+ Sergio da Rocha Cardeal Arcebispo de Brasília |
A Liturgia da Palavra nos apresenta o exemplo de duas mulheres, ambas viúvas e pobres. A primeira viveu no tempo do profeta Elias, ficando conhecida como a “viúva de Sarepta” (1Rs 17,10-16). A segunda foi elogiada pelo próprio Jesus, conforme o Evangelho (Mc 12,38-44). As duas nos deixaram exemplos de generosidade, partilha e confiança em Deus. Naquele tempo, as viúvas estavam entre as pessoas mais pobres e desamparadas, sobretudo quando não tinham filhos para sustentá-las. A situação da viúva de Sarepta era muito difícil, devido ao tempo de seca e penúria que se abatia sobre o povo. Por isso, a atitude daquelas mulheres tem especial importância, ecoando ao longo da história e convidando-nos a imitá-las.
A partilha generosa testemunhada por elas está enraizada na fé em Deus. A fé e a confiança em Deus permitiram à viúva de Sarepta acolher as palavras de Elias. A outra viúva, retratada no Evangelho, encontra-se no templo, lugar de celebração da fé em Deus. A fé verdadeira, alimentada pela oração, se expressa através da confiança e da esperança em Deus. Ao mesmo tempo, a mesma fé nos leva a viver a caridade através da partilha, da generosidade e da solidariedade. A generosidade que brota da fé vai muito além da oferta daquilo que sobra ou da doação do que se considera sem grande valor, conforme nos ensinam as duas mulheres recordadas pela Liturgia da Palavra. Diferente é a atitude dos doutores da Lei, que fingiam fazer longas orações, faziam tudo apenas para serem admirados e acabavam explorando os pobres, “devorando as casas das viúvas”. O orgulho e a ganância dos doutores da Lei contrastam com a humildade e a generosidade das viúvas pobres. A oferta delas é agradável a Deus!
A Carta aos Hebreus nos fala de uma outra oferenda, a maior de todas, que é a entrega da própria vida de Jesus Cristo, através do sacrifício redentor da cruz. Oferecer bens materiais, partilhar o pouco ou o muito que se tem, pode ser um sinal importante de vida cristã, de fé em Deus e de amor ao próximo. Contudo, mais importante ainda é o dom da própria vida ofertado através de gestos de amor e de serviço. A prova maior de amor, que é doar a vida pelo irmão, foi deixada pelo próprio Cristo na cruz e deve ser recordada e vivida pelos discípulos de hoje.
Tudo isso, nos leva a bendizer a Deus com o Salmo 145, reconhecendo o amor misericordioso de Deus por nós e, especialmente, pelos mais pobres e sofredores. A nossa oferta agradável a Deus seja um coração humilde e generoso, capaz de partilhar os dons recebidos, como sinal de fé e gratidão a Deus e de caridade para com os irmãos que mais sofrem.
Arquidiocese de Brasília / O Povo de Deus
Nenhum comentário:
Postar um comentário