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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Questões sobre o Batismo (Parte 12/12): Será o Batismo de Sangue o mais excelente dentre os Batismos?

Opus Dei
  • Autor: São Tomás de Aquino
  • Fonte: Suma Teológica, Parte III, Questão 66
  • Tradução: Dercio Antonio Paganini

Objeção 1: Parece que o Batismo de Sangue não é o melhor entre os três, pois o Batismo de Água imprime um caráter que o Batismo de Sangue não pode fazer, e assim sendo, o Batismo de Sangue não é melhor que o Batismo de Água.

Réplica à Objeção 1: Um caráter é tanto realidade como sacramento e nós não podemos dizer que o Batismo de Sangue é o melhor, considerando a natureza do sacramento, mas temos que considerar o efeito sacramental.

Objeção 2: Devido ao fato de que o Batismo de Sangue não é válido sem o Batismo do Espirito, o qual é válido pela caridade, e está escrito em 1Cor 13,3: “E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”; mas o Batismo do Espírito é válido sem o Batismo de Sangue, pois os mártires foram salvos. Assim sendo, o Batismo de Sangue não é o melhor.

Réplica à Objeção 2: O derramamento de sangue não está na natureza de um Batismo se for feito sem a caridade. Então fica claro que o Batismo de Sangue inclui o Batismo do Espírito, mas não reciprocamente. Assim sendo, esse batismo é imperfeito.

Objeção 3: Como efetivamente o Batismo de Água obtém sua eficácia a partir da Paixão de Cristo, como visto anteriormente (art. 11), o Batismo de Sangue corresponde à Paixão de Cristo e obtém sua eficácia do Espírito Santo, de acordo com Hb 9,14: “quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa consciência, para servirdes ao Deus vivo?”. Então, o Batismo do Espírito é muito melhor que o de Sangue, e portanto o de Sangue não é o melhor.

Réplica à Objeção 3: O Batismo possui sua proeminência não apenas da Paixão de Cristo, mas também do Espírito Santo, como visto acima.

Pelo Contrário, Agostinho (Ad Fortunatum) falando da comparação entre os Batismos diz: “Os neófitos batizados confessam sua fé na presença do padre; o mártir na presença do opressor. O batizando é aspergido com água depois que tiver confessado, depois com seu sangue, e depois, recebe o Espírito Santo pela imposição das mãos do Bispo (Crisma) e então seu corpo se torna templo do Espírito Santo”.

Eu respondo que: Como ficou estabelecido antes (art. 11), o derramamento de sangue pelo sofrimento de Cristo e a operação interior do Espírito Santo são chamados batismos e, assim, produzem o efeito do Batismo da Água. Assim, o Batismo da Água recebe sua eficácia da Paixão de Cristo e do Espírito Santo, como também ficou estabelecido (art. 11). Estas duas causas atuam em cada um destes três batismos, mais precisamente no Batismo de Sangue. A Paixão de Cristo atua no Batismo de Água por meio da representação figurativa; no Batismo do Espírito ou Arrependimento, por meio do desejo; mas, no Batismo de Sangue, por meio da iniciação do (Divino) ato. Dessa maneira, também o poder do Espírito Santo atua no Batismo de Água através de um certo poder invisível; no Batismo do Arrependimento, pela movimentação do coração; mas, no Batismo de Sangue, pelo maior grau de fervor, dedicação e amor, de acordo com João 15,13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”.

Veritatis Splendor

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF