Fr Lawrence Lew / CC BY-NC 2.0 |
Antes de se tornar o Dia da comemoração de Todos os Santos, a data foi instituída pela Igreja para homenagear os primeiros mártires. O dia 1º de novembro é, portanto, uma boa ocasião para falar aos nossos filhos sobre aqueles santos que deram suas vidas pela fé.
Os mártires são o sinal luminoso da força do Espírito Santo. Eles, a quem recordamos no Dia de Todos os Santos, não eram super-homens dotados de habilidades extraordinárias ou de uma resistência incomum ao sofrimento. Se puderam suportar até o fim o sofrimento do martírio com serenidade inabalável, foi porque se colocaram nas mãos do Espírito de Deus que os encheu com a sua força. Ofereceram a Deus a sua fragilidade e, através desta fragilidade, o Espírito Santo manifestou a sua Onipotência. Não hesitemos em fazer que as crianças descubram o valor e a força destes santos, especialmente se forem os santos padroeiros de algum dos nossos filhos.
Como apresentar esses santos às crianças?
Não é necessário ir muito longe nos horríveis detalhes da tortura infligida aos cristãos. Isso pode traumatizar certas crianças por causa de sua juventude ou de sua grande sensibilidade. Além disso, o essencial não está aí. Muitos mártires são conhecidos apenas pelas circunstâncias de sua morte. Não há razão para inventar uma vida para eles da qual nada sabemos. No entanto, o que sim podemos fazer é descrever o contexto histórico, geográfico e social correspondente.
Convém também insistir no papel do Espírito Santo, para mostrar bem que é em Deus que os mártires encontram a sua força. O Espírito Santo dá a eles uma Fé invencível. Quando são questionados por juízes, Ele lhes inspira respostas de surpreendente nitidez e firmeza (podemos lembrar o exemplo do julgamento de Joana d’Arc). O Espírito Santo lhes dá força não apenas para suportar mil golpes, torturas, insultos e humilhações, mas para fazê-lo também com alegria e paz, como descrevem inúmeras narrações. Deve-se explicar às crianças que essa alegria não é indiferença ao sofrimento, mas confiança absoluta em Deus.
Os mártires, exemplos para todos os cristãos
Por que falar sobre os mártires com as crianças? Os mártires são para nós exemplos e inspiração. Talvez não sejamos chamados para oferecer nossas vidas de uma vez, para suportar torturas físicas e execuções. (Dito isso, você nunca sabe). Mas, em qualquer caso, todos somos chamados, inclusive as crianças pequenas, a dar a vida no dia-a-dia, em todos os momentos. É menos espetacular, mas não necessariamente mais fácil. O que então os mártires nos ensinam para nos ajudar a oferecer nossa vida ao Senhor?
Não adianta se preocupar com o que pode acontecer. Seja o que for, o Espírito Santo nos dará a força e a paz necessárias para superar tudo. Deus, que faz as cruzes, também faz os ombros e não há maior especialista em proporções. Como a jovem Santa Blandina de Lyon conhecia de antemão a tortura que a esperava, sem dúvida se julgava incapaz de suportá-la. No entanto, quando chegou a hora, Deus deu à ela tudo que ela precisava para lidar com isso.
Disposição ao Espírito Santo
Deus é todo-poderoso, Ele só nos pede para nos dar a sua força. Só falta que lhe deixemos agir, que nos coloquemos à disposição do Espírito Santo e, para isso, primeiro reconheçamos a nossa fragilidade. Ajudemos as crianças a traduzir esta atitude no concreto de suas vidas. Não é pela força do punho, pela sua mera vontade, que Juan pode tornar-se mais corajoso no seu trabalho, Amalia mais prudente na escola, Victor menos desobediente… e a mãe mais paciente. O esforço é necessário, é verdade, mas com a ajuda de Deus, reconhecendo-nos como pecadores, sabendo que somos fracos, aceitando reconhecer nossos erros e nossas quedas mas sempre mantendo a confiança em Deus.
Não tenham “vergonha” de ser cristãos
É importante explicar às crianças que os mártires também nos ensinam a ter a coragem de defender nossa fé sem medo de ser ridicularizados, feridos ou golpeados. Talvez pode ser muito difícil para uma criança, e certamente ainda mais difícil para um adolescente, ousar chamar-se cristão e se comportar como tal num ambiente hostil. Por causa dessas dificuldades, a criança ou o jovem pode se retrair, ficar tenso, se defender com intransigência, julgando os outros. Cabe a nós, pais e educadores, ensiná-los a ter orgulho de sua fé – não tenhamos “vergonha” de ser cristãos pela tolerância – mas pela paz e pela caridade. Por isso é importante que as crianças possam falar sobre o assunto com os pais, de caridade e com humor.
Vamos ensinar-lhes que não podemos ser heróis no reino da fé e negadores no reino da caridade. Eles não podem ser dissociados. Testemunhar a nossa fé não é só ou antes de tudo afirmar as nossas convicções, mas também e sobretudo comportar-nos como cristãos, ou seja, como discípulos dAquele que nos deu a Caridade como primeiro mandamento. O Espírito que dá força também dá doçura.
Aleteia
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