Veritatis Splendor |
- Autor: Israel Octavio Hernández Diego
- Fonte: Site “Solum Verbum Dei” (https://www.solumverbumdei.com/)
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
OUTROS CASOS DE BATISMOS
a) O batismo de 3.000 pessoas em Jerusalém
Há um fato interessante na Bíblia, onde os Apóstolos batizaram 3.000 pessoas em um só dia:
- “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (Atos 2,41).
Pois bem: estas 3.000 pessoas que se batizaram no dia de Pentecostes, somente podem ter sido batizadas por aspersão, visto que Jerusalém se encontra sobre um monte numa nas regiões mais altas do país, onde a água era bastante escassa (e bastante disputada); também não havia rios nesse lugar, nem tempo suficiente para se batizar empregando outra forma. Então como foram batizadas essas 3.000 pessoas? O mais lógico: por aspersão.
Os arqueólogos demonstaram que no tempo da narrativa bíblica, não havia água em abundância para mergulhar tamanha quantidade de gente. E ainda que fosse assim, os habitantes de Jerusalém não teriam permitido que a sua fonte de água fosse contaminada por 3.000 pessoas. Mais ainda: pessoas em certas condições médicas como tetraplégicos, paralíticos, coxos, mulheres menstruadas etc. não poderiam entrar na água a fim de serem submergidas.
Imaginar que os Apóstolos mergulhavam as pessoas nos mananciais públicos usados para beber e cozinhar é um absurdo. Não o fariam, por mínima decência; e certamente os judeus escrupulosos os proibiriam.
Estes fatores levantam problemas para os nossos amigos imersionistas.
b) Toda uma família é batizada no cárcere durante a madrugada
- “E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa. E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16,32-33).
Neste texto, vemos que São Paulo foi levado com pressa à família do carcereiro e batizou a família inteira durante a madrugada. O mais lógico é pensar na aspersão, pois deu-se dentro de um cárcere, onde não há rios, e de madrugadam sendo impossível sair a essas horas para buscar um rio ou um lugar com muita água.
Foi um batismo imediato, que não sugere mudança de lugar para a sua concretização, já que certamente, no cárcere, não havia lugares adequados para uma imersão. O carcereiro tinha levado água para lavar as feridas de Paulo e Silas, de modo que parece que foi usada parte dessa mesma água para se proceder aos batismos:
- “E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16,33).
Como se daria hoje, é impossível para um preso ter acesso a uma fonte de água para ser submergido em batismo; neste caso, a aspersão seria a forma mais adequada para se administrar o batismo. O mesmo se dá com os esquimós: a imersão não é apropriada, no entanto o método da aspersão se mostra mais adequada.
c) O caso de Cornélio
No caso de Cornélio (cf. Atos 10), os eventos imediatos se dão em seu próprio lar. Não se tem ideia de que saiu de cara para buscar um lugar com muita água para o batismo. A expressão “Pode alguém porventura recusar a água” soa muito mais como um simples rito, para o qual já se tinha à mão a água necessária, de modo que não havia razão nenhuma para não se realizar o batismo.
Na passagem que descreve os detalhes na casa de Cornélio (Atos 11,15-16), Pedro diz:
- “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: ‘João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo'” (Atos 11,15-16);
mas Pedro também disse (cf. Atos 2,14-18) que o Pentecostes era um cumprimento da profecia de Joel:
- “E nos últimos dias acontecerá – diz Deus – que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne” (Atos 2,17).
Essa é a maneira como aconteceu: Deus derramou o Seu Espírito sobre eles, o Espírito “caiu sobre” eles. O batismo com o Espírito Santo foi um “cair sobre”. Pedro imediatamente pensou no batismo com água e a relação sugeriria que o batismo ritual fosse como um “cair sobre”, isto é, como um simples derramamento ou aspersão.
d) O próprio caso de São Paulo
Atos 9 relata as circunstâncias do batismo de São Paulo. Este é o único batismo de água que é descrito no Novo Testamento, com alguns detalhes que podem sugerir a sua forma. Ananias diz a Paulo: “Levanta-te e batiza-te” (Atos 9,16); e novamente diz: “levantou-se e foi batizado” (Atos 9,18). O termo grego para “levanta-te” e também para “se levantou” é um particípio. Uma tradução literal para ambos os casos seria: “colocando-se de pé, foi batizado”. Não há aqui nenhuma sugestão de imersão. Nada se fala de um mudança de roupas, nem de ir para um lugar com muita água ou que fosse apropriado para a imersão; nem do uso de toalha; nem de alguma demora para os preparativos necessários. Se alguma coisa se insinua aqui é um rito simples, sem detalhes especiais a serem registrados.
Lembremos também que São Paulo era um fariseu zeloso, de modo que é possível que o único batismo que conhecesse fosse o da forma judaica por infusão ou aspersão.
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