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Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Com o Tempo Litúrgico do Advento começa, para os cristãos católicos, a preparação para o Natal de 2020. Não são 2020 anos que nos separam daquele acontecimento central da história da humanidade, mas 2020 anos que esta notícia continua ecoando: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lucas 2, 10-11). Uma das formas de se preparar para celebrar o Natal é preparar o presépio.
No dia 01 de dezembro de 2019, o Papa Francisco escreveu a Carta Apostólica: Admirabile Signum sobre o significado e o valor do presépio. Estimula a montagem do presépio nos lugares em que se conserva este bom costume e nos ambientes em que se perdeu este hábito salutar, o Papa deseja que ele seja redescoberto e revitalizado.
“Admiração e encanto” são os sentimentos imediatos que brotam diante do presépio, por isso ele é um “sinal admirável”, nos ensina o pontífice na primeira frase da carta. Representar o mistério do nascimento de Jesus em forma de presépio é forma bem humana de penetrar no mistério insondável da encarnação. Na encarnação Jesus assume a condição humana para viver entre os humanos e partilhar as suas alegrias e dores, do nascimento até a morte.
Na carta o Papa recorda um pouco da história do presépio. São Francisco de Assis havia viajado para Belém e depois também para Roma para obter a aprovação da Regra Franciscana. Provavelmente, em Roma, visitou a Igreja Santa Maria Maior na qual existe um belo mosaico do nascimento de Jesus. Voltando à Assis, em 1223, quis celebrar o Natal numa gruta conforme a descrição dos textos bíblicos. A partir daí tomou impulso a montagem de presépios. Segundo o Papa Francisco o “Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé”. São Francisco queria experimentar, junto com os confrades e moradores da região, como foi o nascimento de Jesus naquele ambiente despojado, onde o recém-nascido foi colocado sobre as palhas de uma manjedoura.
O pedido do Papa para montarmos presépios nas casas, em lojas, fábricas, nos mais diferentes ambientes merece ser ouvido. Pede que a montagem do presépio seja coletiva, na medida do possível, envolvendo todos os moradores da casa e dos outros ambientes. Na medida em que todos participam vão colocando a sua vida em cena e no presépio. Fazer a montagem aos poucos, e na medida em se aproxima o Natal, vai ficando completo até ser posto o Menino Jesus.
Existem os personagens centrais no presépio que não podem faltar pois recordam o fato original, mas é vivido no “hoje”, por isso tem espaço para usar a “imaginação criativa”, recomenda Francisco. Podemos e devemos introduzir no cenário outros fatos e personagens da atualidade. Naquele tempo foram aqueles personagens que participaram do evento, mas o Menino Jesus que estende os braços se deixa abraçar por cada pessoa que dele se aproxima. Assim nos recorda o Papa: “Não importa a exata forma como se monta o Presépio, pode ser sempre igual ou pode mudar cada ano. O que conta é que ele fala à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente de sua condição”.
CNBB
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