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Por
ser uma instituição natural que está alicerçada no amor de Deus, a família é chamada
a tornar-se uma grande escola de formação vocacional, capaz de proceder unida
no discernimento do chamado que o Altíssimo faz a cada um de seus membros, pois
as vocações nascem e se desenvolvem no seio das famílias e devem ser acolhidas como
preciosas bênçãos de Deus. Como seria bom se as famílias permanecessem juntas e
fizessem do dia a dia do lar a melhor preparação para a cidadania, para o
exercício do serviço desinteressado ao próximo e para a prática do amor
caritativo!
A família deve se assumir, cada vez mais, como um manancial de vocações. O reto
cumprimento da vocação matrimonial dos pais é o primeiro e o maior testemunho, para
os filhos, de que o Matrimônio é uma instituição natural que Deus elevou à dignidade
de sacramento.
É na família que os filhos aprendem a conjugar os verbos partilhar, respeitar, amar,
servir, liderar e coordenar. Se na família os filhos aprendem a se engajar nos pequenos
serviços do lar e a estar atentos às iniciativas que promovem o bem e a união de
todos, seguramente nós teremos um maior número de pessoas – jovens e adultos, solteiros
e casados – engajadas nas Pastorais e nos serviços de nossas Paróquias. Se nas famílias
a liderança cristã for despertada e solidificada como um desafio para o constante
aprendizado da arte do conviver, respeitando-se as diferenças, as limitações e as
qualidades do outro, nós teremos em nossa sociedade excelentes lideranças que
não pouparão esforços para a concretização do bem comum.
Visando o bem comum e a construção de um mundo novo, a família não pode poupar
esforços na reta orientação e preparação dos filhos para o Matrimônio. Na família
deve haver entre pais e filhos um diálogo fecundo sobre o real valor da sexualidade
e a necessidade de se ser autêntico no namoro e no noivado, por serem preciosas
fases de preparação para o casamento.
Os pais, ao ensinarem aos seus filhos, desde a tenra infância, como vencer os apelos
e os vícios do mundo, por meio dos sacramentos, pela prática da oração e pela fuga
das ocasiões de pecado, estão dando a eles o melhor curso de preparação para o Matrimônio,
bem como um bem inestimável que os ajudará a serem pessoas fiéis e responsáveis.
Em todos os momentos da vida, por poder contar com os sábios conselhos e a
presença insubstituível de seus pais, os filhos adquirem a convicção de que a
vida só faz sentido se entendida e vivida como uma vocação, um chamamento de
Cristo.
A vocação da família é a de ser a primeira comunidade de evangelização que nós frequentamos,
pois nela os irmãos mais velhos devem ser sempre os incentivadores da fé e da
santidade dos irmãos mais novos. Os irmãos mais velhos devem ser sólidos exemplos
de desapego, de humildade, de mansidão e de fraternidade. Neste sentido, eles devem
acompanhar os seus irmãos mais novos no aprendizado das orações, na Catequese,
no cumprimento dos deveres escolares e na saudável prática dos esportes, com o
intuito de aprender com eles a arte do diálogo, da convivência, da compreensão e
do respeito. Os irmãos mais velhos têm a grata responsabilidade de aconselhar
aos irmãos mais novos, dizendo: “Irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro,
respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer
modo mereça louvor. Assim o Deus da paz estará convosco”. (Fl 4, 8-9).
Na família, sem distinção de idade, todos podem e devem ser educados para o serviço
e para o respeito aos que mais precisam de nossa ajuda, sobretudo os doentes e os
idosos. Na família, em meio às alegrias e às tristezas ou em meio ao sucesso e
às derrotas, todos, sem exceção, devem salmodiar: “Nunca faltarei à minha
fidelidade!” (Sl 89,34).
A família deve educar e orientar para o acolhimento da vocação, seja ela qual for:
matrimonial, sacerdotal ou religiosa, pois é na família que aprendemos a
respeitar a liberdade alheia e a estar disponíveis para discernir os sinais
vocacionais que Deus suscita continuamente.
Na família, o Evangelho de Cristo deve ser vivenciado nas orações em comum, na
frequência aos sacramentos e na partilha dos desafios cotidianos. Desde antes de
balbuciar as primeiras palavras, os filhos devem aprender com o testemunho dos
pais que Deus é o nosso Pai bondoso, Justo e misericordioso, e que por ser
amor, Ele reservou para nós uma vocação pessoal e específica. “Como primeira
escola de vida e de fé, a família está chamada a educar as novas gerações nos
valores humanos e cristãos, para que, orientando sua vida segundo o modelo de
Cristo, moldem nelas uma personalidade harmônica”. (Carta convocatória do Papa
Bento XVI para o VI Encontro Mundial das Famílias).
Vamos concluir, recorrendo à Virgem Santa Maria, a Nossa Senhora das Famílias,
suplicando sua poderosa intercessão para que as nossas famílias, por meio de seu
compromisso com a Boa Nova de Cristo e pelo seu caráter sagrado, sejam imensos mananciais
de vocações, onde a cada novo dia ocorra uma nova floração de santidade. Doce
Mãe, proteja e ampare a família, a fim de que cada família seja uma comunidade vocacional,
de transmissão da fé, da esperança e da caridade e um especialíssimo lugar da
formação humana e cristã. Nossa Senhora das Famílias, rogai por nós e pelas
nossas famílias!
Aloísio Parreiras
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