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A Igreja sempre venerou aqueles homens e mulheres (os santos)
que, de modo eminente, viveram as virtudes cristãs. A rigor, o culto que a
Igreja presta aos santos é dirigido ao próprio Deus, porque neles se manifesta
Sua obra, o culto aos santos não é porém, exclusivamente relativo, como poderia
ser, por exemplo, o culto da Cruz, porque o objeto é uma verdadeira pessoa: de
fato, o santo – diga-se isto muito especialmente de Maria – não é um
instrumento meramente passsivo da graça, mas uma pessoa livre e consciente, que
coopera com a graça; por isso, já desde a antiguidade, são os santos invocados
como nossos intercessores diante de Deus e a Igreja oficialmente sempre os
propôs, solenemente, como exemplo e modelo seguro de vida cristã.
Entre todos os santos ocupa lugar privilegiado a
Virgem Maria: Mãe de Deus, cooperadora na Obra da redenção e modelo da Igreja”.
Mas são também dignos de veneração todos os outros santos: intercessores e
modelos a imitar. Além disso, não só a pessoa dos santos, mas também suas reliquias,
inclusive as imagens, pintadas ou esculpidas, foram e são sempre objeto de
veneração [culto de dulia, para os santos; de hiperdulia, para Maria
Santíssima) da parte dos cristãos: também nisto, como em outros casos, o senso
da Fé precedeu as definições dogmáticas. Os extremismos e exageros, porém, numa
e noutra direção foram causa de crises que, indiscutivelmente, deram ocasião de
a Igreja precisar com mais nitidez o fundamento teológico que justifica esta
forma de piedade cristã.
Historicamente, foram principalmente dois os
momentos em que a Igreja teve de enfrentar tais crises: nos começos da Idade
Média, quando irrompeu a fúria dos iconoclastas, que provocou luta áspera, a
ponto de produzir mártires.
Apesar disso, porém, o problema teológico era
superficial, porque centrado não no culto dos santos, mas na sua representação
em imagens (pintadas ou esculpidas); bem mais grave, porém, foi a negação
protestante do séc. XVI: menos sangrenta, mas muito mais radical.
“Não se pode negar que as almas dos defuntos
sejam aliviadas pela piedade de seus parentes vivos, quando por elas é
oferecido o sacrifício do Mediador ou quando são distribuídas esmolas na
Igreja”. (Santo Agostinho, o cuidado devido aos mortos)
Santo Agostinho deixa bem claro na citação seguinte,
o que à Igreja adotou como doutrina do purgatório, nessa doutrina da Igreja às
orações aos nossos falecidos tem um efeito de alívio, essa é uma doutrina
antiguussíma, o leitor pode não encontrar o termo purgatório, mas encontrará à
prática.
“Entretanto, essas obras aproveitam somente
aqueles que em vida mereceram que esses sufrágios lhes fossem úteis após a
morte”. (santo Agostinho, cuidado devido aos mortos).
“Com efeito, existe certo modo de viver não tão
bom (nec tam bónus), para esses sufrágios póstumos deixarem de ser úteis. E
existe outro modo de viver não tão mau (nem tam malus), para que os defuntos
não possam se beneficiar deles. Por outro lado, existem aqueles que viveram tão
bem (talis in bene), que podem passar sem os sufrágios; e outros que viveram
tão mal (talis in male), que não conseguem beneficiar-se deles, após a morte.
Portanto, é sempre aqui na terra que os méritos são adquiridos e que asseguram
a cada um, depois desta vida, o alívio ou o infortúnio. Ninguém espere obter de
Deus, após a própria morte, o que negligenciou durante a vida”. Assim sendo, as
práticas observadas pela Igreja em vista de encomendar a Deus as almas dos
defuntos não são contrárias à doutrina do Apóstolo que diz: “Todos nós
compareceremos à barra do tribunal de Deus” (Rm 14,10), para receber “a
retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem,
seja para o mal” (2Cor 5,10). “Pois, é enquanto vivia em seu corpo que cada um
mereceu o benefício eventual das orações feitas em seu sufrágio. Portanto, não
são todos os que podem se aproveitar. E por que o proveito não será o mesmo
para todos, senão devido à vida diferente que tiverem aqui na terra? Então,
quando o sacrifício do altar ou o da esmola são oferecidos na intercessão de
todos os defuntos batizados, serão ação de graças para aqueles que foram muito
bons (valde boni). Para aqueles que não foram de todo maus (non valde mali)
serão meios de propiciação. E para aqueles que foram muito maus (pro valde
maios), os sufrágios em sua intenção servirão apenas para consolar em alguma
coisa os vivos, já que não lhes servem de ajuda. O que os sufrágios asseguram é
ou bem a com pleta remissão (plena remissio), ou pelo menos, uma forma mais
tolerável de expiação (tolerabilior fiat ipsa damnatio).”
Exemplos de aparições – da imagem não da pessoa
real
Verifica-se na obra de Santo Agostinho, à
questão sobre visões de pessoas falecidas. “Tal é a fraqueza humana que, se um
morto é visto durante o sono, crê-se ter visto sua alma. Mas se acaso se sonha
com pessoa viva, fica-se certo de que não foi visto seu corpo nem sua alma, mas
sim sua imagem. Como se os mortos não pudessem aparecer do mesmo modo que os
vivos, sob a forma de imagens semelhantes”.
Ele nos traz um fato. “Ouvi a seguinte narração
em Milão. Um credor reclamava o pagamento de uma dívida, e exibia uma cautela
assinada por senhor recém-falecido ao filho, que ignorava ter o pai já
reembolsado o empréstimo. O jovem, muito aborrecido, estranhava seu pai não ter
comunicado nada acerca dessa dívida, apesar de o testamento ter sido redigido.
Em sua extrema ansiedade, eis que vê seu pai aparecer-lhe em sonho e indicar o
lugar em que se encontrava o recibo que anulava a cautela. Tendo-o encontrado,
mostra-o ao credor e não somente anula a reclamação mentirosa, como recupera o
documento assinado, que não fora devolvido no momento do pagamento da dívida,
por seu pai. Eis, pois, um fato em que se supõe a alma do defunto ter de tal
modo se preocupado com o filho, que vem a seu encontro, enquanto dormia, para
lhe comunicar o que este ignorava e livrá-lo de séria preocupação.”
Aproximadamente, na mesma época em que sucedeu
esse fato, e quando santo agora morava ainda em Milão, “sucedeu a Eulogio,
professor eloquente em Cartago, meu discípulo nessa arte, como ele me recordou,
o seguinte acontecimento, tal como ele mesmo me narrou, quando de meu retorno à
África. Seu curso se desenvolvia sobre as obras retóricas de Cícero. Ao
preparar sua lição para o dia seguinte deteve-se sobre passagem obscura que não
conseguia entender. Preocupado, não conseguia dormir. Ora, eis que eu lhe
apareço durante o sono e explico-lhe as frases que não chegava a compreender.
Certamente, não era eu, mas sem eu o saber, a minha imagem. Encontrava-me eu,
então, bem longe, do outro lado do mar, ocupado em outro trabalho ou talvez
passando por outro sono e não sentindo nenhuma preocupação com as dificuldades
dele.
Como se produziram esses dois fenômenos? Ignoro.
Mas de qualquer maneira que tenham acontecido, por qual razão não havemos de crer
que os mortos nos aparecem nos sonhos, sob a forma de imagem, tal como os
vivos? Uns e outros ignoram completamente serem objeto de aparições, e não têm
nenhuma preocupação de saber a quem, onde e quando se deram elas.”
Apologistas da Fé Católica
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