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Os primeiros anos de um apóstolo
Próxima a um vulcão, na ilha canária
de Tenerife, a ternura de Deus tece, através dos afetos de Mência Dias e Juan
López o menino José que nasce em 19 de março de 1534 na cidade de São Cristobal
de la Laguna. Durante sua infância, recebe dos seus pais uma educação
profundamente cristã. Também foram eles quem o instruíram em suas primeiras
letras. Aos 12 anos, seus pais o enviam a Portugal para estudar no Colégio das
Artes.
Em Coimbra, o jovem conhece de perto a vida agitada de uma cidade europeia com sua beleza e dificuldades, oportunidades e riscos. Ainda adolescente consagra-se inteiramente aos cuidados da Virgem Maria. Na Igreja dos jesuítas, José de Anchieta serve como coroinha em todas as Missas que pode, chegando a frequentar até 8 missas diárias.
A fama da nova Ordem religiosa chamada Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio de Loyola, se espalha por toda a Europa através do testemunho de seus primeiros missionários, como Francisco Xavier e tantos outros, que partem com o alforje repleto de sementes do Evangelho para semeá-las nos novos mundos. Deste modo a Companhia de Jesus faz arder o coração do jovem José e este não atrasa sua resposta. Aos 17 anos, Anchieta abraça com todo entusiasmo aquele novo carisma que despontava na Igreja e no mundo. O jovem José torna-se jesuíta.
Enfermidade
ou oportunidade de evangelizar?
José anda triste e com fortes dores
pelos corredores do Noviciado. Uma espécie de tuberculose óssea toma o seu
corpo. O Pe. Simão Rodrigues, provincial de Portugal, percebendo a tristeza do
jovem noviço lhe pergunta: “Como estás meu querido José?” – “Muito mal querido
padre!” responde o noviço. O padre Rodrigues observa a tamanha tristeza
evidente no olhar do noviço e lhe faz outra pergunta: “Se o Senhor o quiser
deste modo, você vai aceitar viver desta maneira com alegria?” Essas palavras
consolam o coração do jovem jesuíta.
Deste modo, inspirado pelas cartas dos missionários Francisco Xavier e Manuel da Nóbrega, parte para o Brasil, aos 19 anos, na terceira leva de jesuítas destinados ao Brasil, o jovem José de Anchieta.
No dia 13 de julho de 1553, após dois meses de viagem, chega a salvador aquele jovem enfermo que se tornará o Apóstolo do Brasil. Daqui para a frente, sua vida é devotada totalmente ao serviço dos nativos chamados indígenas. Aprende velozmente sua língua, o Tupi. Escreve uma gramática para que outros também possam aprendê-la. Assim, Anchieta não mede esforços para que sua vida na Terra de Santa Cruz seja a cada instante vivida para a maior glória de Deus.
Poeta
da Virgem Maria
Ao largo dos 44 anos de Anchieta no
Brasil, não faltaram dificuldades na vida do missionário. Em Iperuí, atual
cidade de Ubatuba/SP, o missionário, já com 29 anos, se oferece como refém em
nome de um tratado de paz. Naquele local, Anchieta experimenta um dos momentos
mais difíceis de sua vida. Recebe frequentes ameaças de morte, tentações
contra a castidade e sente imensa solidão. Através de sua alma artística,
promete compor um poema com quase seis mil versos para narrar a história da
Virgem Maria.
Anchieta amava a arte, com sua sensibilidade e gosto também pelo teatro, o apóstolo compôs inúmeras peças que passaram a ser apresentadas em diversos lugares para evangelizar. Escreveu cartas que se tornaram relevantes para a História do Brasil. Por todos esses portentos, Anchieta, além de ser considerado o pai do teatro e da literatura brasileira, é ainda estimado como o primeiro promotor da cultura no Brasil. Foi professor, poeta, teatrólogo, gramático, botânico, fundador de cidades e muito mais porque sempre conservou a oração constante, a devoção, a caridade, a mansidão, a obediência, a humildade, a pobreza, a ordem, a disciplina, a castidade, a paciência e principalmente a confiança em Deus.
Fidelidade
até os últimos dias
Os últimos momentos da vida de
Anchieta foram vividos em Reritiba (Atual cidade de Anchieta-ES). Alí, mesmo
com a enfermidade bastante avançada, não permitia que esta o impedisse de
servir. Nas suas últimas horas, ainda se levantou do seu leito para preparar
um remédio a um companheiro que estava enfermo. E quando dava seus lentos
passos para servir seu irmão, sofreu um ataque que pôs fim à sua vida. Estava
com 63 anos. Era o dia 9 de junho de 1597.
Ao receber esta triste notícia,
aqueles a quem o Pe. Anchieta havia, por toda sua vida, servido, protegido e
defendido, aclamavam: «Morreu o nosso pai. O que nos amava como filhos. O que
deu a vida por nós!»
O corpo de Anchieta foi levado até Vitória, onde foi sepultado. Durante a Missa de corpo presente, foi aclamado pelo Bispo Dom Bartolomeu, «Apóstolo do Brasil». No dia 22 de junho de 1980, o Papa João Paulo II o declarou Bem Aventurado. Em 3 de abril de 2014, após mais de 4 séculos de espera, Francisco, o primeiro papa jesuíta da História, canonizou o jovem canário que veio ao Brasil aos 19 anos e plantou o nome de Cristo no coração da nossa Nação.
Milagres
de ontem e de hoje
Deus favoreceu José de Anchieta com
inúmeros dons e através da sua oração muitos alcançaram milagres.
São incontáveis os testemunhos de pessoas que presenciaram fenômenos de levitação, luzes e músicas celestiais enquanto orava e celebrava a Missa. Os índios até o apelidaram de "caraibebé" que em Tupi significa "homem de asas" porque andava quilômetros em apenas alguns segundos. Outro notável prodígio era a obediência que os animais selvagens lhes tinham. Os índios se maravilhavam tanto com tais portentos que o chamavam também de "pagé guaçu" que significa pagé maior, o mais poderoso.
As curas milagrosas de doentes eram constantes em sua vida como, por exemplo, aconteceu em 1588 na cidade de Carapina/ES a cura do menino Estevão Machado, mudo de nascença. E em 1591, aconteceu a cura do índio Suaçú que tinha uma deficiência motora e passou a caminhar normalmente depois do clamor infalível de Anchieta aos Céus.
Durante mais de quatro séculos, desde a morte de Anchieta, inúmeras pessoas recorrem a São José de Anchieta para pedir e agradecer por graças alcançadas. Hoje, ao lado de Deus e de sua tão amada Virgem Maria, São José de Anchieta continua a pedir por todos os que o invocam com fé, especialmente por seus filhos brasileiros que ele tanto amou.
Vatican News
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