Giuseppe Milo (CC BY 2.0) |
Tudo depende da nossa capacidade de valorizar as coisas que temos, não as que nos faltam.
Eu gosto das pessoas que agradecem. Das que sorriem sem motivo aparente. Das que chegam à tua vida e a enchem de esperança. Das que entram pelas janelas da alma, abrindo-as de par em par.
Não gosto dos que sempre se queixam, dos que exclamam com pesar: “Se tudo tivesse sido de outra forma…”
Tem gente que tem medo das más notícias. Não quero ser assim. Por isso, gosto de agradecer, sobretudo por aquilo que não é evidente.
A psicóloga Pilar Sordo falou, em certa ocasião, sobre um paciente cego. Ela pediu para que ele agradecesse pelas coisas da vida. O homem, então, enumerou tantas razões pequenas pelas quais tinha que agradecer que ela ficou surpresa. “Tudo vai depender da capacidade que tenho para registrar as coisas que possuo e não as que me faltam. Posso estar permanentemente feliz na medida em que encontro sentido para tudo o que faço. E não consigo isso fazendo sempre o que eu quero. Isso não me faz feliz. Tenho que focar no que eu quero conseguir”, diz a especialista.
Trata-se de mudar as atitudes na vida. Adquirir hábitos que me tornam agradecido, não resmungão.
Enumero tantas coisas que não são evidentes. Não tenho direitos sobre o sol nem sobre a chuva. Tampouco sobre dormir muitas ou poucas horas.
Em momentos de dor, creio que nada é suficiente, pois me falta motivo para estar alegre. Não descubro o motivo da minha existência. E penso que nunca mais vou poder ser feliz.
Como pode uma pessoa agradecer por aquilo que não tem, quando lhe falta aquilo de que ela mais precisa? Quando me falta o que mais amo, é como se o resto fosse insuficiente. E não tenho motivos para estar alegre.
Sinto que não valorizo a vida que tenho. Não dou conta daquilo que me importa. Até que eu perco algo. Não quero passar a vida entre queixas e amarguras. Como se nada pudesse voltar a ser como antes.
Dizia Enrique Rojas: Para ser feliz é necessário não se equivocar com as expectativas e esperar de forma moderada”.
Essa atitude me torna agradecido. Mais consciente do que tenho. Mais feliz por não querer mais do que preciso. Não é feliz aquele que mais tem. Mas aquele que menos precisa. Simples assim!
E eu complico tudo, exigindo dos outros aquilo que eles não podem me dar. Exigindo da vida o que ela não me presenteia. Exigindo do futuro o que ele talvez não traga. Queixando-me do passado que me tirou tantas coisas importantes. Assim eu não cresço, não amadureço, não sorrio.
Ao invés de me queixar do que não posso fazer, quero alegrar-me do que tenho entre as minhas mãos. Um novo sonho. Um novo projeto. Sem menosprezar o que estar por vir.
Reclamo do destino. Do que eu poderia ser e não fui. Do que poderia ter sido diferente. O que é o destino? Que a moeda caia de um lado e do outro. Que a fortuna sorria para mim e eu tenha o que tanto esperava.
Quando minha felicidade está focada em conseguir o que eu desejo, o que eu sonho e o que eu espero, eu sofro mais. Quero aprender a viver com expectativas mais simples. Sem me amargar quando as coisas não saem como eu quero.
Algo ruim pode se tornar algo bom. Depende de mim, do meu olhar. Depende do que está no centro do meu coração. Para quem vivo? Se Deus é o centro, tudo muda. Espero que seja assim.
Quero agradecer a Deus por tudo o que Ele me deu. Por tudo o que tirou de mim. Por aquilo que eu não tenho. E nunca terei. Por tudo o que ele faz comigo. E por tudo que não faz. Agradeço pelos meus fracassos, minhas cruzes. Minhas tragédias e alegrias.
Parece simples. Decido deixar de reclamar. E passo a agradecer mais pelas coisas simples da vida.
Aleteia
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