Papa Pio XII em visita aos lugares do bombardeio em Roma em 19 de julho de 1943 |
O
Papa anunciou sua "decisão de abrir à consulta dos pesquisadores a
documentação arquivística atinente ao Pontificado de Pio XII, até sua morte,
ocorrida em Castel Gandolfo em 9 de outubro de 1958”, ao receber em audiência
esta segunda-feira (04/03) os responsáveis e os funcionários do Arquivo Secreto
Vaticano
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
“Decidi
que a abertura dos Arquivos Vaticanos referentes ao Pontificado de Pio XII se
dará em 2 de março de 2020, exatamente à distância de um ano do octogésimo aniversário
da eleição de Eugenio Pacelli à Cátedra de Pedro.”
Foi o anúncio feito
pelo Papa Francisco ao receber em audiência ao meio-dia desta segunda-feira
(04/03) na Sala Clementina, no Vaticano, os responsáveis e os funcionários do
Arquivo Secreto Vaticano, um grupo de 75 pessoas.
Dirigindo-se ao
prefeito, vice-prefeito, arquivistas, assistentes e funcionários do Arquivo
Secreto Vaticano situou o encontro por ocasião da alegre celebração, sábado
passado, dos oitenta anos da eleição a Sumo Pontífice, em 2 de março de 1939,
do Servo de Deus Pio XII.
Figura de Pio XII hoje oportunamente colocada na justa luz
A figura daquele
Pontífice, que conduziu a Barca de Pedro num momento entre os mais tristes e
sombrios do Séc. XX, agitado e em vários lugares dilacerado pelo último
conflito mundial – disse o Santo Padre –, com o período consequente de
reorganização das Nações e a reconstrução pós-bélica, esta figura foi
questionada e estudada em vários seus aspectos, por vezes colocada em discussão
e até mesmo criticada (se diria com alguns preconceitos ou exageros). Hoje essa
figura é oportunamente reavaliada e, aliás, colocada na justa luz por suas
poliédricas qualidades: sobretudo pastorais, mas também teológicas, ascéticas,
diplomáticas, enfatizou.
Em seguida, Francisco
ressaltou ao presentes que por desejo do Papa Bento XVI eles estão desde 2006
trabalhando num projeto comum de inventário e preparação da volumosa
documentação produzida durante o Pontificado de Pio XII, a qual em parte seus
veneráveis predecessores São Paulo VI e São João Paulo II já tornaram
consultáveis.
Trabalho dos arquivistas no silêncio e distante dos clamores
Referindo-se à
atividade desempenhada por todos eles, o Papa destacou que se trata de um
trabalho que se realiza no silêncio e distante dos clamores, cultiva a memória,
e num certo sentido, disse, “me parece que possa ser comparado à cultivação de
uma árvore majestosa, cujos ramos estão voltados para o céu, mas cujas raízes
estão solidamente fincadas na terra”.
“Se compararmos essa
árvore à Igreja, vemos que ela está voltada para o Céu, onde se encontra a
nossa pátria e o nosso último horizonte; as raízes, porém, fincam no terreno da
própria Encarnação do Verbo, na história, no tempo”, disse ainda.
“Vocês, arquivistas,
com sua paciente fadiga trabalham sobre essas raízes e contribuem para
mantê-las vivas, de tal modo que também os ramos mais verdes e mais jovens da
árvore possam ter boa seiva para seu crescimento no futuro”, acrescentou.
Arquivo completo do Pontificado de Pio XII
“Este constante e não
leve esforço, de vocês e de seus colegas, me permite hoje, em recordação
daquela significativa data, anunciar a minha decisão de abrir à consulta dos
pesquisadores a documentação arquivística atinente ao Pontificado de Pio XII,
até sua morte, ocorrida em Castel Gandolfo em 9 de outubro de 1958.”
Assumo essa decisão,
continuou Francisco, “tendo ouvido o parecer de meus mais estreitos
colaboradores, com ânimo sereno e confiante, certo de que a séria e objetiva
pesquisa histórica saberá avaliar na justa luz, com crítica apropriada,
momentos de exaltação daquele Pontífice e, sem dúvida, também momentos de
graves dificuldades, de decisões difíceis, de humana e cristã prudência, que a
alguém poderá parecer reticência, e que ao invés foram tentativas, humanamente
também muito difíceis, para manter acesa, nos períodos mais sombrios e de
crueldade, a chama das iniciativas humanitárias, da silenciosa, mas ativa
diplomacia, da esperança em possíveis boas aberturas dos corações”.
Igreja não tem medo da história
“A Igreja não tem
medo da história, aliás, a ama e quer amá-la mais e melhor, como Deus a ama!
Portanto, com a mesma confiança de meus Predecessores, abro e confio aos
pesquisadores esse patrimônio documentário.”
O Santo Padre
concluiu encorajando os responsáveis e funcionários do Arquivo Secreto
Vaticano, bem como os professores da Escola Vaticana de Paleografia, Diplomática
e Arquivística, a prosseguir no trabalho de assistência aos pesquisadores –
assistência científica e material – e também na publicação das fontes do Papa
Pacelli que serão consideradas importantes, como já o estão fazendo há alguns
anos.
Vatican News
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