Paróquia da Rainha |
belo e singular elemento da piedade mariana e do culto cristão.
A
Ladainha de Nossa Senhora é um exercício de oração mariana que possui um grande
valor teológico e simbólico que pode ser percebido em cada uma de suas invocações.
A palavra ladainha vem do grego e significa súplica. A Ladainha mais conhecida
de Nossa Senhora é a Ladainha Lauretana, ou Loretana, assim chamada por ter se
popularizado a partir do Santuário de Loreto, na Itália. Segundo a tradição, é
na cidade de Loreto que se encontra a casa na qual morou a Virgem Maria na
Palestina.
Essa
casa foi transportada milagrosamente para Loreto, em 1291. Essa notícia espalhou-se
rapidamente entre os fiéis e deu origem a numerosas peregrinações. Diante da
casa de Maria, os peregrinos pagavam suas promessas, rezavam e invocavam os diversos
títulos atribuídos à Virgem Mãe, expressando os sinais da devoção mariana.
Desse
modo, podemos considerar que a Ladainha Lauretana é fruto da ação do Espírito Santo
nas almas de diversos fiéis, é uma bela oração popular, uma música para os ouvidos,
tanto é assim que, muitos músicos, entre eles Mozart, compuseram belas melodias
para essa Ladainha.
Com
o passar do tempo, essas invocações passaram a ser cantadas diariamente no
Santuário de Loreto e, logo depois, foram difundidas em diversos países, pois os
peregrinos, ao retornarem para suas casas, levavam, em seus corações, a memória
da sonoridade dos cantos e das invocações.
A
Ladainha Lauretana não é somente uma coleção de invocações que dirigimos à
Virgem Maria, pois a Ladainha é uma forma criativa e inovadora que os fiéis
cristãos encontraram para expressar o conhecimento que possuem sobre Nossa
Senhora. O ideal é que, quando rezamos a Ladainha, meditemos em cada título que
é rezado, pois não basta saber, por exemplo, que Maria é a Mãe de Deus. É
preciso refletir, meditar, aprofundar, em oração, as verdades contidas neste
dogma mariano que dá origem a todos os outros dogmas relacionados a Nossa
Senhora.
Por
meio de um texto publicado em Florença, na Itália, em 1572, no século XVI, sabemos
que, naquela época, a Ladainha de Nossa Senhora possuía 43 invocações. No decorrer
da História, outras invocações foram incorporadas à Ladainha Lauretana. Após a
vitória dos cristãos, na Batalha de Lepanto, sobre os turcos-otomanos que
ameaçavam invadir a Europa e perseguir os cristãos, o Papa Pio VII acrescentou
a invocação Auxílio dos cristãos em agradecimento a Nossa Senhora por essa
vitória. A invocação Rainha Concebida sem pecado original está relacionada à
definição do dogma da Imaculada Conceição, por Pio IX, em 1854. Pouco depois,
em 1883, o Papa Leão XIII incluiu a invocação Rainha do sacratíssimo Rosário,
expressando o valor e a força da oração do Rosário em momentos difíceis da
História. Em 1903, o Papa Leão XIII incluiu a invocação Mãe do bom conselho,
para homenagear o Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, que fica em sua terra natal.
Nos
séculos e anos mais recentes, outros títulos, outras invocações foram acrescidas
à Ladainha Lauretana. Em 1917, no terceiro ano da Primeira Grande Guerra Mundial,
o Papa Bento XV incluiu a invocação Rainha da Paz, pedindo aos cristãos que recorressem
a Nossa Senhora, suplicando pelo fim da guerra. A invocação Rainha assunta ao céu foi introduzida pelo Papa Pio XII, em 1950, após a definição do
dogma da Assunção de Nossa Senhora ao céu. Já a invocação Mãe da Igreja foi
acrescida pelo Papa Paulo VI, em 1964, após o término da terceira seção do
Concílio Vaticano II. No pontificado de São João Paulo II, em 1995, foi
acrescida a invocação Rainha das Famílias, por ocasião do sétimo aniversário do
Santuário de Loreto.
Neste
ano de 2020, na Solenidade do Imaculado Coração de Maria, o Papa Francisco
autorizou três novas invocações na Ladainha Lauretana. São elas: Mãe de Misericórdia,
Mãe da Esperança e Consolo/Refúgio dos migrantes. Essas três novas invocações
respondem ao momento atual do mundo e os seus desafios e expressam a preocupação
da Igreja com os migrantes, com os refugiados e com os modernos males que
afligem o mundo, projetando a nossa confiança nas bondosas mãos da Virgem
Maria que caminha conosco pela senda da História.
Maria que caminha conosco pela senda da História.
A
Ladainha Lauretana possui atualmente cerca de 53 invocações seguidas pelo pedido
da assembleia: “Rogai por nós”. Algumas invocações da Ladainha podem até parecer
estranhas, tais como Torre de Marfim ou Arca da Aliança. Mas, ao mesmo tempo,
essas invocações, caso não as saibamos relacionar com a Virgem Maria, apresentam a possibilidade de um estudo mais detalhado para o conhecimento
desses títulos. No final, a Ladainha termina em um clima penitencial ao
“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
A
Ladainha Lauretana é um tesouro da Igreja, uma oração que atravessa séculos e
gerações, testemunhando os sinais da nossa devoção mariana e, por isso, ela é
uma pérola preciosa de imenso valor que devemos acrescentar ao patrimônio da
nossa fé,
pois, quando rezamos a Ladainha de Nossa Senhora, não nos cansamos de dizer à Virgem Maria que Ela é parte integrante da nossa Igreja, da nossa História, da nossa vida pessoal e das nossas comunidades.
pois, quando rezamos a Ladainha de Nossa Senhora, não nos cansamos de dizer à Virgem Maria que Ela é parte integrante da nossa Igreja, da nossa História, da nossa vida pessoal e das nossas comunidades.
Rezar
a Ladainha de Nossa Senhora é mergulhar na atmosfera da santidade por meio das
mãos solícitas de Maria, é manter vivo o testemunho da devoção mariana vivenciado
pelos santos, pelos mártires e por todos os fiéis que jamais economizaram suas cordas vocais no serviço do canto afinado das virtudes, qualidades, dons e
graças que resplandecem na pessoa da Virgem Santa Maria.
Aloísio
Parreiras
Arquidiocese de Brasília
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