San Nicola (© Musei Vaticani) |
Uma
vida obediente
Nicolau nasceu em Patara, uma
cidadezinha marítima da Lícia, na Turquia meridional, no III século d.C., em
uma família rica, que o educou ao cristianismo. A sua vida, desde a sua
juventude, foi marcada pela obediência. Ao tornar-se órfão, ainda muito jovem,
de pai e mãe, Nicolau, recordando a passagem evangélica do “Jovem Rico”,
empregou toda a riqueza paterna à assistência dos necessitados, enfermos e
pobres.
Foi nomeado Bispo de Mira e, sob o
império de Diocleciano, foi exilado e preso. Depois da sua libertação, em 325,
participou do Concílio de Niceia e faleceu em Mira em 343.
Foram muitos os episódios
transmitidos sobre Nicolau e todos dão testemunho de uma vida ao serviço dos
mais fracos, pequeninos e indefesos.
Defensor dos fracos
Uma das histórias mais antigas,
transmitidas sobre a vida de São Nicolau, diz respeito a um seu vizinho de
casa, que tinha três filhas, já na idade de se casar, mas não tinham dinheiro
suficiente para comprar o dote. Para livrá-las da prostituição, certa noite,
Nicolau colocou dinheiro em um pano e o jogou pela janela da casa do vizinho e
saiu correndo para não ser visto. Graças àquele presente, a primogênita do
vizinho conseguiu se casar. O generoso benfeitor repetiu aquele gesto, outras
duas vezes, mas, na terceira noite, o pai das moças saiu rápido de casa para
saber quem era aquele benfeitor. Mas o Santo lhe pediu para não dizer nada a
ninguém.
Outra história diz respeito a três
jovens estudantes de teologia a caminho para Atenas. O dono da hospedaria, onde
os jovens tinham parado para passar a noite, os roubou e os matou, escondendo
os seus corpos em uma pipa. O Bispo Nicolau, que também viajava para Atenas,
parou na mesma hospedaria e, enquanto dormia, teve uma visão sobre o crime
cometido pelo dono. Então, recolhendo-se em oração, São Nicolau deu novamente a
vida aos três estudantes e obteve a conversão do dono malvado.
Este episódio, como o da libertação
misteriosa de Basílio, - um rapaz sequestrado por piratas e vendido como
doméstico a um emir, o qual, segundo a lenda, reapareceu, misteriosamente, na
casa dos seus pais, com cetro de ouro do soberano estrangeiro – contribuíram
para difundir a fama de Nicolau como padroeiro das crianças e dos jovens.
Protetor dos navegantes
Durante os anos da sua juventude,
Nicolau embarcou para ir em peregrinação à Terra Santa. Passando pelos mesmos
caminhos percorridos por Jesus, Nicolau rezou para poder fazer a mesma
experiência, mais profunda e solidária, da vida e dos sofrimentos de Jesus. No
caminho de retorno, ocorreu uma tremenda tempestade e o navio arriscava
naufragar. Nicolau pôs-se, discretamente, em oração e o vento e as ondas, de
repente, se acalmaram para o estupor dos marinheiros, que temiam naufragar.
São Nicolau de Bari
Depois da morte de São Nicolau, seu
túmulo em Mira tornou logo meta de peregrinação; as suas relíquias foram
consideradas milagrosas, por causa de um misterioso líquido, chamado maná de
São Nicolau, que saía de dentro. Quando, no século XI, Lícia foi tomada pelos
Turcos, os venezianos procuraram apoderar-se, mas foram precedidos pelos
habitantes de Bari. Assim, levaram suas relíquias para a Apúlia, em 1087. Dois
anos depois, foi concluída a cripta da nova igreja, desejada pelo povo de Bari,
no lugar onde surgia o palácio do “catapano” bizantino. O papa Urbano II,
escoltado pelos cavaleiros normandos, senhores da Apúlia, colocou as relíquias
do Santo sob o altar, onde se encontram ainda hoje.
A translação das relíquias de São
Nicolau teve um impacto extraordinário em toda a Europa. Na Idade Média, seu
santuário na Apúlia tornou-se uma importante meta de peregrinações, com o
consequente resultado da difusão do culto de São Nicolau de Bari e não com o
nome de São Nicolau de Mira.
Santa Klaus
Nos Países Baixos, em geral, nos
territórios germânicos, a festa invernal de São Nicolau (em holandês “Sint
Nikolaas” e depois “Sinteklaas”) e, de modo particular, a sua proteção das
crianças, deram origem à tradição infantil da espera de presentes: nas vésperas
da festa do Santo, as crianças deixam sapatos ou meias sobre uma cadeira ou ao
lado da lareira e vão dormir, confiantes de encontrá-los no dia seguinte cheios
de doces e presentes.
Vatican News
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