Angelus com o Papa na Biblioteca Apostólica (Vatican Media) |
A
intenção do Pontífice ao anunciar este Ano especial é “prosseguir o percurso
sinodal” que levou à publicação do documento. Com efeito, Amoris laetitia é
fruto da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada de 4-25
de outubro de 2015 sobre o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no
mundo contemporâneo”.
Jackson Erpen e Bianca Fraccalvieri - Vatican News
No Angelus deste domingo, 27, dia
em que a Igreja celebra a Sagrada Família, o Papa Francisco anunciou a
convocação de um “Ano especial dedicado à Família Amoris laetitia”, que será
inaugurado em 19 de março de 2021, dia de São José e quinto aniversário de
publicação da Exortação Apostólica. O encerramento está marcado para junho de
2022. Será "um ano de reflexão" e uma oportunidade para
"aprofundar os conteúdos do documento":
“Essas
reflexões serão colocadas à disposição das comunidades eclesiais e das famílias
para acompanhá-las em seu caminho. Desde agora, convido todos a aderir às
iniciativas que serão promovidas ao longo do ano e que serão coordenadas pelo
Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. Confiemos à Sagrada Família de
Nazaré, em particular à São José, esposo e pai solícito, este caminho com as
famílias de todo o mundo.”
Família de Nazaré, modelo para todas as famílias do mundo
O Angelus deste domingo, também
foi rezado na Biblioteca do Palácio Apostólico, pois como Francisco havia explicado no Angelus na
festa de Santo Estêvão, “devemos fazer assim, para evitar que as pessoas venham
para a Praça” e assim colaborar com as disposições dadas pelas Autoridades,
“para ajudar a todos nós a escapar desta pandemia.”
Dirigindo-se a quem o acompanhava pelos meios de
comunicação, o Papa chamou a atenção para o fato de que “o Filho de Deus quis
ter necessidade, como todas as crianças, do calor de uma família”, e
precisamente por isso, “porque é a família de Jesus, a de Nazaré é a família
modelo, em que todas as famílias do mundo podem encontrar o seu ponto de
referência seguro e uma inspiração segura. Em Nazaré brotou a primavera da vida
humana do Filho de Deus, quando Ele foi concebido pela ação do Espírito Santo
no seio virginal de Maria.”
Família evangeliza com exemplo de
vida
Jesus transcorreu sua infância com alegria na Casa
de Nazaré, envolvido “pela solicitude maternal de Maria e pela solicitude de
José, em quem Jesus pôde ver a ternura de Deus”.
Ao imitar a Sagrada Família, somos chamados a
redescobrir o valor educativo do núcleo familiar: isso requer que seja fundado
no amor que sempre regenera as relações, abrindo horizontes de esperança. Em
família se poderá experimentar uma comunhão sincera quando ela é casa de
oração, quando os afetos são sérios, profundos, puros, quando o perdão prevalece
sobre a discórdia, quando a dureza cotidiana do viver é amenizada pela ternura
recíproca e pela serena adesão à vontade de Deus. Desta forma, a família se
abre à alegria que Deus dá a todos aqueles que sabem dar com alegria. Ao mesmo
tempo, encontra energia espiritual para se abrir ao exterior, aos outros, ao
serviço dos irmãos, à colaboração para a construção de um mundo sempre novo e
melhor; capaz, por isso, de ser portadora de estímulos positivos; a família
evangeliza com o exemplo de vida.
“Em
família se poderá experimentar uma comunhão sincera quando ela é casa de
oração, quando os afetos são profundos e puros, quando o perdão prevalece sobre
a discórdia, quando a dureza cotidiana do viver é amenizada pela ternura
recíproca e pela serena adesão à vontade de Deus.”
Dá licença, perdão, obrigado
O Papa recordou que nas famílias existem problemas,
que às vezes se briga, “mas somos humanos, somos fracos, e todos temos às vezes
este fato que brigamos em família”. Mas a recomendação, já feita em outras
oportunidades, é que não se acabe o dia sem fazer as pazes, pois “a guerra fria
no dia seguinte é muito perigosa”. E lembrou as três palavras fundamentais para
que o ambiente em família seja bom: dá licença, perdão, obrigado. “Não ser
invasivos”, agradecer sempre, pois “a gratidão é o sangue da alma nobre”, e
depois pedir perdão, das três, a palavra mais difícil de dizer.
Famílias, fermento de uma nova humanidade
E o exemplo de evangelizar com a família, continuou
então Francisco, é o chamado que nos é feito pela festa de hoje, que nos
repropõe o ideal de amor conjugal e familiar, assim como foi enfatizado na
Exortação Apostólica Amoris laetitia.
Ao concluir, o Papa pediu à Virgem Maria, que” faça
com que as famílias de todo o mundo fiquem cada vez mais fascinadas pelo ideal
evangélico da Sagrada Família, para assim se tornar fermento de nova humanidade
e de uma nova solidariedade concreta e universal.”
A oração de Francisco pelas famílias marcadas pelas feridas da incompreensão e da divisão.
Após rezar o Angelus, ao saudar as
famílias, grupos e fiéis que acompanham pelos meios de comunicação, o Santo
Padre dirigiu seu pensamento em particular “às famílias que nos últimos meses
perderam um familiar ou foram provadas pelas consequências da pandemia. Penso
também nos médicos, enfermeiras e todo o pessoal de saúde cujo grande empenho
na linha de frente do combate à propagação do vírus teve repercussões
significativas na vida familiar”.
O
Papa também confiou ao Senhor “todas as famílias, especialmente as mais
provadas pelas dificuldades da vida e pelas feridas da incompreensão e da
divisão. O Senhor, nascido em Belém, conceda a todos a serenidade e a força
para caminharem unidos no caminho do bem”.
Vatican News
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