Missa da Páscoa de 2018 em igreja de Damasco (ANSA) |
A
emergência humanitária, o drama dos refugiados, a fuga dos cristãos de seus
locais de origem: estes são alguns dos temas abordados no quarto encontro
promovido pelo Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral.
Uma reflexão sobre os problemas que afetam as populações da Síria, Iraque e
países vizinhos.
Da Sala de Imprensa da Santa Sé
“Qualquer esforço - pequeno ou grande - feito para
favorecer o processo de paz é como colocar um tijolo na construção de uma sociedade
justa, que se abra ao acolhimento e onde todos possam encontrar um lugar para
viver em paz”.
Este é o encorajamento que o Papa Francisco
dirigiu, em mensagem de vídeo, aos participantes do encontro sobre a crise
humanitária na Síria e no Iraque, promovido pelo Dicastério para a Promoção do
Desenvolvimento Humano Integral. O encontro, realizado na modalidade online na
tarde de quinta-feira, 11, em linha com as recomendações sanitárias para a
pandemia Covid-19, contou com a participação de cerca de cinquenta organismos
católicos, representantes de episcopados locais e de instituições eclesiais e
Congregações religiosas que atuam na Síria, Iraque e países vizinhos, bem como
os núncios apostólicos da região.
O quarto encontro das agências católicas foi aberto por Dom Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, que leu o discurso do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, impossibilitado de participar pessoalmente.
No discurso introdutório, o cardeal Pietro Parolin
reconhece que a situação geral da região é "caracterizada pela crise
econômica, agravada pelo bloqueio político ou mesmo pela crise institucional e,
mais recentemente, pela pandemia Covid-19".
Diante desta situação “de absoluta gravidade”, que
“suscita sérias preocupações”, o purpurado encoraja a todos a dar
prosseguimento “aos projetos no Iraque, na Jordânia e na Turquia”, mas pede um
empenho particular na Síria e no Líbano.
É sobretudo a Síria, devastada por quase dez anos
de conflito, que concentra as reflexões do secretário de Estado. “Hoje, mais do
que nunca - insiste - não devemos diminuir a atenção para as necessidades da
população, devemos renovar como Igreja o nosso compromisso caritativo junto aos
mais frágeis e necessitados, também promovendo ações inovadoras, sem esquecer a
formação dos nossos operadores, quer profissional como espiritual".
Mas o é também o Líbano, "atingido pelo
colapso do sistema financeiro, pela crise socioeconômica e pela explosão do
porto de Beirute", onde se faz urgente "um forte compromisso não só
para a reconstrução, mas também para o sustento das escolas católicas e dos
hospitais, dois pilares da presença cristã no país e em toda a região”.
As quatro sessões do encontro - situação
político-diplomática; a Igreja na Síria e no Iraque; a questão do retorno e dos
migrantes e pessoas deslocadas; e agências católicas: da emergência ao
desenvolvimento - foram pontuadas por intervenções e debates.
A primeira foi aberta pelo arcebispo Paul Richard
Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, que traçou um resumo da
situação sócio-política no Oriente Médio, em particular no que diz respeito ao
Iraque, Síria, Líbano, Turquia e Jordânia. Diante das "tensões e
conflitos" que atravessam a Região, o prelado manifestou a esperança de
que os "recentes acordos de Abraão" possam favorecer "uma maior
estabilidade"; e que os vários desafios no terreno, "desde os
humanitários até os políticos", sejam "enfrentados com sinceridade e
coragem".
“Cada vez que as dioceses, as paróquias, as associações, os voluntários ou simples indivíduos trabalham para apoiar os abandonados ou necessitados - concluiu Dom Paul Richard Gallagher, assegurando o constante empenho da Santa Sé pela paz - o Evangelho adquire uma nova força de atração".
Neste contexto, o cardeal Mario Zenari, núncio
Apostólico na Síria, ofereceu, mais uma vez, o seu testemunho pessoal sobre as
consequências humanas e materiais da crise no país, um drama que, segundo
fontes das Nações Unidas, ainda atinge 11 milhões. pessoas que necessitam de
assistência.
A situação das comunidades cristãs residentes nos
países afetados pela guerra esteve no centro do pronunciamento do cardeal
Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais. Diante da
"ferida" da emigração, que atinge sobretudo os jovens, o purpurado
fez votos que seja feito todo o possível para evitar um "Oriente Médio
monocromático que em nada refletiria sua rica realidade humana e
histórica". Nesta vasta região existem homens e mulheres que desejam “regressar
à própria terra” para “reconstruir seus sonhos”, também aproveitando as
possíveis oportunidades da crise existente.
“Os cristãos são chamados, como todos os cidadãos -
acrescentou o cardeal Leonardo Sandri - a contribuir para o nascimento de uma
nova Síria, um novo Iraque, de acordo com a própria identidade consagrada nos
princípios da não violência, do diálogo, do respeito pela dignidade humana, dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais, pluralismo, democracia,
cidadania, Estado de direito, separação entre religião e Estado”.
A questão dos migrantes e pessoas deslocadas foi
abordada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR),
Filippo Grandi.
A concluir o encontro, refletindo sobre o papel das
agências católicas e como elas podem promover a transição da fase de emergência
para a do desenvolvimento integral, o cardeal Peter K.A. Turkson, prefeito do
Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, e o
secretário-geral da Caritas Internationalis, Aloysius John.
O purpurado sublinhou como “é necessário dar às
pessoas um sinal de esperança concreta, para permitir a elas que regressem aos
seus respectivos países e poder viver em segurança”. O secretário-geral
da Caritas Internationalis, por sua vez, descreveu a ajuda material
que a Organização oferece "para apoiar, acompanhar e defender" as
"vítimas inocentes" dos conflitos, especialmente um "grande
número de minorias cristãs que são as mais vulneráveis". Um compromisso que não se limita a uma simples resposta
diante da emergência, mas é também um acompanhamento para o futuro, para a
autonomia e para uma vida digna.
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