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A paz é o grande bem messiânico que Cristo concedeu aos Seus discípulos. Por ser amor e misericórdia, Ele veio estabelecer a paz, nos ensinou a necessidade da paz e a concretizou por meio de Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Por ser o Príncipe da Paz, no anúncio da Boa Nova da Salvação, Cristo deixou claro que são “bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5,9).
Por ser o vigário de Cristo, a cabeça do Colégio dos Bispos, o Pastor da Igreja e o Pároco do mundo inteiro, por vontade expressa de nosso Redentor, o Santo Padre, o Papa, é o mensageiro da paz, o arauto da paz, o grande anunciador da paz e, por isso, faz parte da sua missão o dever de promover a paz de Cristo por meio do anúncio da Verdade e do Bem e pela denúncia do mal e de todas as formas de injustiça.
Desde os tempos de Pedro, o primeiro Papa, até os dias atuais, o Papa sempre foi, na Igreja e no mundo, um construtor da paz, ensinando-nos a construir pontes e não muros, a acolher os mais necessitados e a testemunhar o perdão sem reservas.
No decorrer do século XX, um século marcado por sangrentas guerras, os Papas, sobretudo Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, exerceram, com caridade e coragem, o dever pontifício de realizar diversos apelos em prol da paz e da justiça, evidenciando que a promoção da paz é fruto da misericórdia e da pureza do coração.
Em sua época, diante da Primeira Grande Guerra Mundial, o Papa Bento XV escreveu diversas cartas aos dirigentes dos países beligerantes, enfatizando a opção pacífica do conflito mediante o diálogo e o perdão. Posteriormente, nos dias da Segunda Guerra Mundial, o Papa Pio XII deu asilo a mais de cinco mil judeus em diversos conventos e mosteiros do Vaticano. Naqueles dias, diante da ameaça da expansão do comunismo, ele realizou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.
Mais próximo de nós, o pontificado de São João Paulo II, o Papa peregrino do Evangelho, foi determinante para a queda dos regimes comunistas do leste europeu, começando pela própria Polônia, sua terra natal.
Com o Papa João Paulo II, nós registramos, em nossa memória histórica, a queda do Muro de Berlim que dividia a Alemanha. Por meio da oração e pelo alcance da fé, nós vislumbramos a obra pacificadora promovida por Karol Wojtyla de dar bons frutos na Terra Santa, nos Bálcãs, na África Central e no Iraque e, deste modo, aprendemos a suplicar ao Senhor: “A guerra, nunca mais!”.
Nos primeiros anos do século XXI, o Papa Bento XVI condenou com frequência, em suas catequeses e pronunciamentos, todos aqueles que semeiam a violência e a guerra no mundo, principalmente na África e no Oriente Médio, e não poupou esforços para nos ensinar que a missão da paz é dever de todos nós e deve ser realizada pelo exercício da caridade.
Nestes nossos dias, o Papa Francisco tem nos ensinado que a paz é um anseio profundo do coração de todos os homens. Na Missa de inauguração de seu pontificado, em 19 de março de 2013, ele fez um pedido pela paz e pela defesa do meio ambiente. Naquele dia, ele nos suplicou: “Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos ‘guardiões’ da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo!”. Reafirmando o desejo de paz, no decorrer do primeiro ano de seu pontificado, ele convocou a Igreja para uma jornada de oração e de jejum em favor da paz na Síria e contra a guerra.
Em sua primeira Exortação Apostólica, “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco evidenciou que o fiel cristão é anunciador da paz que recapitula tudo em Cristo. Posteriormente, no ano de 2014, em sua primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, ele fazia notar que “o anseio duma vida plena contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar”.
Promovendo e expressando o desejo de paz no mundo, o Papa Francisco se reuniu no mês de junho do ano de 2014, nos jardins do Vaticano, com o presidente de Israel, Shimon Peres, e o líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Em seu twitter, nas vésperas deste momento histórico, ele escreveu: “A oração tudo pode”. O objetivo do Papa com aquele Encontro era retomar o processo de paz entre israelenses e palestinos, em um momento em que as negociações entre os dois lados viviam um impasse por conta dos projetos de construção de novas colônias para judeus na Cisjordânia.
Novos registros históricos, novos empreendimentos em prol da edificação da paz continuam sendo realizados pelo Papa Francisco e, por isso, graças ao seu esforço pacifista, nós já testemunhamos a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos. No ano de 2015, os apelos do Papa Francisco em prol da paz foram mais frequentes, pois, naquele ano, o mundo assistiu estarrecido a dois atentados terroristas que foram realizados em Paris por extremistas do Estado Islâmico, a guerra da Síria, um dos fatores que aumentou a crise mundial dos refugiados, e a expansão da violência urbana.
No ano de 2016, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco nos apresentou o tema “vence a indiferença e conquista a paz”, alertando-nos para o risco de nos tornarmos indiferentes, vazios e secos diante de tantos sinais de violência. Nos anos de 2017 a 2020, os temas das mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz foram: “A não violência: estilo de uma política para a paz”. “Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz”. “A boa política está ao serviço da paz”. “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica”.
Essas e outras mensagens do Papa Francisco têm despertado o respeito, a admiração e a solicitude de católicos e não católicos, encorajando a todos nós a termos esperança de um mundo melhor onde haja fraternidade, respeito, acolhimento e justiça.
Contemplando os gestos de paz promovidos pelos Papas, cada um em seu tempo histórico, nós podemos afirmar: “Como são belos os pés do mensageiro que anuncia a paz!” Podemos também anunciar que a missão espiritual do Sumo Pontífice é testemunhar a grandeza do ser humano, invocando a Deus o dom da paz, ensinando-nos a superar o ódio com o amor, as trevas com a luz e a violência com a mansidão, para que, no mundo e na sociedade, reine a paz que é fruto da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo em nossas almas e corações.
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