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Desde os primeiros séculos até os nossos dias, a Pessoa de Jesus Cristo é o alvo principal de inúmeras inverdades. No cinema, no teatro, na literatura e em tantas outras manifestações artísticas, vários autores apresentaram e apresentam distorções do verdadeiro rosto de nosso Redentor. Assim, nos anos 70 do século XX, Ele foi apresentado nas telas de cinema como um superstar, um mero homem, coberto de inúmeros pecados. Em anos mais recentes, um best-seller que também virou filme de cinema, apresentou-nos um Cristo que se envolveu com uma discípula e gerou um filho. Mudou o filme, mas a falsa visão de quem é Cristo permaneceu, ou seja, um simples homem que nada tinha de extraordinário. Essa não é a face do Deus vivo, ressuscitado e misericordioso que caminha conosco pela senda da História, aquecendo o nosso coração com a esperança de eternidade.
A Pessoa, os ensinamentos e a Boa Nova anunciada por Cristo são virados, revirados e até modificados, segundo os escusos interesses das obras das trevas. Neste sentido, nos últimos anos, assistimos nos noticiários que em algumas Escolas, localizadas em países de sólida tradição católica, foram proibidas a utilização e a montagem de presépios e, até, jogaram no lixo os que foram feitos pelos alunos das turmas de alfabetização, sob o pretexto de que era necessário se defender a crença dos não cristãos.
Até mesmo em nosso país, a maior nação católica do mundo, nos primeiros anos deste Terceiro Milênio, em uma exposição, um Banco apresentava objetos utilizados na prática da genitalidade e, até, os próprios órgãos genitais, feitos com objetos religiosos. Como não poderia ser diferente, demonstramos de imediato nossa indignação e exigimos o devido respeito, mas ao levantarmos a nossa voz, ouvimos queixas nos meios de transportes e assistimos noticiários em que autoridades governamentais nos acusavam de radicais, intolerantes e uns grandes inibidores da expressão artística.
Como foi bom, por outro lado, ver e ouvir inúmeros católicos, bradando: Não somos inibidores da expressão artística; somos, sim, simples cristãos que, com sinceridade de coração e bons propósitos, manifestam ao mundo o único e verdadeiro rosto de Cristo. Por amor a Cristo, pregamos a caridade da verdade. De verdade, com caridade, não podemos nos calar, devemos sim, bradar junto com Tertuliano: “Não tireis do mundo sua única esperança!” (De carne Christi, 5,3).
O ataque à Pessoa de Cristo e a deformação de Sua mensagem, segundo os interesses dos inimigos de Deus, é um drama que continuaremos enfrentando e, por isso, é necessário que busquemos sempre apresentar a beleza dos sacramentos, a fecundidade da fé, os sinais da misericórdia divina e a alegria e a profundidade do Evangelho.
Temos que testemunhar que, por dever de justiça, não podemos equiparar o nosso único Salvador a um Buda, a um Zaratustra ou a um Tutancâmon. Diante da Pessoa de Cristo, temos que afirmar: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). Temos que continuar crendo que, por amor, mesmo para aqueles que O perseguem, uma luz resplandecerá, o céu se abrirá, uma voz se ouvirá e “Cristo brilhará para ti!” (Ef 5, 14).
Todo aquele que consegue vencer os apelos do mundo, do pecado e do mal e consegue também superar os falsos conceitos de Deus, podem e devem bradar, juntos com São Hilário de Poitiers: “Antes de conhecer-te, eu não existia!” Podem também salmodiar: “Na presença dos anjos, cantarei os Vossos louvores; no Vosso santo templo vos adorarei, e, em reconhecimento de Vossa misericórdia e benefícios, glorificarei o Vosso nome!” (Sl 137, 1-2).
Para se conhecer a Cristo, é preciso que tenhamos fé. Para se aderir à Sua proposta de vida plena é necessário que tenhamos um sólido e expansivo amor. Pela vivência da caridade, aprendemos que conhecer, amar e servir a Cristo é a vocação básica de todo ser humano. O amor nos ensina que “o importante não é só nem sobretudo escutar Seus ensinamentos, Suas palavras, mas conhecê-Lo pessoalmente, ou seja, Sua humanidade e divindade, o mistério de Sua beleza. Ele não é só um Mestre, mas um Amigo, e mais do que isso, um Irmão. Como poderíamos conhecê-Lo se estamos distantes d’Ele? A intimidade, a familiaridade, o costume, nos fazem descobrir a verdadeira intimidade de Jesus Cristo”. (Papa Bento XVI, “Audiência geral” em 06 de setembro de 2006).
O contato diário com Cristo nos faz perceber que Ele não pode ser limitado à nossa inteligência mas, por revelação divina, sabemos que Ele é Deus e Homem verdadeiro! Ele é uno e trino! Ele é amor, misericórdia, justiça e compaixão! Ele é luz, amparo e abrigo! Ele é o Senhor onipotente, onisciente e onipresente! Ele é o Alfa e o Ômega! Ele é o amado que preenche de vida plena toda a nossa existência! Por amor a Ele, em oração, suplicamos: “Mostra-me a tua presença, mate-me a tua vista e formosura; olha que esta doença de amor já não se cura senão com a presença e com a figura”. (São João da Cruz, “Cântico espiritual, 11”).
Quando enxergamos tão de perto tantas perseguições e ataques à Pessoa de Cristo, percebemos a atualidade das palavras de São Paulo, que nos diz: “O Deus deles é o ventre, e a sua glória a própria vergonha, pois põem o coração nas coisas terrenas”. (Fil. 3,19). Perante as inverdades que se levantam todos os dias contra Cristo, nós temos a grata obrigação de desagravá-Lo, suplicando ao mesmo tempo: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34).
Ajuda-nos, Senhor, na defesa da fé, para que possamos demonstrar aos materialistas, aos niilistas e aos secularistas a necessidade de saber salmodiar com renovada esperança: “Senhor, meu Deus, inquieto te procuro, sequiosa de ti está a minha alma, e meu corpo anseia por achar-te, eu te necessito como a terra sem água. Minha alma é como a terra ressequida, pois de Deus tem sede sem fim!” (Sl 62,2). Ajuda-os, Senhor, a aderir à fé para que, em união conosco, saibam professar: “Entre todos os nomes, o de Deus é o nome por excelência!” (Zac 14,9).
Aloísio Parreiras
Arquidiocese de Brasília
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