S. Leão Magno, Basílica de São Paulo Extramuros |
No ano 452 d.C., a península italiana
tremia diante dos Hunos, liderados por Átila. Grande parte do norte já havia
caído nas garras do invasor. As cidades de Aquileia, Pádua e Milão tinham sido
conquistadas, saqueadas e arrasadas. Átila avançava na sua continua corrida e
se encontrava perto de Mântua, no rio Mincio. Ali, a história se detém e se
forma.
Leão Magno, eleito Papa doze anos antes, guiou uma delegação de Roma para se
encontrar com Átila, o qual dissuadiu a continuar a guerra de invasão.
A lenda – retomada depois por Raphael, nos afrescos das "Salas do
Vaticano" – narra que o líder dos hunos se retirou após ter visto
aparecer, atrás de Leão, os Apóstolos Pedro e Paulo, armados de espadas.
Três anos depois, em 455, foi ainda o "Papa Magno", embora desarmado,
a deter, às portas de Roma, os Vândalos da África, guiados pelo rei Genserico.
Graças à sua intervenção, a cidade foi saqueada, mas não incendiada.
Permaneceram intactas as Basílicas de São Pedro, de São Paulo fora dos Muros e
de São João em Latrão, nas quais a população encontrou abrigo e se salvou.
"Pedro falou pela boca de
Leão"
A vida de Leão, porém, não consistiu
apenas no seu compromisso com a paz, que levou adiante com coragem e sem
cessar. O Pontífice dedicou-se muito também à defesa da doutrina. Foi ele que,
de fato, inspirou o Concílio Ecumênico de Calcedônia – atual Kadiköy, na
Turquia -, que reconheceu e afirmou a unidade de duas naturezas em Cristo:
humana e divina; rejeitou a “heresia de Eutiques”, que negava a essência humana
do Filho de Deus. A intervenção de Leão no Concílio foi feita através de um
texto doutrinal fundamental: o “Tomo de Leão” contra Flaviano, bispo de
Constantinopla. O documento foi lido publicamente aos 350 Padres conciliares,
que o acolheram por aclamação, afirmando: "Pedro falou pela boca de Leão,
que ensinou segundo a piedade e a verdade".
Teólogo e pastor
Sustentador e promotor da Primazia de
Roma, o "Pontífice Magno" deixou para a história quase 100 sermões e
cerca de 150 cartas, nos quais demonstra ser teólogo e pastor, zeloso com a
comunhão entre as várias Igrejas, sem jamais esquecer as necessidades dos
fiéis. De fato, foi para eles que incentivou as obras de caridade em uma Roma
dominada pela escassez, pobreza, injustiças e superstições pagãs; colocou em prática
todas as ações necessárias – lê-se em seus escritos – para manter
constantemente a justiça e "oferecer amorosamente a clemência, porque sem
Cristo nada podemos fazer, mas com Ele tudo é possível".
O 45º Papa da história
Natural da Toscana, tornou-se diácono
da Igreja de Roma, por volta do ano 430; dez anos depois, Leão foi enviado pela
imperatriz Plácida para pacificar a Gália, disputada pelo general Aécio e o
prefeito pretoriano Albino. Após alguns meses, faleceu o Papa Sisto III. Leão,
seu conselheiro, foi o Sucessor. Sua consagração como Pontífice - o 45º da
história – ocorreu em 29 de setembro de 440.
Um Pontificado de
"primazias"
Seu Pontificado, que durou vinte e um
anos, colecionou várias primazias: foi o primeiro Bispo de Roma a ser chamado Leão;
o primeiro Sucessor de Pedro a ser chamado "Magno"; o primeiro Papa,
que por sua pregação, foi também um dos dois únicos Papas - o outro foi
Gregório Magno - a receber, em 1754, por desejo do Papa Bento XIV, o título de
"Doutor da Igreja".
A morte de Leão Magno ocorreu em 10 de novembro de 461. Segundo alguns
historiadores, ele foi também o primeiro Papa a ser sepultado na Basílica
Vaticana. Suas relíquias, ainda hoje, são conservadas na Capela de "Nossa
Senhora do Pilar, na Basílica de São Pedro".
Vatican News
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