+ Sergio da Rocha Cardeal Arcebispo de Brasília |
Neste mês dedicado especialmente à Palavra de Deus, o Evangelho segundo Marcos nos apresenta Jesus tocando os ouvidos e a boca de um homem surdo que tinha dificuldade para falar (Mc 7,31-37). Esta passagem nos faz pensar nas vezes em que os nossos ouvidos e os nossos lábios estão fechados perante Deus e os irmãos. Quando somos batizados, a Igreja repete o gesto e as palavras de Jesus, dizendo a cada um de nós – “Efata”, “Abre-te”. Porém, ao longo da vida, corremos o risco de tantas vezes não ouvir a voz de Deus, assim como de fechar os ouvidos aos irmãos que necessitam de nós. Deixamos de anunciar a Palavra de Deus e de ajudar o irmão a vivê-la. Por isso, somos continuamente necessitados do encontro com Cristo que liberta-nos da incapacidade de ouvir a sua Palavra e de anunciá-la com coragem. O Efata é um convite a sair do fechamento e do comodismo para uma vida nova.
O evangelista ressalta que foram as pessoas que levaram aquele homem a Jesus e suplicaram por ele. Há muitos que necessitam de nossa ajuda fraterna e de nossa oração para serem libertados da sua condição espiritual de surdos-mudos. Não podemos ficar acomodados ou indiferentes perante a situação triste de quem não se abre para o encontro com Cristo. Ele renova e transforma aqueles que dele se aproximam, com pecados e sofrimentos. Mas é preciso ajudar os irmãos a caminharem até Jesus, na Igreja, sempre que possível indo com eles e acolhendo-os fraternalmente na comunidade. Devemos ajudá-los com nossas palavras, proximidade fraterna e orações. A Igreja missionária escuta e anuncia a Palavra a todos, especialmente aos que mais sofrem. Somos todos participantes da missão evangelizadora da Igreja, cada um segundo a sua vocação.
Para isso, necessitamos de comunidades orantes e fraternas, que acolham a todos, com especial atenção aos pobres, que jamais devem ser menosprezados, conforme nos adverte a Carta de São Tiago (Tg 2,1-5), hoje proclamada na segunda leitura.
Aos tristes e desanimados, Isaías anuncia a esperança e a alegria (Is 35,4-7). “Criai ânimo, não tenhais medo”, diz o profeta também a nós, indicando-nos a razão desta atitude: Deus vem ao nosso encontro para trazer vida nova. Nele, encontramos o ânimo, a esperança e a alegria.
Com o Salmo 145, nós bendizemos a Deus pelo seu amor pelos que mais sofrem, sentindo-nos por ele amados e procurando levar o seu amor misericordioso para todos.
Lembre-se, neste Mês da Bíblia, de escutar com mais atenção a Palavra de Deus nas missas e procure fazer a leitura orante da Bíblia em sua casa. Leia a Bíblia, reze e medite a Palavra de Deus como o verdadeiro “pão de cada dia”, alimento que não pode faltar.
O Povo de Deus / Arquidiocese de Brasília
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