+ Sergio da Rocha Cardeal Arcebispo de Brasília |
A Liturgia da Palavra põe em relevo a figura de João Batista, o profeta que vem preparar o povo para acolher o Messias. A sua mensagem expressa um dos aspectos mais importantes do tempo do Advento, que é a conversão, simbolizada pela cor litúrgica roxa deste período do ano litúrgico. A “conversão” pregada por João Batista está marcada pela urgência, pois não pode ser deixada para depois, assim como, pela transformação radical do modo de viver. “Preparai o caminho do Senhor; endireitai suas veredas” (Lc 3,4), afirma o profeta. O motivo disso é que o Senhor está para chegar e a conversão é o modo de preparar-se para ir ao seu encontro. Ele vem para todos, conforme a conclusão do texto proclamado, afirmando que “todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,6), mas é preciso endireitar o caminho a seguir. Diante da pregação de João Batista, é importante refletir sobre o caminho que temos percorrido e procurar dar passos concretos de conversão rumo ao Natal do Senhor.
O profeta Baruc anuncia um tempo de vida nova para o povo sofrido no Exílio. Ao invés do luto e da aflição, haverá alegria, paz e luz, pois Deus mesmo guiará o seu povo de volta à sua terra, “manifestando a misericórdia e a justiça” (Br 5,9). Ao meditar esta preciosa passagem do livro de Baruc, vivenciamos outro aspecto essencial do Advento: a alegria que deve acompanhar a espera do Senhor que vem. A conversão não pode ser confundida com a tristeza ou o desalento. Ao contrário, a vinda do Senhor é, acima de tudo, motivo de consolação, ânimo, esperança e vida nova, para quem o acolhe.
A preparação para o Advento, por meio da conversão, não se reduz ao nível pessoal. A comunidade também é chamada a estar preparada, conforme a Carta aos Filipenses. Nela, São Paulo intercede em favor da comunidade, exortando-a a crescer sempre mais no amor: “que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, para discernirdes o que é melhor” (Fl 1,9-10). Ao afirmar isso, São Paulo nos oferece um valioso critério para o discernimento de nossas ações, que é o amor. Sem crescer no amor, não se consegue “discernir o que é melhor”, nas decisões a serem tomadas no dia a dia. O Advento deve ser um tempo especial de exercício do amor cristão, através do perdão e da reconciliação, da justiça e da paz.
O olhar esperançoso para frente, próprio do Advento, se completa com um olhar para o passado e o presente. Somos chamados a reconhecer os sinais do amor misericordioso de Deus, rezando o Salmo 125: “Maravilhas fez conosco o Senhor: exultemos de alegria!”.
Arquidiocese de Brasília / O Povo de Deus
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