S. José Vaz | Vatican News |
Recordamos
as palavras do Papa há 6 anos atrás na sua viagem apostólica ao Sri Lanka. Aí,
no dia 14 de janeiro de 2015, Francisco canonizou o Padre José Vaz, sacerdote
português de Goa que viveu nos séculos XVII e XVIII.
Rui Saraiva - Porto
Em 2015, de 12 a 19 de janeiro, o Papa Francisco
visitou o Sri Lanka e as Filipinas. Destaque para a canonização do padre José
Vaz, sacerdote com raízes portuguesas, que viveu nos séculos XVII e XVIII.
Nasceu em Goa a 21 de abril de 1651 numa família da casta dos brâmanes.
O Papa Francisco presidiu à celebração de
canonização de José Vaz, o sacerdote que é considerado o missionário do Sri
Lanka. Recordemos as palavras do Santo Padre no registo da Rádio Vaticano.
Quarta-feira, 14 de janeiro, o Papa Francisco
celebrou Missa no Gale Face Green em Colombo no Sri Lanka e canonizou nessa
celebração o Beato José Vaz, sacerdote português de Goa que viveu nos finais do
século XVII e princípios do século XVIII e tornou-se no missionário do Sri
Lanka. Participaram nesta Eucaristia largas centenas de milhares de fiéis que
saudaram entusiasticamente o Santo Padre.
“Todos os confins da terra verão a salvação do
nosso Deus” – foi com esta “magnífica profecia” de Isaías que o Papa Francisco
iniciou a sua homilia considerando que esta “tem um significado especial para
nós que celebramos a canonização do grande missionário do Evangelho, S. José
Vaz.
“Ele, como tantos outros missionários na história
da Igreja, respondeu à ordem dada pelo Senhor ressuscitado para fazer discípulos
de todas as nações. Com as suas palavras e, o mais importante, com o exemplo da
sua vida, conduziu o povo desta nação à fé que nos concede “parte na herança
com todos os santificados. Em S. José, vemos um sinal eloquente da bondade e do
amor de Deus pelo povo do Sri Lanka. Mas, nele, vemos também um estímulo para
perseverar no caminho do Evangelho a fim de crescermos nós próprios em
santidade e testemunharmos a mensagem evangélica de reconciliação à qual
dedicou a sua vida”.
O Papa Francisco sublinhou que o “Padre do
Oratório, José Vaz deixa Goa, sua terra natal, e chega a este país movido
apenas pelo zelo missionário e por um grande amor a estes povos.”
José Vaz, “vestia-se como um mendigo”, por causa
das perseguições e “cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando
secretamente os fiéis” – continuou o Santo Padre – e o próprio Rei concedeu-lhe
maior liberdade devido ao seu “ministério em favor dos enfermos durante uma
epidemia de varíola em Kandy”. O Papa Francisco apresentou três razões da santidade
do Padre José Vaz. A primeira razão é a sua atitude de sacerdote exemplar.
“Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de
tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte. Ele é também um exemplo
de sofrimento paciente por causa do Evangelho, de obediência aos superiores, de
solícito cuidado pela Igreja de Deus. Como nós, S. José viveu num período de
transformações rápidas e profundas; os católicos eram uma minoria e, com
frequência, dividida no seu seio; havia hostilidade ocasional, e até mesmo perseguição,
dos de fora. Apesar disso, ele, permanecendo constantemente unido ao Senhor
crucificado na oração, foi capaz de se tornar para todos um ícone vivo do amor
misericordioso e reconciliador de Deus “.
Em segundo lugar, o Papa Francisco frisou a liberdade
de S. José Vaz no exercício da sua missão não fazendo “distinção de raça,
credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através
das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade.”
“A liberdade religiosa é um direito humano
fundamental. Cada indivíduo deve ser livre de procurar, sozinho ou associado
com outros, a verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções
religiosas, livre de intimidações e constrições externas. Como nos ensina a
vida de José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao
ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela
dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do
bem-estar de todos”.
A terceira razão da santidade do Padre José Vaz
apresentada pelo Papa Francisco foi o seu zelo missionário, dedicado e humilde,
“deixando para trás a sua casa, a sua família, o conforto dos lugares que lhe
eram familiares, respondeu à chamada para ir mais longe, para falar de Cristo
onde quer que se encontrasse.”
“S. José sabia como oferecer a verdade e a beleza
do Evangelho num contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação,
perseverança e humildade. Este é, também hoje, o caminho para os seguidores de
Jesus. Somos chamados a ir mais longe com o mesmo zelo, com a mesma coragem de
S. José, mas também com a sua sensibilidade, com o seu respeito pelos outros,
com a sua ânsia de partilhar com eles a palavra da graça que tem o poder de os
edificar. Somos chamados a ser discípulos missionários”.
O Papa Francisco concluiu a sua homilia exortando
os fiéis a seguirem o exemplo de S. José Vaz para que, assim, contribuam para a
paz, a justiça e a reconciliação na sociedade srilanquesa. “Isto é o que Cristo
espera de vós. Isto é o que S. José vos ensina. Isto é o que a Igreja precisa
de vós” – declarou o Papa Francisco.
S. José Vaz, o missionário do Sri Lanka, morreu a
16 de janeiro de 1711. Foi beatificado por S. João Paulo II em janeiro de 1995.
A Igreja Católica tem hoje cerca de 1,4 milhões de fiéis (6,1% da população)
num país maioritariamente budista, representando a maior confissão cristã no
país. Em 1947, a Virgem Maria foi proclamada padroeira da nação, com o título
de Nossa Senhora de Lanka.
Laudetur
Iesus Christus
Vatican News
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