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O presépio é um sinal característico do tempo litúrgico do Natal. Em sua beleza e simplicidade, o presépio é uma escola de vida na qual podemos aprender a pedagogia de Cristo e o segredo da autêntica alegria e, por isso, é motivo de entusiasmo para nós sabermos que diversas famílias cristãs conservam o hábito de montar o presépio em seus lares.
O simples gesto de montar um presépio, por si só, já é uma catequese, pois “o sinal admirável do presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar admiração e encanto. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De fato, o presépio é como um Evangelho vivo que transborda das páginas da Sagrada Escritura”. (Papa Francisco, Admirabile Signum, nº 1).
A primeira lição que adquirimos no desenvolvimento da montagem de um presépio é a seguinte: nós temos que vivenciar, em nossa realidade cotidiana, tudo aquilo que o presépio representa, isto é, a caridade, a humildade e o desprendimento, pois, como nos ensina Chesterton: “Ninguém podia imaginar que Deus viesse viver entre os homens e conversasse com funcionários romanos e cobradores de impostos. Mas a mão de Deus que tinha moldado as estrelas converteu-se de repente na mãozinha de uma criança que choraminga num berço”.
O Menino Deus que choraminga na Manjedoura é Jesus Cristo, o nosso Redentor, o Messias esperado, o Príncipe da Paz, O Emanuel, o Deus conosco a quem devemos recorrer com confiança, porque o Seu amor dá um novo sentido a cada uma das nossas aspirações.
Este Menino Deus quer ser acolhido por todos, ou seja, pelos pobres e pelos humildes – representados pelos pastores – e pelos ricos e intelectuais – representados pelos Magos do Oriente. Esta é a segunda lição que aprendemos diante do cenário da natividade de Cristo: a salvação é para todos. Mas, de um modo especial, Cristo tem um apreço especial por todos os excluídos e os marginalizados.
Diante do presépio, nós somos convidados a perceber que todo aquele que se encontra com Cristo é transformado pela alegria e se converte em um mensageiro desta feliz notícia: Deus está no meio de nós, Ele nos ama e nos chama à vivência da paz e da santidade. Ele conforta o nosso coração e responde às nossas expectativas mais nobres. “Ele é o Deus vivo que permanece para sempre, Seu reino não será destruído e Seu poder durará eternamente; Ele é o libertador e o Salvador, que opera sinais e maravilhas no céu e na terra!” (Dn 6, 27-28).
O Menino Deus, que nasceu da Virgem Santa Maria, mesmo sem palavras, manifesta-se com os sinais da misericórdia, do acolhimento, do perdão e da esperança. Deste modo, reconhecemos que o Menino Jesus é o centro de tudo, o coração do mundo, da nossa história e da nossa existência. Quando aceitamos o convite de caminhar todos os dias ao lado deste Menino que nos foi dado, percebemos que “o presépio é também expressão da ação de graças Àquele que decidiu compartilhar a nossa condição humana, na pobreza e na simplicidade”. (Papa Bento XVI, Audiência em 22 de dezembro de 2010). Quando aceitamos o convite para permanecermos com o coração em brasas pelo contato com o Cristo, nós somos as pessoas de boa vontade, os bem-aventurados que recebem o anúncio da paz, proclamado pelos Anjos na gruta de Belém.
O exercício de montar um presépio é um ato de nobreza que proporciona saudáveis momentos de meditação e de questionamentos: sabemos buscar o Cristo que está no presépio e na Eucaristia ou estamos nos perdendo por entre centenas de propostas deste mundo pagão? Estamos acolhendo o Cristo no presépio de nosso coração ou Ele ainda está suplicando por uma morada em nossa alma? As respostas a estas perguntas podem ser obtidas na montagem de um presépio, pois montar um presépio não é coisa de criança, um mero divertimento para os nossos filhos, mas é, sim, algo grandioso e pode ser considerado, acima de tudo, um fecundo testemunho da fé cristã que continua surpreendendo os corações dos mansos e dos humildes que não se cansam de bradar: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados!”.
No final da montagem de um presépio, na meditação do infinito amor de Deus, se soubermos somar os conhecimentos sistemáticos relativos à natividade de Cristo, nós sentiremos em nossa alma a certeza de que a esperança está consolidada em nosso íntimo. Deus se despojou de tudo e se fez um pequeno Menino para nos ensinar a viver os valores, as virtudes, a graça e a Verdade em sua centralidade.
Na vivência da pedagogia do presépio, nós acolhemos o nascimento de Cristo em nossos corações e testemunhamos que o Natal é um fecundo caminho transformador. Neste caminho, nós contamos com a intercessão da Virgem Maria e de São José, que nos convidam a acolher o Menino Deus e nos ensinam a cuidar do Cristo que vive em nós. Contemplando a Sagrada Família – Jesus, Maria e José – devemos permitir que a ternura de Deus nos alcance sempre mais e faça de todos nós discípulos missionários do Menino Deus que professam que a mansidão, a unidade e a fraternidade são sinais da nossa pertença ao Cristo que nos impulsiona ao serviço missionário da Igreja.
Aloísio Parreiras
(Escritor e membro do Movimento de Emaús)
Arquidiocese de Brasília
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