+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
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Estamos vivenciando o mês especialmente dedicado à Bíblia, ocasião especial para crescer na escuta e na vivência da Palavra de Deus. O Salmo que rezamos hoje nos alerta: “Não fecheis o coração; ouvi, hoje, a voz de Deus!” (Sl 94).
Neste mês da Bíblia, continuamos a meditar o Evangelho segundo Mateus. Estamos lendo, com a Igreja, o capítulo 18, voltado especialmente para a vida em comunidade. Jesus se dirige aos seus discípulos orientando a vida comunitária. O texto, hoje proclamado, destaca a correção fraterna, sinal de amor e de responsabilidade diante do irmão que peca.
A verdadeira correção fraterna é um sinal de amor ao próximo e uma consequência da vida fraterna. Ela exclui o rancor, a fofoca ou os comentários que destroem o outro. O objetivo deve ser ajudar a superar os erros, ao invés de condenar a viver no pecado. Por isso, a verdadeira “correção fraterna”, segundo a própria expressão, ocorre apenas onde há fraternidade. A palavra de Jesus se refere ao relacionamento entre irmãos. “Se o teu irmão pecar contra ti...”, afirma o Senhor (Mt 18,15). A palavra “irmão” pressupõe alguém que está na comunidade e que necessita de ajuda fraterna para superar o pecado. O primeiro passo ocorre no âmbito pessoal, pois Jesus fala em corrigir o irmão “a sós”, “em particular”. Não conseguindo, busca-se ajuda de outros dois ou três irmãos e, por fim, recorre-se à Igreja (Mt 18,16-17). A intenção sincera deve ser ajudar, pois “o amor não faz nenhum mal contra o próximo”, conforme afirma S. Paulo (Rm 13,10).
A correção ao irmão que erra é também sinal de responsabilidade perante o próximo. O profeta Ezequiel alerta sobre a responsabilidade pessoal em advertir o ímpio a respeito de sua conduta, para que ele não morra, mas tenha a vida (Ez 37,7-9).
Não é fácil praticar a correção fraterna, mas ela se faz cada vez mais necessária. Não é justo ficar falando mal das pessoas. Não é correto ficar indiferente diante de erros, que muitas vezes chegam a destruir a vida de quem erra e de sua família. Por isso, a oração se faz tão necessária. Jesus está no meio daqueles que se reúnem em seu nome e rezam unidos. A correção fraterna deve ser acompanhada da oração e iluminada pela Palavra de Deus; ela é fruto de uma comunidade unida pelo amor e pela oração.
O Mês da Bíblia nos motiva a por em prática a Palavra de Deus. Por isso, procure aproximar-se mais do seu irmão, especialmente daquele que necessita recomeçar a vida, contando com a misericórdia de Deus e a presença fraterna dos irmãos.
Arquidiocese de Brasília
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