Menina deixa flores em cemitério católico no Dia de Finados em Hyderabad (AFP or licensors) |
No
encontro realizado na terça-feira, três cardeais apresentaram aos
primeiro-ministro indiano diversas questões que dizem respeito aos cristãos e à
vida da Igreja no país.
Lisa Zengarini – Vatican News
O pedido de formalização de um convite ao Papa
Francisco para visitar a Índia; o trabalho da Igreja Católica no país; questões
relativas à comunidade cristã indiana; a distribuição de bens e serviços
federais entre as minorias. Estes foram os tópicos que estiveram no centro do
encontro realizado na terça-feira em Nova Delhi entre o primeiro-ministro
indiano Narendra Modi e os cardeais Oswald Gracias, George Alencherry,
arcebispo-mor da Igreja siro-malabar e o cardeal Baselios Cleemis,
arcebispo-mor da Igreja sírio malankarese.
Durante o encontro que durou menos de uma hora -
relatou um comunicado da Conferência Episcopal
Indiana (CBCI) - os três cardeais ilustraram ao
primeiro-ministro o trabalho realizado pela Igreja na Índia nos campos
educacional, da saúde e social, além do front da pandemia, assegurando que
continuará seu compromisso com os mais pobres e vulneráveis, especialmente
durante esta emergência de saúde. Modi, por sua vez, agradeceu a contribuição
da Igreja.
Os purpurados também aproveitaram a oportunidade
para renovar o pedido de Modi de apresentar um convite oficial ao Papa
Francisco para uma visita ao país. O pedido já havia sido apresentado em 2017,
tendo em vista a viagem pastoral aos vizinhos Bangladesh e Mianmar em 2018, mas
não teve continuidade. Desta vez, o premier abriu uma maior possibilidade de
que isso ocorra.
Em relação à situação das minorias religiosas, os
três líderes religiosos católicos destacaram a necessidade de uma distribuição
mais equitativa dos fundos de previdência federal. Atualmente os muçulmanos,
que representam 14% da população indiana, recebem 80% desses recursos em
consideração a sua maior consistência numérica do que os cristãos, que são
2,3%. No entanto - foi evidenciado - o governo deveria ser mais generoso com os
cristãos nos Estados onde eles são decididamente mais numerosos, como Kerala e
Jharkhand. Modi está empenhado em aprofundar a questão.
Também se falou da Foreign Contribution
Regulation Act (FCRA) (Lei de Regulação de Contribuições
Estrangeiras), a nova lei que regulamenta o financiamento estrangeiro a
entidades e organizações indianas, e que acabou penalizando também aquelas
católicas. Sobre este ponto, o primeiro-ministro justificou a medida com a
necessidade de um maior controle sobre a gestão contábil das entidades que
operam na Índia, que nem sempre é transparente.
Outro assunto abordado durante o encontro foi a
libertação do padre Stan Swamy, o idoso sacedordote jesuíta, ativista pelos
direitos dos indígenas, preso em outubro pela agência antiterrorismo sob a
acusação de sedição. Modi disse ter conhecimento do caso, mas não quis
interferir porque está a cargo de uma agência independente. Durante a reunião
também se falou sobre os protestos dos camponeses contra a contestada reforma
agrária. Os três cardeais expressaram a esperança de que uma solução justa para
a disputa possa ser encontrada.
Por fim, os cardeais levantaram a questão dos
direitos dos dalits (os excluídos do sistema de castas indiano, ndr), com
referência particular aos cristãos dalit que, junto com os muçulmanos,
continuam a ser discriminados no acesso aos benefícios do Estado para sua
promoção social. A este respeito, eles pediram novamente ao premier que os
critérios para ter acesso a esses benefícios sejam econômicos e não religiosos.
Na entrevista coletiva, o cardeal Gracias precisou
que havia deixado claro a Modi que "a Igreja não faz política", não
apoia nenhum partido e que seu único objetivo é a boa governança, o cuidado com
os pobres, o crescimento econômico e o desenvolvimento, ajustiça e o progresso
do país. Já o cardeal Alencherry, reiterou que a Igreja está sempre em diálogo
com o governo para melhorar as condições dos pobres no país.
Vatican News Service - LZ
Nenhum comentário:
Postar um comentário