ArqBsB |
Por ser o sinal visível do Cristo invisível, a Igreja é essencialmente missionária e, por isso, não mede esforços para anunciar corajosamente, na sua íntegra, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste mês das missões, somos chamados a testemunhar que a “Eucaristia é a fonte e o ápice de toda evangelização”. (Presbyterorum Ordinis, 5). Devemos, também, anunciar que “a Eucaristia é o coração pulsante da missão; é a sua fonte e o seu único fim”. (Instrumentum Laboris, 88).
É na celebração da Santa Missa que renovamos nossos ideais de testemunhar ao mundo nossa pertença a Deus e à Igreja. É da constante participação na Eucaristia que, com docilidade, vamos deixando Cristo agir em nossas almas. Quando participamos retamente da Sagrada Comunhão, sentimos em nosso íntimo a necessidade de se levar ao outro a graça de poder vivenciar, em plenitude, a maravilha de ser filho de Deus. Ao final da Santa Missa, o sacerdote realiza o envio missionário, dizendo-nos: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!” Esse mandato missionário deve nos levar a partir para nossas famílias e nossos ambientes, refletindo: o que posso e devo fazer para que Cristo seja amado e reconhecido como único e verdadeiro Deus?
Diante da Mesa Eucarística, somos Igreja, comunidade orante e missionária, que se reúne para participar da Fração do Pão. Mediante a Fração do Pão, realizamos um encontro com Jesus Cristo. “O encontro com Cristo, continuamente aprofundado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e evangelizar”. (Papa João Paulo II, Mane Nobiscum Domine, 24).
Esse encontro com Cristo Eucarístico nos faz sair de nosso comodismo e nos leva ao encontro do outro. A Eucaristia nos faz anunciar a grandeza de Deus. A Eucaristia nos faz perceber que “nós não anunciamos a nós próprios. Anunciamos o Cristo. Isto exige nossa humildade, a cruz de seguimento. Mas é justamente isto que nos liberta, enriquece e engrandece”. (Cardeal Joseph Ratzinger, homilia pronunciada no Seminário Maior de Filadélfia, em janeiro de 1990).
O Cristo Eucarístico nos leva a refletir sobre como, na condição de apaixonados pela Eucaristia, podemos demonstrar hoje, nas realidades cotidianas, o que acreditamos e, assim, expressar as boas coisas que Deus opera em nós. Em ação de graças, devemos reconhecer que “o principal dever dos homens e das mulheres é dar testemunho de Cristo pelo exemplo e pela palavra, na família, no ambiente social e no âmbito da profissão. Importa que neles transpareça o novo homem, criado segundo Deus na justiça e na santidade da verdade”. (Ad Gentes, 21).
A maior parte de nosso tempo é gasto no desempenho de nossas atividades profissionais, estudantis e familiares e é nesses ambientes que devemos demonstrar uma plena coerência de vida que demonstre sem necessidade de palavras que somos discípulos de Jesus Cristo. Mas, se for preciso, recorramos às palavras para bradar que “o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão conosco!” (1 Jo 1,3). Em comunhão, nós sentimos que “a celebração eucarística é a fonte das diversas obras de caridade e de ajuda recíproca, da ação missionária e das várias formas de testemunho cristão”. (Papa João Paulo II, Audiência em 02 de dezembro de 1998).
Por meio da Eucaristia, adquirimos a convicção de que devemos nos interessar pela salvação de todos os homens e de que é nosso dever atuar como missionários. Agindo assim, sentimos a necessidade de conhecer profundamente a Boa Nova de Cristo, a fim de que possamos anunciar a verdade sem reservas.
Nosso serviço missionário terá crédito quando pudermos demonstrar que é o Cristo Eucarístico quem nos conduz em direção a novas messes. Nossa missão terá crédito todas as vezes que propusermos aos homens os grandes valores humanos que Jesus nos outorgou, pois “em uma comunidade sedenta de autênticos valores humanos e que sofre tantas divisões e fraturas, a comunidade dos fiéis há de ser portadora da luz do Evangelho, com a certeza de que a caridade é antes de tudo comunicação da verdade”. (Papa Bento XVI a peregrinos madrilenos em 04 de julho de 2005).
A Eucaristia nos faz perceber que cada discípulo de Jesus Cristo tem a sua parte na tarefa de propagar a fé e divulgar o Evangelho. É ao redor da Mesa Eucarística que Cristo nos diz: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16,15). Amparados no Cristo Eucarístico, sigamos em frente, pois há um imenso campo onde podemos e devemos realizar um fecundo apostolado, uma fecunda obra missionária. É nossa missão repassar, transmitir o Cristo inteiro com suas exigências e compromissos.
Neste mês das missões, nós devemos cada vez mais crer que “todos necessitam do Evangelho. O Evangelho está destinado a todos e não apenas a um grupo determinado, e por isso devemos buscar novos caminhos para levar o Evangelho a todos. (…) A Igreja sempre evangeliza e nunca interrompeu o seu caminho de evangelização. Celebra diariamente o mistério eucarístico, administra os sacramentos, anuncia a palavra da vida, a Palavra de Deus, e compromete-se em favor da justiça e da caridade. E essa evangelização produz frutos: dá luz e alegria, mostra o caminho da vida a um imenso número de pessoas”. (Cardeal Joseph Ratzinger, Mensagem no Congresso de catequistas e professores de religião, Roma, dezembro de 2000).
Graças ao Sublime Sacramento do Altar, o ardor missionário constantemente nasce e renasce na seara da Igreja. Desse modo, é justamente na Eucaristia que encontramos a fortaleza necessária para seguir em frente, com esperança, testemunhando com entusiasmo, “as razões da nossa fé”. (1 Pd 3,15). A Eucaristia nos faz ousados missionários do Evangelho que reconhecem que “a santidade é a manifestação plena da salvação. Só vivendo como salvados é que nos tornamos arautos credíveis da salvação. Por outro lado, cada vez que tomamos consciência da vontade de Cristo de oferecer a todos a salvação, não pode deixar de se reavivar no nosso espírito o ardor missionário, incitando cada um de nós a fazer-se ‘tudo, para todos, para salvar alguns a todo o custo’”. (Carta do Santo Padre João Paulo II aos sacerdotes por ocasião da Quinta-Feira Santa de 2005).
Exercendo, com santidade, o serviço missionário da fé, anunciando o amor e a misericórdia de Jesus, adquirimos a consciência de que necessitamos da Eucaristia para levarmos a Pessoa do nosso Redentor aos nossos coetâneos, pois “a Eucaristia é a realeza de Nosso Senhor na alma fiel. O corpo do comungante se torna para Jesus um templo; o coração, um altar; a razão um trono, a vontade uma serva fiel”. (São Pedro Julião Eymard). Servindo, hoje, amanhã e sempre, à obra missionária da Igreja, iremos professar que a Eucaristia é uma prova irrecusável do amor do nosso Redentor. Que a Virgem Santa Maria, a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, nos ajude a crescer na fé eucarística para que possamos passar pelo mundo comunicando as palavras, os gestos, o amor e a misericórdia do Cristo Eucarístico que permanece vivo e ressuscitado em nosso meio.
Aloísio Parreiras
(Escritor e membro do Movimento de Emaús)
Arquidiocese de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário