- Autor: Jesús Mondragón
- Fonte: Site “Catolico, defiende tu fe” (https://www.catolicodefiendetufe.org)
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
A figura “heróica” e “imponente” de Martinho Lutero pregando as suas 95 Teses na porta da Igreja de Todos os Santos, rompendo os paradigmas impostos por uma Igreja opressora e carente de toda moralidade, foi crida e sustentada como ato indiscutível por quase todos os protestantes e um bom número de católigos ignorantes, reforlada pela parafernália “made in Hollywood”, uma vez que abundam filmes em torno deste “evento”.
A realidade histórica, silenciada pelos sistemas educacionais e omissão daqueles que a conhecem e que muitas vezes permanecem em silêncio, guardando para si esse conhecimento, é a seguinte:
1º) As 95 Teses não foram difundidas publicamente por Lutero como um documento de protesto contra a doutrina da Igreja;
2º) Lutero enviou suas Teses anexadas a uma carta ao Arcebispo-eleitor da Magúncia, Alberto de Brandeburgo, em 31 de outubro de 1517;
3º) Lutero jamais pregou suas 95 Teses na porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg;
4º) Lutero em nenhuma de suas Teses critica a doutrina das indulgências; pelo contrário, as defende;
5º) Lutero em nenhuma de suas Teses jamais critica o Papa pela venda de indulgências com vistas a terminar a construção da Basílica de São Pedro;
6º) A grande maioria dos cristãos católicos e protestantes desconhece o conteúdo das Teses de Lutero: se os protestantes as lessem hoje, não as aceitariam; diriam que são heresia.
No livro “Was Luther wirklich sagte”, Gottfried Fitzer assegura o seguinte:
- “Nunca ocorreu a propalada exposição pública das 95 Teses”.
Este fato também é colocado em dúvida por outros historiadores como Erwin Iserloh e Klemens Houselmann.
Mais ainda: do relato feito por Johannes Schneider, servo de Lutero, de quem se extraiu supostamente a lenda da fixação das Teses na Igreja de Todos os Santos e em outras paróquias de Wittenberg, não encontramos todavia em seu manuscrito qualquer referência a este fato; ele apenas menciona que:
- “No ano de 1517, Lutero apresentou em Wittenberg, sobre o Elba, conforme a antiga tradição da universidade, certas sentenças para discussão, mas modestamente, sem desejar insultar ou ofender alguém”.
Aí já se vê como a desonestidade [intelectual] protestante transformou um trabalho universitário feito para debate e discussão em um “poderoso documento contra a doutrina e o abuso da Igreja”.
Hoje é bem conhecido pelos estudiosos que essa lenda das Teses pregadas na porta de uma igreja foi inventada, após a morte de Lutero, pelo alemão Melanchthon, em 1546, o qual certamente nem sequer se encontrava em Wittenberg em 1517, mas na cidade de Tünbigen.
Abaixo apresentamos algumas das famosas 95 teses de Lutero, que quase ninguém leu, mas que todos fazem referência a elas, e que ao invés de atacar as doutrinas da Igreja e do Papa, as defende e, além disso, nos mostram que a Igreja não vendia indulgências, mas sim alguns de seus membros:
7ª) Deus não perdoa a culpa de quem quer que seja, sem que se sujeite em completa humildade ao sacerdote como a seu substituto.
9ª) Por isso o Espírito Santo nos beneficia através do Papa, quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade extrema.
38ª) Mesmo assim a remissão e a participação da mesma pelo Papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.
50ª) Deve-se ensinar aos cristãos que, se o Papa soubesse das extorsões feitas pelos apregoadores de indulgências, ele preferiria reduzir a cinzas a basílica de São Pedro a edificá-la com pele, carne e ossos de suas ovelhas.
51ª) Deve-se ensinar aos cristãos que o Papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns apregoadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo se para isto fosse necessário vender a basílica de São Pedro.
53ª) São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que por causa da pregação de indulgências fazem calar por inteiro a Palavra de Deus nas demais igrejas.
70ª) Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos, em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.
71ª) Quem fala contra a verdade das indulgências apostólicas, seja excomungado e maldito.
73ª) Assim como o Papa com razão fulmina aqueles que de alguma forma procuram defraudar o comércio das indulgências.
74ª) Muito mais [o Papa] deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, defraudam a santa caridade e verdade.
77ª) A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças, é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78ª) Afirmamos, ao contrário, que também este ou qualquer outro Papa tem graças maiores a dar, quais sejam: o Evangelho, as virtudes espirituais, os dons de curar etc., como está escrito em 1Corintios 12.
81ª) Esta licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para homens doutos, defender a dignidade do Papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.
91ª) Se, portanto, as indulgências fossem apregoadas em conformidade com o espírito e a opinião do Papa, estas objeções poderiam ser facilmente dissipadas e nem mesmo teriam surgido.
Bastem estes simples exemplos para destruir a falsa história da venda de indulgência que foi inventada pelos protestantes e que foi apoiada pelos governos maçônicos que transformaram esta mentira em dogma, de modo que hoje é ensinada como um fato histórico em todas as escolas e universidades do mundo. Eu a tenho ouvido dos meus professores desde o ensino básico.
Há um ditado que diz: “uma mentira repetida mil vezes logo vira verdade”… Lutero não atribuía questões de imoralidade à Igreja, como ele mesmo reconhece: “Entre nós” – confessa expressamente – “a vida é má, assim como entre os papistas; porém, não os acusamos de imoralidade”, mas de erros doutrinais. Efetivamente, “bellum est Luthero cum prava doctrina, cum impiis dogmatis” (Melanchton).
CONCLUSÃO
1) A Igreja jamais se dedicou à venda de indulgências.
2) Quem vendiam indulgências eram alguns pregadores, movidos pela ambição pessoal, como um certo monge chamado Tetzel e seus comissários, agindo em rebeldia. Tetzel foi punido e morreu dois anos depois.
3) Em suas Teses, Lutero jamais acusou o Papa de vender indulgências para a construção da Basílica de São Pedro.
4) Lutero jamais pregou suas 95 Teses na porta de nenhuma Igreja: este é um fato anti-histórico e sem provas que o fundamentem.[*]
5) O fato dessas mentiras terem virado “verdade conhecida por todos” é que esses “todos” – tanto católicos quanto protestantes – jamais leram as 95 Teses de Lutero, mas acreditaram nas lendas que orbitam em torno delas, difundidas pela cinematografía hollywoodense e sua própia ignorância.
Veritatis Splendor
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