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- Autor: José Miguel Arráiz
- Fonte: http://apologeticacatolica.com.br
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
1845 foi o ano em que John Henry Newman foi recebido na Igreja Católica após um longo processo de conversão. Tendo sido durante 20 anos presbítero da Igreja Anglicana, sustentava, de acordo com a teologia protestante, que a Igreja Católica era uma perversão da Igreja de Cristo, que se havia afastado do evangelho ao acrescentar doutrinas puramente humanas às reveladas por Deus. Como um membro destacado do Movimento de Oxford, afiliação da Alta Igreja Anglicana que buscava recuperar suas tradições mais antigas, iniciou um estudo profundo da Igreja primitiva e dos Padres da Igreja, levando-o a concluir que o Anglicanismo se encontrava, na verdade, na mesma posição que as heresias dos primeiros séculos: opondo-se à Igreja de Cristo.
O ano de 2000 foi aquele em que Alex Jones foi recebido na Igreja Católica juntamente com uma parte daquela que fôra a congregação que liderou como pastor pentecostal. Em seu influente ministério exercido como pastor durante 40 anos, não poderia estar mais distante do Catolicismo: como muitos de seus contemporâneos evangélicos, ensinava que a Igreja Católica era uma seita, a “prostituta da Babilônia”, e o Papa, o “anticristo”. No entanto, em um tentativa de inovar, propôs à sua congregação experimentar um culto religioso do século I, para o qual passou a estudar a Igreja primitiva diretamente das suas fontes primárias: os próprios textos patrísticos. A medida que avançava em sua investigação, incorporava doutrinas e práticas que só poderiam ser descritas como “católicas”, coisa que passou a preocupar alguns membros da sua congregação, que o acusaram de ter-se contaminado de “Catolicismo”. Ainda que ele replicasse que a sua intenção era apenas incorporar doutrinas e práticas existentes no Cristianismo primitivo, eventualmente acabou aceitando sua aproximação com a Igreja Católica e concluiu que o Catolicismo continha em si mesmo a plenitude do Cristianismo.
Estas duas conversões, separadas por quase dois séculos de diferença, não chegam nem a ser muito excepcionais. J. H. Newman não foi o único membro do Movimento de Oxford a terminar abraçando a fé católica. Entre outros convertidos destacados da época, pode-se mencionar: Robert Hugh Benson (filho do arcebispo de Canterbury e sacerdote anglicano, que depois da sua conversão foi ordenado sacerdote católico); Henry Edward Manning (que da mesma forma que J. H. Newman chegou a ser cardeal da Igreja Católica); Gerard Manley Hopkins (sacerdote jesuíta e renomado poeta); John Chapman, osb (sacerdote católico beneditino); Thomas William Allies (historiador da Igreja); Augusta Theodosia Drane (religiosa dominicana); Frederick William Faber (sacerdote católico); Lady Georgiana Fullerton (novelista inglesa); Robert Stephen Hawker (convertido ao Catolicismo em seu leito de morte); James Hope-Scott (advogado inglês); George Jackson Mivart (biólogo inglês); Henry Nutcombe Oxenham (historiador católico); Augustus Pugin (arquiteto inglês); Edward Caswall (compositor religioso); e William George Ward (teólogo e matemático inglês).
Igualmente, na atualidade, junto com o pastor Alex Jones não têm sido poucos os casos de conversões célebres ao Catolicismo. Conhecidos são os casos de Graham Leonard (bispo anglicano); Michel Viot (bispo luterano francês); Scott Hann (pastor evangélico); Jimmy Akin (pastor evangélico); Marcus Grodi (pastor evangélico); Ulf Ekman (que foi o pastor luterano mais influente de Suécia); Fernando Casanova (pastor evangélico); Dave Armstrong, etc.
Em todos estes casos um fator chave para a conversão foi a descoberta, através do estudo da Igreja primitiva, de que a Fé Católica contém a plenitude da Fé Cristã, e esta, mais que uma evolução transformista das doutrinas do Evangelho, são um desenvolvimento homogêneo do mesmo, da mesma maneira que uma semente se converte em árvore, embora continue sendo a mesma.
Porém, o que pode haver nos textos cristãos primitivos que, ao ser descoberto por tantos irmãos cristãos de outras denominações, acaba por conduzi-los à fé católica?
Se realmente a Igreja Católica é produto de uma corrupção que começou a partir do século IV, quando a Religião Católica chegou a ser a religião oficial do Império Romano (a hipótese aceita no protestantismo), o que pode ser encontrado nos textos cristãos dos primeiros séculos que ainda hoje identifica o Cristianismo primitivo com o Catolicismo?
A seguinte série de artigos, intitulada “Catolicismo Primitivo”, pretenderá fazer o mesmo percurso que todos estes convertidos notáveis fizeram, começando pelos escritos dos Padres Apostólicos (aqueles que tiveram contato direto com os Apóstolos) até chegar aos Padres da Igreja dos primeiros séculos. Ênfase especial será dada àqueles textos que descrevem doutrinas controvertidas que os protestantes modernos rejeitam hoje na Igreja Católica, de modo a elucidar se representam um genuíno desenvolvimento da doutrina cristã.
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