Relíquia da mão de Santa Teresa de Ávila à esquerda, a Manopla Infinito à direita. |
Saiba mais sobre a Relíquia da Mão esquerda de Santa Teresa
D’Ávila
A Ordem dos Carmelitas Descalços
nasceu da reforma da Ordem do Carmo, em meados do séc. XVI, impulsionada por
Santa Teresa de Jesus, inspirada pela austeridade vivida nos primeiros
conventos dos eremitas do Monte Carmelo, em Jerusalém (séc. XII). Reformado o
ramo feminino a partir do Convento de Ávila, Teresa de Jesus empreendeu a
reforma do masculino. O projecto foi aprovado pelo Papa Pio V e confirmado por
Gregório XIII, dando-se a separação completa dos Carmelitas Descalços em
relação aos Calçados em 1593.
Enviado por Santa Teresa a
Portugal, Frei Ambrósio Mariano funda o primeiro convento de Carmelitas
Descalços, em Lisboa, a 15 de Outubro de 1581, com apoio de Filipe II, e três
anos depois o primeiro feminino, o Convento de Santo Alberto, também em Lisboa,
este último, no local onde hoje se situa o Museu Nacional de Arte Antiga às
Janelas Verdes, anexo ao Palácio Alvor/Távora .
Em terras portuguesas, a descalcez
carmelitana (também designada por Ordem dos Irmãos Descalços da Bem-Aventurada
Virgem Maria do Monte Carmelo e Ordem Carmelitana Descalça) remonta a 1581, ano
em que se funda em Lisboa, sob a invocação de S. Filipe, o primeiro convento
masculino de Carmelitas Descalços, beneficiando do clima de favorecimento que,
em contexto pós tridentino, se dispensava às ordens reformadas.
«A famosa cidade de Lisboa,
afeiçoada do trato dos filhos de Sta. Teresa, desejava casa das filhas, não se
prometendo menos delas do que via neles». É nestes termos que a Crónica de
Carmelitas Descalços redigida pelo portugûes Fr. Belchior de Santa Ana
apresenta o contexto da primeira fundação de descalças femininas em Portugal.
Vários nobres se organizaram para pedir ao Prior de S. Filipe, Fr. Ambrósio
Mariano, «procurasse trazer religiosas àquela cidade, que mais que qualquer
outra de Espanha era acomodada para elas». Os mais activos em todo este
processo foram D. Duarte de Castel-Branco, Conde do Sabugal, com especial
referência à nora, D. Luísa Coutinho, D. Luís de Lencastre, Comendador-Mor de
Avis e D. João Lobo, Barão de Alvito. Nesse sentido, a 16 de Outubro de 1584,
parte para Sevilha Fr. Ambrósio Mariano, e a 19 de Janeiro de 1585 fundava-se
em Lisboa o primeiro convento de carmelitas descalças, tendo como fundadora a
Madre Maria de San José Salazar, uma discípula de Santa Teresa e talvez uma das
suas religiosas mais emblemáticas.
Este projecto fundacional estivera desde muito cedo nos desejos da Santa, a quem o contexto da fundação portuguesa fora apresentado em revelação, associado justamente à figura de Maria de San José, então prioresa do convento de descalças de Sevilha.
Este projecto fundacional estivera desde muito cedo nos desejos da Santa, a quem o contexto da fundação portuguesa fora apresentado em revelação, associado justamente à figura de Maria de San José, então prioresa do convento de descalças de Sevilha.
Santa Teresa de Jesus morreu na
noite de 04 de Outubro de 1582, curiosamente no mesmo dia em que o calendário
juliano foi substituído pelo calendário gregoriano, de modo que o dia passou a
ser sexta-feira 15 Outubro. Seu corpo, enterrado no convento da Anunciação, em
Alba de Tormes, Espanha, foi exumado em 25 de Novembro de 1585 (a 04 de Julho
de 1583 de acordo com outras fontes). Segundo a lenda, ao abrir o caixão, o
corpo estava inteiro e incorrupto. O Padre Carmelita Jerónimo Gracián,
cortou-lhe então a mão esquerda entregando-a como relíquia sagrada às Madres
Carmelitas do Convento de San José de Ávila, em Espanha, não sem antes guardar
para si o dedo mindinho da Santa.
Começa aqui, em 1599, a história
da relíquia da Mão esquerda de Santa Teresa de Jesus (ou D’Ávila) em Portugal,
altura em que foi trazida e mantida no primeiro Convento Carmelita feminino
fundado em Lisboa, Convento de Sto.Alberto.
Com a extinção das Ordens
Religiosas em 1834 e após a morte da última freira em 1890 o convento é
definitivamente encerrado. Vão por essa altura lentamente desaparecendo os dez
mosteiros que Portugal contava à época, à excepção do de Coimbra que é
encerrado com o advento da República.
A mão permaneceu em Portugal de 1599 até 1920. Nesta data, as freiras que a guardavam, fugindo da revolução que depôs a monarquia em 1910, levaram-na de volta para a Espanha. Em 1924, foi transferida para o convento recentemente aberto dos Carmelitas Descalços de Ronda. No início da Guerra Civil em Espanha, a 29 de Agosto de 1936, a mão foi requisitada pelos republicanos. Em Fevereiro de 1937, quando as tropas golpistas tomaram Málaga, encontraram “uma relíquia esquecida” na mala do republicano Coronel José Villalba Riquelm, e em vez de a devolverem aos seus proprietários, levaram-na para Burgos, onde Franco não hesitou em se apropriar dela. O Capelão do asilo, Padre Rendon, tentando justificar a apropriação indevida da Relíquia, consolou os Carmelitas com a seguinte frase:
“La mano no se pierde, se va con el Caudillo para guiarle en la conducción de
la Patria”.
Franco, enquanto viveu, nunca se
separou da Relíquia, incorporando-a mesmo na sua comitiva oficial, incluindo-a
durante as viagens oficiais, e nas férias de Verão em San Sebastian ou em Pazo
de Meiras.
Depois da sua morte, a mão de
Santa Teresa foi devolvida à congregação religiosa, e está actualmente no
convento da cidade Merced de Ronda, Málaga, não tendo nunca mais regressado a
Portugal, onde tinha permanecido durante mais de três séculos.
Não se pense no entanto que é a
única relíquia preservada de Santa Teresa D’Ávila: o mesmo convento também tem
o seu olho esquerdo. O pé direito e parte da mandíbula superior está em Roma, o
braço esquerdo e coração, na Igreja da Anunciação, em Alba de Tormes. No
altar-mor da mesma igreja, é preservado o que resta de seu corpo numa arca de
mármore. Dedos e pedaços de carne estão espalhados por Espanha e outros países.
Conta o jornal “El Mundo” uma
anedota curiosa sobre o outro braço da Santa, não corrompido: numa peregrinação
carmelita que viajou para o Estados Unidos em visita aos frades Carmelitas
daquele país, resolveram levar consigo o Relicário contendo o Braço de Santa
Teresa D’Ávila. Quando o navio chegou a Nova York, tiveram que preencher um
questionário na alfândega, e não existindo nenhuma clausula onde se pudesse
incluir a designação de “Relíquias Religiosas”, fez com que o zeloso
funcionário da alfândega, assinalasse com uma cruz a alínea correspondente a
“enlatados e salgados”.
Fontes:
http://patrimoniocultural.cm-lisboa.pt/
http://www.lavozdegalicia.es/
http://coscorronderazon.blogspot.pt/
serzisanz.wordpress.com
http://ler.letras.up.pt/artigo12701.pdf
Bíblia Católica Newshttp://patrimoniocultural.cm-lisboa.pt/
http://www.lavozdegalicia.es/
http://coscorronderazon.blogspot.pt/
serzisanz.wordpress.com
http://ler.letras.up.pt/artigo12701.pdf
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