Ecclesia |
O Profeta Santo Elias
Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN
12. Folclore sobre Elias
A popularidade de Elias foi verdadeiramente extraordinária. A narração bíblica, nos chamados ciclos elianos do AT e nos textos da Transfiguração no NT, por sua grandiosidade e eficácia impressionava grandemente a imaginação do povo, principalmente devido ao seu arrebatamento ao céu e por causa da crença de sua permanência em vida, da sua intervenção em favor dos bons em suas necessidades e do seu regresso para lutar contra o anticristo no final dos tempos.
No tempo de São Martinho, um jovem, apresentando-se como sendo Elias e sustentando tal afirmação com pretensos milagres, chegou a seduzir várias pessoas e inclusive a um bispo (Sulplicio Severo, Vita sancti Martini, 24, em CSEL, I, p. 133). No tempo de S. Gregório Magno, como ele mesmo conta (Ep. 38, em PL, LXXVII, col. 635), um judeu chamado Nasas atraía na Sicília os cristãos em torno a um altar por ele construído em honra a Elias.
Nos costumes eslavos, a festa de Elias adquiriu uma particular importância, que a distinguia das outras festividades. O dia de Elias, chamado "Elias, o trovão", era esperado como se aguarda um dia de descanso, com interrupção dos trabalhos no campo. Segundo as crenças populares, Elias comanda o trovão e a chuva, e na sua ira pode mandar a seca. Segundo o historiador Zabelin (Les coutumes, les traditions, les légendes... russes, Moscou 1800, p. 96), na consciência popular da velha Rússia, Perun, o deus pagão do trovão e do relâmpago, cedeu o lugar ao profeta Elias, venerado também - fato notável - pelos Buriatas e Tártaros. A vida de Elias esteve vinculada aos fenômenos celestes, ao trovão, à chuva e à seca. O povo via em Elias um intercessor junto a Deus para o duro trabalho nos campos (cf. indícios destas crenças no Eucologio [ou ritual], Leópolis 1695). Nos campos de Novgorod, onde em 1198 surgiu a primeira igreja em honra de Elias e onde se transferiu o culto do santo, desde Kiev, o barulho do trovão era explicado como a passagem do carro de Elias sobre as nuvens.
Nas comunidades sírias, antes de se tornarem cristãs, Elias, por influência das lendas judaicas, já havia se transformado num ser misterioso, meio anjo e meio homem, coberto de penas e capaz de voar para socorrer aqueles que a ele se dirigiam.
Nestas crenças populares se inspirou também Eugênio Sue, autor de "O judeu errante".
No dia 20 de julho se reúne no Monte Carmelo uma grande multidão de devotos de Elias: cristãos de vários ritos, judeus e muçulmanos. Todos sobem ali com os mais variados meios de locomoção ou a pé, para cumprir seus votos, para apresentar suas crianças ao batismo e principalmente para cantar e dançar em honra do profeta. Do interior do monastério se escuta o rumor de uma grande feira: toda aquela gente tão diferenciada se reúne ali cada ano em nome de Elias, o qual continua exercendo sua fascinação e sua notável influência na vida e nas crenças daqueles povos.
Francesco Spadafora
FONTE:
Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)
Aleteia
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