Dom Sérgio da Rocha Cardeal Arcebispo de Brasília |
Ao receber as cinzas, no início desta Quaresma, nós acolhemos a Palavra de Jesus, repetida a cada ano pela Igreja, chamando-nos à conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Esta Palavra continuará a ecoar ao longo deste tempo litúrgico, preparando-nos para a Páscoa. A atitude de conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. Por isso, a cor litúrgica roxa utilizada na Quaresma é sinal e recordação da penitência que não pode faltar no processo de conversão. O esforço de superação do pecado, sustentado pela graça de Deus, comporta sempre renúncias e sacrifícios.
Recordemos que a Quaresma é um tempo especial de perdão e de reconciliação. É necessário buscar o perdão de Deus através do Sacramento da Reconciliação e oferecer o perdão aos irmãos. É preciso viver reconciliados e chegar reconciliados à festa da Páscoa, para bem celebrar a ressurreição de Jesus. Nesta Eucaristia, com o Salmo 50, nós nos reconhecemos pecadores e suplicamos a misericórdia divina: “Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pecamos contra vós”.
O Evangelho proclamado nos fala das tentações de Jesus no deserto, conforme a narrativa de Mateus (Mt 4,1-11), fazendo-nos pensar nas tentações encontradas no mundo de hoje. O Evangelho nos transmite, acima de tudo, a certeza da vitória de Cristo e daqueles que, unidos a Cristo, lutam para vencer as tentações. Conforme o livro do Gênesis, o homem e a mulher caíram na tentação de não cumprir a Palavra de Deus, acarretando a condenação e a morte. Entretanto, por meio do homem novo, Jesus Cristo, que permaneceu na obediência ao Pai, nós recebemos “a justificação que dá a vida”, segundo a Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm 5,19).
Na Quaresma, uma das principais expressões de vivência do amor fraterno é a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja no Brasil. A Campanha da Fraternidade está intimamente associada à Quaresma, embora deva ser vivida além dela. Trata-se de um exercício intensivo de amor fraterno, que pode ajudar muito cada um de nós a fazer-se irmão e a reconhecer no outro um irmão a ser amado. Neste ano, o tema da Campanha é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. A vida deve ser acolhida como dom precioso a ser valorizado e defendido em qualquer situação ou fase em que se encontre. Por isso, exige compromisso pessoal e comunitário. O belo lema proposto é inspirado na parábola do Bom Samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).
Folheto: O Povo de Deus/Arquidiocese de Brasília
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