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O Profeta Santo Elias
Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN
3. Elias nas obras dos Padres
O lugar que o profeta Elias ocupa não só no AT e na tradição judaica, como também no NT, o faz ser recordado nas obras dos Padres com freqüência.
Alguns deles insistem na relação existente entre Elias e São João Batista (cf. Gregório de Nissa, De Virginitate, VI, em PG, XLVI cols. 349-52); outros fixam sua atenção no arrebatamento de Elias e no seu retorno ao final dos tempos. Neste sentido é notável a clara afirmação de Orígenes que, contra a opinião comum, assegura a morte de Elias e nega que haja sido arrebatado ao céu em carne mortal (Em Sl 15,9, PG, XII, col. 1216); outros (S. Justino, S. Irineu, etc.) põe de relevo a personalidade do profeta e o apresentam como modelo de vida de perfeição.
Orígenes apresenta o exemplo de Elias para mostrar a confiança que devemos colocar na oração (Em Sl, 37; Hom., 2, 3, PG, XII, col. 1384) e para estarmos seguros de sua eficácia (De Oratione, 13, em PG, XI, cols. 458ss); Atanásio, na Vita Antonii, refere a máxima de Antão (ou Antônio): "Todos os que professam uma vida solitária devem tomar por regra e por patrono o Grande Elias e ver em suas ações como em um espelho para saber qual deve ser seu comportamento" (em PG, XXVI, col. 752); São João Crisóstomo, por fim, elogia a pobreza de Elias (Hom. em s. Eliam, 3, em PG, LXIII, col. 464): "Elias nada possuía e, sem dúvida, nada o impediu de alcançar o cume da virtude; ele é um oceano sem limites" (cf. Bardy, Le souvenir d'Élie chez les Pères Grecs, em Élie, I, 131- 58).
São numerosos os textos dos Padres latinos que se referem a Elias. Santo Isidoro (De ortu et obitu patrum, 25, em PL, LXXXIII, col. 140) denomina Elias como "grande sacerdote e profeta" e deduz o sacerdócio de Elias a partir do sacrifício que havia oferecido a Yahweh no Horeb. S. Ambrósio escreve a respeito de Elias: “O príncipe mais excelso entre o todos os profetas (De viduis 1, 3, em PL, XVI, col. 235). Da sua missão de denunciar o pecado e convidar à penitência, é indicada sobretudo a primeira tarefa, a increpatio (exortação forte e insistente), junto com a dureza de sua vida e o ardente zelo pela glória de Deus (cf. Jerônimo, Contra João. Hieros., 2; Comm. in Ez., 11, 35, em PL, XXIII, col. 356; XXV, col 334ss). É comum a crença de que Elias não está morto; porém morrerá junto com Enoc, no final dos tempos, lutando contra o Anticristo (cf. Santo Agostinho, Ep. 193, 3, 5; De Genesi ad litt., 9, 5, em CSEL, LVII, p. 170; XXVIII, 274ss). Santo Agostinho (De civitate Dei, 20, 29, em CSEL., XL, 2, 503) atesta que "é muito celebrada nos sermões e nos corações dos fiéis" a idéia da volta de Elias como precursor da segunda vinda de Cristo, como São João Batista o havia sido da primeira. Os Padres procuram ver no Apocalipse 11 os detalhes desta missão profética de Elias, uma das mais importantes dentre as muitas que realizou durante sua vida. Nos dois testemunhos do Apocalipse, eles vêem a Enoch e a Elias (Tertuliano, Ambrosiáster, S. Gregório Magno). "O mesmo que há de vir na segunda vinda do Salvador em sua realidade corporal, vem agora na pessoa de João em virtude e em espírito", escrevia S. Jerônimo (Comm. in Ev. Mt., 3, 57, em PL., XXVI, col. 124).
O movimento monástico do séc. IV tomou a Elias como seu modelo, pondo em relevo a continência, a pobreza, a vida no deserto, o jejum, sua oração: nosso príncipe é Elias (cf. Cassiano, Conlatio, 14, 4 em CSEL, XIII, p. 400). A mesma importância e relevo lhe dão os Padres sírios (cf. M. Hayek, v. bibl.)
4. Elias no Islão (Islã, Islame ou Islamismo)
Em torno da figura de Elias se formaram numerosas lendas judaicas e cristãs que tiveram amplo influxo também no Islão. O próprio Corão (VI, 85 e XXXVII, 123-30) menciona o "profeta" Ilyâs (cf. Y. Moubarac, Le prophète Élie dans le Coran, em Élie, II, 256-68). Por isso, muitos historiadores e comentaristas muçulmanos fizeram comentários sobre Elias. Do mesmo modo, algumas manifestações a cerca da figura legendária de Elias são atribuídas pelo islamismo ao mítico personagem al-Khadir ou al-Khidr (cf. L. Massignon, Élie et son rôle transhistorique, Khadiriya, no Islam, em Élie, II, p. 269-90).
No monte Carmelo existem lugares venerados, ao mesmo tempo, por cristãos, judeus e muçulmanos; o monte Carmelo em árabe é Gebel Mar Ilyas ou "o monte de Santo Elias". (cf. para as lendas muçulmanas cf. A. J. Wensinck, na voz Ilyas, em Encyclopédie de l'Islam, II, Leiden-Paris 1927, com a bibliografia que ali se dá [G. Ricciotti].)
FONTE:
Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)
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