P. Tony Neves à direita | Vatican Media |
A
Covid-19 abriu feridas profundas e difíceis de cicatrizar num ano que tinha
nascido promissor. Mês após mês, no jornal ‘Ação Missionária’, Arminda Camati,
a partir de Angola, escreve o ‘verso e reverso’ onde escolhe duas notícias
positivas e duas negativas referentes ao mês em curso. O P. Tony Neves,
espiritano, decidiu fazer o balanço deste ano atípico com recortes dessa
rubrica mensal.
P. Tony Neves - Roma
Muitos edifícios ‘pintaram-se’ com luzes vermelhas
para denunciar os atentados à liberdade religiosa que se praticam em muitos
países do mundo. Por ser numa quarta-feira, o evento ficou conhecido como
‘Redwednesday’. Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, há mais de 300 milhões de
pessoas perseguidas por causa da sua religião. (Janeiro).
Peru
As mudanças climáticas são um grito de alerta e as
respostas vão aparecendo. O Peru decidiu plantar um milhão de árvores para
equilibrar o impacto ecológico negativo da visita diária de 200 mil turistas ao
Machu Picchu, Património da Humanidade desde 1983. (Fevereiro).
Libertação de Auschwitz
Foi há 75 anos que as tropas russas libertaram os
presos que ainda restavam nos campos de concentração nazis de Auschwitz e
Birkenau. O fim da 2ª Guerra Mundial começava a desenhar-se, mas ainda haveria
duas bombas atómicas a lançar sobre o Japão. (Março).
Gafanhotos
Arrasaram boa parte da África Oriental e caminharam
rumo à Ásia. Tinham atacado Cabo Verde em setembro. Eles comem tudo, condenando
à fome populações pobres que já não tinham muito pão na mesa. (Abril).
Papa Francisco
Encheu o mundo de lágrimas, mas também de
esperança. Guardamos dele as imagens que as televisões e internet levaram a
todo o mundo. Esteve naquelas ruas de Roma sem gente para pedir a Cristo e a
Nossa Senhora a protecção contra o coronavírus. Depois, vimos a oração na Praça
vazia de S. Pedro. Tornou-se o rosto número um do combate aos efeitos da covid.
(Maio).
Muralha verde
O Sahel está a ver o deserto a crescer, ano
após ano, semeando fome e morte. As alterações climáticas estão na origem deste
fenómeno, mas há decisões que podem atenuar o impacto desta conquista
implacável do deserto do Sahará. Assim, jovens plantaram um milhão de árvores
no Sahel, construindo a ‘grande muralha verde’ de África. (Junho).
Morte de George Floyd
Quando o mundo se debatia com um vírus cruel, os
EUA conseguiram juntar mais um drama à tragédia que já vitimava demais o povo
pobre e simples. A morte violenta de George Floyd, asfixiado por um polícia,
veio pôr a nu um problema que os americanos (e boa parte do mundo) ainda não
resolveram: o racismo. (Julho).
Norte de Moçambique
D. Luiz Fernando é o Bispo de Pemba. A
situação humanitária agrava-se com os grupos fundamentalistas islâmicos que
atacam à vontade, matam, roubam, queimam e fazem as pessoas fugir das suas
aldeias. Há milhares de deslocados nas províncias vizinhas de Cabo Delgado. A
voz corajosa deste Bispo, que tem a cabeça a prémio, está a ser fundamental
para obrigar as autoridades a intervir e a comunidade internacional a
pressionar. (Agosto.Setembro)
Fratelli tutti
Lúcido, corajoso e incansável, o Papa Francisco tem
disparado em muitas direcções, para dentro e fora da Igreja. Chama à atenção do
mundo para as duas pandemias que mais matam: a covid 19 e a indiferença. E,
para ajudar ainda mais a esta reflexão e intervenção, assinou em Assis, a 3 de
outubro, a sua nova Encíclica, ‘Fratelli Tutti’.(Outubro).
Nobel da Paz
O Programa Alimentar Mundial (PAM) é o laureado de
2020, pelo trabalho de solidariedade internacional em favor da alimentação que
‘é a melhor vacina contra o caos’. Com este prémio, a Academia Nobel quer que
olhemos para ‘milhões de pessoas que, no mundo, têm fome’ (Novembro).
Segunda vaga
Os países mais ricos, na Europa e América do Norte,
acreditaram que o tempo quente tinha destruído o vírus e facilitaram. A
socialização excessiva e descuidada permitiu a este corona sobreviver ao calor
e ganhar força para o ataque no regresso do tempo mais frio. De facto, veio uma
segunda vaga que mostrou ser mais agressiva que a primeira, obrigando a novas
medidas que provocaram reacções populares violentas em muitos países. E o
inverno ainda está para durar…(Dezembro).
Tiremos
lições da fragilidade que 2020 pus a nu. Olhemos com esperança e confiança para
um 2021 que tem de ser ano inspirado e aberto ao futuro, para todos.
Vatican News
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