Translate

quinta-feira, 23 de julho de 2020

A Igreja Católica é a prostituta da Babilônia?

A Igreja é a prostituta da Babilônia?
Tenho ouvido muitas vezes protestantes fundamentalistas afirmarem que a Igreja [Católica] é a grande prostituta da Babilônia, sobre a qual a Bíblia fala em Apocalipse 17. Eles dizem: “A Bíblia afirma isso claramente”.
Hoje, quero fazer um breve resumo das razões que eles nos dão para justificar tal interpretação e as respostas que os apologistas católicos oferecem.
DE ONDE VIERAM TAIS INTERPRETAÇÕES?
Ao longo da História, essa interpretação foi adotada por diferentes grupos heréticos ao rejeitarem a Igreja Católica. Entre eles, temos os albigenses (hereges gnósticos de tendências maniqueístas) e, posteriormente, os reformadores protestantes (Lutero, Calvino, Tyndale, Knox, etc.). Neste contexto, não nos causa surpresa que [a referida interpretação] tenha sido adotada por muitos grupos fundamentalistas atuais.
QUEM SÃO OS ATUAIS EXPOENTES DESSA INTERPRETAÇÃO?
Devido ao seu grande número, não terei como comentar todos, mas podemos dizer que entre os autores mais lidos encontram-se:
  • Dave Hunt, em sua obra “A Woman Rides the Beast” (intitulado no Brasil como “A Mulher Montada na Besta”);
  • Alexander Hislop, “The Two Babylons” (“As Duas Babilônias”); e
  • Ralph Woodrow, “Babylon, Religious Mystery” (“Babilônia, a Religião dos Mistérios”).
Obs.: Ralph Woodrow retirou este seu livro de circulação e publicou outro, intitulado “The Babylon Connection” (“A Conexão Babilônia”), em que rejeita os seus argumentos anteriores. Woodrow permanece protestante e anticatólico, mas foi honesto o suficiente para se retratar do absurdo que havia escrito.
ARGUMENTOS BASEADOS EM RACIOCÍNIO FALACIOSO
Para entendermos a falha-raiz desses argumentos, é necessário conhecermos um pouco as falácias para as quais essas pessoas recorrem ao estabelecerem seus silogismos. Para ilustrá-lo, citarei o exemplo que Greg Oatis nos oferece em seu artigo “O ‘paganismo’ da Igreja Católica”, no qual os próprios métodos “dedutivos” são usados ​​para “demonstrar” uma teoria maluca: que uma certa cadeia de restaurantes “fast food” tem as suas origens na Babilônia. Ei-los:
  • “‘Os arcos dourados’ são conhecidos em todo o mundo como o símbolo que identifica o McDonald’s. No entanto, devemos assinalar que o arco foi usado habitualmente pelos antigos babilônios em suas portas e palácios. De fato, nas pinturas realizadas pelos babilônios, vemos que seus reis são representados em marcos na forma de arco! Também sabemos que Nabucodonosor, rei da Babilônia, ordenou aos seus súditos que adorassem uma imagem de ouro (Daniel 3,5-10). E Babilônia era conhecida no mundo antigo como ‘a cidade dourada’. Finalmente, observe-se que a primeira letra de McDonald’s, o M, é a 13ª letra do alfabeto inglês, um número reconhecido como possuidor de um poder místico, e que atrai má sorte. Poderia isto ser uma simples coincidência? Inclusive, o que mais assinalaria o M de McDonald’s? Certamente Moloc, o deus pagão do fogo que era adorado na Babilônia. O que é empregado pelo McDonald’s moderno para esquentar as comidas? A eletricidade, que muitos associariam a uma forma controlada de fogo! Portanto, quem poderia duvidar que a cadeia de restaurantes McDonald’s, conhecida por seus arcos dourados, seria, na verdade, um culto mistérico relacionado ao deus do fogo adorado pela antiga realeza babilônica?”
Se eu apontasse para alguém o raciocínio acima como prova de que o McDonald’s é uma seita secreta “pagã”, essa pessoa certamente riria de mim. O curioso é que, na essência, as mesmas falácias usadas para esse exemplo (notoriamente exageradas) são usadas pelos fundamentalistas para provar os seus argumentos (analogia, “non sequitir” etc.).
Ralph Woodrow, em sua retratação, escreve:
  • “Colha tribos suficientes, histórias suficientes, tempo suficiente, pule de uma para outra, de um país para outro, selecione e escolha semelhanças – eis aí como qualquer coisa pode ser ‘provada’!
    Portanto, não é difícil procurar [e encontrar], em alguma cultura antiga, uma deusa pagã com um bebê nos braços, procurar [e encontrar] uma foto semelhante da Virgem Maria carregando Jesus, e então apontar como ‘prova’ de que a veneração de Maria realmente procede de um antigo culto a uma deusa pagã. O mesmo posso fazer hoje com quase qualquer crença, prática, cultura, inventando um paralelo baseado em semelhanças casuais e assumindo a procedência sem uma mínima evidência histórica ou seriedade; e não faltarão aqueles que acreditarão que se trata de uma investigação séria e documentada, e até mesmo nos enviará cartas de parabenização… Se você não acredita, pergunte a Dawn Brown, que ganhou milhões [de dólares] dessa maneira.
    Alguns exemplos de como esse modo de se tirar conclusões pode paganizar até mesmo as Escrituras:
    1º Exemplo: segundo alguns eruditos e estudiosos, Moisés nunca existiu, mas é réplica de uma estória lendária do governante sumério Sargão de Akkad (2334-2279 a.C.), o qual foi colocado numa cesta de junco e abandonado nas águas do Eufrates até ser resgatado por um aguatero que o adotou e criou. Recentemente, num estudo das línguas originais de ambas as histórias, foi descoberto que na história de Moisés há palavras que não podem proceder da lenda babilônica; mesmo assim, muitos acreditam que a história de Moisés é uma ‘recauchutagem babilônica’.
    2º Exemplo: alguns historiadores pensam que a narrativa bíblica do Dilúvio é um plágio de uma lenda suméria bem mais antiga, conhecida como “Ciclo de Ziusudra”. Nessa lenda, os deuses decidem destruir a humanidade por causa das muitas faltas cometidas por ela. No entanto, o deus Enki adverte o rei Ziusudra de Shuruppak e ordena que construa um navio para que possa ser salvo juntamente com a sua família, animais e plantas de todos os tipos. Segundo a lenda, o dilúvio ocorreu e, depois de sete dias e sete noites, cessou, podendo Ziusudra sair do barco.
    3º Exemplo: o mesmo se pode ser dizer da história de Esaú e Jacó, onde encontramos uma estória semelhante em Acrísio (filho de Abante, rei de Argos e Aglaye, pai de Danae) e seu irmão gêmeo Preto, que brigavam entre si enquanto ainda estavam no ventre da mãe. Quando adultos, disputaram o trono entre si e, sendo derrotado por Acrísio, Preto foi expulso do reino; contudo, ele regressou com um exército e obrigou seu irmão a dividir a Argólide: Argos e seus arredores ficaram para Acrísio, enquanto Preto ficou com a Tirinte, Midea e a zona costeira. Acrísio se casou com Eurídice, filha de Lacedemon, e teve uma filha, Danae. Tendo sabido por um oráculo que o filho de Danae causaria a sua morte, tomou precauções para impedir a sua gestação, mas falhou, pois ela fôra fertilizada por Zeus. Ele então a atirou no mar, numa arca, juntamente com o recém-nascido Perseu, mas ambos conseguiram se salvar. Anos mais tarde, Perseu quis ver o seu avô; este, ao saber disso, fugiu para Larisa, uma cidade na Tessália, distante de Argos; no entanto, o rei de Larisa, Teutâmides, organizou alguns jogos, nos quais Perseu participou. Acrísio estava lá como espectador; no entanto, o disco lançado pelo neto, fatalmente desviado pelo vento, bateu na cabeça dele e o feriu mortalmente, cumprindo o oráculo. A fábula de Preto e Acrísio corresponde ao tema mitológico dos “gêmeos rivais” e, nos detalhes, a disputa dentro do útero coincide com a história de Esaú e Jacó citada em Gênesis.
    Seguindo essa linha de pensamento, por que não dizer então que a crença na ressurreição de Cristo surgiu do paganismo, que ensinava que Osíris e Dionísio, deuses da fertilidade, morreram e ressuscitaram? Por que não dizer que o título de Cristo como ‘Rei dos reis’ também procede do paganismo, já que Nabucodonosor é chamado ‘rei dos reis’ em Daniel 2,37? Por que não dizer que o Batismo também tem origem pagã? Afinal, o batismo era, antigamente, um ritual religioso pagão praticado entre os povos antigos e era comum a muitas religiões antigas, como os rituais Eelusic ou o Hinduísmo e o Budismo. Os romanos da época de Cristo estavam interessados ​​nas religiões místicas do Egito e da Babilônia, em algumas das quais o Batismo era praticado como ritual. Por exemplo: nos ritos de iniciação do culto de Ísis, o iniciado confessava os seus pecados diante de outros devotos e era, a seguir, batizado sob a crença de que o banho ritual o purificava das suas faltas e o inscrevia nas fileiras da deusa salvadora”.
QUAIS SÃO, EM SUMA, AS RAZÕES QUE ESSAS OBRAS APONTAM PARA ACUSAR A IGREJA CATÓLICA DE SER A PROSTITUTA [DA BABILÔNIA]?
Por uma questão de espaço, tratarei apenas de um resumo dos principais argumentos que esses trabalhos apresentam.
1º) A prostituta é descrita como uma grande cidade ou um poderoso império. Uma grande cidade que fica sobre sete colinas
  • “E a mulher que viste é a Grande Cidade, que tem soberania sobre os reis da terra” (Apocalipse 17,18).
Eles assumem aqui que ela se refere a Roma, mais especificamente à Igreja Católica Romana.
  • “É aqui que a inteligência é necessária para se ter sabedoria: as sete cabeças são sete colinas, sobre as quais a mulher se assenta. São também sete reis” (Apocalipse 17,9);
Eles objetam aqui que Roma encontra-se assentada sobre sete colinas (Quirinal, Viminal, Capitolino, Esquilino, Palatino, Célio e Aventino), assim como a prostituta (inclusive, recentemente, um protestante me disse que “seria muita coincidência” ambas se assentarem sobre sete colinas).
Mas se os textos bíblicos se referem à prostituta como “uma cidade” e não como “uma igreja”, o argumento começa a parecer frágil. Pois bem: um fundamentalista dirá que “o Vaticano é uma cidade”! Bom, sem querer discutir por enquanto a diferença entre uma cidade e uma instituição sediada numa cidade, a verdade é que o Vaticano não se assenta sobre sete colinas (diferentemente da antiga Roma pagã), uma vez que está localizado à oeste do Tibre, enquanto que as sete colinas da Roma antiga ficam à leste. Com efeito, se o argumento é que é [que a prostituta é] a Igreja Católica, porque o Vaticano é uma cidade que fica sobre sete colinas, tal argumento falha.
Ademais, devemos notar que não apenas a antiga cidade de Roma estava localizada sobre sete colinas, como também Jerusalém, localizada sobre as seguintes colinas: Escopus; Nob; Monte da Destruição; Monte Sião; a colina localizada à sudoeste, também chamada de Monte Sião; Monte Ofel; e a Rocha). Seria então mais coerente supor que os textos bíblicos podem se referir a Roma pagã ou a Jerusalém, já que eram grandes cidades localizadas sobre sete colinas (e tudo isso se assumirmos que o termo “colinas” deve ser interpretado literalmente).
2º) Derramou o sangue dos santos e profetas
  • “E nela foi encontrado o sangue dos profetas, dos santos e de todos os degolados da terra” (Apocalipse 18,24)
  • “E vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus. E fiquei muito impressionado ao vê-la” (Apocalipse 17,6).
Ora, se a prostituta estava embriagada com o sangue dos mártires e dos profetas, há aqui outro problema para as teses protestantes, porque é o próprio Cristo quem identifica a cidade de Jerusalém como aquela que mata os profetas. Compare:
  • “‘Jerusalém, Jerusalém! Aquela que mata os profetas e apedreja os que lhes são enviados. Quantas vezes Eu quis reunir teus filhos – como a galinha reúne sua ninhada debaixo das asas – e não quiseste!” (Lucas 13,34).
Cristo também falou que não convinha que um profeta morresse fora de Jerusalém.
  • “Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém” (Lucas 13,33).
É o próprio livro do Apocalipse que menciona claramente que a Grande Cidade (a prostituta) é aquela em que Jesus foi crucificado (Jerusalém):
  • “E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama ‘Sodoma’ e ‘Egito’, onde o nosso Senhor também foi crucificado” (Apocalipse 11,8).
No entanto, eles preferem ignorar qualquer exegese bíblica séria e confiam nos seus preconceitos, acreditando que “santos e profetas” sofreram perseguição religiosa durante a Inquisição. No entanto, quanto a estes supostos “santos”, devo afirmar que quase nenhuma comunidade eclesial protestante se identificaria hoje com as doutrinas que eles professavam. Na verdade, países protestantes não hesitaram em julgá-los por suas próprias inquisições, como se deu em muitos casos, como no caso de [Miguel] Servet, queimado na fogueira por calvinistas; ou anabatistas e arminianos, perseguidos por luteranos e calvinistas. Será que consideram os albigenses, unitaristas, sabelianos ou nestorianos como santos?
O fato de uma pessoa sofrer perseguição religiosa independentemente das ideias que professa, não a torna santa e muito menos profeta. Eu poderia me tornar hoje um herege “até a medula óssea”, ser perseguido pela minha fé e ser injustamente condenado à morte, mas isso não me tornaria ortodoxo, nem santo, nem profeta. E se pensam assim, [devem se recordar que] os católicos sofreram a mesma perseguição nos países protestantes e nem por isso eles se consideram a si mesmos como “a prostituta”.
3º) Comete abominações e fornica com os reis da terra
  • “Com ela fornicaram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua fornicação” (Apocalipse 17,2).
Eles dão exemplos de como o Vaticano, ao longo da História, manteve relações com as diferentes potências mundiais; mas não há nada de errado nisso! Hoje, os presidentes dos países desenvolvidos geralmente buscam conselhos não apenas da Igreja Católica, como também de líderes protestantes eminentes, e nem por isso estão “fornicando com eles”. O texto do Apocalipse não se refere a isso, mas às abominações que a Jerusalém apóstata cometia continuamente com os povos pagãos.
  • “Filho do homem: faze conhecer a Jerusalém as suas abominações” (Ezequiel 16,2).
  • “Assim diz o Senhor Yahvé: ‘Porquanto se derramou o teu dinheiro, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes, como também com todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste; portanto, eis que ajuntarei a todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também a todos os que amaste, com todos os que odiaste, e ajuntá-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez'” (Ezequiel 16,36-37).
  • “‘E entregar-te-ei nas mãos deles; e eles derrubarão a tua abóbada, e transtornarão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas jóias de enfeite, e te deixarão nua e descoberta'” (Ezequiel 16,39).
  • “‘Edificaste um bordel para ti mesmo, e o elevaste em todas as praças'” (Ezequiel 16,24).
  • “‘Também te prostituíste com os filhos do Egito…'” (Ezequiel 16,26).
  • “‘Antes multiplicaste as tuas prostituições na terra de Canaã até Caldéia…'” (Ezequiel 16,29)
  • “‘Ó, quão fraco é o teu coração’ – diz o Senhor Yahvé – ‘fazendo tu todas estas coisas, obras de uma meretriz sem-vergonha!'” (Ezequiel 16,30).
  • “Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Yahvé: ‘Porquanto se derramou o teu dinheiro, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes, como também com todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste; portanto, eis que ajuntarei a todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também a todos os que amaste, com todos os que odiaste, e ajuntá-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez. E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao sangue de furor e de ciúme. E entregar-te-ei nas mãos deles; e eles derrubarão o teu bordel e transtornarão os teus lugares altos, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas jóias de enfeite, e te deixarão completamente nua'” (Ezequiel 16,35-39).
É o próprio Deus quem reivindica e identifica Jerusalém como aquela que se prostituiu com os reis da terra e cometeu abominações.
4º) Ela está vestida de púrpura e escarlate
  • “Ai, ai daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino, de púrpura e de escarlate; e adornada com ouro e pedras preciosas” (Apocalipse 18,16).
Não podem faltar aqui fotos selecionadas de Padres e Bispos em roupas vermelhas e roxas. A verdade é que os padres não usam “púrpura e escarlate” mas, de acordo com o ciclo litúrgico, as cores de suas vestes mudam.
Eis uma breve descrição do significado dessas cores:
  • Verde: simboliza a esperança. Para os povos antigos, o verde significava a primavera, a vegetação, o renascimento, a esperança de uma colheita abundante. A palavra “verde” vem da palavra latina “viride”, que significa “fresco”, “exuberante” ou “florescente”. Essa cor é usada na liturgia durante o “Tempo Comum”, que são os dias em que não se celebra nenhuma festa em especial.
  • Branco: simboliza pureza e alegria. O branco é usado na época do Natal e da Páscoa, e também para as festas da Ascensão de Jesus ao Céu e na Epifania; enfim, eventos que não comemoram a Paixão e a Morte de Cristo. Também é usado nas festividades da Virgem Maria, dos Anjos e dos Santos não-martirizados. A palavra “branco” parece vir do alemão antigo, da palavra “blank”.
  • Violeta ou Púrpura: simboliza penitência e luto. É usada ​​durante a Páscoa, os domingos da Quaresma e os quatro domingos do Advento. Violeta era a cor favorita para as vestes dos antigos reis. A palavra “púrpura” vem do grego “porphyra”, um tipo de marisco do qual é obtido um corante dessa cor. A palavra “violeta” vem do latim “viola”, o nome de uma planta roxo-azulada.
  • Vermelho: simboliza fogo, sangue e realeza. Essa cor pode ser vista durante as celebrações da Paixão (incluindo a Sexta-Feira Santa) e nos dias em que se comemoram a morte de Mártires, Apóstolos e Evangelistas. Sendo ainda a cor do fogo, é a escolha natural para o Pentecostes, simbolizando a ardente descida do Espírito Santo. A palavra “vermelho” vem do latim, especificamente da palavra “russus”.
Neste sentido, os fundamentalistas, nem sequer por engano, mostram fotos de Sacerdotes como estas, uma vez que contradiriam os seus raciocínios falaciosos:
Ao contrário, eles preferem publicar fotos como estas:
Para, ato contínuo, vociferarem: Vejam!!! Escarlate!!! A prostituta!!!
É também curioso que, sendo o Apocalipse um livro simbólico, eles interpretam literalmente as cores da prostituta, sendo que as cores no Apocalipse possuem um significado simbólico: os justos estão vestidos de branco (pureza e santidade), em contraste com as cores da prostituta (escarlate, por derramar o sangue dos santos; púrpura por fornicar com os reis da terra).
A interpretação literal que promovem falha não apenas porque a cor predominante do clero católico é a branca, como porque o próprio Deus ordenou que as vestes dos sacerdotes levitas fossem nas cores púrpura e escarlate:
  • “Estas pois são as vestes que farão: um peitoral e um éfode, e um manto, e uma túnica bordada, uma mitra, e um cinto; farão, pois, santas vestes para Arão, teu irmão, e para seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal. E tomarão o ouro, e o azul, e a púrpura, e o escarlate, e o linho fino, e farão o éfode de ouro; e de azul, e de púrpura, e de escarlate, e de linho fino torcido, de obra esmerada. Terá duas ombreiras, que se unam às suas duas pontas, e assim se unirá. E o cinto de obra esmerada do seu éfode, que estará sobre ele, será da sua mesma obra, igualmente, de ouro, de azul, e de púrpura, e de escarlate, e de linho fino torcido” (Êxodo 28,4-8).
  • “Farás também o peitoral do juízo de obra esmerada, conforme à obra do éfode o farás; de ouro, de azul, e de púrpura, e de escarlate, e de linho fino torcido o farás” (Êxodo 28,15).
  • “E nas suas bordas farás romãs de azul, e de púrpura, e de escarlate, ao redor das suas bordas; e campainhas de ouro no meio delas ao redor” (Êxodo 28,33).
  • “Fez-se também o peitoral de obra de artífice, como a obra do éfode, de ouro, de azul, e de púrpura, e de escarlate, e de linho fino torcido” (Êxodo 39,8).
CONCLUSÃO
Muito mais poderíamos acrescentar sobre este assunto, mas basicamente o argumento fundamentalista é sempre sustentado por esse “modus operandi”. Se você, leitor, é um fundamentalista, já tem o que pensar. Sendo cristão, você deve saber que a verdade está sempre à frente e a calúnia não vem de Deus.
Veritatis Splendor

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF