Hemocentro de São Paulo | Foto: Instagram/Reprodução |
A medicina moderna já avança na criação de órgãos artificiais, impressos com tecnologia 3D, mas um elemento essencial para o funcionamento do corpo humano ainda não pode ser imitado por máquinas: o sangue é produzido naturalmente pelo corpo e até o momento apenas nós, humanos, somos fontes para transfusões.
Transfusões essas que podem salvar a nós mesmos em momentos de hospitalização. Daí a importância de se doar sangue, um gesto nobre que, infelizmente, pode ser impedido por desinformação.
Neste 25 de novembro, Dia Nacional do Doador de Sangue, a CNN, com base em fontes especializadas, mostra alguns mitos e verdades sobre a doação de sangue.
- Doar sangue causa fraqueza (mito)
Após uma doação, o sangue tende a voltar ao normal rapidamente e, portanto, não há fraqueza ou qualquer dano à saúde.
"O volume de sangue coletado é baseado no peso e na altura do doador. Além disso, o organismo repõe todo o volume de sangue doado nas primeiras 24 horas após a doação", explica Maria Cristina Pessoa, coordenadora de Hemoterapia do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- Quem doa sangue uma vez, tem que doar sempre (mito)
Não há qualquer recomendação nesse sentido. Como explicado acima, o organismo repõe todo o sangue doado nas primeiras 24 horas após a doação e não há qualquer problema em se doar sangue apenas uma vez na vida.
- Doar sangue engrossa ou afina o sangue (mito)
O Ministério da Saúde é claro sobre essa mentira: "(doar sangue) não engrossa nem afina o sangue, é apenas um mito".
- Doar sangue pode trazer doenças (mito)
O procedimento padrão para doação de sangue não representa qualquer risco de contaminação: todo o material utilizado é descartável e não há contato com sangue de outra pessoa.
Durante a pandemia do novo coronavírus, que causa a Covid-19, os locais de doação também trabalham com especial atenção para evitar risco de disseminação do vírus.
Em São Paulo, a Fundação Pró-Sangue, vinculada ao governo estadual, segue medidas como reforço no número de vagas para o agendamento individual (evitando aglomerações e diminuindo o tempo de permanência das pessoas nos postos de coleta), disponibilização de álcool gel e adoção de distanciamento mínimo entre os doaores.
- Mulheres não podem doar sangue se estiverem menstruadas (mito)
A afirmação é falsa. Maria Cristina Pessoa esclarece que "a perda de sangue que ocorre durante a menstruação é uma perda prevista pelo corpo da mulher e seu organismo está adaptado a fazer a reposição necessária".
Em cada doação de sangue são coletados em torno de 450 mL de sangue, o que corresponde menos de 10% do total de volume sanguíneo e que não fará falta nas funções metabólicas do doador.
- Doar sangue dá coceira (mito)
O Hemominas, ligado ao governo estadual de Minas Gerais, esclarece que a afirmação é falsa.
"É preciso deixar claro que esses mitos, tabus e preconceitos remontam ao início da prática da hemoterapia e não têm nenhum respaldo ou comprovação científica. Essas crenças, que prevalecem ainda hoje em algumas regiões do país, surgem e persistem por causa da desinformação e da herança cultural", explica.
- Não posso doar sangue se fiz tatuagem recente (verdade)
Como requisito para se doar sangue, o Ministério da Saúde lista "não ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva há menos de 12 meses".
- Quem teve dengue nunca mais pode doar sangue (mito)
A afirmação é falsa. "O organismo cria anticorpos contra as infecções virais e com isso o virus é neutralizado. Há um período de quarentena de um mês entre a infecção e a liberação para a doação. No caso de dengue hemorrágica, o período é de seis meses", explica Maria Cristina Pessoa, da Fundação Oswaldo Cruz.
Outras doenças, porém, inviabilizam a doação por toda a vida. A Fundação Pró-Sangue lista alguma: malária, doença de chagas, algum tipo de câncer (incluindo leucemia), algum teste positivo para o HIV, hepatite após os 10 anos de idade, se foi submetido a transplantes de órgão ou medula, diabetes com complicações vasculares ou uso de insulina, e problemas graves no pulmão, rins ou fígado.
Também não deve doar quem tem problemas de coagulação de sangue.
- Doar sangue engorda (mito)
O mito é desmentido por Maria Cristina Pessoa, da Fundação Oswaldo Cruz: "não engorda nem emagrece. O volume de liquido é reposto em 24 horas".
- Devo estar em jejum para doar sangue (mito)
Na verdade, a recomendação do Ministério da Saúde é a oposta: o doador de sangue não deve estar em jejum. O que se pede é que, após o almoço ou o janrar, se aguarde pelo menos três horas para realizar o procedimento.
- Não devo beber álcool antes de doar sangue (verdade)
O Ministério da Saúde exige que doadores não tenham feito uso de bebida alcoólica a pelo menos 12 horas antes da doação.
- Só se pode doar sangue a cada seis meses (mito)
O intervalo entre as doações de sangue atualmente recomendado pelo Ministério da Saúde é de 90 dias para mulheres e 60 para homens.
- Existe um peso mínimo para doar sangue (verdade)
A recomendação do Ministério da Saúde é que só doe sangue quem pesar mais de 50 quilos.
- A primeira doação de sangue precisa ser feita até os 60 anos (verdade)
Não é verdade que idosos não podem doar sangue e nem que menores de idade não podem doar. Desde 2013, a faixa de aptos a doar abrange pessoas de 16 a 69 anos (sendo que, com 16 e 17 anos, é necessária a autorização do responsável legal).
Porém, a Fundação Pró-Sangue, do Hemocentro de São Paulo, esclarece que o limite para a primeira doação é até 60 anos. Quem tem 61 anos ou mais e nunca doou está inapto.
- Não posso doar sangue se estiver amamentando (verdade)
A menos que o parto tenha ocorrido há mais de 12 meses, não é indicada a doação de sangue de quem esteja amamentando. Também não é possível doar sangue durante a gravidez, o que pode gerar problemas à gestante e ao bebê.
O Ministério da Saúde indica que, para doar sangue, a mulher não deve ter tido parto ou aborto há menos de três meses.
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