Cardeal Dom Sérgio da Rocha Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília |
Temos vivido tempos muito difíceis, no contexto da pandemia que assola o país e o mundo. Não podemos perder a esperança e o rumo a seguir. Juntamente com os cuidados que têm sido recomendados para preservar a saúde, nós necessitamos cuidar bem da vida espiritual. É muito importante continuar a dedicar-se à oração e à meditação da Palavra de Deus, em nossas casas, redobrando os esforços para tratar, de modo fraterno e respeitoso, as pessoas com as quais convivemos e sendo solidários com os que mais sofrem com a pandemia. Em Jesus Cristo Ressuscitado, nós encontramos a esperança, “o caminho, a verdade e a vida”.
A bela passagem sobre os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), hoje proclamada, nos ensina a encontrar Jesus Ressuscitado nas Escrituras e no Pão eucarístico. A Palavra faz compreender o sentido dos acontecimentos e aquecer o coração, especialmente quando o caminhar torna-se difícil, pelo cansaço, pela tristeza e perplexidade. Em tempos de provação, é preciso, ainda mais, deixar-se iluminar e aquecer o coração pela Palavra de Jesus. Infelizmente, mesmo quando estão sem trabalhar, muitas pessoas não dão a devida importância à oração, ao silêncio e à escuta da Palavra. Por isso, não conseguem discernir o sentido da vida e dos acontecimentos, especialmente da cruz, e o caminho a seguir. A Páscoa é tempo de vida nova. Jesus vem nos oferecer a oportunidade de recomeçar a vida, conduzidos por ele e iluminados pela sua Palavra. Leia todos os dias ao menos uma breve passagem da Bíblia. Reze os Salmos saboreando a sua beleza e suavidade.
Emaús nos mostra que Jesus se revela ao partir o pão, na “fração” do Pão eucarístico e na partilha do pão de cada dia. Como discípulos, nós continuamos a reconhecer e a encontrar Jesus no pão eucarístico, assim como no pão repartido em sinal de partilha fraterna e solidariedade. A “fração do pão”, narrada por Lucas na passagem de Emaús, se renova e se prolonga na vida da comunidade dos discípulos, que é a Igreja, conforme nos mostra o mesmo evangelista, ao escrever os Atos dos Apóstolos. A partilha do pão de cada dia, que é consequência da partilha do pão eucarístico, também se torna ocasião para a experiência da presença do Ressuscitado em nosso meio.
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