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O Profeta Santo Elias
Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN
11. Iconografia sobre Elias
Nas numerosíssimas representações da arte bizantina e ocidental, o Profeta Elias aparece em geral vestido como um santo eremita do deserto. Os seus sinais distintivos são o corvo (que o alimentou no deserto), uma espada flamejante, uma roda de carro (alusiva a sua ascensão) e às vezes uma pá. Os caracteres iconográficos da figura do profeta derivam assim da tradicional interpretação de Elias como precursor de São João Batista. Como prefigura de Cristo, ao qual lhe associam muitos episódios de sua vida, o profeta é sempre representado no deserto enquanto é consolado ou alimentado por um anjo (afrescos do séc. XIV na Catedral de Orvieto; Tiépolo, teto do Palácio arcebispal de Udine), ou enquanto ressuscita o filho da viúva de Sarepta (afrescos do séc. III na sinagoga de Dura Europos, e do século XIV no convento de Emaús, em Praga), ou então arrebatado no carro de fogo.
A ascensão de Elias é o tema mais difundido e tratado, por sua referência à Ascensão de Cristo, por outros diversos significados simbólicos e sobretudo porque falava já de um modelo iconográfico preconstituído na figura clássica de Helios-Apolo sobre seu carro de fogo. Fora algumas representações medievais nas quais o profeta aparece sobre um carro sem cavalos, ou então levado por cavalos sem carroça, a iconografia tradicional nos apresenta Elias enquanto é elevando ao céu sobre um carro puxado por dois ou quatro cavalos, às vezes guiado por um anjo, estendendo a mão direita para Deus, enquanto que com a esquerda entrega seu manto ao profeta Eliseu que fica cego com esta visão.
Com freqüência se localiza o episódio com a representação do rio Jordão, personificado numa divindade fluvial clássica. Entre as numerosíssimas e antiquíssimas representações deste episódio podemos recordar as dos afrescos do cemitério de Domitila em Roma, dos sarcófagos paleocristãos do Louvre e da Basílica Vaticana, dos relevos das portas de madeira de Santa Sabina em Roma, de muitíssimas miniaturas medievais, dos relevos da Catedral de Cremona do séc. XII etc.
Numerosos outros episódios da vida e dos milagres do Profeta estão também representados, em geral, nas igrejas pertencentes à Ordem do Carmelo, como na de San Martino ai Monti em Roma, na capela dos carmelitas descalços de Paris e nas igrejas carmelitas de Córdoba e de Madrid. Como Patrono da Ordem, Elias aparece vestido com o hábito de religioso carmelita com os sinais e caracteres iconográficos tradicionais. Raramente o Profeta aparece com armadura de guerreiro (por ex.: afrescos de Santo Elias em Nepi).
Entre os episódios mais freqüentemente narrados nos ciclos acima citados são evidentemente o Sacrifício no Monte Carmelo com o milagre do fogo descido do céu, que prefigura da vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos (por ex.: afrescos do séc. III na sinagoga de Dura Europos, taracea marmórea de Beccafumi na Catedral de Siena); Elias alimentado pelos corvos, tema habitual nos refeitórios dos conventos do Monte Athos (outro exemplo é a pintura de Rubens, Louvre de Paris); Elias socorrido pela viúva de Serepta (por ex.: vitral da Catedral de Chartres do séc. XIII, e pintura de Juan Lanfranco no Museu de Poitiers); a Matança dos 450 profetas de Baal, tema muito freqüente na arte bizantina e russa; e finalmente Elias separando com seu manto as águas do Jordão (por ex.: relevo do séc. XII na fachada do Monastério de Ripoll, na Catalunha).
Francesco Negri Arnoldi
FONTE:
Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)
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