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domingo, 3 de março de 2019

8º DOMINGO DO TEMPO COMUM: O HOMEM TIRA COISAS BOAS DO BOM TESOURO DO SEU CORAÇÃO

Reprodução | Internet
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da lei escrita no coração. Uma das necessidades do ser humano é a convivência com os companheiros de sua caminhada. A vida em comum só é rica quando partilhada na sinceridade, e isto só acontece quando as pessoas descobrem a dimensão evangélica do relacionamento pessoal e também nas redes sociais, na qual descobre o valor de cada um. Então deixa de lado o egoísmo e o farisaísmo, a ganância e a capacidade de explorar, o roubo e a corrupção, trocando tudo isso pelo amor cristão ensinado por Cristo. Assim, as pessoas tornam-se solidárias e guias umas das outras.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos
Primeira leitura – Eclesiástico 27,5-8. O texto pertence a uma ampla seção, na qual é enfrentado com destaque o tema da avaliação/julgamento das pessoas em diversas situações. O texto adverte à verdade no julgar e oferece também as bases do julgamento. O autor acentua os perigos que ameaçam a integridade do ser humano e apresenta exemplos concretos para dar a entender a dimensão interior da pessoa. Pode que as aparências não revelam sempre, ou imediatamente tudo o que está dentro de nós.
Bem Sirá mostra o critério que fará sobressair o verdadeiro valor de uma pessoa é o modo de falar/raciocinar. Os exemplos que apresentados ajudam a esclarecer melhor o princípio proposto: o forno prova os vasos feitos pelo oleiro (cf. versículo 5) e os frutos revelam a qualidade do campo (cf. versículo 6); o exemplo é retomado por Jesus em Mateus 7,16-20 e Lucas 6,43-45. É preciso examinar a pessoa, avaliando as suas palavras, já que lãs demonstram o que se passa na sua mente. A palavra revela, com efeito, o íntimo do coração e o descobre naquilo mesmo que se pretende esconder (versículos 4-6). É próprio do sábio poder dominar a sua palavra para não se revelar porém quando o entender, e para deixar falar o interlocutor bastante tempo para poder julgar o seu coração, isto é, adverte que não se elogie ninguém antes de que ele fale (cf. versículo 7). A palavra é o espelho que manifesta a sabedoria e a riqueza do ser humano, ou então sua ignorância e miséria.
Segunda leitura – 1Coríntios 15,54-58. Paulo conclui o longo discurso sobre o mistério da ressurreição (cf.1Coríntios 15,1-58). Já reafirmou a historicidade da ressurreição de Cristo e esclareceu o “como” da ressurreição dos cristãos, sempre em relação a Cristo. O Apóstolo conclui com um hino triunfal a parte dogmática da Carta aos Coríntios. Paulo lança um grito jubiloso com a consciência do cristão que sabe ter sido vencido, para sempre, o mais infeliz dos inimigos. Com a ressurreição de Cristo, primogênito dentre os mortos, a morte foi derrotada, seu agulhão, isto é, seu ferrão foi quebrado.
Como os animais temem o ferrão do seu condutor, e as pessoas o ferrão do escorpião, a morte foi temida em todos os seus tempos e lugares da terra. Após a morte e ressurreição de Cristo, porém, a morte está potencialmente derrotada, mas de fato continua a atemorizar porque ainda não estamos na Eternidade.
Evangelho – Lucas 6,39-45. O texto deste VIII Domingo do Tempo Comum pertence ao amplo “Discurso da Planície” e os destinatários são ainda os Doze, os discípulos e as multidões (cf. Lucas 6,13.17.27). Do ponto de vista literário deparamo-nos com uma parábola rica em interrogações, nas quais a resposta já é bem evidente. Jesus coloca as perguntas porque quer provocar o consentimento, a adesão dos Seus ouvintes àquilo que vai dizendo. É o método chamado ad hominem que provoca o envolvimento positivo dos presentes nas perguntas urgentes do Divino Mestre.
Jesus, nesta parte do “Discurso da Planície”, envolve de um modo ainda mais direto os Seus ouvintes com uma parábola que contém uma série de quatro perguntas muito fortes: “Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? (versículo 39). Porque vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho? (versículo 41). Lucas insere aqui a parábola dos dois cegos que Mateus aplica aos fariseus (15,14), para adaptá-la desta vez aos discípulos.
As quatro imagens refletem sobre a realidade do olhar. Tratam-se de perguntas até exageradas. A relação irmão-trave, cisco-olho pretende remover um grande obstáculo: a hipocrisia que mora no coração humano! A palavra “hipocrisia” é central na argumentação de Jesus! (versículo 42).
O Divino Mestre põe às claras as raízes e as conseqüências da hipocrisia: é uma conduta que não exprime o pensar do coração. No exemplo sucessivo da árvore (cf. versículos 43-45), Jesus afirma que não se podem colher frutos bons ruim: os frutos do ser humano revelam a verdade do seu coração (bom ou mau) enquanto centro da pessoa.
Deve fazer com que todos nós possamos refletir também a afirmação: “O discípulo não é superior ao mestre” (versículo 40).
Este trecho pertence a um conjunto importante do plano doutrinal. Trata-se claramente de uma espécie de catecismo moral, redigido de modo especial para os convertidos do paganismo, mas baseando-se em frases de Jesus, reunidas em torno de certas palavras chaves (medida no versículo 38; olho no versículo 39 sobre o cego, e 41-42 sobre o cisco e a trave).
A parábola contém uma dupla aplicação: para guiar os outros, é preciso ser muito lúcido, antes de seguir um mestre qualquer é preciso também ser bastante clarividente, isto é, ter muita clareza.
Tornar-se guia é uma tarefa nada fácil e de alta responsabilidade. Com efeito, se o orientador for cego, coitado daquele que o segue: cairá também no mesmo erro. Aquele que pretende ser luz e caminho para os outros deve tomar o cuidado de estar muito bem preparado: isto não se improvisa. Nunca deve se colocar como pessoa perfeita que aponta os erros dos outros numa atitude condenatória. É uma gravíssima tarefa.
Pe. Bendito Mazeti / Diocese de São José do Rio Preto

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF