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Pelo menos três casos de violência contra sacerdotes vêm gerando indignação e perplexidade nesta primeira metade do mês.
Violência contra padres no Brasil: outubro de 2020 está sendo chocante neste quesito. Pelo menos três casos, de fato, vêm gerando indignação e perplexidade nesta primeira metade do mês.
Perseguido: Pe. Luciano Lustosa
No dia 3 de outubro, a Guarda Municipal de Conde, na Paraíba, conduziu coercitivamente o pe. Luciano Lustosa até a delegacia de polícia. Por quê? Porque ele pintou de marrom a cruz da própria paróquia, depois que a prefeitura a tinha pintado de azul. Fazia três meses, aliás, que o pároco solicitava a restauração da pintura. Ele obteve permissão do arcebispo para mandar fazer a obra, porque a administração pública não dava resposta. A cruz, afinal, pertence à igreja de Nossa Senhora da Conceição, e é ele quem a administra.
Mas a reação do poder público foi desproporcional e arbitrária. Enquanto a guarda municipal o levava coercitivamente, o padre declarou:
“Estou sendo preso. A prefeita mandou me prender. Eu troquei a pintura do cruzeiro, que é da paróquia. É uma coisa absurda. A gente fica de boca aberta diante dos desmandos, da arbitrariedade, do autoritarismo”.
Arbitrariedade
A prefeita em questão é Márcia Lucena, do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Aliás, ela é candidata à reeleição, mesmo tendo sido denunciada, conforme a imprensa, por participação em organização criminosa. Em decorrência das investigações da Operação Calvário, de fato, a Justiça bloqueou bens da prefeita e determinou que ela usasse tornozeleira eletrônica, porque, segundo a ministra Laurita Vaz, relatora do caso, há risco de “reiteração delitiva” e de destruição de provas por parte dos investigados.
Márcia Lucena declarou que não mandou prender o padre. A guarda municipal, porém, atua sob ordens da administração da cidade: não poderia, portanto, ter a iniciativa de prender por si mesma o sacerdote.
A Arquidiocese da Paraíba divulgou nota questionando a alegação de que o padre teria cometido “crime de desobediência”. Além disso, a nota afirma que não houve determinação judicial nem flagrante delito para a condução coercitiva.
Na semana passada, o pe. Luciano pediu afastamento provisório da paróquia, porque tem recebido ameaças à sua integridade física.
Raptado: Pe. José Gilmar
A violência contra padres no Brasil, no entanto, vai além da perseguição ideológica. Tem havido, por exemplo, um notável aumento de assaltos e atos de vandalismo contra paróquias. E este mês viu casos ainda mais graves: houve de sequestro a assassinato premeditado.
Também na Paraíba, um padre ficou três dias desaparecido após enviar um pedido de socorro via celular. Trata-se do pe. José Gilmar, da paróquia de Santa Teresinha, na capital João Pessoa.
Policiais o encontraram bastante debilitado. Ele havia, afinal, ficado sem comida no cativeiro. Além disso, os criminosos o amarraram e ameaçaram, enquanto faziam insistentes pedidos de transferência de dinheiro.
No dia do rapto, o pe. José Gilmar tinha saído para acompanhar um velório, mas não chegou ao local. Foi um paroquiano quem recebeu a mensagem de socorro e mobilizou a polícia. Apesar da libertação do padre, as investigações sobre o rapto continuarão, assim como a busca pelos bandidos.
Assassinado: Pe. Adriano da Silva Bastos
Já em Minas Gerais, outro ataque a um sacerdote acabou de modo brutal. Acionada para buscar o padre desaparecido, a polícia encontrou o seu corpo incinerado e com sinais de violência covarde.
A vítima foi o pe. Adriano da Silva Bastos, de Manhumirim (MG). Quem responde pelo crime selvagem é um jovem de 22 anos, que, na delegacia, declarou inicialmente que era “amante do sacerdote”. Os policiais, porém, não acreditaram nesta versão. De fato, um novo interrogatório confirmou que se tratou de latrocínio premeditado.
Segundo o delegado Gladyson de Souza Ferreira, o jovem preso é traficante e estava em dívida com outros criminosos fornecedores de drogas. Assim, para tentar conseguir dinheiro, ele e pelo menos um cúmplice planejaram assaltar o pe. Adriano, que acabou sendo agredido, assassinado e tendo o corpo incendiado.
Assim como nos outros dois casos, a polícia continua investigando os fatos e procurando os cúmplices.
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