Papa Francisco durante a Missa celebrada na Casa Santa Marta. Foto: Vatican Media |
VATICANO, 17 Abr. 20 / 10:00 am (ACI).- O Papa Francisco enfatizou, durante a Missa celebrada nesta sexta-feira, 17 de abril na Casa Santa Marta, que a familiaridade com Jesus deve ser comunitária: com a Igreja, com os sacramentos e com o povo.
Advertiu que "uma familiaridade sem comunidade, uma familiaridade sem o pão, uma familiaridade sem a Igreja, sem o povo, sem os sacramentos, é perigosa".
“Pode tornar-se uma familiaridade – digamos – gnóstica, uma familiaridade separada do povo de Deus. A familiaridade dos apóstolos com o Senhor sempre era comunitária, se dava sempre à mesa, sinal da comunidade. Sempre era com o Sacramento, com o pão”, afirmou.
O Pontífice fez essa reflexão à raiz da situação excepcional que a Igreja está vivendo por causa da pandemia de coronavírus, que obrigou a celebração da Missa através dos meios de comunicação por causa do isolamento social.
Assinalou que essa familiaridade gnóstica é um perigo no qual os cristãos podem cair neste momento de pandemia em que "todos nos comunicamos também religiosamente através da mídia, inclusive esta Missa, estamos todos comunicados, mas não juntos, espiritualmente juntos”.
"Esta não é a Igreja", enfatizou. “Esta é a Igreja de uma situação difícil, que o Senhor a permite, mas o ideal da Igreja é sempre com o povo e com os Sacramentos. Sempre”.
Nesse sentido, contou uma anedota. Ele explicou que “antes da Páscoa, quando saiu a notícia que eu celebraria a Páscoa em São Pedro vazia, um bispo me escreveu – um bom bispo: bom – e me repreendeu. ‘Mas como é possível, São Pedro é tão grande, por que não colocam 30 pessoas ao menos, para que se veja as pessoas? Não haverá nenhum perigo...’".
"Eu pensei: ‘Mas, o que esse tem na cabeça, para me dizer isso?’. No momento, não entendi. Mas como é um bom bispo, muito próximo do povo, algo quererá dizer-me. Quando o encontrar, lhe perguntarei".
O Papa explicou que “depois entendi, não viralizar o povo de Deus. A Igreja, os Sacramentos, o Povo de Deus são concretos".
"É verdade que neste momento devemos ter esta familiaridade com o Senhor desse modo, mas para sair do túnel, não para permanecer aí", disse o Papa.
O Papa deu como exemplo a familiaridade cristã com Deus, a familiaridade demonstrada pelos apóstolos com Jesus, e que é especialmente revelada quando se reencontram na Galileia após a ressurreição.
Pedro e os demais apóstolos foram pescar no mar de Tiberíades, mas não pegaram nada. Quando amanheceu, Jesus se apresentou na margem, embora não o reconheceram. Jesus os convidou a lançar suas redes novamente, e eles conseguiram uma pesca abundante. Então o reconheceram.
“Ninguém lhe perguntou, aí, ‘quem és?’: sabiam que era o Senhor", assinalou o Papa, porque tinham “uma familiaridade cotidiana com o Senhor". "E, certamente, fizeram a primeira refeição do dia juntos, com o peixe e o pão, certamente falaram de muitas coisas com naturalidade. Esta familiaridade dos cristãos com o Senhor sempre é comunitária. Sim, é íntima, é pessoal, mas em comunidade”.
“E essa é a familiaridade dos apóstolos: não gnóstica, não viralizada, não egoísta para cada um deles, mas uma familiaridade concreta, no povo. A familiaridade com o Senhor na vida cotidiana, a familiaridade com o Senhor nos Sacramentos, no meio do Povo de Deus. Eles fizeram um caminho de amadurecimento na familiaridade com o Senhor: aprendamos nós a fazê-lo também”, concluiu o Papa Francisco.
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
João 21, 1-14
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