Estamos
vivendo uma época de rápidas mudanças. Tudo muda, tudo evolui diante de nossos
olhos, nos campos cultural, social, econômico, político e tantos outros.
Por essa constante sucessão de mudanças, o nosso tempo apresenta-se como uma
visão magnífica, mas, ao mesmo tempo, assustadora, devido à rápida caducidade
dos bens materiais e os questionamentos dos valores que sempre acompanharam as
gerações que nos sucederam.
Com preocupação, nós percebemos que, nessa civilização relativista, cada vez mais,
novos modernistas tentam nos convencer de que certas pessoas são “descartáveis”,
entre elas, os idosos, os nascituros e os doentes. Desse modo, tentam, a todo
custo, justificar o injustificável: o aborto, a eutanásia, suicídio assistido,
ortotanásia
e tantos outros pecados. Se pararmos para pensar, nós iremos verificar que, aos
poucos, o relativismo está ganhando terreno. Basta verificar que, nestes nossos
dias, diversos atentados contra a vida não têm mais o peso social pejorativo de
cem, cinquenta ou
quarenta anos atrás. Por outro lado, não podemos esquecer que tudo isso são
expressões de mundanidade, manifestações de ausência de valores e de religião,
pois, quando se começa a ocultar a Verdade, eliminam-se os Mandamentos, a
expressão da fé, a Sagrada e o dom do santo temor de Deus.
Uma reflexão mais profunda sobre os problemas do nosso mundo deixa claro que o
relativismo está cada vez mais presente em nossas sociedades, e, por isso, nos últimos
séculos, “a pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada
por estas ondas lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até
à libertinagem, ao coletivismo radical, do ateísmo a um vago misticismo
religioso, do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Ter uma fé clara,
segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é chamado de fundamentalismo. Enquanto
o relativismo, isto é, deixar-se levar ‘aqui e além por qualquer vento de
doutrina’, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se
constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e
que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”. (Papa
Bento XVI, Homilia em 24 de abril de 2005). Desse modo, se torna evidente que
nunca a Santa Igreja de Deus precisou tão intensamente como agora de defensores
contra esses erros, pois, a cada novo dia, nós percebemos que quem não está
dentro do “politicamente correto” é perseguido, desprezado, zombado e criticado.
Quando paramos para verificar o alcance da ditadura do relativismo, percebemos que
os seus defensores não estão dormindo: ataques constantes na mídia, obtenção de
espaços consideráveis nos programas televisivos, questionamentos das leis, que
até ontem pareciam inalteráveis, e, até mesmo, conquista de expressivos cargos
políticos, inclusive no Poder Legislativo, onde passam a propor leis contra a
Lei natural que Deus colocou em nossos corações. Assim, aos poucos, a palavra
dos legisladores humanos vai implodindo a Lei de Deus, que é a mesma para todos
os seres humanos.
Diante deste
panorama assustador, é preciso reagir, pois, como sabemos, o relativismo é uma
corrente que nega toda verdade absoluta, assim como toda ética absoluta, deixando
a critério de cada pessoa definir a sua verdade e o seu bem. Em outras
palavras, o relativismo defende a exclusão do credo religioso da esfera pública,
pois, erroneamente, considera a fé como uma ameaça para a liberdade, a
fraternidade e a igualdade do ser humano.
Por sermos filhos da luz, discípulos missionários de Jesus, somos convocados por
Deus e pela Igreja a trabalhar no desmantelamento da ditadura do relativismo. O
que podemos realizar para fazer frente a essa dura realidade? Confirmar a nossa
fé na Palavra de Cristo, conhecer cada vez melhor a Bíblia Sagrada e o
Catecismo, expressar, com evidência sempre maior, a nossa pertença a Jesus
Cristo e readquirir o gosto pelo Sagrado. O nosso dever primário nesta
empreitada é, certamente, propagar sem reservas ou medos os sinais da nossa fé,
por meio de vozes claras de defesa da moral e da ética cristã e da segura
orientação dos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo diante de tantas
debilidades e inseguranças. Por conseguinte, nós não podemos poupar esforços e talentos
nesta peleja que enfrentamos com a força da oração e com o poder operativo do Amor
que nos conduz à contínua defesa da Verdade Absoluta.
Por sermos soldados de Cristo, cada um de nós tem o grato dever de ser um exemplo
público de fé nos mais diversos ambientes sociais. Possuímos também o privilégio
de trabalhar em prol do autêntico bem-estar dos nossos contemporâneos, oferecendo-lhes
os sólidos valores humanos e cristãos que herdamos das sucessivas
gerações cristãs e, acima de tudo, temos a santa obrigação de “fazer brilhar,
com a nossa própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos
deixou”. (Papa Bento XVI, “Carta Apostólica Porta Fidei, nº 6”).
Não podemos e nem devemos ficar estagnados diante de tantos erros. Nesse bom combate
em prol da fé, nós devemos, com renovada esperança, hoje, amanhã e sempre, escancarar
diante dos olhos dos nossos coetâneos a Porta da Fé. Respeitando a liberdade
de cada pessoa, nós temos que propor a cada homem e a cada mulher – crianças, jovens,
adultos e idosos – o desafiador convite de Cristo que nos chama a segui-Lo.
Levantai-vos, soldados de Cristo, e vamos juntos expressar a liberdade da fé, o
apreço pelo próximo e nosso amor por Deus, suplicando continuamente ao Espírito
Santo a necessária sabedoria e a imprescindível fortaleza para não desanimarmos
nesta peleja. Que a Virgem Maria, a Nossa Senhora das Vitórias, a doce Mãe dos
mártires, nos proteja e ampare!
Aloísio
Parreiras
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