(Cap.2,6-10;3,1.3;4,10-14:Funk 1,7-9.13) (Séc.II)
A nova lei de nosso Senhor
Deus ab-rogou, portanto, tudo, a fim de que a nova lei de nosso Senhor Jesus Cristo, não submetida ao jugo da necessidade, contenha a oblação não feita pelos homens. Pois disse-lhes em outro lugar: Acaso mandei eu a vossos pais, ao saírem do Egito, que me oferecessem holocaustos e sacrifícios? Ao invés, ordenei-lhes: Que nenhum de vós excogite o mal em seu coração contra o próximo nem façais falso juramento (cf. Jr 7,22-23).
Temos então de compreender, se não somos insensatos, o senso de bondade de nosso Pai. Mostra-nos o modo de nos aproximarmos dele, por não querer que, à semelhança dos antepassados, andemos errantes em sua busca. Por isso ele nos fala assim: Sacrifícios para o Senhor é o coração contrito; odor de suavidade, o coração que glorifica aquele que o plasmou (cf. Sl 50,19). Com todo o cuidado, irmãos, investiguemos o que se relaciona com a nossa salvação, para que o Maligno sedutor não se insinue em nós e nos lance fora de nossa vida.
Sobre isto lhes fala também em outra passagem: Por que jejuais para mim, diz o Senhor, de modo que hoje se escute vossa voz aos brados? Não é este o jejum que escolhi, diz o Senhor, não é o homem a humilhar sua alma (Is 58,4-5). A nós, porém, diz: Eis o jejum que eu escolhi, diz o Senhor: quebra toda cadeia de injustiça, desata os laços dos pactos violentos, deixa ir livres os oprimidos e rasga todo contrato iníquo. Parte teu pão com os famintos, ao veres um nu, cobre-o; faze entrar em tua casa aqueles que não têm teto. (cf. Is 58,6-10).
Fujamos de toda vaidade, tenhamos ódio profundo pelas obras dos caminhos maus. Não vos isoleis, fechando-vos sobre vós mesmos, como se já estivésseis justificados. Ao contrário, congregados na unidade, buscai aquilo que é do proveito de todos. A Escritura ensina: Ai dos prudentes para si mesmos e sábios aos próprios olhos (Is 5,21). Tornemo-nos espirituais, sejamos perfeito templo de Deus. Na medida do possível, meditemos sobre o temor de Deus e lutemos por guardar seus mandamentos, para nos alegrar com seus juízos. O Senhor julgará o mundo sem acepção de pessoas (cf. 1Pd 1,17). Cada um receberá conforme viveu; se houver sido bom, sua justiça o precederá; se mau, a paga da maldade estará diante dele. Não aconteça que, descansando em nossa vocação, durmamos em nossos pecados e o príncipe do mal, tendo obtido poder sobre nós, nos arrebate do reino do Senhor.
Entendei ainda isto, irmãos meus: se, como vedes, depois de tantos sinais e prodígios feitos em Israel, no entanto, eles são abandonados, estejamos atentos para que não se cumpra em nós o que está escrito, muitos os chamados, poucos os escolhidos (Mt 22,14).
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