Santo Antônio de Pádua, século XVII (© Musei Vaticani) |
Seu nome de batismo é Fernando.
Nasceu em Lisboa, Portugal, por volta do dia 15 de agosto de 1125, no seio de
uma nobre família. Com 15 anos, entra para a Ordem dos Cônegos Regulares de
Santo Agostinho. Preparou-se para o sacerdócio no mosteiro de Santa Cruz, em
Coimbra. Sendo ordenado sacerdote, com 24 anos de idade, foi encaminhado à
carreira de filósofo e teólogo. Mas, desejava uma vida religiosa mais severa. A
reviravolta deu-se em 1220, quando chegaram à igreja de Santa Cruz os restos
mortais de cinco missionários franciscanos, torturados e assassinados em
Marrocos.
Da
regra agostiniana à regra franciscana
Fernando decidiu deixar os Cônegos
agostinianos para seguir as pegadas de São Francisco de Assis; escolheu ser
chamado Antônio, para imitar o santo anacoreta egípcio. Amadureceu um forte
impulso à missão e, seguindo este ideal, partiu para o Marrocos. Porém,
contraiu uma doença e foi obrigado a um repouso forçado, sem poder pregar. Não
teve outra opção a não ser ir para a Itália. No entanto, o navio no qual
embarcou, naufragou no golfo da Sicília. Tendo-se restabelecido, em 1221, foi
parar em Assis, onde Francisco havia convocado todos os seus frades. Esta foi
uma ocasião propícia para conhecê-lo pessoalmente, não obstante tenha sido um
encontro simples. Revigorando sua escolha de seguir a Cristo, na fraternidade
Franciscana, Antônio foi enviado ao eremitério de Montepaolo, na Romanha. Ali,
dedicou-se, sobretudo, à oração, meditação, penitência e trabalhos humildes.
Antônio
pregador
Em setembro de 1222, Antônio foi
enviado a fazer pregação em Forlì, onde revelou seu talento. Das suas palavras
emergiram uma profunda cultura bíblica e simplicidade de expressão. A Assidua,
a primeira biografia de Santo Antônio, narra: “A sua língua, movida pelo
Espírito Santo, começou a raciocinar sobre muitos assuntos, com ponderação, de
modo claro e conciso”. Desde então, Antônio começou a percorrer o norte da
Itália e o sul da França, pregando o Evangelho aos povos e povoados, muitas
vezes confusos pelas heresias do tempo, sem poupar críticas contra a decadência
moral de alguns expoentes da Igreja. No ano seguinte, em Bolonha, foi mestre de
Teologia para os frades que se formavam. Foi o próprio Francisco que, com uma
carta, conferiu-lhe este encargo, autorizando-o a ensinar e recomendando-lhe
também a não se descuidar da oração.
A
escolha de Pádua
Pelos seus talentos, que Antônio
demonstra saber colocar ao serviço do Reino de Deus, com 32 anos foi nomeado
superior das Fraternidades franciscanas do norte da Itália. Ao cumprir tal
função, visitou, incansavelmente, os numerosos Conventos, sob a sua jurisdição,
e abriu outros. No entanto, continuou a atrair grandes multidões com suas
pregações, transcorrendo diversas horas no confessionário e a reservar, para
si, momentos de retiro em solidão. Decidiu estabelecer-se em Pádua, junto à
pequena comunidade franciscana da igreja de Santa Maria Mater Domini.
Não obstante a sua pouca presença, instaurou com a cidade um forte ligação,
prodigalizando em prol dos pobres e contra as injustiças. Precisamente em
Pádua, teriam sido escritos os Sermones, um tratado para instruir
os coirmãos à pregação do Evangelho e ao preceito dos Sacramentos, sobretudo,
da penitência e da Eucaristia.
A pregação da Quaresma, em 1231, é
considerada seu testamento espiritual, à qual se deve incluir a sua dedicação
amorosa, por horas e horas, às confissões. Após as celebrações pascais, abatido
por problemas de saúde e consumido pela fadiga, Antônio aceitou retirar-se por
um período de convalescença; depois, com alguns coirmãos, aceitou o convite de
um período de descanso e de meditação em um pequeno eremitério, em Camposampiero,
a poucos quilômetros de Pádua. Pediu que lhe fosse adaptado um simples refúgio
sobre uma grande nogueira, onde transcorrer os dias em contemplação e em
contato com a gente humilde da periferia do campo, voltando para o eremitério
só à noite. Ali, deu-se a visão do Menino Jesus.
No dia 13 de junho, Antônio sentiu-se
mal; entendendo que a sua hora se aproximava, pediu para morrer em Pádua. Foi
transportando por um carro de boi, mas, ao chegar à Arcella, um bairro às
portas da cidade, expirou murmurando: “Vejo o meu Senhor!”.
Reconhecido pela influência de Santo
Agostinho, Antônio conjugou, de modo original, mente e coração, pesquisa
teórica, prática das virtudes, estudo e oração. Doutor da Igreja, Santo Antônio
é simplesmente chamado em Pádua como “o Santo”.
Vatican News
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