SS. Joaquim e Ana (©BAV, Vat. gr. 1613, f. 23) |
Sobre Joaquim e Ana,
pais de Maria, não há nenhuma referência na Bíblia e tampouco notícias certas;
as que chegaram até nós, hoje, são extraídas de textos apócrifos, como o
Protoevangelho de Tiago e o Evangelho do pseudo Mateus, além da tradição.
Descendência, sinal do
amor de Deus
Ana parece
ter sido filha de Achar e irmã de Esmeria, mãe de Isabel e avó de João Batista.
Segundo a tradição, Joaquim era um homem virtuoso e muito rico, da estirpe de
Davi, que costumava oferecer parte do ganho dos seus bens ao povo e, outra
parte, em sacrifício a Deus. Ambos moravam em Jerusalém. Quando se casaram,
Joaquim e Ana não tiveram filhos por mais de vinte anos. Não gerar filhos, para
os judeus daquela época, era sinal da falta de bênção e da graça de Deus.
Porém, certo dia, ao levar suas ofertas ao Templo, Joaquim foi repreendido por
um homem, chamado Ruben (talvez fosse sacerdote ou escriba): pelo fato de não
procriar, em sua opinião, ele não tinha o direito de apresentar as suas
ofertas. Humilhado e transtornado com aquelas palavras, Joaquim decidiu
retirar-se para o deserto e, durante quarenta dias e quarenta noites, suplicou
a Deus, entre lágrimas e jejuns, que lhe desse descendentes. Ana também passou
dias em oração, pedindo a Deus a graça da maternidade.
Anúncio do nascimento de
Maria
As súplicas
de Joaquim e Ana foram atendidas lá no alto. Assim, um anjo apareceu a ambos,
separadamente, avisando-lhes que estavam para se tornar pais. A encontro entre
os dois, na porta de casa, após o anúncio, foi enriquecido com detalhes
lendários. O beijo, que os dois esposos trocaram, teria ocorrido diante da
Porta Áurea de Jerusalém, lugar onde, segundo a tradição judaica, a presença
divina teria se manifestado, como também o advento do Messias. A iconografia
deste beijo, diante da famosa Porta, teve grandes dimensões: os cristãos
acreditavam que Jesus teria entrado por ali na Cidade Santa, no Domingo de
Ramos. Meses depois do retorno de Joaquim, Ana deu à luz a Maria. A criança foi
criada com o cuidado carinhoso do pai e a atenção amorosa da mãe, na casa
situada perto da piscina de Betzaeda. Ali, no século XII, os Cruzados
construíram uma igreja, que ainda existe, dedicada a Ana, que ensinou as artes
domésticas à filha.
O culto
Quando Maria
completou 3 anos, Joaquim e Ana, em sinal de agradecimento a Deus, levaram-na
ao Templo, para consagrá-la ao seu serviço, conforme haviam prometido em suas
orações. Os textos apócrifos não fazem outras referências sobre Joaquim,
enquanto sobre Anna, acrescentam que ela teria vivido até aos 80 anos de idade.
Suas relíquias teriam sido conservadas, por longo tempo, na Terra Santa; depois
foram transferidas para a França e enterradas em uma capela, escavada sob a
catedral de Apt. Mais tarde, sua descoberta e identificação, teriam sido
acompanhadas por alguns milagres.
O culto aos
avós de Jesus, desenvolveu-se, primeiro, no Oriente e, depois, no Ocidente;
mas, ao longo dos séculos, foram recordados pela Igreja em datas diferentes. Em
1481, o Papa Sisto IV introduziu a festa de Sant’Ana no Breviário romano,
fixando a data da sua memória litúrgica em 26 de julho, dia da sua morte,
segundo a tradição; em 1584, o Papa Gregório XIII incluiu a celebração
litúrgica de Sant’Ana no Missal Romano, estendendo-a a toda a Igreja; em 1510,
Papa Júlio II inseriu, no calendário litúrgico, a memória de São Joaquim em 20
de março; depois, foi mudado várias vezes, nos séculos seguintes. Com a reforma
litúrgica, após o Concílio Vaticano II, em 1969, os pais de Maria foram
"reunidos" em uma única celebração, em 26 de julho.
Vatican News
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