Katedrale |
Por meio da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre presente em nossa história e, por isso, o Natal é a Festa da presença de Deus, pois o Menino que nasceu para nós continua a caminhar conosco através do tempo e em todos os lugares. Deste modo, ser alcançados pela presença de Deus, que se faz próximo de nós no Natal, é um dom inestimável.
Graças à presença de Deus em nosso meio, a vida se torna bela, a alegria é permanente, o amor se expande e a misericórdia se alastra, pois o Natal é uma efusão de luz para todos, porque nos revela os sinais da caridade de Cristo e nos faz sentir o carinho e a ternura divina. Mas donde nasce esta alegria tão pura, tão doce, tão misteriosa? Nasce da contemplação do Menino Deus e da certeza de que o Cristo é o dom maior e mais precioso que o Pai fez a nós e por Ele exultam os nossos corações de entusiasmo e de esperança.
Quem é este Menino Deus? É o nosso Deus adorado e amado, é o Filho de Deus feito Homem. É “o Verbo que se fez Carne e habitou entre nós!” (Jo 1, 14). Ele é a Palavra de Deus que nos fala de modo novo, com força nova. Da presença da Palavra de Deus, do próprio Deus no atual momento da história, nasce a certeza de que, apesar das sombras que ainda existem no mundo, Deus está ao nosso lado, Ele confia em nós; afinal, Ele é o Deus generoso, bom e fiel. Ele vem habitar entre nós, escolhe a terra como sua morada para estar ao nosso lado e caminhar conosco no cotidiano da fé.
A partir de Belém, a Terra do Pão, o Planeta Terra, de algum modo, passou a ser a tenda de Deus, o lugar do encontro de Deus conosco, o lugar da solidariedade de Cristo para conosco e, por isso, a presença de Deus nos revela que as dificuldades, as perseguições, as ameaças e as sombras passam, desaparecem, mas o amor e a misericórdia permanecem.
Desde Belém, na sucessão dos tempos e dos séculos, todos nós devemos procurar a Jesus. Seguindo os Suas Palavras e ensinamentos, certamente, nós iremos encontrá-Lo assim como os Reis Magos e os Pastores que foram testemunhas oculares do nascimento do nosso Redentor. Algumas vezes será preciso procurá-Lo, porque O perdemos pelo mau uso da liberdade; outras, pelo contrário, O procuraremos para conhecê-Lo melhor, para amá-Lo mais e sem reservas e para fazer com que o nosso próximo O conheça e ame, pois nada é mais belo, urgente e importante do que voltar e conceder gratuitamente aos nossos contemporâneos tudo aquilo que recebemos gratuitamente de Cristo. Nada nos pode eximir ou livrar deste fascinante compromisso.
Na Manjedoura de Belém, nós encontramos o Menino Deus nos braços da Virgem Santa Maria e sob os atentos cuidados de São José. Da contemplação do Verbo que veio nos salvar, nós percebemos que Deus está presente nos sacramentos, em especial, na Eucaristia, na Palavra celebrada, na comunidade reunida e no serviço desprendido em prol dos pobres e dos excluídos. Deus está presente em nosso coração e em nossa vida, no aprendizado da Verdade e do Bem.
Neste Natal e sempre, confiemo-nos a Deus e à intercessão de Maria e de São José, a fim de que nos ajudem a reconhecer no rosto do nosso próximo, especialmente das pessoas mais frágeis e marginalizadas, o rosto do Filho de Deus que se fez Homem, para nos revelar que a nossa presença no mundo, a vivência da santidade e a correspondência à vida da graça são dons inestimáveis do amor redentor de Cristo que assumiu a nossa natureza humana para nos ensinar a permanecer na doce e suave presença de Deus, revelando ao mundo que Cristo está presente em nosso meio, fazendo caminho conosco, renovando nossa pertença à Igreja e atualizando a estória da nossa salvação.
Aloísio Parreiras
(Escritor e membro do Movimento de Emaús)
Arquidiocese de Brasília
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