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“Sorria: você está sendo filmado”. E grampeado. E gravado. E seguido. E monitorado. E censurado. E perseguido. E, se não se sujeitar, punido.
Têm sido cada vez mais frequentes as comparações entre este cenário distópico e a China real da nossa época, governada com igual mão de ferro pelo Partido Comunista Chinês, personificado num “Grande Irmão” amplamente cultuado à força de onipresente propaganda: o presidente vitalício Xi Jinping.
Na China de hoje, milhares (ou milhões) de câmeras de vigilância integradas a software de reconhecimento facial já conseguem identificar em milissegundos uma vasta parcela da população, registrando detalhadamente e em tempo real a locomoção e o comportamento dos cidadãos nos espaços públicos.
Os dados captados pelas câmeras são cruzados com centenas de informações pessoais registradas por uma fabulosa quantidade de outras fontes, que podem ir da conta bancária às catracas eletrônicas do transporte público, do prontuário médico aos registros acadêmicos, dos controles de performance profissional aos pagamentos de quaisquer compras em quaisquer estabelecimentos, passando, obviamente, pela infinidade de dados gerados pelo uso de smartphones: histórico de geolocalização, aplicativos instalados, registro de atividades, fotos e vídeos, lista de contatos e tipo de relação com cada um deles, mensagens enviadas e recebidas, conversas telefônicas mantidas com quem quer que seja, dados pessoais, familiares e profissionais…
Junto com tudo isso, toda a atividade nas redes sociais permitidas no país é varrida em pormenores pela vigilância do regime, que monitora com zelo particular as críticas ao sistema.
Essa gama extraordinária de informações pessoais se transforma em arma de imponderável poder de controle nas mãos do Partido Comunista Chinês.
O sistema de “crédito social”
De fato, o regime de Pequim já implantou na China um sistema de “crédito social” pelo qual os deslizes de qualquer indivíduo vão sendo “descontados” do seu “saldo”, de modo que, conforme a sua “qualificação” comportamental, um cidadão pode ser punido com multas, restrições a promoções no trabalho, negações de autorização de viagens, prisão e até obscuros “desaparecimentos repentinos”.
Uma apresentação impactante deste cenário pode ser conferida no documentário “The World According To Xi Jinping” (“O mundo segundo Xi Jinping“), produzido em 2019 por Arnaud Xainte, realizado por Louise Muller e com versão em português exibida pela RTP (Rádio e Televisão de Portugal). O documentário, que dura pouco mais de 50 minutos, pode ser encontrado em vários canais do YouTube.
Aleteia
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