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Desde os primeiros tempos do Cristianismo, Maria foi referida como a “esposa do Espírito Santo”; sob esse ponto de vista, ela não poderia ser uma mãe solteira.
O Beato Bartolo Long escreveu: “Qual é a minha vocação? Escrever sobre Maria, para que Maria seja louvada, para que Maria seja amada ”. (Uma declaração notável de alguém que, quando jovem, era um ocultista e satanista antes de ser levado à conversão e à devoção ao Rosário).
Sim, nunca ficamos sem coisas boas, verdadeiras e belas a dizer sobre Maria. Mas há algumas coisas que não devem ser ditas sobre ela, por mais bem-intencionadas que sejam. De vez em quando, diz-se que Maria foi “mãe solteira”. Acho que uma das raízes desse erro é um mal-entendido das Escrituras, bem como uma tentativa bem-intencionada, mas mesmo assim mal colocada, de despertar simpatia por Maria depois que o arcanjo Gabriel deu a ela a surpreendente notícia de que ela conceberia o Filho de Deus. A outra raiz desse erro é uma compreensão distorcida do papel do Espírito Santo na vida de Maria. Vamos dar uma olhada em ambos.
Estaremos em dificuldades se deixarmos de entender o conceito bíblico de “noivado” em ação na cultura judaica de Maria e José. O Evangelho de Mateus, capítulo 1, versículo 18 diz:
“Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.”
O noivado era a primeira parte do casamento, comprometendo um homem e uma mulher como marido e mulher, mesmo antes de fazerem um lar juntos. No versículo 19, Mateus continua:
“José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu deixá-la secretamente”.
São Mateus deixa claro que José era seu marido, senão ele não teria pensado em se divorciar dela.
Algumas pessoas, com a melhor das intenções, podem estar inclinadas a pensar que Maria foi “mãe solteira” a fim de despertar compaixão pelas mulheres que se encontram enfrentando o que, às vezes, é chamado de “uma gravidez de crise”. Essas mulheres e seus filhos precisam de nossa compaixão e apoio, mas não porque Maria era uma mãe solteira. Desde os primeiros tempos do Cristianismo, Maria foi referida como a “esposa do Espírito Santo”; sob esse ponto de vista, ela não poderia ser uma mãe solteira.
Há mais de cem anos, o Papa Leão XIII escreveu: “Vós conheceis bem as relações íntimas e maravilhosas que existem entre Maria e o Espírito Santo, para que ela seja justamente chamada de Sua Esposa”. Ele confirma as palavras escritas por Santo Agostinho cerca de 1.400 anos antes: “Maria foi a única que mereceu ser chamada de Mãe e Esposa de Deus”. Sim, desde as primeiras reflexões da Igreja, Maria foi corretamente chamada de “Mãe de Deus” porque ela é a mãe de Jesus que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ela também é chamada de esposa do Espírito Santo (e, portanto, a “esposa de Deus”).
O que quero dizer com isso? Que o casamento é caracterizado por um amor pleno, livre, fiel e fecundo. Maria, “cheia de graça” (Lucas 1,28), é preservada do pecado original desde o momento de sua Imaculada Conceição. O amor divino por Maria é gratuito, na medida em que Deus escolheu amá-la como expressão de sua providência e soberania. Esse amor é fiel, pois nunca falha e nunca é retirado dela. É um amor fecundo, porque esse amor resulta na concepção de Cristo, que é filho de Deus e filho de Maria. Assim entendida, Maria é corretamente chamada de “a esposa do Espírito Santo”.
Qual é a conclusão desta lição de teologia? Simplesmente isto: se queremos ajudar a causa pró-vida e inspirar generosidade em favor das mulheres em dificuldades, podemos e devemos fazê-lo porque Maria é a prova de que Deus está trabalhando amorosamente na vida humana desde o momento da concepção. Maria é justamente a maior inspiração para os cristãos que defendem a causa pró-vida, porque ela escolheu cooperar com a obra do Deus que dá vida, e não por causa de um apelo mal aplicado de piedade como uma mãe solteira.
Vamos, portanto, orar e trabalharmos juntos para defender o presente dado por Deus de cada vida humana, desde a concepção até a morte natural.
Aleteia
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