Muitos
protestantes dizem que os livros deuterocanônicos são apócrifos. Em outras
palavras, para eles esses livros não são Escritura e inspirados por Deus. Uma
das razões para isso, é que dizem que não haviam profetas em qualquer um desses
livros, eis alguns exemplos:
Ron
Rhodes, em seu livro, “Reasoning from the Scriptures
with Catholics”, p. 33 escreve:
“Além disso, nenhum livro
apócrifo foi escrito por um verdadeiro profeta ou apóstolo de Deus … Além
disso, nenhum livro apócrifo contém profecia preditiva, que teria servido para
confirmar a inspiração divina.”
Norman
Geisler e Ralph E. em “Roman Catholics and
Evangelicals: Agreements and Differences” p.
167, escreve:
“Há fortes evidências de que os livros apócrifos não
são proféticos. Mas desde que profecia é o teste para canonicidade, isso
elimina os apócrifos do cânon”
É bem difícil acreditar que qualquer
um deles tenha estabelecido o cânon das escrituras, usando o teste de que para
que um livro fosse inspirado, tivesse que conter uma profecia,
primeiro eles teriam que provar que profecia o livro de Ester, Rute e etc..
contém.
No entanto, apesar da alegação
protestante no Livro da Sabedoria capítulo 2 versículos de 12-20 é uma das mais
claras passagens que contém uma profecia e apontam para uma pessoa que iria
chamar-se Filho de Deus, que seria condenado à morte por pessoas invejosas. O
texto diz:
“12. Cerquemos o justo, porque nos incomodai e se opõe às nossas ações,
nos censura as faltas contra a Lei, nos acusa de faltas contra a nossa
educação. 13. Declara ter o conhecimento de Deus e se diz
filho do Senhor;14. ele se tornou acusador de nossos pensamentos,
basta vê-lo para nos importunarmos; 15. sua vida se distingue
da dos demais e seus caminhos são todos diferentes.16. Ele nos tem em
conta de bastardos; de nossas vias se afasta, como se contaminassem. Proclama
feliz o destino dos justos e se gloria de ter a Deus por pai. 17. Vejamos
se suas palavras são verdadeiras, experimentemos o que será do seu fim.18. Pois
se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus
adversários. 19. Experimentemo-lo pelo ultraje e pela tortura
para apreciar a sua serenidade e examinar a sua resignação. 20. Condenemo-lo
a uma morte vergonhosa, pois diz que há quem o visite.” (Sabedoria
2, 12 – 20)
Estas profecias acima só são
encontradas no capítulo 2 da Sabedoria. Vamos verso a verso, cameçando pelo
versículo 12:
“Cerquemos o justo, porque nos incomodai e se opõe às nossas ações, nos
censura as faltas contra a Lei, nos acusa de faltas contra a nossa
educação.” (Sabedoria 2, 12)
Um homem justo que censurar os
líderes e sua educação. Vejamos como isso se cumpre em Jesus:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da
lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar
estas coisas, mas sem omitir aquelas […] Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos,
mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Assim também
vós: por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de
hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus23, 23.27-28)
“Moisés não vos deu a Lei? No
entanto, nenhum de vós pratica a Lei. Por que procurais matar-me?” A
multidão respondeu: “‘Tens um demônio. Quem procura matar-te?’” (João 7, 19-20)
Jesus,
como em Sabedoria 2, 12, é um homem justo, na verdade,
perfeitamente justo. Ele condena os escribas como infratores da lei, os chama
de hipocritas e ‘repreendeu-os por suas faltas conta a lei’ como em
Mateus 23, 27-28. Ele os chama de infratores, e ele diz que tentarão matá-lo…
Sabedoria 2, 12, fala também de homens à espreita para pegar o justo e em
Mateus 26, 3 – 4 vemos os sumos sacerdotes e os anciãos fazendo o seguinte:
“Então os chefes dos sacerdotes
e os anciãos do povo congregaram-se no pátio do Sumo Sacerdote, que se chamava
Caifás, e decidiram juntos que prenderiam a Jesus por um ardil e o
matariam.” (Mateus 26, 3-4)
Ele
foi recebido como um rei pelo povo (João 12, 12-15) e por isso os governantes não
poderiam fazer isso durante o dia. Jesus repreendeu-os pela quebra da lei, e os
acusou de hipocrisia, então os líderes religiosos se ofenderam. O que Jesus faz
para os deixarem assim? Ele expôs a sua hipocrisia. Ele os chama de infratores
da lei, e que não mantem o coração da lei, como as passagens acima mostram.
Vejamos o versículo seguinte,
Sabedoria 2, 13:
“Declara ter o conhecimento de Deus e
se diz filho do Senhor;” (Sabedoria
2, 13)
O homem justo afirma ter conhecimento
de Deus, e de fato ele tem o conhecimento exclusivo de Deus. Ele professa ser
um filho de Deus. Vejamos o que diz o evangelho:
“e vós não o conheceis, mas eu o
conheço; e se eu dissesse ‘Não o conheço’, seria mentiroso, como vós. Mas
eu o conheço e guardo sua palavra” (João 8, 55)
Jesus
conhece o Pai, de uma maneira única, o conhece melhor do que seus adversários,
e também os chama de seguidores do diabo (Jo 8, 44).
Como
mostra a Sabedoria 2, 13, ele diz ser filho de Deus, como ele se refere a Seu
Pai. Jesus se refere a seu Pai, muitas vezes, como “Meu Pai” (Ver João 8, 38, 49, 54, 10, 19, 25, 29, etc),
significando uma relação especial com Deus, o Pai. Ele chama a si mesmo de
Filho de Deus , João 3, 18:
“Quem nele crê não é julgado;
quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único
de Deus.” (João 3, 18)
Vejamos
também como ele se refere a si mesmo como o Filho de Deus em João 5, 25
“Em verdade, em verdade, vos
digo: vem a hora — e é agora — em que os mortos ouvirão a voz do Filho
de Deus, e os que o ouvirem, viverão.” (João 5, 25)
Ele se auto denomina Filho de Deus,
justamente como a Sabedoria 2, 13 predisse.
Vamos ao próximo versículo em
Sabedoria 2, 14:
“ele se tornou acusador de nossos
pensamentos…”(Sabedoria 2, 14)
O novo testamento relata:
“Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: ‘Por
que tendes esses maus pensamentos em vossos corações?’” (Mateus
9, 4)
“Os escribas e os fariseus observavam-no para ver se ele o curaria
no sábado, e assim encontrar com que o acusar. Ele, porém, percebeu
seus pensamentos e disse ao homem da mão atrofiada: ‘Levanta-te e fica
de pé no meio de todos’. Ele se levantou e ficou de pé. Jesus lhes disse: ‘Eu
vos pergunto se, no sábado, é permitido fazer o bem ou o mal, salvar uma vida
ou arruiná-la’. Correndo os olhos por todos eles, disse ao homem: ‘Estende a
mão’. Ele o fez, e a mão voltou ao estado normal. Eles, porém, se enfureceram e
combinavam o que fariam a Jesus.” (Lucas 6, 7-11)
Jesus leu os pensamentos de seus acusadores, repreendeu-os
por esses pensamentos, e eles reagiram conspirarando para destruir Jesus.
Vamos dar uma olhada no próximo
versículo Sabedoria 2, 15:
“… basta vê-lo para nos
importunarmos; sua vida se distingue da dos demais e seus caminhos são
todos diferentes.”
O homem justo não fará como outros
líderes “religiosos” fizeram. Vejamos o evangelho:
“Nesse tempo, chegaram-se a
Jesus fariseus e escribas vindos de Jerusalém e disseram: “Por que os
teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois que não lavam as mãos
quando comem”. Ele respondeu-lhes: ‘E vós, por que violais o
mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus
disse: Honra pai e mãe e Aquele que maldisser pai ou mãe certamente deve
morrer. Vós, porém, dizeis: Aquele que disser ao pai ou à mãe ‘Aquilo que de
mim poderias receber foi consagrado a Deus’, esse não está obrigado a honrar
pai ou mãe. E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição.”
Como a Sabedoria 2 previa, ele não
seguiu a falsa tradição dos fariseus, e eles viram suas ações como estranhas.
Ele curou no sábado, e que foi ‘estranho’ a eles:
“E entrou de novo na sinagoga, e
estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. E o observavam para ver se o
curaria no sábado, para o acusarem. Ele disse ao homem da mão atrofiada:
“Levanta-te e vem aqui para o meio”. E perguntou-lhes: “É permitido, no
sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar?” Eles, porém, se
calavam. Repassando estão sobre eles um olhar de indignação. E
entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: “Estende a
mão”. Ele a estendeu, e sua mão estava curada. Ao se retirarem, os
fariseus com os herodianos imediatamente conspiraram contra ele sobre como o
destruiriam.” (Marcos 3, 1-6)
Novamente, eles procuram destruí-lo,
como mencionado em Sabedoria 2, 12, e consideraram como “estranho” ele
curar no sábado.
“Os escribas e os fariseus
começaram a raciocinar: ‘Quem é este que diz blasfêmias?
Não é só Deus que pode perdoar pecados?’ Jesus, porém, percebeu seus
raciocínios e respondeu-lhes: ‘Por que raciocinais em vossos corações? Que
é mais fácil dizer: Teus pecados estão perdoados, ou: Levanta-te e anda? Pois
bem! Para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na
terra, eu te ordeno — disse ao paralítico — levanta-te, toma tua maca e vai
para tua casa’. E no mesmo instante, levantando-se diante deles, tomou a maca
onde estivera deitado e foi para casa, glorificando a Deus. O espanto
apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam:
‘Hoje vimos coisas estranhas!’” (Lucas 5, 21-26)
Foi
estranho para os fariseus Jesus ter alegado a autoridade para perdoar pecados.
E o que o povo assistiu foi ‘estranho’, ‘diferentr’. Esta é uma realização
da Sabedoria 2, 15.
Vamos
ao próximo versículo Sabedoria 2, 16:
“Ele nos tem em conta de
bastardos; (1) de nossos caminhos se afasta, como se
contaminassem. (2) Proclama feliz o destino dos justos e se
gloria de (3) ter a Deus por pai.”
Vamos analisar cada uma destas três
características neste verso: Então, o justo irá considerar seus adversários
maus, e evitará o seus caminhos. Ele se chamará o o caminho do justo de feliz,
e chamará a Deus por Pai. Foram destacas essas 3 coisas específicas. Ele evita
os seus caminhos como impuros, ele chama feliz o caminho do justo, e chama a
Deus por Pai.
“O Senhor, porém, lhe disse: ‘Agora
vós, ó fariseus! Purificais o exterior do copo e do prato, e por dentro
estais cheios de rapina e de perversidade! Insensatos! Quem fez o
exterior não fez também o interior? Antes, dai o que tendes em esmola e tudo
ficará puro para vós!’” (Lucas 11, 39-41)
1) Vemos nesta passagem que Jesus se refere o caminho
dos fariseus como imundos, e como eles são hipócritas. Estão cheio de rapina e
perversidade, eles são impuros. Jesus nos diz para sermos limpo, dando esmolas
e sendo justos. Então Jesus diz às pessoas para evitarem os seus caminhos,
porque eles são hipocritas. Isso se encaixa com a profecia da Sabedoria 2.
Vejamos
a parte 2 da realização da Sabedoria 2, 16, Mateus 5, 10:
“Bem-aventurados os que são perseguidos
por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5, 10)
2) Jesus ensina que aqueles que os que buscam a
justiça serão felizes, e como eles estarão no reino de Deus, como previsto
em Sabedoria 2, 16.
“Tudo me foi entregue por
meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, e quem é o Pai
senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. (Lucas 10, 22)
3) Jesus chama a Deus como seu Pai, assim como
Sabedoria 2, 16 preveu. Assim, vemos três idéias neste versículo, cumpridas na
vida de Cristo nos evangelhos.
Vejamos
as passagens finais desta seção, Sabedoria 2, 17-20.
“Vejamos se suas palavras são
verdadeiras, experimentemos o que será do seu fim. Pois se o justo é filho de
Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários. Experimentemo-lo pelo ultraje e pela tortura
para apreciar a sua serenidade e examinar a sua resignação. Condenemo-lo
a uma morte vergonhosa, pois diz que há quem o visite.” (Sabedoria 2,
17-20)
Agora, vamos comparar com o
evangelho. Agora, em Mateus 27, 41-43, vemos o seguinte:
“Do mesmo modo, também os chefes
dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, caçoavam dele: ‘A outros
salvou, a si mesmo não pode salvar! Rei de Israel que é, que desça
agora da cruz e creremos nele! Confiou em Deus: pois que o livre agora, se é
que se interessa por ele! Já que ele disse: Eu sou filho de Deus’”.
(Mateus 27, 41-43)
Sabedoria 2,
17 diz que eles verão se suas
palavras são verdadeiras, no final de sua vida. Os adversários de Jesus tiveram
a idéia que se ele estivesse dizendo a verdade, ele desceria da cruz e Mt. 27,
42 diz: “desça agora da cruz e nós creremos
nele!”
Sabedoria 2,
18 diz que se ele realmente é o
Filho de Deus, Deus vai livrá-lo,e Mateus. 27, 43 diz que se ele é o
Filho de Deus, ele vai livra-lo:
“Confiou em Deus, Deus o
livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!”(Mateus
27, 43)
Agora, nesta passagem, alguém verá em
uma Bíblia protestante, uma referência de Mateus 27:43 ao Salmo 22, 8. Isso é porque há uma menção de “bem, se Deus está com ele, ele vai livrá-lo”(Salmo. 22, 8). Não há dúvida que também é uma
referência a este Salmo, no entanto, não é uma referência completa.
Apenas em Sabedoria 2, 18, vemos onde, especificamente, disse que “Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e
o libertará das mãos de seus adversários.”. Essa é uma referência muito mais completa.
Sabedoria 2,
19 relata que ele será insultado,
eles zombam dele, já em Mateus 27, 43 e em verso semelhante em Lucas 23, 35-37, lemos:
“O povo permanecia lá, a
olhar. Os chefes, porém, zombavam e diziam: ‘A outros salvou, que
salve a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Eleito!’. Os soldados
também caçoavam dele; aproximando-se, traziam-lhe vinagre, e diziam: ‘Se és o
rei dos judeus, salva-te a ti mesmo’.” (Lucas 23, 35-37)
Eles
insultam e zombam dele, tal como previsto em Sabedoria 2, 19.
Finalmente, Sabedoria 2,
20 indica que ele será condenado à morte. Ele é condenado à morte na
cruz, como se fosse um criminoso comum. Dois criminosos morrem com ele, um à
esquerda e um à sua direita.
Podemos ver nessa passagem de
Sabedoria 2, 12-20, uma das razões por que os judeus decidiram, em Jâmnia em 90
d.C, não permitir os livros deuterocanônicos. Esta passagem em Sabedoria 2 tem
muitas facetas que são cumpridas em Jesus Cristo. Ele era um homem justo. Ele
conhecia Deus de uma maneira especial. Ele foi um dos que condenou os líderes
religiosos da época, que procuraram em segredo prender Jesus. Ele chamou a Deus
por Pai. Chamou os fariseus de hipocritas. Seus caminhos eram “estranhos”. Ele
leu seus pensamentos. Ele afirmava ser filho de Deus. Ele foi ridicularizado e
torturado, e foi condenado à morte como um criminoso comum, e hostilizado por
seus adversários. Esta passagem é cumprida de muitas maneiras em Jesus Cristo.
E somente em Jesus Cristo.
Sabedoria 13 é também usada por Paulo em seus escritos em
Romanos 1, 18-23. Existem outras alusões à Sabedoria em outras partes do Novo
Testamento. No entanto, esta profecia de Sabedoria 2 da vida e morte de Jesus é
um testemunho mais poderoso da verdade de quem é Jesus. Isso é muita coisa para
qualquer idéia de que não há profecias contidas nos livros deuterocanônicos.
Para Citar:
Matt.
Apologistas Católicos. Sabedoria 2, 12-20: A profecia cumprida em Jesus
Cristo. Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/deuterocanonicos/527-sabedoria-2-12-20-a-profecia-cumprida-em-jesus-cristo>.
Desde 28/06/2012.
Bíblia Católica News
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