para o pai. Unidade entre várias gerações

Unidade entre várias gerações (Opus Dei)

Irmãos que olham para o pai. Unidade entre várias gerações

O Papa Francisco fala com frequência sobre a necessidade de gerar uma maior unidade entre as diferentes gerações. A parábola do filho pródigo, o irmão mais velho e o pai, relatada por Jesus, pode nos ajudar a aprofundar neste tema.

25/01/2021

Naqueles últimos dias, Jesus tinha passado muito tempo entre aqueles que, aos olhos da sociedade, pareciam estar mais longe de Deus. O evangelista são Lucas nos conta que “todos os publicanos e pecadores” (Lc 15,1) se aproximavam para ouvir os seus ensinamentos. Este movimento de gente fez com que os que se consideravam os guardiães da lei mosaica começassem a murmurar entre si. O Mestre, então, decide narrar três parábolas destinadas a purificar a imagem de Deus que eles tinham, muitas vezes distorcida por uma mentalidade legalista, que perde de vista o amor divino. O terceiro destes relatos é aquele famoso, sobre um pai e seus dois filhos (cfr. Lc 15, 11-32): o menor, que pede a herança para gastá-la longe de sua casa e o mais velho, que permanece no lar, mas sem sintonizar realmente com o pai.

O esquecimento dos dois filhos

Ao ler a parábola, podemos supor que os dois irmãos levavam muito tempo distraídos, afastados da gratuidade com que seu pai os amava. O mais novo sonhava com lugares onde supunha que seria mais feliz. A dispersão chegou-lhe pela cabeça – talvez um pouco desocupada – e pela imaginação – talvez mais viva – até se convencer de que poderia comprar o amor: “Pai, dá-me a parte da herança que me cabe” (Lc 15,12). O mais velho, por sua parte, tinha o seu coração adormecido, porque aparentemente cumpria bem as suas responsabilidades: estava satisfeito, não dava desgostos ao seu pai. No entanto, por alguma fresta, o frio havia penetrado em sua alma. Talvez tenha se enredado em planos que, ainda que parecessem muito próximos, não incluíam a quem tanto o amava. Enfim, nenhum dos dois concebia – ainda que fosse de maneira inconsciente – que seria possível alcançar uma autêntica felicidade estando em família. Enquanto o mais novo a procurava longe, o mais velho sonhava com ela em uma festa para os seus amigos. Nenhum dos dois imaginava que poderia alcançar uma vida plena junto ao seu pai.

Ainda que, como destaca São João Paulo II, todos tenhamos dentro de nós, ao mesmo tempo, alguma coisa de cada irmão[1], talvez não seja casualidade que Jesus tenha deixado explícita a idade de ambos. Pode ser que escolhesse o mais velho para ilustrar atitudes mais frequentes entre pessoas que levam muito tempo procurando e relacionando-se com Deus. Este irmão, certamente, conseguia cumprir as suas tarefas com perfeição. Seu pai não poderia repreendê-lo por quase nada. Desta forma estava tranquilo, não devia nada a ninguém. No entanto, não era totalmente feliz. Por outro lado, o filho mais jovem, idealista e apaixonado, pode representar atitudes mais comuns nas etapas iniciais da vida. Talvez fosse mais vulnerável à atração de uma liberdade que se dirige a bens que, no final, não saciam. Fugir, escapar e divertir-se pode ser apetecível, mas não se pode rejeitar indefinidamente a própria identidade. Cedo ou tarde aparecem carências que somente Deus é capaz de satisfazer plenamente. O filho mais novo também não era feliz.

Os dois irmãos viviam a sua realidade de maneira incômoda. Nessa atmosfera, era difícil que o amor crescesse, lançasse raízes na ternura, que ambos conseguissem ver como o pai estava orgulhoso pela vida dos dois e o muito que contava com eles. Seus sonhos estavam desfocados. Talvez não fosse o egoísmo que os cegasse, mas é possível que tenham cedido a uma tentação sutil: preocupar-se somente do que tinham em mãos, esquecendo-se de se deixar amar por aquele que lhes tinha dado tudo. Talvez, sem o perceberem, tinham posto uma barreira a esse amor. Enquanto o jovem imaginava o que poderia fazer longe de seu lar, o mais velho contabilizava o que já tinha entesourado. Os dois pensavam que tinham um patrimônio, mas, na realidade, o estavam guardando em bolsas furadas. O mais velho suportava a vida, à espera do prêmio que acreditava merecer, enquanto o mais novo não quis esperar e pediu a herança. No final, ambos pediam o mesmo: a sua recompensa.

A alegria paterna de tê-los perto

Os dois irmãos, prisioneiros de suas seguranças, eram incapazes sequer de desconfiar o que acontecia a tão pouca distância, no coração de seu pai. Talvez os dois, cada um à sua maneira, tivessem considerado o diálogo com o pai como uma tarefa a mais a cumprir. Talvez algo parecido possa acontecer conosco. Temos tantas atividades todos os dias, na maioria boas, que podemos gastar toda a nossa energia em executá-las. Inclusive os momentos em que queremos dialogar com Deus podem se converter simplesmente em uma tarefa a mais. Ao irmão mais jovem possivelmente lhe custasse muito essa rotina, necessitava de algo mais intenso e sensível. O mais velho, por outro lado, a havia incorporado regularmente na sua vida, mas não saboreava isso. A crise era iminente e é desencadeada pelo regresso do mais novo. Esse é o momento em que todos mostram suas cartas.

Então, enquanto o mais novo só se atreve a pedir que possa voltar como um servo, mesmo que seja o último, somos informados que o maior não se sentia bem pago. Mas o pai tem uma jogada de mestre: enquanto premia o mais novo com uma festa como nunca se havia celebrado, lembra ao mais velho que, na realidade, tudo pertence a ele. O pai procura reconciliar os seus filhos. Não lhe dói o pecado de um ou de outro por si mesmo, mas pelo que eles sofrem: “não choreis sobre mim, mas chorai (...) sobre vossos filhos” (Lc 23,28). O pai os coloca frente a frente para que aprendam a amar-se com o amor com que ele os ama.

Romper a nossa bolha e ver como o Senhor se comove é voltar à casa paterna. É reconhecer que, mais que uma tarefa, a relação com o nosso Pai Deus é um dom. Nenhum dos dois filhos tinha sido capaz de apreciar esse esbanjamento de ternura do pai até que ambos comprovam o frio que congela e a solidão que oprime. Bastou um pequeno gesto para que compreendessem como são amados: “e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou” (Lc 15,20); “filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu” (Lc 15,31). Seu pai se sente orgulhoso deles, apesar de não terem dado motivos. Nas palavras de cada um, trazidas pela parábola, vemos somente o que eles fazem, sentem ou pensam. Nas palavras do pai, ao contrário, fica plasmada a alegria de tê-los perto.

São Josemaria era muito consciente deste tipo de situações, tão comuns, mas, às vezes, ocultas. Podemos ansiar por novas sensações como o filho mais novo ou ficar um pouco adormecidos como o filho mais velho. No entanto, o fundador do Opus Dei via o mais terno carinho neste diálogo cotidiano com o pai: “Plano de vida: monotonia? Os mimos de uma mãe..., monótonos? Não dizem sempre a mesma coisa os que se amam? Quem ama cuida dos detalhes”[2]. Por meio destes encontros nos concentramos na alegria de Deus por ter-nos perto.

Uma aliança desejada

“Não é emancipando-nos da casa do Pai que somos livres, mas abraçando a nossa condição de filhos”[3] e, portanto, de irmãos. Pode ser que o mais novo saísse para procurar o irmão. Talvez o mais velho tenha cedido, entrado e terminado por abraçar o mais novo, a quem com certeza não tinha deixado de amar. A felicidade não seria completa se a reconciliação com o pai não implicasse também o perdão pelos agravos, reais ou imaginários, entre irmãos. O Papa Francisco nos confiou um de seus grandes desejos: “ultimamente levo no coração um pensamento. Sinto que é isso o que o Senhor quer que eu diga: que se faça uma aliança entre jovens e idosos”[4]. Para o mais jovem, era difícil compreender o valor da perseverança do seu irmão: anos e anos cumprindo com sua obrigação. Ao mais velho parecia incompreensível a insensatez do mais novo. Acontecia com eles exatamente o contrário do que acontecia com seu pai, que não entendia a vida sem seus filhos. Ambos lhe faziam falta, cada um com a sua forma de ser e de amar.

Se tivessem chegado a olhar-se entre eles com os olhos paternos, teriam se sentido contemplados de outra forma, porque nesse olhar não cabem os juízos nem as reprimendas. Talvez, com o tempo, as bolotas dadas aos porcos chegariam a ser motivo de brincadeiras familiares. Talvez o pai, pouco depois, organizaria um banquete surpresa para seu filho mais velho e seus amigos, sem mais motivo que demonstrar-lhe seu carinho e, inclusive, o mais novo ajudaria a prepará-lo. Nenhum dos dois consegue ser feliz até encontrar com seu pai e compreender o irmão. Aprendem a deixar-se amar, amando-se um ao outro como são.

Enquanto o filho mais novo se concentrou em receber amor, o mais velho se concentrou em cumprir a sua parte do trabalho. Nenhuma das duas atitudes é valiosa em si mesma. Cumprir sem amor cansa e desgasta até que, no final, a corda arrebenta. Por outro lado, desejar ser amado sem corresponder é impossível, e assim a corda também acaba se arrebentando. Por isso, seu pai os ensina a viver juntos e integrar fidelidade e amor. Cada um deles pode aprender tanto do outro! Por meio do relacionamento com seu pai, intuem como se pode fazer as coisas por amor, livremente, porque querem. Ninguém como Cristo, verdadeiro irmão mais velho, conseguiu unir os dois aspectos com tanta fidelidade e felicidade. “Não houve na história da humanidade um ato tão profundamente livre como a entrega do Senhor na Cruz”[5]. Os dois irmãos se necessitam. Separados, naufragam na amargura e o pai sofre. Juntos, fazem-no feliz. O jovem tem toda a força e o ímpeto de seus desejos de receber carinho. Está estreando o amor. “Lembro-me – dizia são Josemaria de que tive uma grande alegria quando soube que os portugueses chamam aos jovens os novos. E é o que são”[6].

O mais velho, por sua parte, lutou muitas batalhas e, ainda que a princípio não se alegra, seu coração não negará o pedido de seu pai. O mais novo, no fundo, talvez agradeça que o irmão mais velho tenha lhe tenha dado cobertura e nunca tenha abandonado o lar. Concentrar-se no amor é a solução para os dois: olhar seu pai, receber o seu Espírito, e amar a quem ele ama com a sua liberdade, porque o desejam de verdade. “O amor de nossos irmãos e irmãs nos dá a segurança de que necessitamos”[7] para continuar lutando por amar mais o nosso pai Deus.

* * *

Podemos obter a força para superar a mesquinhez do nosso coração no banquete em que aprendemos de verdade a ser filhos: “Talvez nos tenhamos perguntado algumas vezes como podemos corresponder a tanto amor de Deus; talvez nesses momentos tenhamos desejado ver claramente exposto um programa de vida cristã. A solução é fácil e está ao alcance de todos os fiéis: participar amorosamente da Santa Missa, aprender na Missa a ganhar intimidade com Deus, porque neste Sacrifício se encerra tudo o que o Senhor quer de nós”[8].

Em Cristo, Filho único do Pai, ambos são capazes de portar-se como filhos e, portanto, como irmãos. Participando juntos no banquete do novilho cevado, calçam as sandálias novas para percorrer o mundo inteiro, vestem a túnica com o perfume de sua casa e colocam o anel da fidelidade do seu pai. Então começa a festa, na que nunca mais deixarão de cantar louvores a um pai que cuida deles e os compreende.

Talvez nos tenha chamado a atenção alguma vez que não aparecesse a mãe dessa família. Não sabemos a razão, mas talvez possamos imaginar que a Virgem Maria, mãe de Deus e nossa mãe, sempre nos ajuda a ter o olhar colocado no amor do Pai. Para voltar para casa, para concentrar-nos no essencial, nada melhor que deixar-nos levar no colo de uma mãe que sussurra em nosso ouvido: “Olhe como Deus ama você”.

Diego Zalbidea

Tradução: Mônica Diez

Foto: Maria Lindsey Multimedia Creator (Pexel)


[1] Cfr. São João Paulo II, ex. ap. Reconciliatio et Paenitentia, nº 5-6.

[2] São Josemaria, Guia de uma palestra, 22-VIII-1938. Citado en Caminho. Edição Comentada, Quadrante, São Paulo, 2016, p.229.

[3] Mons. Fernando Ocáriz, Carta pastoral, 9-I-2018, nº 4.

[4] Francisco, prólogo do livro A sabedoria das Idades, Editora Santuário, São Paulo.

[5] Mons. Fernando Ocáriz, Carta pastoral, 9-I-2018, nº 3.

[6] São Josemaria, Amigos de Deus, nº 31.

[7] Mons. Fernando Ocáriz, Carta pastoral, 1-XI-2019, nº 17.

[8] São Josemaria, É Cristo que passa, nº 88.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/irmaos-que-olham-para-o-pai/

Nesta Quaresma, se você é mãe, siga os propósitos da beata Conchita

beata Conchita (Alianza de Amor)

Majo Frias - publicado em 13/03/25

Conchita Cabrera escreveu 47 resoluções referindo-se ao seu relacionamento com o marido e ao cuidado de seus filhos e da casa que podem ajudar as mães que desejam oferecer algo durante esta Quaresma.

Normalmente, quando chega a Quaresma, estabelecemos resoluções ou pequenos sacrifícios a serem seguidos por 40 dias. Essas pequenas ações diárias, além de se tornarem uma oferta a Deus, nos ajudam a exercer uma virtude ou corrigir um vício que prejudica nosso relacionamento com Ele. Vejamos o que Conchita Cabrera viveu e deixou escrito.

Para mães e donas de casa, cuja missão é muito especial, Conchita Cabrera pode ser uma aliada especial e fonte de inspiração durante a Quaresma. 

Esta mulher, esposa e mãe de nove filhos, dedicou amor e atenção especiais à sua casa. Ciente de seu papel como mãe, ela buscou a santificação de seus filhos e marido, ofereceu cuidados amorosos a todos eles e trabalhou ativamente para trazer o evangelho à vida e pregar pelo exemplo de vida. 

Em 1894, depois de alguns exercícios espirituais, ela escreveu uma lista de 47 resoluções que a ajudariam a ser mais santa a cada dia em sua realidade particular. Por ordem de seu diretor espiritual, ela os dividiu em três grupos: seu relacionamento com o marido, seu papel diário como mãe e suas atitudes em relação à equipe de serviço em sua casa. 

Sua missão de mãe, a coisa mais importante

Em 1899, ela escreveu em seu diário que, embora fosse solicitada em reuniões e festas, estava claro para ela que sua missão principal era educar seus filhos, pois ela tinha que formar seus corações e lutar com seus personagens, "removendo tudo o que é ruim e encorajando o que é bom". 

"Muita paciência e grande prudência e virtude eu preciso para cumprir esta missão de mãe de uma maneira santa. Em todas as minhas orações, o primeiro grito do coração é pedir graças para meu marido e filhos, é claro que espero tudo do alto, tudo desse Deus infinitamente bom e daquela Maria, Mãe de todos, a quem os confiei especialmente". 

Estas são algumas das resoluções escritas na lista criada por Conchita que poderiam inspirar todas as mulheres que, como ela, foram chamadas a serem portadoras da Boa Nova nas suas casas e guardiãs do coração dos seus filhos: 

Casamento

Conselho: "Com meu marido: terei cuidado para não perder sua confiança antes de ganhá-la cada vez mais; informando-me de seus negócios, pedirei a Deus luz para aconselhá-lo corretamente. 

Respeito: "Nunca falarei mal, nem um pouco, de sua família; Eu sempre vou desculpá-la, cuidando para que ela respeite a minha." 

Acordos: "Quanto à educação dos meus filhos, vou me certificar de que sempre caminhemos de acordo, tendo energia e retidão de ambos os lados, com cuidado especial." 

Doçura: "Farei com que sempre encontre em mim consolações sagradas, doçura e completa abnegação. Caráter igual em todas as circunstâncias, e ele vê Deus brilhar em todas as minhas obras para seu benefício espiritual. 

Espiritualidade: "Cuidarei especialmente de sua alma; sabiamente, procurarei oportunidades para incliná-lo a Deus sem que ele sinta, para falar com ele sobre Ele, deixando cair em seu coração as palavras que, como uma semente, produzem seu efeito. 

Crianças

Formação na caridade: "Encorajá-los-ei a serem caridosos para com os pobres, fazendo-os partilhar um pouco do que têm com eles pessoalmente". 

Formação na piedade: "Não te incomodarei, sobrecarregando-te com orações e fazendo pesar sobre ti a piedade; pelo contrário, tentarei torná-lo agradável aos seus olhos e que eles naturalmente o procurem, começando a voar para a alma com pequenas ejaculações. 

Formação na virtude: "Estudarei seus caracteres e pressionarei onde for conveniente, sem me deixar levar pela afeição natural. Não vou mimá-los em geral (...) Saberei como me impor a eles enquanto os atraio para confiar." 

Início

Administração e caridade: "Vigiarei as economias sem descer a extremos, cuidando para que nada falte aos outros e fazendo pessoalmente muitas coisas que envolveriam despesas. Eu sempre estarei acordado para todas as circunstâncias. Darei as esmolas que puder com a despesa. 

Sempre à frente

E reconhecendo que o caminho para a santidade não é fácil – e que, naturalmente, haverá pedras de tropeço – ela escreve para si mesma um lembrete que dará esperança naqueles dias em que, apesar de nosso esforço, falhamos em nosso propósito: 

"Não vou me preocupar se as circunstâncias impedirem minhas regras de vida, mas continuarei com calma. Serei flexível diante das dificuldades, sempre me humilhando e sempre em frente, em frente!" 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/03/13/nesta-quaresma-se-voce-e-mae-siga-os-propositos-da-beata-conchita

As flores amarelas da senhora Carmela

A senhora com as flores para o Papa Francisco (foto Ansa)  (ANSA)

Carmela Mancuso, 78 anos, ex-professora na região italiana da Calábria também neste domingo (23/03) levou flores ao Papa Francisco. No artigo assinado por Pe. Maicon Malacarne, o fascínio do Papa não pela multidão, mas "para encontrar os rostos das pessoas. Logo percebeu a presença da senhora Carmela com seu maço de flores amarelas". Até pode parecer "um gesto pequeno, mas não é. Aqui está a mais alta teologia e o maior desafio pastoral".

Pe. Maicon André Malacarne*

O Papa Francisco é o Papa dos gestos. Ao aparecer na sacada do 5º andar do hospital em que estava internado nos últimos 40 dias, é possível ver Francisco não tão fascinado pela multidão que aguardava para vê-lo. Seus olhos se esforçavam para encontrar os rostos das pessoas. Logo percebeu a presença da senhora Carmela com seu maço de flores amarelas. Antes de falar, o semblante do Papa mudou, sorriu, apontou o dedo, fez gesto positivo com a cabeça. Com o microfone, disse: "bom dia, obrigado a todos! Estou vendo aquela senhora com as flores amarelas. É uma boa pessoa". 

“Parece um gesto pequeno, mas não é. Aqui está a mais alta teologia e o maior desafio pastoral. Aqui está o coração de tudo!”

Evangelizar é encontrar com os interlocutores do evangelho. E os interlocutores de ontem são diferentes dos interlocutores de hoje. Evangelizar exige conhecer as realidades, acolher as histórias, abraçar os dramas, dar a mão para as contradições, partilhar as fragilidades de cada pessoa. 

Evangelizar não é intelectualismo nem amadorismo. Evangelizar é encontrar com as pessoas que tem nome e carregam as suas "flores amarelas". Trata-se de um intercâmbio de vozes, de dons, de semblantes que se reconhecem: "as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz" (Jo 10,4).

As flores amarelas chegaram no Papa que levou-as, antes de ir para casa, para o cardeal Rolandas Makrickas para que as depositasse aos pés do ícone de Nossa Senhora, na basílica de Santa Maria Maior, como forma de agradecimento pela sua recuperação (conforme a foto do Vatican News).

“Sugiro que esse gesto do Papa seja recordado e meditado nos encontros de catequese, de pastorais e movimentos e outras tantas reuniões de nossas comunidades. O gesto precisa questionar a retina dos nossos olhos e o profundo do coração, a fim de perceber se estamos conseguindo encontrar as senhoras e senhores, os jovens e as crianças que necessitam da atenção e da vigilância do nosso olhar.”

* professor de Teologia Moral e pároco da Paróquia São Cristóvão - diocese de Erexim/RS

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 30 de março de 2025

Redescobrindo o silêncio na Quaresma

Roman Zaiets | Shutterstock
Zdjęcie ilustracyjne

pteixera - publicado em 30/03/25

São Bento, em sua Regra, observa que é muito difícil viver o ano todo em harmonia com a própria vocação. Realista, ele se propõe, pelo menos durante a Quaresma, como explica Dom Samuel, abade cisterciense de Nový Dvůr (República Tcheca), redescobrir o silêncio como semente de unidade.

A perseverança na busca do silêncio pode dar belos frutos de conversão e reorientar-nos para a unidade, quando a turbulência do mundo nos sobrecarrega e dispersa. Com efeito, como pode o “nós” do “Pai-Nosso” tornar-se fermento do Reino quando as nossas sensibilidades litúrgicas nos dividem, quando as legítimas opiniões políticas que nos distinguem sistematicamente se azedam, quando as nossas famílias, as nossas comunidades religiosas, as nossas paróquias se sufocam com conflitos mesquinhos?

O remédio não se encontra em uma indulgência ingênua que aceita tudo e qualquer coisa, em um sincretismo brando que renuncia à busca da verdade: "Todo mundo é bonito, todo mundo é bom...", nem em um endurecimento de posições que não respeitam nenhuma divergência. O remédio está no silêncio que abre de par em par a porta ao Senhor, o único capaz de iluminar e restaurar tudo, uma porta sempre estreita, a do Evangelho. 

Tempo de oração

O cristão é convidado a rezar a Deus Pai "nosso". Para que a Quaresma seja um tempo privilegiado de oração, deve tornar-se também um tempo dedicado a fortalecer este “nós”. O "nós", entre nós... Na Missa, todas as orações são expressas em "nós": "nós te pedimos", que essas ofertas "se tornem por nós...", "nós te oferecemos", "nós te damos graças", "nós te pedimos", que "possamos ser reunidos em um só corpo". As únicas orações que se expressam no "eu" são aquelas em que cada um pede perdão pelas próprias faltas: "Confesso-me a Deus...", "Senhor, não sou digno de receber-te..." 

Na escuridão de um silêncio profundo, o caminho a seguir torna-se claro, e isso é suficiente. 

Como podemos orar dizendo "nós" quando estamos assim divididos? Como pode este “nós” atingir a abóbada das nossas igrejas, crescer desde a nave até ao transepto, ressoar como que em eco: nós, nós, nós... Será que o "nós" dos membros dos quais Cristo é a Cabeça finalmente será capaz de se dirigir ao "nosso" Pai com uma só voz, a de Cristo? Mas isso não diz respeito apenas aos cristãos. Isto diz respeito ao imenso povo do qual os cristãos são os representantes diante de Deus nosso Pai, sustentados pelas orações dos monges, todos os habitantes deste mundo com os quais somos solidários.

Quieto...

Como o silêncio pode fortalecer esse "nós"? Colocado na Regra de São Bento entre a obediência e a humildade, o silêncio é um dom de Deus. Para recebê-lo, cabe a nós ficar em silêncio e ouvir. Silenciar as queixas geradas pelas dificuldades que nos ultrapassam, pelas desilusões inesperadas, sempre que os acontecimentos nos surpreendem ou quando os outros que nos rodeiam não reagem como esperávamos.

Para silenciar as falsas ambições que nos habitam, os sonhos de ser santos diante de Deus alcançaram essa transformação em seu próprio ritmo. Silenciar os desejos de dominar, de estar certo contra todos, de saber melhor do que todos, de segurar nossas vidas em nossas mãos. Silencie os projetos que descarrilam, as emoções vãs, os desejos que escondem becos sem saída. Calar-se para se livrar das mil e uma imagens que entulham a imaginação e velam a pureza do olhar: essas imagens e sons artificiais dos quais é tão difícil se desprender.

… e ouça

Calar-se e escutar, especialmente na oração, diante do sacrário onde Jesus ressuscitado nos fala, calando-se. Silencie nossos sentimentos. Silencie nossa agitação. Para silenciar até mesmo nossos belos pensamentos. Silencie as orações automáticas onde você cuida de si mesmo.

Calar-se sobre tudo isto, recuperar a confiança do filho que segura a mão do Pai e não pede mais do que a sua presença. Na escuridão de um silêncio profundo, o caminho a seguir torna-se claro, e isso é suficiente. É o trabalho de uma vida. Portanto, sejamos pacientes, gratos pelos fragmentos de silêncio recebidos e, acima de tudo, perseverando em procurá-lo incansavelmente.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/03/30/redescobrindo-o-silencio-na-quaresma

Rubricas para a Celebração da Semana Santa

Foto/Crédito (Presbíteros)

SEMANA SANTA

CELEBRAÇÕES DE DOMINGO DE RAMOS À PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO

Domingo de Ramos:

No domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, a Igreja entra no mistério do seu Senhor crucificado, sepulto e ressuscitado, o qual ao entrar em Jerusalém, preanunciou Sua Majestade. Os cristãos levam ramos em sinal do régio triunfo, que sucumbindo na cruz Cristo abraçou. De acordo com a palavra do Apóstolo: “Se com ele padecemos, com ele também seremos glorificados” deve-se na celebração e catequese deste dia, salientar o duplo aspecto do mistério pascal.

Preparar:

¨      Ramos para toda comunidade;

¨      Paramentar como de costume, sendo que, a cor litúrgica é vermelha;

¨      Turíbulo, fogo, naveta com incenso (turiferário);

¨      Cruz de procissão (cruciferário)

¨      Castiçais (acólitos)

¨      O sacerdote ao invés de usar casula durante a procissão deverá usar a capa de asperge;

¨      Objetos Sagrados para à Santa Missa como de costume.

Procissão:

¨    À hora devida, faz-se a concentração numa igreja menor ou noutro local apropriado fora da igreja para onde se dirige a procissão. Os fiéis tenham nas mãos os ramos.

¨    No lugar mais conveniente o celebrante reveste os paramentos de cor vermelha para a missa. Usa-se a capa de asperge, após a procissão tira-se a mesma, revestindo-se com a casula. Após ter se paramentado, o celebrante dirige-se até o local da bênção dos ramos, com o canto apropriado (Hosana)

¨    Terminado o canto, o celebrante de pé, voltado para o povo, começa: “Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo”.  Saúda o povo como de costume e profere a exortação introdutória.

¨    Após a exortação, o celebrante de mãos estendidas diz a oração da benção dos ramos e, sem nada dizer, asperge os ramos com água benta.

¨    Depois da benção dos ramos e antes da proclamação do Evangelho podem-se distribuir os ramos aos presentes, enquanto isso se executa um canto apropriado.

¨    Em seguida o celebrante deita incenso no turíbulo e se faz a proclamação do Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém, segundo um dos quatro evangelistas: Ano “A”, Ano “B” ou Ano “C”.

¨    Após o Evangelho, poderá haver breve homilia.

¨    Antes de iniciar a procissão, o celebrante poderá proferir a exortação: “Meus irmãos imitando o povo…” nos mesmos termos do Missal Romano, ou noutros termos equivalentes; e inicia-se a procissão em direção à igreja onde vai ser celebrada a missa. À frente vai o turiferário com o turíbulo fumegando, a seguir, o cruciferário ladeado de dois acólitos com os castiçais com as velas devidamente acesas, após virão os demais ministros, Diáconos, o celebrante e o povo juntamente com seus ramos.

¨    Enquanto a procissão avança, podem-se executar os cantos indicados no missal ou outros adequados. No momento em que a procissão entra na igreja, canta-se o responsório: “Ouvindo o povo que Jesus…” ou outro canto alusivo ao ingresso do Senhor.

¨    Chegando ao altar, o celebrante entrega o ramo a um dos ministros, venera o altar, incensa-o. Dirige-se à sede e ali, deixa-se a capa e reveste-se a casula. Omitidos os ritos iniciais da Missa, conclui a procissão recitando a coleta da Missa. Caso queira, o celebrante pode tirar a capa e vestir a casula à sua chegada ao altar, antes da costumada reverência.

¨    Prossegue-se a Santa Missa como de costume.

TRÍDUO PASCAL

I. Missa da Ceia do Senhor (Quinta-Feira Santa)

Sentido: Com esta missa a Igreja começa o Tríduo Pascal e se esforça vivamente para renovar aquela última ceia, mediante a qual o Senhor Jesus ofereceu seu Corpo e seu Sangue a Deus Pai sob as espécies do pão e do vinho. Nesta ceia também Jesus institui o sacerdócio ministerial e dá a seus discípulos o mandamento novo do amor.

Preparar:

a)        No presbitério: todo o necessário para a missa; as âmbulas com hóstias para serem consagradas (é preciso lembrar que nesta missa se consagram as hóstias que serão distribuídas na Celebração da Paixão do Senhor – 6ª feira santa); véu umeral (ou de ombros); velas para procissão após a missa; matracas.

b)        No lugar do “lava-pés”: cadeiras para os homens designados; jarra com água e bacia; toalhas para secar os pés e o necessário para que o padre depois do “lava-pés” lave-se as mãos e o gremial para o sacerdote (espécie de avental para momentos determinados na liturgia).

Descrição do Rito:

A entrada na Igreja e a Liturgia da Palavra se desenvolvem como de costume.

Lembrando:

Ordem na procissão de entrada: o turiferário com o turíbulo fumegante; um acólito com a cruz; outros acólitos (pelo menos dois) ladeando a cruz com as velas; os outros ministros e o sacerdote.

Quando se chega ao altar, faz-se a reverência devida e depois do padre beijar o altar o turiferário oferece o turíbulo a ele para que incense o altar. Acabada a incensação todos tomam seus lugares e o ministro do livro apresenta o Missal para que o sacerdote inicie a Santa Missa.

Enquanto se canta o Glória tocam-se os sinos da Igreja (inclusive as sinetas) que se calarão até a Vigília Pascal. Segue-se normalmente a Missa até a homilia inclusive. Terminada esta, inicia-se o lavatório dos pés. O sacerdote deixa a casula, cinge-se com o gremial e se aproxima de cada homem, derrama água sobre seus pés e seca-os com a ajuda dos ministros, enquanto isso se cantam as antífonas apropriadas.

Depois do lavatório dos pés o sacerdote regressa à sede e lava as mãos e volta a colocar a casula. Em seguida faz a oração dos fiéis, já que nesta Missa não se diz o credo.

Desde a preparação dos dons até a Comunhão inclusive tudo se faz como de costume. Terminada a comunhão dos fiéis, deixa-se sobre o altar a(s) âmbula (s) com as hóstias e se diz a oração para depois da comunhão.

Dita esta oração e omitidos os ritos finais, o sacerdote de pé, diante do altar, põe incenso no turíbulo, abençoa-o e de joelhos incensa o Santíssimo Sacramento.

A seguir recebe o véu umeral, sobe ao altar, faz genuflexão, toma a âmbula com suas mãos cobertas com as extremidades do véu.

Organiza-se a procissão para levar o Santíssimo para o lugar preparado. Nessa procissão, a ordem é a seguinte: o ministro que leva a cruz vai à frente acompanhado dos acólitos que levam velas, a seguir o turiferário com o turíbulo fumegante; o sacerdote que leva o Santíssimo Sacramento ladeado de velas. Ao chegar a procissão ao lugar preparado, o sacerdote coloca a âmbula sobre o altar ou no sacrário, cuja porta permanece aberta; e enquanto se canta o Tantum ergo, o sacerdote ajoelhado incensa o Santíssimo Sacramento. Fecha-se a porta do sacrário. Depois de algum tempo de adoração silenciosa todos se levantam e, feita a genuflexão, voltam para a sacristia.

No devido momento se desnuda o altar, e se for possível, retiram-se as cruzes da Igreja (ou então sejam cobertas).

II. Celebração da Paixão do Senhor:

Sentido: Este é o dia em que “foi imolado o Cristo, nossa Páscoa” (I Cor 5,7). A Igreja, ao olhar a Cruz de seu Senhor e Esposo, comemora seu próprio nascimento e sua missão de estender a toda a Humanidade os efeitos fecundos da Paixão de Cristo, que hoje celebra, dando graças por tão inefável dom.

Esta celebração consta de três partes: Liturgia da Palavra, adoração da Cruz e Sagrada Comunhão. O altar deve estar descoberto por completo: sem cruz, sem velas e sem toalhas.

Preparar:

a)    Na sacristia: paramentos vermelhos.

b)    No lugar conveniente: Cruz (velada); dois candelabros.

c)    No presbitério: Missal, lecionário, toalha, corporal.

d)    No lugar onde fica o Santíssimo: véu umeral, dois candelabros.

Descrição dos Ritos:

1) Ritos Introdutórios:

O sacerdote juntamente com os ministros dirige-se para o altar em silêncio.

Chegados ao altar o sacerdote faz a reverência devida, prostra-se, ou se julgar conveniente, ajoelha-se nem genuflexório e ora em silêncio por alguns momentos. O povo permanece de joelhos.

A seguir o sacerdote, dirigindo-se à sede, com as mãos estendidas diz a oração prevista e logo se senta.

2) Liturgia da Palavra:

Procede-se às respectivas leituras. Na leitura da Paixão do Senhor, quando se anuncia a morte de Jesus todos se ajoelham e faz-se uma pausa. Terminada a leitura, não se beija o livro.

Homilia. Terminada a homilia o sacerdote, na sede ou junto ao altar, com as mãos estendidas dirige a oração universal como se propõe no Missal.

Os fiéis podem permanecer de pé ou de joelhos durante todo o tempo das orações.

3)    Adoração da Santa Cruz

A seguir, faz-se a apresentação e adoração da Santa Cruz, com uma das formas propostas no Missal.

¨    Primeira forma de apresentação da Cruz: o sacerdote recebe a cruz coberta e, junto ao altar, em três momentos sucessivos a descobre e a apresenta para a adoração dos fiéis, repetindo a cada vez o convite: Eis o lenho da Cruz.. Ao que todos respondem: Vinde Adoremos. Terminado o Canto, ajoelham-se e durante breve tempo adoram em silêncio a Cruz. Depois a cruz é levada pelo presbítero à entrada do presbitério, acompanhada por dois acólitos com velas acesas, e a coloca ali ou a entrega aos ministros para que a sustentem levantada entre velas acesas colocadas à direita e à esquerda.

¨    Segunda forma de apresentação da Cruz: o sacerdote, acompanhado pelos acólitos, vai à porta da igreja onde toma a cruz descoberta. Os acólitos trazem consigo velas acesas, e faz-se a procissão pela igreja até o presbitério. Perto da porta da igreja, na metade e à entrada do presbitério, o sacerdote eleva a cruz cantando o invitatório: Eis o lenho da Cruz.. Ao que todos respondem: Vinde Adoremos. Depois de cada resposta todos se ajoelham e adoram em silêncio durante breve tempo. Depois se deixa a Cruz à entrada do presbitério, como se disse anteriormente, para a adoração.

Para a adoração da cruz, o celebrante deixando a casula e, se julgar conveniente, os sapatos aproxima-se em primeiro lugar, faz a genuflexão diante da cruz, beija-a e volta à sede onde volta a calçar-se e se reveste com a casula.

Depois do sacerdote passam adorando a cruz os ministros e depois os demais fiéis.

4) Sagrada Comunhão:

Terminada a adoração, leva-se a cruz a seu lugar, perto do altar. As velas acesas são colocadas junto ao altar, ou junto à cruz. Sobre o altar se estende uma toalha e se coloca um corporal e o Missal.

Depois vai se buscar o Santíssimo Sacramento no lugar onde ficara reservado. Dois acólitos com velas acesas acompanham o Santíssimo Sacramento e as deixam (as velas) sobre o altar. Na igreja todos estão em silêncio. Uma vez estando as âmbulas sobre o altar e descobrindo-as, faz-se a genuflexão. Diz-se o Pai-nosso com seu embolismo e se distribui a Comunhão, como se indica no Missal. Terminada a comunhão reserva-se novamente o Santíssimo Sacramento ou fora da igreja, no lugar anteriormente preparado ou, se as circunstâncias exigirem, no sacrário. Depois de certo período de silêncio, o sacerdote, de pé, diz a oração para depois da comunhão.

5) Rito de Conclusão:

Terminada a oração, depois da comunhão, para a despedida, o sacerdote de pé, voltado para o povo e com as mãos estendidas sobre o altar diz a oração correspondente.

Depois se faz genuflexão para a Cruz. Todos se retiram em silêncio.

O altar se desnuda no tempo oportuno.

III. Vigília Pascal:

Sentido: Segundo antiquíssima tradição, esta é uma noite de vigília em honra do Senhor (cf. Ex 12,42). E, a vigília que nela se celebra para comemorar a noite santa da ressurreição do Senhor, é considerada como a “Mãe de todas as Santas Vigílias” (Santo Agostinho). Nela a Igreja, vigiando espera a Ressurreição do Senhor e a celebra com os sacramentos da iniciação cristã.

Preparar:

a) Para a bênção do fogo: fogueira fora da igreja, onde o povo possa reunir-se; círio pascal; cinco grãos de incenso e estilete; pavio para acender o círio com a chama do fogo novo; velas para os participantes da vigília; pinças para que o turiferário possa tirar as brasas do fogo novo e pô-las no turíbulo.

b) Para a proclamação da Páscoa: pedestal para o círio, perto do ambão.

c) Para a liturgia batismal: recipiente com água; quando se celebram os sacramentos da iniciação cristã: óleo dos catecúmenos; vela batismal; Ritual Romano.

As luzes da Igreja se apagam.

1) Bênção do fogo e preparação do Círio:

Sentido: celebração da luz, Cristo luz do mundo, que vai dissipando nossas trevas.

O sacerdote e os ministros aproximam-se do lugar onde o povo está reunido para a bênção do fogo. Um dos acólitos leva o círio pascal. Não se levam nem cruz processional nem velas acesas. O turiferário leva o turíbulo sem carvões. Chegados ao lugar, faz-se a acolhida e a seguir, a bênção do fogo. O turiferário, a seguir, toma brasas do fogo novo e as coloca no turíbulo. Em seguida, o celebrante vai pronunciar sobre o círio as palavras prescritas, realizando os ritos estabelecidos. Após estes ritos realizados sobre o círio, o celebrante com a ajuda do ministro acende o círio tirando a chama do fogo novo, pronunciando as palavras prescritas.

2) Procissão:

Depois de acender o círio pascal, o celebrante põe incenso no turíbulo. Depois, recebe o círio das mãos do acólito e começa a procissão para entrar na Igreja. Ordem:

– Turiferário com o turíbulo fumegante;

– Celebrante com o círio pascal;

– Demais ministros;

– Povo

Todos levam em suas mãos as velas apagadas.

Na porta da Igreja, o celebrante, de pé e elevando o círio, canta: Eis a luz de Cristo, e todos respondem: Demos graças a Deus.

A seguir no meio da Igreja fará a mesma coisa. Nesta segunda vez, todos acendem suas velas, comunicando o fogo entre si.

Quando o celebrante chega diante do altar, volta-se para o povo o por terceira vez canta: Eis a luz de Cristo, e todos respondem: Demos graças a Deus. Em seguida coloca o círio pascal sobre o candelabro preparado para isso perto do ambão. Neste momento acendem-se as luzes da Igreja.

3)    Proclamação Pascal: O celebrante põe incenso no turíbulo e o abençoa. Toma o turíbulo e incensa o círio e o lecionário que está sobre o ambão e canta a Proclamação da Páscoa. O povo permanece de pé e com as velas acesas em suas mãos.

4) Liturgia da Palavra:

Sentido: apresenta uma breve história da nossa salvação que se realiza plenamente em Cristo nesta noite.

Terminada a proclamação da Páscoa, todos apagam suas velas e se sentam. Antes do início das leituras pode-se fazer o comentário. Nesta Vigília são propostas 9 leituras: 7 do Antigo Testamento e 2 do Novo testamento: a Epístola e o Evangelho. A cada leitura do AT corresponderá um Salmo e uma oração coleta. Terminada a última leitura do AT com seu responsório próprio e a oração correspondente, acendem-se as velas do altar e entoa-se solenemente o Hino Glória a Deus nas alturas. Enquanto se entoa o Glória tocam-se os sinos e sinetas da Igreja. Terminado o hino o celebrante diz a oração da coleta. Em seguida se senta para a leitura da Epístola. Terminada a Epístola, todos se levantam e o celebrante entoa solenemente o Aleluia por três vezes. O povo, depois de cada vez o repete. A seguir se diz o salmo. Logo se lê o Evangelho. Pode se usar o turíbulo, porém não se levam velas para a leitura do Evangelho.

Depois do Evangelho, faz-se a homilia e em seguida procede-se à liturgia batismal.

5) Liturgia Batismal:

Sentido: participamos da vida nova em Cristo, pela ação santificante dos sacramentos.

A liturgia batismal se celebra na fonte batismal ou no presbitério mesmo. A seguir, chamam-se os catecúmenos, se os houver, com seus pais e padrinhos em caso de crianças. Em seguida os cantores cantam as ladainhas às quais todos respondem estando de pé, em razão do tempo pascal.

Terminadas as ladainhas, o celebrante, perto da fonte batismal, com suas mãos estendidas procederá à bênção, enquanto diz: Nós vos pedimos, ó Pai, que por vosso filho desça sobre esta água a força do Espírito Santo, pode introduzir o círio na água, uma ou três, como se diz no Missal. Depois disso, caso haja celebração dos sacramentos do batismo e da crisma, procede-se à administração desses sacramentos. Terminada a celebração, ou caso não se celebrem esses sacramentos, depois da bênção da água, o celebrante, de pé, voltado para a assembleia, recebe dos fiéis a  renovação das promessas do batismo.

6) Renovação das Promessas Batismais:

Os fiéis, de pé, levam em suas mãos velas acessas. O celebrante fará o interrogatório correspondente à Renovação das promessas batismais.

Terminada a renovação das promessas o celebrante fará a aspersão sobre o povo com a água benta, percorrendo a igreja, enquanto se canta um hino de índole batismal.

Terminada a aspersão, o celebrante retorna à sede, de onde, omitindo o credo dirigirá a oração universal.

7) Liturgia da Eucaristia:

Em seguida, tem início a Liturgia da Eucaristia, que se celebra segundo o rito de costume.

8) Despedida:

Para a despedida dos fiéis, agrega-se um duplo Aleluia.

Para a bênção final da Missa, o celebrante poderá empregar a fórmula de bênção solene para a Missa da Vigília Pascal, proposta no Missal.

Apêndice: Incensação

O rito de incensação expressa reverência e oração, como se dá a entender no Sl 140,2 e em Ap 8,3.

¨      Em que momentos se usa o incenso na Missa?

– Durante a procissão de entrada;

– No começo da Missa para incensar o altar;

– Para a procissão e proclamação do Santo Evangelho;

– Na preparação dos dons para incensar as oferendas, o altar, a cruz, o celebrante (e concelebrantes) e o povo;

– No momento de mostrar a hóstia e o cálice, depois da consagração.

O celebrante se está na sede, senta-se para por incenso no turíbulo. O ministro apresenta-lhe a naveta e após depositar o incenso no turíbulo o celebrante abençoa o incenso com o sinal da cruz, sem dizer nada. Para passar o turíbulo ao celebrante, o turiferário coloca a parte superior das correntes na mão esquerda do celebrante e a parte inferior na direita.

¨      Como incensar?

Antes e depois de incensar, faz-se inclinação profunda à pessoa ou objeto que se incensa; excetuam-se o altar e as oferendas para o sacrifício da Missa. Aquele que incensa segura com a mão esquerda as correntes por sua parte superior, e com a direita, as mesmas, juntas, perto da parte inferior do turíbulo e o sustenta de tal maneira que possa movê-lo comodamente. Importante lembrar que a incensação deve ser feita com dignidade e decoro, sem mover o corpo ou a cabeça. Terá a mão esquerda que sustenta a parte superior das correntes – firme e estável sobre o peito; a mão e o braço direito as moverão com a parte inferior de forma cômoda e contínua.

Com três movimentos duplos se incensam: o Santíssimo Sacramento; as relíquias da Santa Cruz e as imagens do Senhor expostas solenemente, também as oferendas, a cruz do altar, o livro dos Evangelhos, o círio pascal, o celebrante, a autoridade civil que por ofício está presente na celebração, o coro e o povo, o corpo do defunto.

Com dois movimentos duplos se incensam as relíquias e imagens dos Santos expostas para a veneração pública.

O Santíssimo Sacramento se incensa de joelhos. As relíquias e imagens se incensam depois da incensação do altar, no início da Santa Missa.

Fonte de Pesquisa: Cerimonial dos Bispos.

https://presbiteros.org.br/rubricas-para-a-celebracao-da-semana-santa/

CF 2025 propõe conversão para superar as consequências do egoísmo e do consumismo

Para superar o egoísmo e o consumismo | CNBB

CF 2025 propõe conversão para superar as consequências do egoísmo e do consumismo.

28/03/2025

A temática ambiental é urgente e estamos numa época decisiva para o planeta. É nesse contexto grave que a Campanha da Fraternidade (CF) 2025 afirma a necessidade de conversão para que as atitudes individuais e coletivas não gerem um “colapso planetário”. Para superar o egoísmo e o consumismo e outras atitudes prejudiciais à criação, é proposto o conceito da Ecologia Integral, que diz respeito ao cuidado com a natureza e com as relações que temos com as pessoas e o meio no qual estamos inseridos.

A Ecologia Integral

O texto-base da CF 2025 ensina que a Ecologia Integral não diz respeito somente à preservação do verde, mas “de tudo que nos leva a uma vida de comunhão, respeito e colaboração entre as pessoas e o mundo criado, no campo e na cidade”.

Há também uma dimensão espiritual da Ecologia Integral: “Professamos com alegria e gratidão que Deus criou tudo com seu olhar amoroso. Todos os elementos materiais são bons, se orientados para a salvação dos seres humanos e de todas as criaturas”, lê-se no número 12 do texto. É por isso que é proposto o lema “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1, 31).

Conversão

Como tempo de conversão, a Quaresma é oportunidade para rever e reestabelecer as relações quebradas e “intensificar o empenho no seguimento de Jesus, a relação fraterna com as pessoas e com o mundo a nossa volta”.

A CF 2025 ensina que a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: com Deus, entre os seres humanos e com a Terra. A conversão, assim, é o caminho para “para restabelecer a harmonia quebrada e continuamente ameaçada”. A proposta da Igreja é “superar a indiferença frente ao sofrimento da Terra e abandonar a idolatria dos desejos desordenados do consumismo e do materialismo”.

Consumismo e do egoísmo

Na encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum, o Papa Francisco alerta para do “mecanismo consumista compulsivo” criado pelo mercado para a venda de seus produtos. Com essa artimanha, “as pessoas acabam por ser arrastadas pelo turbilhão das compras e gastos supérfluos”.

Soma-se a isso o “egoísmo coletivo”, favorecido pelo “sentido de precariedade e insegurança do mundo atual. “Quando as pessoas se tornam autorreferenciais e se isolam na própria consciência, aumentam a sua voracidade: quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir”, afirma o Papa Francisco.

Nesse contexto de consumismo e egoísmo, como reflete o Papa, “parece não ser possível, para uma pessoa, aceitar que a realidade lhe assinale limites; neste horizonte, não existe sequer um verdadeiro bem comum”. Isso está relacionado, então, à possibilidade de “terríveis fenômenos climáticos ou de grandes desastres naturais, mas também nas catástrofes resultantes de crises sociais, porque a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca”.

Papa Francisco alerta para o mecanismo consumista compulsivo |CNBB

Superação

Diante dessa realidade de degradação, o mesmo Papa Francisco vê com esperança a possibilidade de a humanidade também se superar e “voltar a escolher o bem e regenerar-se, para além de qualquer condicionalismo psicológico e social que lhes seja imposto”.

“Não há sistemas que anulem, por completo, a abertura ao bem, à verdade e à beleza, nem a capacidade de reagir que Deus continua a animar no mais fundo dos nossos corações. A cada pessoa deste mundo, peço para não esquecer esta sua dignidade que ninguém tem o direito de lhe tirar”, motiva o Papa Francisco na Laudato Si’.

O convite é à mudança nos estilos de vida. Retornando à exortação apostólica Evangelii Gaudium, encontramos a motivação para construir “relações novas geradas por Jesus Cristo”. A proposta é “sair de si mesmo para se unir aos outros”, pois “fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos”.

Na Laudato Si’, o Papa retoma e motiva o desenvolvimento da capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro: “Sem tal capacidade, não se reconhece às outras criaturas o seu valor, não se sente interesse em cuidar de algo para os outros, não se consegue impor limites para evitar o sofrimento ou a degradação do que nos rodeia”.

“Quando somos capazes de superar o individualismo, pode-se realmente desenvolver um estilo de vida alternativo e torna-se possível uma mudança relevante na sociedade”, escreveu o Papa.

Ações pessoais

Essa superação leva às pequenas ações pessoais que geram mudanças culturais: “o simples fato de mudar os hábitos pessoais, familiares e comunitários alimenta a preocupação e a indignação contra o desinteresse dos poderosos”, afirma o Papa na encíclica Laudate Deum.

É com essa motivação que a Campanha da Fraternidade 2025 propõe atitudes e iniciativas concretas nos âmbitos pessoal, comunitário e sociopolítico para realizar a Ecologia Integral a partir da nossa conversão ecológica.

No âmbito pessoal, a motivação é incrementar processos contínuos de conversão ecológica, reconhecendo-a como uma caminhada desafiadora, porém essencial. A CF também sugere incluir nas atividades e ações pessoais a oração e a contemplação, “permitindo-se experienciar momentos de reflexão sobre nossa relação com Deus, com os outros e toda a criação”.

Por Luiz Lopes Jr

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o IV Domingo da Quaresma (C)

Evengelho do domingo (Vatican News)

A grandeza de um homem não está em cumprir leis como um servo, mas em viver o amor, a grandeza do perdão, saber entender o outro e abraçá-lo.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

O Evangelho do Filho Pródigo nos fala, entre outras mensagens, das relações afetiva e serviçal.

O filho mais novo tem para com o pai uma grande confiança, apesar de, no início, ter agido de modo egoísta. Quando se reconheceu pecador, quando percebeu  o erro cometido, não ficou com medo do pai, mas ao contrário, recordou a bondade, a prodigalidade de seu pai e resolveu voltar para casa. Ele sabia quem era seu pai e o respeitava bastante. Por isso voltou. No fundo ele havia experimentado o que era ser amado.

O mais velho, apesar de jamais ter se afastado do lado do pai, tinha uma relação de empregado com seu patrão. Ele está preso ao que fez e ao que deixou de fazer. Não conheceu o verbo amar, o verbo perdoar, o verbo querer, no sentido de querer bem. Sua relação não era de ternura, mas de trocas.

A grandeza de um homem não está em cumprir leis como um servo, mas em viver o amor, a grandeza do perdão, saber entender o outro e abraçá-lo.

Deus nos criou para isso, para sermos sua imagem e semelhança e não para termos uma relação empobrecedora. Não nos deixemos apequenar por nada. Nossa vocação é sermos sacramento do amor, do perdão, do acolhimento de Deus em meio aos homens.

A segunda leitura complementa este pensamento quando diz: “Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que, por Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação.”

A  sociedade julga as pessoas pela aparência, pela cultura, pelas posses. No ambiente de Igreja se julga as pessoas pelo engajamento, pela boa ou má conduta. Paulo diz que Deus não imputou ao mundo as suas faltas. Ao contrário, mais adiante acrescenta: “Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus”.

Ora, estar em Cristo significa estar em relação íntima com Deus e com o outro, é ser nova criatura.

O cristão é nova criatura porque pelo batismo renasceu pelo Espírito, e isso provoca atitudes novas.

O filho mais novo, aparentemente grande pecador, mostrou ser nova criatura porque baseou sua atitude de retornar à casa confiado exclusivamente na misericórdia do pai. Já o mais velho, cobrando do pai a justiça, por causa de seu trabalho, não entendeu a gratuidade do amor e permaneceu do lado de fora, na escuridão, sem provar a alegria da gratuidade.

Somente com uma atitude como a do caçula, confiando unicamente no amor e no perdão do pai, poderemos ressuscitar na Páscoa e ser novas criaturas!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Carlo Acutis é o novo Francisco de Assis, diz padre brasileiro que viveu em Assis com a família Acutis

Beato Carlo Acutis. | Crédito: Associação Carlo Acutis.

Por Nathália Queiroz*

30 de mar de 2025 às 06:00

“Carlo é um outro Francisco”, disse à ACI Digital o padre Fábio Vieira, de Corumbá (MS), que viveu com a família Acutis em Assis. Para ele, um dos maiores propagadores da devoção ao futuro santo no Brasil, “Carlo Acutis atualiza o carisma franciscano nos nossos tempos de uma forma muito bela”.

O beato Carlo Acutis, que será canonizado em 27 de abril, no Jubileu dos Adolescentes, tem uma ligação com são Francisco e com a cidade de Assis, na Itália. Ele foi sepultado no cemitério da cidade e, depois, transferido para uma capela no santuário do Despojamento, onde são Francisco deixou tudo, até a roupa do corpo, para seguir Jesus.

Segundo o padre Fábio, Francisco de Assis foi a inspiração de Carlo que também se “despojou de sua riqueza”, mas “num outro formato”.

 “O Carlo fez com que a família desse um sentido para a riqueza deles. O Carlo não precisou tirar suas vestes e entregar para o pai, mas ele fez com que os seus pais encontrassem um sentido para a riqueza”, disse o padre Fábio.

Para ele, “Carlo é mais franciscano que muitos franciscanos” e “é natural que hoje quem não conheceu Francisco o conheça por meio do Carlo, porque ele atualizou o carisma”.

Antonia Salzano, mãe de Carlo Acutis, já tinha falado da relação de Carlo com Assis em um colóquio organizado pela diocese de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino nos dias prévios à sua beatificação que foi em 10 de outubro de 2020.

 “Carlo tinha grande devoção a são Francisco, o santo eucarístico, o santo da comunidade, o santo cristológico”, disse Antonia. “Carlo dizia que queria ser santo, mas não como são Francisco, porque são Francisco era muito difícil de imitar”.

Segundo ela, Carlo carregava Assis “no coração” e dizia que era a cidade “onde se sentia mais feliz”.

Antonia contou que seu filho também tinha uma sensibilidade especial para com os pobres: “Perto de nossa casa havia um jovem que dormia na rua e Carlo levava comida para ele e lhe dava dinheiro”.

“Não é à toa que os restos mortais de Carlo estão no local onde Francisco se despojou, no santuário do Despojamento. Isso não é por acaso. Isso nos diz muito”, concluiu o padre Fábio Vieira.

*Nathália Queiroz

Escrevo para a ACI Digital há oito anos e desde 2023 sou correspondente do Brasil para o telejornal EWTN Notícias. Sou certificada em espanhol pelo Instituto Cervantes. Tenho experiência em redação de conteúdo religioso para mídias católicas em português e espanhol e em tradução de sites religiosos. Sou casada, tenho três filhos e sou catequista há mais de 15 anos. Escrevo de Petrópolis (RJ).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/61929/carlo-acutis-e-o-novo-francisco-de-assis-diz-padre-brasileiro-que-viveu-em-assis-com-a-familia-acutis

sábado, 29 de março de 2025

Movimento dos Focolares, a coragem de anunciar que Jesus une

Margaret Karram durante a oração ecumênica na Basílica de São Paulo Fora dos Muros (Vatican News)

Na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, a oração pela paz dos participantes da conferência ecumênica “Chamados à esperança”. Margaret Karram: “Esta ocasião nos dá a oportunidade de nos conhecermos, vendo a riqueza de cada pessoa, de cada Igreja”.

Beatrice Guarrera – Vatican News

“Hoje, mais do que nunca, no mundo em que vivemos, tão cheio de divisões, tragédias, conflitos, onde as pessoas não dialogam, reunir-se tem um significado muito grande”. São palavras de Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, à mídia vaticana por ocasião da oração ecumênica pela paz e pela reconciliação realizada na quinta-feira, 27 de março, na basílica de São Paulo Fora dos Muros.

O evento faz parte do congresso “Chamados à esperança, protagonistas do diálogo”, uma importante oportunidade de encontro para os fiéis de 20 Igrejas cristãs, provenientes de mais de 40 países de 4 continentes. O empenho no campo do ecumenismo, levado em frente pelos Focolares há mais de 40 anos, assume, neste ano jubilar, um caráter especial graças também à conferência: possibilita reencontrar-se “com uma alma de perdão, de reconciliação, porque é isso que nos falta”, explicou Margareth Karram: “É um longo caminho, certamente, mas esta ocasião nos dá a oportunidade de nos conhecermos, vendo a riqueza de cada pessoa, de cada Igreja, e isso nos torna mais unidos”.

Seguindo os passos de São Paulo

No segundo dia da conferência, que se conclui neste sábado, 29 de março, os participantes fizeram uma peregrinação à Basílica de São Lourenço e à Abadia de Tre Fontane, antes de um momento de oração ecumênica na Basílica de São Paulo fora dos Muros. A peregrinação teve, portanto, o significado de encarnar o “desejo de caminhar juntos, de fazer nosso esse caminho também aqui em Roma, pedindo perdão pelas nossas divisões, por termos feito sofrer uns aos outros durante esses séculos”, disse a presidente do Movimento dos Focolares. Uma figura inspiradora nesse sentido é certamente São Paulo, o homem “da conversão”, “que depois anunciou Jesus Cristo com todas as suas forças, com coragem”. Seguindo seus passos, “devemos ter a coragem de proclamar que Jesus é o que nos une, Jesus é a nossa esperança neste Jubileu”, continuou. Assim, os fiéis puderam experimentar a beleza do encontro com Deus em cada igreja, para poderem fazer uma oração. “Acho que às vezes também nos falta tempo para ficar em silêncio, adorar, contemplar. Há muitas coisas que nos unem e isso também nos dá coragem, aumenta nossa fé”, concluiu Margareth Karram.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Chamei-vos amigos (4): O melhor seguro de vida (IV)

Chamei-vos amigos (Opus Dei)

Chamei-vos amigos (4): O melhor seguro de vida

A amizade entre pessoas chamadas para a mesma missão permite que esta seja sempre um caminho cheio de felicidade.

29/07/2020

Final dos anos quarenta. Em Zurbarán, uma das primeiras residências universitárias femininas de Madri, há o costume fazer vigília uma noite por mês, adorando a Jesus na Eucaristia. Levantar-se de madrugada, fazendo um revezamento, para não deixar o Senhor sozinho, não deixa de ser emocionante para uma universitária. A bem-aventurada Guadalupe, que é a diretora, lidera essa aventura noturna; fica acordada escrevendo cartas em seu escritório, muito perto do oratório, para o caso de alguma das moças querer continuar esse momento de oração com uma boa conversa. No meio do silêncio da noite, compartilham então, sonhos, propósitos, preocupações... Guadalupe não dorme para oferecer  toda a sua amizade. Não é estranho que os que a conheceram recordem que “tinha uma facilidade extraordinária para fazer amizades. É óbvio que tinha um dom especial para as pessoas, uma simpatia muito atraente e muitos valores humanos; eu gostaria, no entanto, de enfatizar o seu forte sentido da amizade”[1].

Um relacionamento circular

A gratuidade sempre caracteriza a amizade; se for procurada por obrigação ou para alcançar um fim, ela simplesmente não surge de modo autêntico. Guadalupe, por exemplo, não aceitava o cansaço físico de dormir um pouco menos, por exigência de um contrato, nem as jovens, que iam depois ao seu escritório, faziam isso por ter que prestar contas da sua vida, muito menos àquelas horas da noite. Guadalupe e cada residente compartilhavam algo que as levava a abrir-se mutuamente. Talvez alguma delas fosse estudante de química, outra teria o sonho de viajar pelo mundo, uma terceira talvez tivesse perdido o pai fazia pouco; Guadalupe compartilharia com alguma delas, provavelmente, o anseio por ter uma vida interior mais profunda e com outra inclusive a vocação ao Opus Dei. Pensando nessa variedade de gostos e sonhos que podemos ter em comum com os outros, São João Crisóstomo faz notar que quanto mais importante é o que nos une, maiores serão sem dúvida os vínculos que dali podem surgir: “Se a simples circunstância de serem de uma mesma cidade é suficiente para que muitos se façam amigos, como não terá de ser o amor entre nós, que temos a mesma casa, a mesma mesa, o mesmo caminho, a mesma porta, idêntica vida, idêntica cabeça, o mesmo pastor e rei e mestre e juiz e criador e Pai?”[2].

COMPARTILHAR A MESMA CHAMADA OFERECE UMA BASE PARA UMA AUTÊNTICA AMIZADE QUE LEVE A AMBOS A SER SANTOS

O prelado do Opus Dei – que muitos chamam de Padre precisamente por presidir uma família – faz notar que “existe uma relação íntima entre fraternidade e amizade. A fraternidade, de uma simples relação baseada na filiação comum, transforma-se em amizade pelo carinho entre irmãos”[3]. E, ao mesmo tempo, Deus atua nas relações de amizade, chegando inclusive muitas vezes a escolher dois ou mais amigos para uma mesma missão, como aconteceu com tantos santos ao longo da história. Ou seja, entre fraternidade e amizade gera-se uma relação circular positiva: a primeira oferece permanentemente à pessoa uma sólida base comum – alicerçada, por exemplo, em ter recebido a mesma chamada – e a segunda contribui para que esses desejos permaneçam no tempo ao longo de um caminho feliz. São Josemaria, no ano de 1974, mal chegou ao local, na Argentina, onde teria uma reunião com filhos seus supernumerários, dizia: “Peço-vos hoje, ao começar, que vivais de tal forma vossa fraternidade, que quando algum de vós tiver dissabores não o deixeis, e tampouco quando tiver alegrias. Isto não é um seguro de vida, é muito mais: é um seguro de vida eterna”[4].

Aqui está o dedo de Deus

Em 1902, precisamente na Argentina, havia nascido Isidoro Zorzano, de pais espanhóis. Três anos depois a família voltou à Europa, para a cidade de Logronho onde Isidoro conheceu São Josemaria quando ambos eram adolescentes. Fizeram-se rapidamente amigos embora, ao terminarem o curso, um tenha optado por engenharia e outro pelo sacerdócio. Mas o contato entre os dois não terminou nisso, a correspondência epistolar entre ambos testemunha aquela amizade. “Meu querido amigo: como já estou mais descansado, podemos sair na tarde em que quiseres, para isso basta enviar-me um cartão. Um abraço de teu amigo, Isidoro”[5], escrevia um, enquanto o outro, que já morava na capital espanhola, respondia em uma carta: “Querido Isidoro: quando vieres a Madri, não deixes de vir me ver. Tenho coisas muito interessantes para contar. Um abraço de teu amigo”[6]. Pouco tempo depois, quando tinha vinte e nove anos, chegaria um momento crucial na vida de Isidoro. Por um lado, sentia em seu interior que Deus lhe pedia algo; por outro, o seu amigo Josemaria queria falar-lhe sobre o Opus Dei, que estava dando seus primeiros passos. Bastou um único encontro, no qual falaram sobre a santidade no meio do mundo, para que Isidoro percebesse que Deus havia se servido dessa amizade para presenteá-lo com a vocação ao Opus Dei. Aquele relacionamento que os unia desde a adolescência, aquela preocupação mútua, adquiria então um novo vigor e levou Isidoro a concluir: “O dedo de Deus está aqui”[7].

É lógico que a descoberta da vocação por Isidoro não deixasse em segundo plano os vínculos afetivos daqueles anos de amizade. Deus nos criou com alma e corpo, pelo que a união sobrenatural não anula os bens naturais que todos procuramos: vemo-lo no exemplo de Jesus, que compartilhava a sua vida com amigos. Por isso, São Josemaria faz notar que “Deus Nosso Senhor quer, na Obra, a caridade cristã e a convivência natural que se torna fraternidade sobrenatural, e não um convencionalismo formal”[8]. O carinho não é algo espiritualizado, mas concreto, encarnado, manifesta-se no relacionamento pessoal. Não é um formalismo que pode ficar em simples boas maneiras ou em cortesia que tranquiliza a própria consciência, mas procura amar a todos como o faria a sua própria mãe.

DEUS ATUA ENTRE OS AMIGOS, COMO ACONTECEU COM ISIDORO E SÃO JOSEMARIA

Em 14 de julho de 1943, pouco mais de dez anos depois daquele encontro crucial em Madri, ambos os amigos – que são agora pai e filho de uma família sobrenatural – mantêm a sua última conversa. Durante aqueles momentos recordam talvez a sua adolescência, as suas cartas, o trabalho lado a lado na Academia DYA, os trâmites para abrir a primeira residência, os vaivéns da guerra civil, o diagnóstico de câncer de Isidoro... São Josemaria despediu-se de Isidoro confessando um desejo: “Peço ao Senhor que me dê uma morte como a sua”[9]. Jesus nos ensinou que “ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13) e é precisamente isso o que entusiasmava Isidoro durante os seus últimos dias: poder, do céu, continuar unido a todos da Obra, tal como tinha estado na terra.

O menos ciumento dos amores

Todos sabemos que, em relações humanas muito importantes, o vínculo objetivo que as une – como o fato de serem marido e mulher, ou irmão e irmã – não gera automaticamente uma relação de amizade. Inclusive quando existe uma verdadeira amizade, em algum momento, isso não garante que tal relação fique imune frente às sequelas normais da passagem do tempo. Bento XVI – sendo ainda cardeal – ao ponderar sobre a fraternidade sobrenatural entre os cristãos, fazia notar com realismo que “o fato de serem irmãos não significa automaticamente que sejam um modelo de amor”[10]. E recordava que na Sagrada Escritura há exemplos abundantes, desde o livro do Gênesis até as parábolas que Jesus conta.

Por isso, “a fraternidade baseada na vocação comum à Obra pede para se expressar em uma amizade”[11] que, como nas outras relações em que intervém a liberdade humana, não surge de um momento para o outro. Requer o paciente trabalho de ir ao encontro do outro, de abrir o próprio mundo interior para enriquecê-lo com o que Deus quiser dar-nos através dos outros. As tertúlias, ou reuniões familiares, por exemplo, nas quais cada um desenvolve a sua personalidade, constituem momentos para criar laços de autêntica amizade. Não há nelas coisas da vida dos outros – preocupações, alegrias, tristezas, interesses – que não nos toquem pessoalmente. Criar um lar com corredores luminosos e portas abertas aos outros faz parte de um processo de amadurecimento pessoal, já que “a criatura humana, na medida em que possui natureza espiritual, se realiza nas relações interpessoais. Quanto mais as vive de forma autêntica, tanto mais amadurece a própria identidade pessoal. Não é se isolando que o homem se valoriza a si mesmo, mas relacionando-se com os outros e com Deus”[12]. O homem só se explica de maneira satisfatória a si mesmo no interior do tecido social no qual desenvolve seus afetos.

CONSTRUIR UMA AMIZADE REQUER SEMPRE A PACIENTE TAREFA DE ABRIR-SE A OUTRA PESSOA

Isto acontece porque a amizade, quando procura ser autêntica, tenta não se misturar com um desejo de posse do outro. Tendo, pelo contrário, experimentado esse grande bem, sabe o que tem para oferecer para outras pessoas: uma amizade autêntica é escola de mais amizades, ensina-nos a desfrutar da companhia das outras pessoas embora, naturalmente, não se chegue a ter a mesma proximidade com todos. C. S. Lewis notava que “a verdadeira Amizade é o menos ciumento dos amores. Dois amigos ficam contentes quando chega um terceiro e três quando o quarto se reúne a eles, basta que o recém-chegado tenha as necessárias qualificações para tornar-se um verdadeiro amigo. Eles podem dizer, como as almas abençoadas dizem em Dante: "Está chegando alguém que vai ampliar o nosso amor". Pois neste tipo de amor "dividir não é remover"”[13]. Chega, inclusive, a comparar isso com a imagem que podemos fazer do céu, já que lá, cada bem-aventurado aumentará a alegria de todos, comunicando a sua singular visão de Deus aos outros.

Santo Agostinho, em suas Confissões, ao recordar com certa nostalgia um grupo de amigos, diz sem conter a emoção: “inflamavam nossas almas, como em uma centelha, fazendo de muitas uma só”[14]. Relata que o que os unia eram longas conversas acompanhadas de risadas, era o serviço mútuo com boa vontade, leitura juntos e, inclusive, os repentinos desacordos que ajudavam a colocar o foco em tudo o que tinham em comum; recorda a amarga sensação diante da ausência de algum deles, que logo se via compensada pela alegria da sua chegada. “A felicidade pessoal não depende dos sucessos que alcançamos, mas do amor que recebemos e do amor que damos”[15]; depende de sentir-nos queridos e de ter um lar, onde a nossa presença é insubstituível, lar ao qual sempre voltar, aconteça o que acontecer. É assim que São Josemaria queria que fossem as casas de seus filhos e filhas. É precisamente nesses termos que se recorda o primeiro trabalho apostólico do Opus Dei em Madri, no ano de 1936: “Se ao apartamento da rua Luchana se ia por ter sido convidado, o certo é que lá se permanecia por amizade”[16]; este é o amável vínculo que, humanamente, é capaz de manter a unidade. “Se vos amardes, cada uma de nossas casas será o lar que eu vi, o que eu quero que haja em cada um de nossos recantos. E cada um de vossos irmãos terá uma fome santa de chegar a casa, depois do dia de trabalho; e terá depois vontade de sair à rua, para a guerra santa, esta guerra de paz”[17].

Andrés Cárdenas


[1] Mercedes Montero, En vanguardia, Rialp, Madri, 2019, p. 79.

[2] São João Crisóstomo, In Matth Hom. 32,7.

[3] Mons. Fernando Ocáriz, Carta 1/11/2019, n. 14.

[4] São Josemaria, Anotações de uma reunião, 24-VI-1974.

[5] José Miguel Pero-Sanz, Isidoro Zorzano, Edições Palabra, Madri, 1996, p. 86.

[6] Ibid., p. 112-113.

[7] Ibid., p. 118.

[8] São Josemaria, Instrucción sobre la obra de San Miguel, n. 101.

[9] José Miguel Cejas, Amigos do fundador do Opus Dei, Palabra, Madri, 1992, p. 47.

[10] Joseph Ratzinger, La sal de la tierra, Palabra, Madri, 1997, p. 206.

[11] Mons. Fernando Ocáriz, Carta 1/11/2019, n. 14.

[12] Bento XVI, Carta encíclica Caritas in veritate, n. 53.

[13] C. S. Lewis, Os quatro amores, WMF Martins Fontes.

[14] Santo Agostinho, Confissões, IV, 8.

[15] Mons. Fernando Ocáriz, Carta 1/11/2019, n. 17.

[16] José Luis González Gullón, DYA, Rialp, Madri, 2016, p. 196.

[17] Crônica 1956, VII, p. 7.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/chamei-vos-amigos-4-o-melhor-seguro-de-vida/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF