O Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP), recebeu na noite deste domingo, dia 30, um grupo de bispos – principalmente das dioceses do Norte e do Nordeste – que assistiu ao espetáculo de dança-teatro “1717”, apresentado pela companhia catarinense Dois Pontos. Inspirada na devoção dos brasileiros à Nossa Senhora Aparecida, a apresentação dirigida por Alexandra Klen e Ricardo Tetzner rendeu elogios dos membros do episcopado, que saíram impressionados com a resistência dos artistas, que mantiveram uma intensa série de coreografias e gestos marcantes por mais de uma hora de espetáculo.
“É um espetáculo muito bem trabalhado, muito bem coreografado, os dançarinos são muito competentes têm muita capacidade, muitos dons que expressam na dança, então merece ser visto em todo o mundo, rodar o Brasil todo e até fora, digno de ser visto e admirado por todos”, comentou o bispo de Itapipoca (CE), dom Antônio Roberto Cavuto.
Dom Antônio considerou que o espetáculo possui uma abordagem plástica muito interessante, incluindo a história, que contempla os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a cultura, a arte e a música popular brasileira. “Eles souberam mostrar pela arte e pela dança toda a beleza da nossa história e cultura, principalmente da nossa tradição religiosa”, destacou. O bispo conta que em sua região procura incentivar os grupos que trabalham com expressões artísticas, principalmente aqueles que envolvem a juventude.
O espetáculo possui quatro atos: “Anunciação”, que retrata a feitura em barro da mãe de Jesus e sua aparição no rio; “Peregrinação”, expressão da fé a caminho do santuário ou de si mesmo; “Pedidos e Agradecimentos”, relatando a profusão de milagres; e “Destruição e Coroação, com a tempestade de pecados e a nova rainha, a coroação da virgem de Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil.
O bispo de Tianguá (CE), dom Francisco Edimilson Neves Ferreira, destacou a narrativa e a linguagem empregadas pelos autores da apresentação, que exigiram dos espectadores “um olhar muito profundo”. O bispo também chamou atenção para o preparo físico dos artistas. “É um espetáculo que exige dos artistas muita resistência”, comentou. Dom Edimilson considerou ainda que foram felizes as intervenções de fala durante a apresentação e a inclusão dos elementos da religiosidade e do cenário atual, “inclusive o contexto que o Brasil experimenta”, afirmou indicando o trecho que, com dança e com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), os dançarinos interpretam a letra “Só de Sacanagem”, de Elisa Lucinda.
Sobre “1717”
A apresentação é a primeira montagem da companhia de Florianópolis, fundada em 2015. A estreia do espetáculo foi no mesmo ano da fundação do grupo, no dia 12 de outubro, na catedral Metropolitana da cidade. Um ano depois, a montagem foi a Roma, também no dia 12 de outubro, para uma exibição na comemoração do dia de Nossa Senhora Aparecida, a convite do Colégio Pio Brasileiro, depois que “1717” recebeu o apoio do Pontifício Conselho para a Cultura, em “reconhecimento ao valor cultural e artístico da montagem”.
O grupo destaca que a apresentação ocorreu após uma missa presidida pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, que também é catarinense. Na ocasião, estava presente o prefeito para a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz.
Diversidade e inclusão
A história apresentada mescla arte, religiosidade e cultura popular. Em grupo e em duplas, sete bailarinos atuam no cenário projetado para o caráter itinerante de “1717”. A coreografia costura estilos, como samba, danças urbanas, forró e ainda o improviso com jogos teatrais, refletindo a diversidade cultural das cidades brasileiras.
O elenco conta com uma tradutora e intérprete de Libras, que faz parte do contexto e da composição coreográfica. O objetivo é incluir minorias linguísticas no espetáculo e todos os bailarinos também aprenderam um pouco desta forma de comunicação.
CNBB
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