CAPÍTULO I
O QUE ESTÁ A ACONTECER À NOSSA CASA
SOBERANIAS NACIONAIS - 38
Todavia, ao falar sobre estes lugares, impõe-se um delicado equilíbrio,
porque não é possível ignorar também os enormes interesses econômicos
internacionais que, a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as
soberanias nacionais. Com efeito, há «propostas de internacionalização
da Amazônia que só servem aos interesses econômicos das corporações
internacionais.
CONTRA A POLÍTICA DE REDUÇÃO POPULACIONAL / "SAÚDE REPRODUTIVA" - 50
Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente,
alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam
pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que
condicionam as ajudas econômicas a determinadas políticas de «saúde
reprodutiva ». Mas, «se é verdade que a desigual distribuição da
população e dos recursos disponíveis cria obstáculos ao desenvolvimento e
ao uso sustentável do ambiente, deve-se reconhecer que
o crescimento demográfico é plenamente compatível com um desenvolvimento integral e solidário».
Culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e
seletivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas.
Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo atual, no qual uma
minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria
impossível generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os
resíduos de tal consumo.
CONTRA A IDEOLOGIA DO GÊNERO - 155
A ecologia humana implica também algo de muito profundo que é
indispensável para se poder criar um ambiente mais dignificante: a
relação necessária da vida do ser humano com a
lei moral inscrita
na sua própria natureza. Bento XVI dizia que existe uma « ecologia do
homem», porque «também o homem possui uma natureza, que deve respeitar e
não pode manipular como lhe apetece ». Nesta linha, é preciso
reconhecer que o nosso corpo nos põe em relação direta com o meio
ambiente e com os outros seres vivos.
A aceitação do próprio corpo como dom de Deus é
necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como dom do Pai e
casa comum; pelo contrário, uma lógica de domínio sobre o próprio corpo
transforma-se numa lógica, por vezes subtil, de domínio sobre a criação.
Aprender a aceitar o próprio corpo, a cuidar dele e a respeitar os seus
significados é essencial para uma verdadeira ecologia humana. Também é
necessário ter apreço pelo próprio corpo na sua
feminilidade ou masculinidade,
para se poder reconhecer a si mesmo no encontro com o outro que é
diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do
outro ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente.
Portanto,
não é salutar um comportamento que pretenda « cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela ».
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