Papa Francisco saudado por jovens no Panamá (Vatican Media) |
Assinalamos
aqui o essencial das palavras do Papa no Panamá. Partindo do dia 27 de janeiro
com o anúncio oficial da Jornada portuguesa que decorrerá em 2023. Lisboa
evocará essa data acolhendo os símbolos da JMJ.
Rui Saraiva - Cidade do Porto
A próxima Jornada Mundial da Juventude será em
Portugal na cidade de Lisboa no ano 2023. Uma grande responsabilidade para a
capital portuguesa e para o país. Uma missão muito especial para a diocese de
Lisboa.
O anúncio oficial de que a próxima JMJ seria em
Portugal foi feito pelo Cardeal Kevin Farrel, prefeito do Dicastério para os
Leigos, Família e Vida, no domingo 27 de janeiro de 2019 no Campo São João
Paulo II, no Metro Park, na Cidade do Panamá.
Sé de Lisboa acolhe os símbolos da JMJ
Evocando esse momento tão importante a organização
da JMJ Lisboa 2023 acolherá na Sé de Lisboa os símbolos da JMJ, precisamente,
no dia em que se completam dois anos após o anúncio. Será na quarta-feira, 27
de janeiro, o acolhimento que a Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora
“Salus Populi Romani”, em modo oficial em Lisboa. Uma celebração que decorre em
tempo de pandemia de covid-19 e em momento de confinamento geral em Portugal.
Por isso terá transmissão nas plataformas digitais.
Entretanto, recordemos aqui o essencial das
palavras do Papa Francisco na Jornada do Panamá naquela que foi a 26ª Viagem
Internacional do Santo Padre. Participaram mais de 600 mil jovens de 156 países
acompanhados por 480 bispos. Uma organização de mais de 20 mil voluntários.
Cobriram o encontro mais de 2500 jornalistas.
Jovens, “construtores de pontes”
Foi no Campo de Santa Maria La Antígua na Faixa
Costeira da cidade do Panamá que o Papa Francisco foi acolhido na quinta-feira
dia 24 de janeiro para a XXXIV edição das Jornadas Mundiais da Juventude.
Centenas de milhares de jovens saudaram o Santo
Padre efusivamente e escutaram com grande atenção as suas palavras. A acolher o
Papa representantes jovens dos cinco continentes.
Do continente europeu era português o rapaz que
acolheu o Santo Padre. Joaquim Goes, o seu nome.
Francisco assinalou que este grande evento de
juventude é tempo de encontro na pluralidade para que os jovens sejam
“construtores de pontes”. O Papa exortou os jovens a viverem um “sonho comum”
que a todos envolve: “um sonho chamado Jesus”: “A cultura do encontro é apelo e
convite a termos a coragem de manter vivo um sonho comum”.
“O sonho, pelo qual Jesus deu a vida na cruz e o
Espírito Santo, no dia de Pentecostes, foi derramado e gravado a fogo no
coração de cada homem e mulher, no teu e no meu, com a esperança de aí
encontrar espaço para crescer e desenvolver-Se. Um sonho chamado Jesus, semeado
pelo Pai com a confiança que crescerá e viverá em todo o coração” – disse o
Papa.
O Papa recordou as palavras de S. Óscar Romero: “O
cristianismo é uma Pessoa que me amou tanto, que reivindica e pede o meu amor.
O cristianismo é Cristo”.
Um encontro no amor de Cristo – disse Francisco –
“um amor que não se impõe nem esmaga, um amor que não marginaliza nem obriga a
estar calado, um amor que não humilha nem subjuga. É o amor do Senhor: amor
diário, discreto e respeitador, amor feito de liberdade e para a liberdade,
amor que cura e eleva” – declarou o Papa frisando que o amor em Cristo é
“serviço” e “doação”.
Na sua intervenção inicial aos jovens reunidos nas
Jornadas Mundiais da Juventude, o Papa Francisco recordou o amor com o qual
Maria, Mãe de Jesus, disse sim: “Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo
a tua Palavra”.
Junto da Cruz para acolher e acompanhar quem sofre
Dia 25 de janeiro, Via Sacra dos Jovens com o Papa
Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá: nas várias estações os
jovens refletiram sobre os sofrimentos dos pobres, dos povos indígenas, dos
migrantes, dos mártires cristãos, a violência sobre as mulheres, a corrupção, o
terrorismo, o aborto. Rezaram pelo ecumenismo, pelos Direitos Humanos, pela
defesa do ambiente.
Francisco na sua reflexão começou por assinalar “o
caminho de Jesus para o Calvário” como sendo “um caminho de sofrimento e
solidão que continua nos nossos dias”. Um sofrimento que continua numa
sociedade onde impera a indiferença “que consome e se consome, que ignora e se
ignora na dor dos seus irmãos” – disse o Papa.
O Santo Padre reconheceu que também nós, amigos do
Senhor, nos deixamos “levar pela apatia” e pelo “imobilismo”, pois “é fácil
cair na cultura do bullying, do assédio e da intimidação!”
“Para Vós, Senhor, não é assim! Na cruz,
identificastes-Vos com todo o sofrimento, com quem se sente esquecido” –
declarou o Papa lembrando o “grito sufocado das crianças impedidas de nascer e
de tantas outras a quem se nega o direito a ter uma infância, uma família, uma
instrução”.
Francisco lembrou também as “mulheres maltratadas”,
os “olhos tristes dos jovens que veem ser arrebatadas as suas esperanças de
futuro por falta de instrução e trabalho digno” e aqueles que “caem nas redes
de pessoas sem escrúpulos”, os jovens que se deixam absorver “numa espiral de
morte por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico humano”.
O Santo Padre recordou ainda os que vivem na
solidão e os que são rejeitados pela sociedade; os idosos que são “abandonados
e descartados”; “os povos nativos despojados das suas terras”; a mãe Terra
“ferida nas suas entranhas”.
Uma “sociedade que perdeu a capacidade de chorar e
comover-se à vista do sofrimento” – afirmou.
Francisco perguntou-se se somos hoje capazes de
consolar e acompanhar quem sofre, permanecendo ao pé da Cruz. A este propósito
recordou Maria, Mãe de Jesus, “mulher forte” que disse “sim” que “apoia e
acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança” – disse o Santo
Padre.
O Papa afirmou que “também nós queremos ser uma
Igreja que apoia e acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas cruzes
de tantos cristos que caminham ao nosso lado”.
E com Maria “aprendemos a dizer sim” no apoio a
quem precisa na família, não nos calando perante uma “cultura dos maus-tratos”
e do “abuso, do descrédito e agressão”. Dizer sim acolhendo os abandonados, os
que perderam a sua terra, a família ou o emprego.
“Como Maria, queremos ser Igreja que favoreça uma
cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar” – declarou o Papa.
Ide e testemunhai
No dia 27 de janeiro, domingo, no Estádio Rommel
Fernández, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários que organizaram e
prestaram serviço nas Jornadas Mundiais da Juventude do Panamá.
O Santo Padre ouviu vários testemunhos de jovens
que colaboraram ativamente na realização deste grande encontro de juventude.
Agradeceu as palavras que lhe foram dirigidas e
referiu que após esta experiência das JMJ os jovens que participaram como
voluntários já sabem o que significa o que é uma missão e sublinhou como é
importante não deixar que “as limitações” e “as fraquezas” nos “bloqueiem e
impeçam de viver a missão” a que Deus nos chama.
Francisco assinalou, em particular, a importância
da oração na organização de um evento como as JMJ:
“Preparastes cada detalhe com alegria, criatividade
e empenho, e com muita oração. Porque, se for rezada, sente-se a realidade em
profundidade. A oração dá espessura e vitalidade a tudo o que fazemos. Rezando,
descobrimos que fazemos parte duma família maior de quanto possamos ver e
imaginar” – afirmou o Papa.
No culminar desta grande experiência de fé, o Santo
Padre declarou ser este o momento de enviar os voluntários na missão de
testemunhar a todos o que viveram:
“Ide e contai, ide e testemunhai, ide e transmiti o
que vistes e ouvistes. Tudo isto, queridos amigos, dai-o a conhecer, não com
muitas palavras, mas – como fizestes aqui – com gestos simples do dia a dia,
aqueles que transformam e fazem novas todas as coisas”.
A próxima Jornada Mundial da Juventude será em
Lisboa em 2023. Não obstante a pandemia e o atual confinamento geral que vigora
em Portugal, os jovens portugueses estão a preparar em espírito de serviço a
JMJ 2023. Orientados pelo lema proposto pelo Papa Francisco: “Maria levantou-se
e partiu apressadamente”.
Laudetur
Iesus Christus
Vatican News
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